Queda de testosterona piora qualidade de vida

A diminuição dos níveis de testosterona em homens é um processo natural e progressivo, que pode gerar uma série de impactos físicos e emocionais. O declínio hormonal geralmente começa a partir dos 35 anos e, se não tratado corretamente, pode afetar desde a energia diária até a saúde metabólica e os relacionamentos. Segundo o neurocirurgião e especialista em medicina da longevidade Boris Rabelo, a redução da testosterona não está associada apenas à disfunção erétil, mas a diversos outros sintomas que comprometem a qualidade de vida.

De acordo com Boris Rabelo, um dos primeiros sinais percebidos pelos pacientes é a fadiga constante. “Normalmente eles começam a perceber falta de energia e disposição durante o dia, começam a perceber a alteração de humor. Fica mais ansioso, mais irritado, muitas vezes até mais depressivo, e por vezes eles procuram até uma ajuda psiquiátrica e não sabem o porquê. ‘Estou angustiado, depressivo e tal’. E com o passar do tempo, vão surgindo também as queixas relacionadas à diminuição do desejo sexual, da libido”.

A queda de testosterona não está apenas relacionada à disfunção erétil, mas também a riscos metabólicos mais amplos. A deficiência do hormônio pode favorecer o desenvolvimento de doenças como diabetes, dislipidemia e aterosclerose. “A queda dos níveis de testosterona pode causar diversos problemas, além da disfunção erétil, principalmente alterações metabólicas. Com a escassez do hormônio, você pode ter alterações metabólicas, uma piora de processos de aterosclerose, pode ter uma piora de resistência insulínica, você pode transformar o seu metabolismo no metabolismo mais, vamos dizer assim, mais pró-inflamatório”.

O diagnóstico preciso do déficit de testosterona requer exames laboratoriais detalhados. A avaliação médica deve incluir, além dos níveis do hormônio, marcadores inflamatórios e aspectos metabólicos que possam influenciar o tratamento. “É importante procurar um especialista que trabalhe com terapias hormonais, que aí vai ser feita uma avaliação laboratorial bem detalhada para ver como é que estão os níveis de testosterona”, explica Boris Rabelo.

A obesidade tem um papel significativo na redução da testosterona. O especialista destaca que o excesso de gordura abdominal pode agravar o quadro ao favorecer a conversão do hormônio masculino em estradiol, um hormônio feminino. “Pode existir um desequilíbrio, sobretudo naqueles pacientes mais obesos, que têm uma gordura abdominal”, diz. E acrescenta: “Aquela gordura visceral, aquela barriga, e essa gordura ela é extremamente inflamatória”.

O tratamento para reposição hormonal deve ser feito sob supervisão médica. Entre as opções disponíveis estão o gel transdérmico, injeções intramusculares e os implantes hormonais subcutâneos. O uso inadequado da reposição hormonal pode trazer consequências severas. Boris Rabelo reforça que a automedicação deve ser evitados. “Jamais fazer uma terapia de reposição de testosterona por conta própria”.

O especialista ressalta que mudanças no estilo de vida são indispensáveis para manter os níveis hormonais equilibrados. Sono de qualidade, alimentação balanceada e prática regular de exercícios físicos, especialmente musculação, são fundamentais.

Publicidade

Menino atropelado em lanchonete recebe alta após 56 dias de internação

Hoje é um dia de muita celebração e alegria para a família do pequeno Guilherme Henrique Cunha da Silva, 3 anos. Após 56 dias de internação devido ao atropelamento que sofreu em uma lanchonete onde estava com os pais em dezembro passado, ele recebe alta do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel nesta quarta-feira (5). “Esse é um momento para festejar. Estamos gratos a Deus e felizes”, destacou o pai de Guilherme, Gilclécio Gomes da Silva.

Era noite do dia 11 de dezembro quando a família foi lanchar em um estabelecimento no bairro Boa Esperança, em Parnamirim, Região Metropolitana de Natal. Imagens de câmeras de segurança da lanchonete filmaram o momento em que um veículo invadiu o estabelecimento atingindo os clientes da mesma família que estavam em uma das mesas. A criança teve uma perna praticamente dilacerada e o fêmur quebrado no atropelamento.

