Com Musk alvo de protestos, vendas da Tesla caem 76% na Alemanha


Tesla na Alemanha

BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) - As vendas da Tesla despencaram pelo segundo mês consecutivo na Alemanha. Depois da queda de 59% em janeiro, o tombo em fevereiro chegou a 76%, em relação aos mesmos meses do ano anterior. O período coincide com a recente campanha eleitoral alemã, que teve em Elon Musk, dono da montadora, um de seus mais controvertidos personagens.

Em uma ofensiva populista sem precedentes, o bilionário pediu votos para a extrema direita, relativizou o peso da Segunda Guerra e do Holocausto na sociedade alemã, ofendeu do primeiro-ministro ao presidente e alimentou bate-bocas de toda sorte no X, em que congrega mais de 200 milhões de seguidores.

A AfD, o partido considerado pelo serviço de segurança alemão como extremista, com integrantes investigados por discurso de ódio e neonazismo, alcançou a segunda maior bancada no Parlamento. Se é discutível o quanto Musk contribuiu para o resultado histórico, parece cada vez mais fácil relacionar seu empenho na política aos resultados da Tesla.

A França é o segundo maior mercado de elétricos da Europa, e a Tesla, a maior fabricante no continente europeu. Sua fábrica está instalada em um subúrbio próximo a Berlim e também já foi alvo de protestos. Uma elaborada projeção na fachada do prédio principal da fábrica denunciou a radicalização do empresário, culminando com a saudação que fez em um ginásio nos EUA que o mundo viu como nazista. Há algumas semanas, obras de infraestrutura viária próximas à unidade sofreram pequenos atos de sabotagem.

A nova líder é a Volkswagen, com mais de 3.222 unidades comercializadas, um salto de 224% em relação ao mesmo bimestre de 2024. Termômetro da crise alemã, acossada por inéditos planos de corte e greves, a montadora de Wolfsburg começou 2025 também na liderança em seu país, com cinco modelos entre os dez elétricos mais vendidos. O novo carro-chefe da empresa, o ID.7, liderou as vendas na Alemanha em janeiro pela primeira vez.

O modelo Y da Tesla, antes líder do mercado alemão, amarga a sétima colocação agora. Houve um aumento repentino de preço, no fim do ano passado, e analistas dizem que muitos consumidores aguardam o lançamento de uma versão atualizada, programada para este mês na Europa. Até acionistas da Tesla, porém, concordam com a percepção de que a atuação política de Musk está pesando sobre a empresa.

Segundo o jornal The New York Times, um grupo de investidores planeja propor na próxima reunião de acionistas que os ganhos de Musk sejam atrelados a objetivos ambientais e de governança corporativa. Musk argumenta que o futuro da companhia está mais atrelado ao desenvolvimento definitivo de táxis autônomos, que promete para este ano.

O proselitismo digital de Musk é visto na Noruega como um dos principais motivos para a queda nas vendas, mas a rejeição à marca já vinha crescendo nos últimos meses. Falhas em veículos e no serviço de manutenção levaram a Tesla ao topo do ranking de reclamações no país.

Ainda que a derrapada da montadora do bilionário anime a concorrência, o mercado de elétricos europeus enfrenta momento delicado. A União Europeia adiou a aplicação de rígidas metas ambientais aplicadas às frotas comercializadas, o que pode impactar a oferta de elétricos; fabricantes pedem ainda o fim da tarifa de 20,7% aplicada a carros fabricados na China, inclusive os de marcas europeias.

A propalada disputa tarifária com o governo Trump contribui para o cenário de incertezas.

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