Gastos no terceiro mandato de Lula crescem em ritmo de quase o dobro da receita

Os gastos federais no governo Lula 3 têm corrido em ritmo equivalente a quase o dobro do aumento da arrecadação, que cresce substancialmente. O padrão deve se manter em 2026, levando a um colapso no funcionamento da máquina pública a partir de 2027, segundo projeções oficiais. O chamado “shutdown” é a falta de dinheiro para despesas básicas.

Ao longo do terceiro mandado de Lula, a equipe econômica obteve aumento acima da inflação na receita líquida (livre de transferências para estados e municípios, entre outras) de R$ 191,3 bilhões, com arrecadação prevista neste ano de R$ 2,318 trilhões. No período, as despesas cresceram R$ 344 bilhões, devendo atingir R$ 2,415 trilhões, segundo dados da IFI (Instituição Fiscal Independente, do Senado) e do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do Tesouro Nacional.

Com gastos crescendo acima da receita, o governo pode encerrar 2025 com déficit primário (sem contar juros para rolar débitos) equivalente a 0,77% do PIB, incluindo o pagamento de precatórios. Isto deve impactar no crescimento da dívida pública, principal termômetro de solvência dos países. Projeções da IFI indicam que o governo Lula acrescentará cerca de 12 pontos percentuais na dívida em quatro anos.

É para conter essa trajetória explosiva que a equipe do ministro Fernando Haddad (Fazenda) busca elevar ainda mais as receitas. Tentou inicialmente aumentar alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Diante da resistência do Congresso, procura taxar aplicações financeiras isentas e elevar a tributação sobre apostas esportivas e fintechs, entre outras medidas –como majoração mais branda do IOF.

Para especialistas, Lula criou uma armadilha para si, que o levará ao ano eleitoral de 2026 sem gás para grandes gastos em caso de resistência maior de um Congresso majoritariamente de centro-direita, sem motivos para dar fôlego ao PT. O temor é que Lula abandone as regras do arcabouço fiscal que instituiu em 2023 e acelere o crescimento da dívida pública –pressionando inflação e juros para cima.

O arcabouço estabeleceu limite entre 0,6% e 2,5% acima da inflação para o crescimento da despesa primária (sem contar juros). Mas o aumento da despesa não pode ultrapassar 70% o da receita. Assim, para cada R$ 1 em novas receitas, podem ser gastos R$ 0,70, respeitando o limite de alta de 2,5%. Apesar de mais frouxo que o teto de gastos do governo Michel Temer, quando a despesa era corrigida só pela inflação, a regra é o que ainda contém crescimento maior do gasto.

‘Dribles’ para gastar mais

O governo Lula, no entanto, usa outros meios para gastar mais, fora da regra do arcabouço –algo que, no final, aumenta a dívida pública. Uma das estratégias é liberar recursos do Orçamento como despesas financeiras, que não são computadas como primárias e ficam de fora da regra fiscal.

Dinheiro do chamado Fundo Social (abastecido com rendas da União com petróleo), por exemplo, tem sido direcionado para irrigar programas do BNDES, o Minha Casa Minha Vida e o Fundo de Investimento em Infraestrutura Social. Cálculo da economista Cecilia Machado, colunista da Folha, mostra que os desembolsos autorizados em alguns desses programas atingem R$ 74 bilhões neste ano –ante R$ 25 bilhões em 2023.

Segundo o especialista em contas públicas e também colunista da Folha Marcos Mendes, antes de Lula assumir, grande parte dos recursos captados pelo Fundo Social eram direcionados ao abatimento da dívida pública.

Outro drible para gastar mais se dá por meio dos chamados fundos privados, que financiam programas como Pé de Meia (até R$ 15 bilhões neste ano) e Desenrola Brasil.

“Esses desembolsos do Orçamento com cara de despesa financeira, que não vão impactar o [déficit] primário, são R$ 59 bilhões maiores do que a média de desembolsos similares de 2018 a 2022, excluindo 2020, ano da pandemia”, diz Mendes.