Publicidade

Médicos do Tarcísio Maia ameaçam paralisação por atrasos salariais; Sesap negocia prazos

Médicos do Rio Grande do Norte podem paralisar atendimentos em UTIs caso atrasos salariais não sejam resolvidos até fevereiro. A categoria cobra do Governo do Estado o pagamento dos salários referentes a setembro e outubro de 2024, conforme acordo não cumprido com a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap).

De acordo com Geraldo Ferreira, presidente do Sindicato dos Médicos do RN (Sinmed-RN), o acordo previa o pagamento dos valores em atraso em até 90 dias. No entanto, os salários de setembro e outubro ainda não foram quitados. “Infelizmente, esses atrasos têm sido repetitivos. Como nós chegamos em fevereiro, pelo acordo, deveríamos estar recebendo novembro, já com atraso. Mas eles (Sesap) não pagaram ainda nem setembro”, afirmou.

A categoria realizou uma assembleia recente para discutir a paralisação dos atendimentos nas UTIs do Hospital Regional Tarcísio Maia, em Mossoró, e do Hospital Regional Nelson Inácio dos Santos, em Assú. Cerca de 40 médicos atuam diretamente nessas unidades.

“Enviamos um ofício comunicando que os médicos iriam paralisar suas atividades a partir do dia 6 de fevereiro, caso não fosse fornecida a data de pagamento de forma imediata. Fixamos o prazo limite para o pagamento de setembro até 10 de fevereiro, e até 26 de fevereiro para o débito de outubro”, explicou Ferreira.

A Sesap apresentou uma proposta de pagamento, mas a categoria a considerou inviável. “Nós recebemos um retorno com informações de que o pagamento de setembro seria feito até 10 de fevereiro, e o de outubro até 10 de março. Nós declaramos que essa proposta é inviável. Estamos aguardando uma nova proposta que contemple o pagamento de outubro até 26 de fevereiro. A Sesap ficou de nos enviar até amanhã”, disse o presidente do Sinmed-RN.

Os médicos se reunirão em nova assembleia nesta quarta-feira 5, para definir os próximos passos. “A data do pagamento de setembro deve ser aceita, porém, caso não haja a confirmação do pagamento referente a outubro até o dia 26, a categoria deverá paralisar as atividades nas UTIs a partir do dia seguinte. Tudo será definido na assembleia”, concluiu Ferreira.

A Sesap confirmou que há uma negociação em andamento com a empresa responsável pela prestação do serviço, mas não detalhou os termos.

Publicidade

Sesap abre processo seletivo para contratação de profissionais

Com o objetivo de reforçar o quadro de trabalhadores da principal unidade hospitalar da rede, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) abre neste sábado (1º) o primeiro processo seletivo de contratação temporária de 2025. Todos os profissionais de cinco categorias de níveis médio e superior que serão selecionados no seletivo terão sua lotação destinada ao Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal.

O edital publicado no Diário Oficial do Estado terá inicialmente 75 vagas, que vão se somar a um cadastro de reserva. A medida atende a uma decisão judicial da 2ª Vara da Fazenda Pública de Natal.

Os profissionais selecionados terão sua contratação temporária válida por 12 meses, podendo ser prorrogada uma única vez por igual período. O cadastro na seleção será feito através da plataforma https://selecao.saude.rn.gov.br/selecao/ a partir da próxima segunda-feira (3).


Publicidade

Quase 6 mil pênis foram amputados por câncer em 10 anos no Brasil; veja como se prevenir

Considerado um tipo de tumor raro, o câncer de pênis pode ser evitado com algumas atitudes simples: higiene adequada na região íntima, vacinação contra o HPV e cirurgia de postectomia (remoção do prepúcio). No entanto, dados obtidos pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) apontam que muitos homens desconhecem a importância de fazer a higiene íntima de forma correta.

