Dólar fecha em queda pela 12ª sessão consecutiva e bate R$ 5,77
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar teve forte queda de 0,79% nesta terça-feira (4) e fechou o dia cotado a R$ 5,769, acumulando queda de 6,3% desde o início do ano.
Essa é a 12ª sessão de perdas consecutivas para a moeda norte-americana -a maior sequência negativa em 20 anos, desde o período entre 24 de março e 13 de abril de 2005, quando fechou em baixa por 14 dias consecutivos.
Já a Bolsa caiu 0,65%, aos 125.147 pontos.
O movimento nos mercados é resultado dos desdobramentos do conflito comercial entre Estados Unidos e China e da divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que reafirmou a necessidade de aumento da taxa Selic.
A começar pela ponta internacional, a política tarifária do presidente Donald Trump foi oficializada no sábado (1º), quando ele assinou um decreto que aplicava taxas adicionais sobre todas as importações do Canadá, México e China.
De lá para cá, porém, o republicano costurou acordos com as lideranças dos países vizinhos -e deixou as medidas contra os chineses inalteradas.
Em conversas na segunda, Trump suspendeu a imposição de tarifas sobre o México e o Canadá por um mês depois de ambos os países reforçarem a segurança nas fronteiras com 10 mil agentes de cada lado.
Claudia Sheinbaum, presidente do México, anunciou o acordo pelo X (ex-Twitter). "Tivemos uma boa conversa com o presidente Trump, com muito respeito à nossa relação e soberania", escreveu ela.
O reforço nas fronteiras será "para evitar o tráfico de drogas para os Estados Unidos, em especial de opioides fentanil". Já os EUA se comprometeram em "trabalhar para evitar o tráfico de armas poderosas ao México".
Já em relação ao Canadá, o primeiro-ministro do país, Justin Trudeau, concordou em enviar "10 mil funcionários da linha de frente" para a fronteira para "parar o fluxo de fentanil". No X, disse que teve uma boa conversa com Trump e que o Canadá implementará um plano de US$ 1,3 bilhão para proteger as fronteiras.
Em ambos os casos, as suspensões darão espaço para negociações entre os países, visando um acordo econômico final. A manobra demonstrou a disposição de Trump em usar tarifas como barganha ante parceiros comerciais importantes, apesar de potenciais efeitos negativos para a própria economia americana.
Até então, tarifas de 25% sobre importações do México e do Canadá, impostas no decreto de sábado, seriam uma espécie de sanção para os fluxos de imigrantes indocumentados para os Estados Unidos e de opioides fentanil.
A única exceção seria sobre os fornecimentos de petróleo e energia canadenses, sobre os quais os EUA são mais dependentes e que teriam uma taxa menor, de 10%.
"A retórica super agressiva de Trump parece ser, de fato, o que todos suspeitavam desde o início: uma grande alavanca para negociar acordos comerciais e atender outros objetivos políticos", diz Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
"Isso significa que os ganhadores da guerra comercial -o dólar e moedas porto-seguro- podem enfrentar algumas correções."
Trump, porém, manteve as tarifas adicionais de 10% sobre produtos da China, que entraram em vigor nesta terça. A medida resultou em represália. Os chineses retaliaram com taxas sobre as importações dos EUA, renovando a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
O Ministério das Finanças da China anunciou que vai impor taxas de 15% para carvão e gás natural dos EUA e 10% para petróleo bruto, equipamentos agrícolas e alguns automóveis, como caminhões elétricos da Tesla, de Elon Musk. Também terão início investigações antimonopólio sobre o Google, da Alphabet.
As novas tarifas da China sobre as exportações norte-americanas começarão em 10 de fevereiro, dando a Washington e Pequim tempo para tentar chegar a um acordo que as autoridades chinesas indicaram que esperam alcançar com Trump.
Segundo a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, esforços estão sendo feitos para agendar um telefonema entre Trump, e o presidente da China, Xi Jinping, "muito em breve".
A imposição de tributos mais altos pode afetar fluxos comerciais, aumentar custos e provocar retaliações. Na economia doméstica dos EUA, ainda há o risco de um repique inflacionário, o que pode comprometer a briga do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) contra a inflação e forçar a manutenção da taxa de juros em patamares elevados -o que fortalece o dólar.
Já na ponta doméstica, analistas repercutem a ata da última reunião de política monetária do BC, na qual o Copom optou por um aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic, agora em 13,25% ao ano. Foi a segunda alta consecutiva dessa magnitude, e o colegiado já sinalizou que irá repetir a dose em março.
Na ata, o BC disse prever um novo estouro da meta de inflação em junho, conforme o sistema de alvo contínuo em
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