Principais causas para o crescimento das despesas acima da arrecadação

Esses gastos, porém, não são a principal causa para o crescimento das despesas acima da arrecadação. Ao assumir e acabar com o teto de gastos, o governo Lula reestabeleceu a regra de os desembolsos para saúde e educação acompanharem o crescimento da receita corrente líquida (e não mais a inflação), na proporção de 15% e 18% do total arrecadado, respectivamente. Quando a receita sobe, esses gastos aumentam.

Outro motivo é a regra de correção do salário mínimo, que prevê aumentos acima da inflação até 2,5%. Isto tem impacto enorme sobre os benefícios previdenciários, a maior despesa, porque 70% dos pagamentos seguem o piso básico. No atual, governo, o valor dos benefícios previdenciários saltou de R$ 912,2 bilhões para R$ 1.053 trilhão.

Existem outras despesas que também estão crescendo muito, com suspeitas de fraudes ou a partir de decisões judiciais. Uma delas é o BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a pessoas pobres com mais de 65 anos ou deficientes. O total de beneficiários neste governo por decisão administrativa ou judicial passou de 5,1 milhões para 6,3 milhões.

Para Marcus Pestana, diretor-executivo da IFI, a trajetória dos gastos acima da receita líquida deve levar o Brasil ao “shutdown” em 2027, com o estrangulamento dos gastos discricionários (não vinculados e sobre os quais o governo tem liberdade para gastar). A própria equipe econômica escancarou essa possibilidade no Anexo IV do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2026.

“Exceto em saúde e educação, que são protegidos por vinculação, não haverá munição para as Forças Armadas, gasolina para o Ibama e Polícia Federal, nem internet e telefone para os órgãos. Este é o desenho da mediocridade do horizonte brasileiro”, diz Pestana.

Em sua opinião, as medidas propostas pela Fazenda para aumento das receitas são “band-aids” para salvar o ano e nada têm de estrutural. Não se espera que o governo, às vésperas do período eleitoral, mexa com as regras que garantem mais recursos para saúde e educação e para o aumento real do salário mínimo.

O economista Alexandre Manoel, ex-secretário do Ministério da Fazenda (2018-2020), acredita que, embora o atual governo tenha conseguido aumentos reais na arrecadação, esse movimento “chegou a um limite”. “O Congresso deve aprovar o mínimo para que o país atravesse o ano eleitoral de 2026, e para preservar o fluxo de dinheiro para sustentar as emendas parlamentares”, diz.

As emendas são outro ponto de estrangulamento dos gastos discricionários. No governo Lula, elas saltaram de R$ 35,6 bilhões para R$ 50,4 bilhões.

Para os próximos trimestres, até a eleição, o que se espera é um aumento da despesa (e da dívida pública) para manter o governo funcionando; além da preservação das verbas de deputados e senadores.

Nesse cenário, o Brasil perdeu a chance de fazer um ajuste gradual nas contas públicas sob Lula 3, e precisará de um choque em 2027 –com possíveis mudanças nas vinculações em saúde e educação e na regra de aumento acima da inflação no salário mínimo.

Folhapress

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Brasileiros irão trabalhar mais para pagar impostos com alta do IOF, aponta estudo

Os brasileiros já precisaram trabalhar quase metade de um ano somente para pagar impostos, e agora com a alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) esse tempo dedicado aos tributos pode ficar maior.

Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), a população necessitará de 151 dias neste ano para pagar os impostos em 2025, uma adição de 48 horas a essa jornada.

Antes da nova medida anunciada pelo governo e que vem sendo discutido no Congresso, esse tempo era de 149 dias, o equivalente de uma jornada desde o dia 1º de janeiro até 29 de maio.

Para 2026, IBPT estima que serão 4 dias a mais necessários para arcar com o tributos, ou 153 dias.

A conta inclui tributos federais, estaduais e municipais.

O maior patamar alcançado de tempo trabalhado para essa finalidade foi no período de 2017 a 2019, quando a população destinou 153 dias ao pagamento de impostos, o equivalente a cinco meses e dois dias.

Segundo João Eloi Olenike, presidente-executivo do IBPT, “o aumento do IOF é mais um retrocesso que recai sobre toda a sociedade. Enquanto o brasileiro já destina quase cinco meses do ano para sustentar o Estado, agora terá que sacrificar ainda mais dias de trabalho sem qualquer contrapartida em qualidade dos serviços públicos”.