“Apesar de ser um dos poucos tipos de câncer que podem ser prevenidos, o Brasil ainda apresenta preocupantes índices relativos ao câncer de pênis, especialmente nas regiões Norte e Nordeste”, alerta o urologista Luiz Otavio Torres, presidente da SBU.

A falta de informação sobre os hábitos de higiene, o diagnóstico tardio, a baixa condição socioeconômica e o baixo nível de escolaridade resultam em números alarmantes: em dez anos, mais de 5,8 mil homens tiveram o pênis amputado, uma média de 585 amputações por ano ou 11 homens passando pela cirurgia por semana.

“O câncer de pênis acometeu mais de 20 mil homens brasileiros na última década muito pela falta de higiene adequada do pênis, levando a acúmulo de secreções e infecções repetidas, e pela falta de vacinação em massa da nossa população para o HPV, outro importante fator de risco”, explica Maurício Cordeiro, coordenador do Departamento de Uro-Oncologia da SBU.

A SBU lista os fatores de risco para a doença: as baixas condições socioeconômicas, higiene inadequada, fimose, infecção pelo vírus HPV e tabagismo.

Mais de 2,2 mil internações e 580 amputações por ano

Os dados obtidos pela SBU com o Ministério da Saúde apontaram que nos últimos 10 anos (de 2015 a setembro de 2024:

  • Ocorreram mais de 22,2 mil internações devido ao câncer de pênis — uma média de 2,2 mil por ano
  • Mais de 5,8 mil homens tiveram o pênis amputado — uma média de 585 amputações por ano

Apesar de representar 2% de todos os tipos de câncer que atingem o sexo masculino, o câncer de pênis matou 4.502 pessoas de 2014 a 2023, segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.

“O câncer de pênis, apesar de ser amplamente evitável, ainda causa mutilações e mortes no Brasil. O diagnóstico precoce é muito importante, mas a prevenção é a melhor arma que se tem. Ações simples, como vacinação contra o HPV e higiene íntima adequada, poderiam prevenir centenas de casos todos os anos”, orienta Karin Jaeger Anzolch, diretora de Comunicação e coordenadora das campanhas de awareness da SBU.

Para tentar conscientizar a população sobre prevenção e tratamento precoce, a Sociedade Brasileira de Urologia realiza a Campanha de Prevenção ao Câncer de Pênis. Ao longo do mês, a entidade e suas seccionais realizam um grande mutirão de postectomias (retirada da pele que recobre a cabeça do pênis) em vários estados.

Como evitar esse câncer mutilante?

De acordo com a SBU, quatro ações ajudam na prevenção do câncer de pênis. São elas:

  1.  Limpeza adequada do pênis com água e sabão puxando o prepúcio para higiene da glande. A limpeza deve ser realizada todos os dias e após as relações sexuais.
  2. Tomar a vacina do HPV (no SUS, ela está disponível para alguns públicos. Na rede privada, qualquer pessoa pode tomar).
  3. Realização da postectomia (retirada do prepúcio) quando essa pele que encobre a cabeça do pênis não permite a higienização correta.
  4. ‍Uso de preservativo para evitar contaminação por ISTs, como o HPV.

Como higienizar o pênis? A lavagem é simples e deve ser feita com água e sabão, na hora do banho mesmo.

  • Para limpar o pênis, o homem precisa afastar o prepúcio e expor a cabeça do órgão, conhecida como glande.
  • “A urina embaixo da pele (prepúcio) é ácida e pode causar fibrose, inflamação. A lavagem feita com água e sabão salva todo o risco de ter um tumor de pênis ou doença mais grave. Também vale ressaltar que não é necessário lavar o pênis a cada micção ou passar alguma pomada, antisséptico”, orienta Ubirajara Barroso Jr., especialista em reconstrução genital.

Como identificar o câncer de pênis? A incidência deste tipo de câncer aumenta com a idade, atingindo o pico entre 50 e 70 anos.

  • O homem deve suspeitar de qualquer alteração no pênis, como caroços/verrugas que não saem, feridas que não cicatrizam, secreções saindo do prepúcio, área vermelha endurecida, sangramentos vindos da glande e coceiras.
  • Caso perceba algum desses sinais, deve procurar um médico.

Como é feito o tratamento do câncer de pênis? Isso depende de quão rápido for feito o diagnóstico.

  • “O diagnóstico precoce trata quase 100% dos pacientes. Pode-se fazer uma biópsia e tirar o tumor com uma margem de segurança, preservando o órgão. No entanto, em casos mais avançados é preciso amputar o pênis, parcial ou totalmente”, explica Barroso.

Publicidade

Falta de insulina no PROSUS preocupa pacientes em Natal

A falta de insulina no Programa de Suporte ao Usuário do Sistema Único de Saúde (PROSUS), localizado na Policlínica Dr. José Carlos Passos, na Ribeira, tem gerado preocupação entre pacientes que dependem do medicamento. O problema tem afetado, principalmente, quem possui diabetes tipo 2 e depende do fornecimento regular de insulina de ação prolongada para manter a condição sob controle.

Marília de Sá, 39, foi uma das que compareceram ao PROSUS em busca de insulina nesta quinta-feira (30). A mãe, portadora de diabetes aos 67 anos, depende do medicamento para a qualidade de vida. “Eu vim na semana passada e não tinha. Hoje vim tentar de novo. Não tem como comprar, é caro. Sem a insulina, a gente tenta fazer um ajuste na alimentação [para diminuir os impactos]”, relata.

Outra paciente que enfrenta dificuldades é Kamila Sales, 32, que também procurou a unidade em dezembro e retornou ao PROSUS nesta quinta-feira, ainda sem conseguir receber o medicamento. “Meu caso é judicializado desde 2008 ou 2010. Mesmo assim, eu não estou conseguindo pegar a insulina. Estou tendo que comprar do meu bolso. Em dezembro, gastei quase R$ 300,00 para conseguir manter meu tratamento”, afirma.

O diabetes tipo 2 ocorre quando o corpo não aproveita adequadamente a insulina produzida. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 90% dos diabéticos são classificados como tipo 2, que têm causas diretamente relacionadas ao sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão e hábitos alimentares inadequados.

Pedro Henrique, médico endocrinologista, esclarece que existem dois tipos de insulina para pacientes com diabetes tipo 2: a de ação prolongada, que é liberada lentamente ao longo do dia, e a de ação rápida, que é aplicada antes das refeições. “Sem a insulina adequada, o controle glicêmico fica prejudicado. O paciente não consegue bater as metas de controle da glicemia, então vai ficar com a diabetes mais descompensada”, disse. Em alguns casos, pode ser necessário o uso das duas insulinas.

Segundo ele, essas insulinas ofertadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são mais avançadas do que as opções mais antigas, desenvolvidas na década de 1980. “Com as insulinas mais antigas, o controle da glicose é muito mais precário, aumentando o risco de complicações. Para pacientes vulneráveis, como idosos, cardiopatas e transplantados, isso é ainda mais grave”, alerta.

Diferentemente do que faz a mãe de Marília de Sá, o ajuste na alimentação não terá resultados significativos para diminuir os impactos por falta de uso da insulina. “No caso de diabetes tipo 2, pode-se tentar reduzir o uso de insulina com o uso de outras medicações, mas não é o ideal para todos”, explica Pedro Henrique, médico endocrinologista.

Procurada pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), responsável pelo PROSUS, esclareceu que já foi realizado um processo de aquisição da insulina de ação prolongada, do tipo glargina. “O processo foi concluído e a secretaria aguarda o recebimento dos insumos por parte do fornecedor”, cita a nota. Já as insulinas de ação rápida, a pasta afirma que a distribuição continua acontecendo normalmente.

“A Secretaria reforça que os usuários cadastrados no serviço devem realizar a renovação cadastral a cada seis meses para garantir o recebimento do insumo, podendo comparecer ao setor com até 60 dias de antecedência do término do prazo para realizar a renovação”, conclui a nota da Secretaria Municipal de Saúde.