O Instituto ressalta que o IOF tem um efeito cascata e está presente em quase todas as etapas da economia, como empréstimos, financiamentos, seguros, operações de câmbio, crédito rotativo de cartões e até remessas internacionais, o que impacta não só quem toma crédito, mas também a indústria que arca com mais custos.

CNN

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PIS/Pasep: nascidos em julho e agosto receberão abono na 2ª (16/6)

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) começa a pagar, nesta segunda-feira (16/6), o quarto lote do PIS/Pasep para os trabalhadores nascidos em julho e agosto. Serão repassados R$ 5,1 bilhões para 4,3 milhões de pessoas.

No ano, os depósitos devem somar R$ 30,7 bilhões e beneficiar 25,8 milhões de trabalhadores.

O repasse dos valores do abono salarial de 2025 (referente ao ano-base de 2023) começou em 17 de fevereiro. Nos meses anteriores, o calendário contemplou os nascidos em janeiro, fevereiro, março, abril, maio e junho.

O que é o abono salarial e quem tem direito

  • O benefício é destinado a trabalhadores da iniciativa privada e servidores públicos que atuaram formalmente por, no mínimo, 30 dias no ano-base de 2023, com remuneração de até dois salários mínimos (R$ 2.640).
  • Para ter direito ao abono salarial, o trabalhador deve ter sido informado pelo empregador na Relação Anual de Informações Sociais (Rais) até 15 de maio de 2024, ou no eSocial até 19 de agosto de 2024.
  • Caso as informações tenham sido enviadas após essas datas, o benefício será pago no próximo exercício.
  • Além disso, é necessário estar inscrito no programa há pelo menos cinco anos.
  • O valor do benefício varia de acordo com os meses trabalhados no ano-base, chegando até um salário mínimo.

Calendário de pagamento do abono salarial em 2025

Nascidos em:

Recebem a partir de:

Janeiro

17 de Fevereiro

Fevereiro

17 de Março

Março e Abril

15 de Abril

Maio e Junho

15 de Maio

Julho e Agosto

16 de Junho

Setembro e Outubro

15 de Julho

Novembro e Dezembro

15 de Agosto

Neste lote, 3.841.170 trabalhadores da iniciativa privada, vinculados ao PIS, receberão os pagamentos pela Caixa Econômica Federal, enquanto 481.932 servidores públicos, vinculados ao Pasep, terão os valores creditados pelo Banco do Brasil.

O valor do benefício varia entre R$ 127 e R$ 1.518 (um salário mínimo), conforme o número de meses trabalhados em 2023. O cálculo corresponde à cifra atual do piso salarial dividido por 12 e multiplicado pela quantidade de meses trabalhados no ano-base.

Quem trabalhou os 12 meses do ano-base recebe o valor total de um salário mínimo.

#ATENÇÃO: Para todos os beneficiados, os valores ficarão disponíveis para saque até 29 de dezembro.

Como consultar o PIS/Pasep

Para consultar o abono salarial, o trabalhador pode acessar o aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, ir na aba “Benefícios”, selecionar “Abono Salarial” e clicar em “Pagamentos” para verificar o valor, a data e o banco de recebimento.

A verificação também pode ser feita pelo portal Gov.br ou pelo telefone 158, com atendimento gratuito das 7h às 22h (de segunda a sábado), exceto feriados. Outra opção é visitar uma unidade das Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego.

Pagamento

Confira como será o depósito feito pela Caixa:

  1. O pagamento do abono salarial será feito por crédito em conta corrente, poupança ou Conta Digital, caso o trabalhador tenha uma dessas contas. O acesso à conta poupança social digital, aberta automaticamente pelo banco, é via aplicativo Caixa Tem.
  2. O saque também poderá ser realizado em canais como agências, lotéricas, terminais de autoatendimento, e outros meios de pagamento disponíveis pela Caixa Econômica Federal.

Como será o pagamento feito pelo Banco do Brasil:

  1. O pagamento do benefício será realizado, prioritariamente, por crédito em conta bancária, por meio de Pix, transferência via Transferência Eletrônica Disponível (TED) ou, ainda, de forma presencial nas agências de atendimento.

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