Publicidade

Secretária de Saúde de Natal é exonerada após 27 dias no cargo

Em edição extra desta quarta-feira (29), o Diário Oficial do Município traz a exoneração da secretária municipal de Saúde, a médica e advogada Leidimar Silva Pereira Murr. Ela deixa o cargo após 27 dias à frente da pasta.

O prefeito Paulinho Freire (União) nomeou, para substituí-la interinamente, a servidora Rayane Araújo Costa, que vinha respondendo como secretária adjunta de Atenção Integral à Saúde da pasta.

Leidimar Murr fez parte da lista inicial de 20 secretários que foram nomeados pelo novo prefeito de Natal no dia 2 deste mês. Ela foi indicada por representantes do Sindicado dos Médicos, da Associação Médica e do Conselho Regional de Medicina do RN.

O prefeito Paulinho Freire não comentou sobre a motivação da saída da secretária, mas o Executivo emitiu a seguinte nota: “O Município de Natal atendeu nesta quarta-feira (29), o pedido de exoneração da Dra. Leidimar Murr, da Secretaria Municipal de Saúde. Agradecemos à Dra. Leidimar Murr por sua dedicação enquanto esteve à frente da SMS e fazemos votos de, ainda mais, sucesso em sua brilhante carreira”.

Publicidade

CAOS COMPLETO NA SAÚDE DE NATAL

Não completou nem um mês de gestão da secretaria Leidimar Murr ainda. Mas a gestão dela virou unanimidade.

A reclamação é geral. De servidores, gestores de unidades, fornecedores e até de secretários.

De deslumbramento a não receber ninguém e falta de diálogo, é reclamação de todo lado.

Até gente que fez parte da gestão de Fátima Bezerra e votou no PT, a secretária tem como auxiliar.

Publicidade

Falta de receitas amarelas deixa pacientes sem medicamentos controlados no RN

Pacientes que utilizam medicamentos controlados estão com dificuldade para ter acesso aos remédios por falta de receitas especiais no Rio Grande do Norte. Em clínicas de Natal, médicos têm deixado de prescrever os remédios por falta da receita tipo A, conhecida como “receita amarela”. Sem medicamentos, pacientes correm risco de ter seus quadros de saúde agravados.

Segundo norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as receitas amarelas não podem ser impressas diretamente por médicos e estabelecimentos de saúde. A partir da demanda dos profissionais, elas são enviadas pelo órgão local de vigilância sanitária – no caso do RN, é a Subcoordenadoria da Vigilância Sanitária (Suvisa), órgão estadual.

A receita amarela é usada para a prescrição de entorpecentes e alguns psicotrópicos. A Anvisa monitora a venda dos medicamentos com receita amarela para reduzir o abuso no uso das drogas.

À 98 FM, o técnico Cícero Belarmino de Oliveira, da Suvisa-RN, informou que o órgão adquiriu 10 mil blocos de receitas amarelas em 2024, com previsão de durar até março de 2025. Cada bloco tem 20 receitas, o que totaliza 200 mil receitas. A alta demanda fez com que as receitas acabassem em outubro, cinco meses antes do previsto.

De acordo com o técnico da Suvisa-RN, uma nova remessa de receitas já foi encomendada junto a um fornecedor, que deverá fazer a entrega dos blocos em até 10 dias. A previsão é que a situação esteja normalizada em 15 de fevereiro, com o envio das receitas para os médicos e estabelecimentos autorizados. Para durar até março de 2026, foram encomendados 20 mil blocos, com 20 receitas cada – totalizando 400 mil receitas.

Enquanto a nova carga de receitas não chega, a Suvisa-RN orienta que os médicos e estabelecimentos de saúde tenham máxima cautela e moderação na prescrição dos medicamentos, só dispensando remédios em casos de real necessidade. Segundo a Suvisa-RN, ainda há receitas na sede do órgão, que são liberadas sob demanda. Os demais casos devem aguardar até a chegada das novas receitas.

Publicidade

Câncer de pâncreas é o 7º mais letal; diagnóstico precoce é desafio

O mototaxista Pedro Almeida, de 50 anos, se emociona diversas vezes ao falar sobre os últimos dois anos e meio, em que percorreu uma trajetória marcada por idas ao hospital após a descoberta de um câncer de pâncreas que mudou completamente a vida dele. “Sempre tive porte atlético, mas, em oito dias, perdi 21 quilos. Fui desenganado por todos da minha cidade”, relata Pedro, que é natural de Cruzeta, na região Seridó, ao detalhar os efeitos da doença. Ele está em remissão há cerca de um ano e segue em acompanhamento médico a cada quatro meses. Segundo o Inca, o câncer de pâncreas, que no último dia 19 vitimou o jornalista Léo Batista, é o sétimo tipo mais letal no País

O cirurgião oncológico Thiago Pires, médico de Pedro Almeida, explica que o câncer de pâncreas é uma neoplasia maligna extremamente agressiva. A maior parte dos pacientes, segundo ele, é diagnosticada em estágio avançado por conta da manifestação da doença, por vezes silenciosa, o que dificulta o tratamento e impossibilita a cura. “Pelo menos 90% dos pacientes diagnosticados com câncer de pâncreas morrem em decorrência da doença. Para a maioria, resta apenas o intuito paliativo para estender o período de sobrevida, mas sem cura. E, mesmo pacientes que aparentemente não estão em metástase, apresentam um risco alto de recidiva [retorno da doença]”, aponta.

O pâncreas fica na região do retroperitônio, próxima à coluna, por trás do estômago. Por causa da localização, não é um órgão de pronto acesso. Dentre as funções está a participação na produção de hormônios – a chamada função endócrina – bem como a inserção de insulina nas células. Também são produzidos os hormônios que auxiliam na regulação do nosso metabolismo. Outra função é a produção de enzimas, substâncias que ajudam na digestão das proteínas e gorduras.

Pires afirma que o órgão pode ser acometido por neoplasia em duas regiões, basicamente: na cabeça e no corpo. “Quando acomete a cabeça, o mais característico é que o paciente apresente um quadro de icterícia (olhos e pele ficam amarelados). Isso chama a atenção e facilita o diagnóstico. Quando ocorre na região do corpo a icterícia é mais rara de acontecer, o que resulta em chances de detecção tardia. É aí onde vai se observar um quadro avançado, com aumento do volume abdominal e perda de peso”, descreve o médico.

“Um ponto que se deve prestar muita atenção é quando a pessoa se torna diabética de repente, sem muita explicação”, acrescenta o oncologista. Dor abdominal que irradia para as costas também é um sinal de alerta, segundo o médico. Ele pontua que o diagnóstico precoce é ainda mais difícil porque não existe um programa de rastreamento, como a realização de exames regulares para tentar identificar cedo a doença. “Por não ser uma neoplasia comum, a descoberta é baseada principalmente na realização de exames de imagem, quando se tem algum tipo de suspeita”, diz.

O exame mais comumente realizado, segundo Thiago Pires, é a tomografia de abdômen, que permite a visualização de tumorações no pâncreas. “De qualquer modo, é sempre uma investigação complexa, porque não existem sintomas muito característicos. Na grande maioria dos casos, a descoberta se dá apenas depois de alguma suspeita que leva o paciente ao consultório médico”, descreve o oncologista, que atua na Liga Contra o Câncer, em Natal.

Remissão e esperança

Em agosto de 2022, Pedro Almeida começou a sentir alguns episódios de cansaço, situações que ele achou estranhas por conta do histórico de jogador de futebol e corredor. “Em uma dessas soituações, eu estava trabalhando. Sentei um pouco e veio um sono inexplicável. Alguns colegas disseram ter notado que eu estava cabisbaixo. Ali, notei que algo errado estava acontecendo”, fala o mototaxista. Dias depois, ele conta, apareceu uma icterícia. Isso me preocupou um pouco”, revelou. Durante uma tentativa de doar sangue em Caicó, como fazia periodicamente, ele disse ter sido orientado a procurar um hematologista. “A moça que me atendeu disse que eu não poderia doar sangue.

Ela me orientou a procurar esse profissional para entender o que estava acontecendo com meu sangue. Fiquei bastante assustado”, disse.
Dois dias depois e antes de procurar o hematologista, Pedro teve um episódio forte de coceira por todo o corpo e de dor de barriga – esta última situação durou cerca de 10 dias. “Um parente meu que trabalha no Cecan [Centro Avançado de Oncologia, da Liga Contra o Câncer] suspeitou que eu estava com câncer e me levou para a Liga”, afirmou. Um exame de bilirrubina detectou uma alteração. Com a sequência do atendimento médico, veio o diagnóstico de câncer de pâncreas. “Identificou-se que a neoplasia estava na cabeça do pâncreas, local onde existe a absorção de nutrientes. O tumor estava tapando o acesso a essa entrada – por isso a perda de peso”, narra Pedro Almeida.

O mototaxista recebeu um dreno para desobstruir a entrada do pâncreas. “Três dias depois, eu já estava me sentindo bem melhor”, comenta. Foram 15 dias internados. No final de outubro de 2022, Pedro passou por uma cirurgia para a retirada do tumor, mas o procedimento não foi bem sucedido porque o paciente tinha uma infecção intestinal elevada. “A única coisa que foi possível fazer foi drenar o pus, limpar e fechar o intestino. Somente três meses depois, em fevereiro de 2023, fui submetido a uma nova cirurgia, mas o tumor havia mudado de lugar”, descreve o homem. O tratamento, então, passou a ser feito com radioterapia e quimioterapia, concomitantemente.

Pedro lembra, emocionado, como foi encarar a doença. “Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Fui praticamente desenganado, então, me agarrei às possibilidades de salvação que me foram dadas. Doutor Thiago me passou uma energia muito boa. Ele disse: ‘Você é uma pessoa com plenas condições de absorver o tratamento. Tenho muita esperança de que o resultado será bom’. E realmente os resultados começaram a aparecer. Foram 37 sessões de rádio e logo consegui recuperar meu peso”, conta o mototaxista, em um misto de emoção e celebração.

Em julho de 2023, Pedro fez um exame de imagem detalhado que deu negativo para o câncer. “De lá para cá, foi só evolução. Faço acompanhamento na Liga a cada quatro meses e estou em remissão – o câncer não se apresenta mais, mas a cura só é considerada depois de cinco anos. Fisicamente, estou muito bem, embora psicologicamente ainda esteja buscando superar o que aconteceu. Quem passa por uma doença como essa precisa de muita força de vontade e eu confio muito na minha”, ressalta o mototaxista.

14ª neoplasia mais comum no Brasil
O câncer de pâncreas é responsável por cerca de 1% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 5% do total de mortes causadas pela doença no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). É o sétimo mais letal no País, com quase 12 mil óbitos registrados por ano, segundo o Atlas de Mortalidade do Inca. O médico Thiago Pires, oncologista da Liga, em Natal, afirma que a doença é a 14ª neoplasia mais comum entre os brasileiros. Os fatores de risco, segundo ele, são tabagismo, obesidade, diabetes e uma dieta pouco saudável, além de um histórico familiar de câncer de pâncreas.

“Mas em torno de 10% dos casos apenas é que vão ter relação com algum fator genético. A maior parte vai estar relacionada aos fatores ambientais”, explica Pires. O combate aos elementos de risco, especialmente, ao tabagismo, são a principal forma de prevenção. O tratamento, por sua vez, é realizado de duas maneiras: os pacientes com tumor localizado são submetidos frequentemente à cirurgia associada à quimioterapia para reduzir as chances de recidiva. Se a doença está avançada, em processo de metástase, o tratamento envolve melhorar a condição clínica do paciente , como a questão nutricional.

“Também é importante tentar conseguir uma biópsia para, a partir de então, fazer o tratamento com quimioterapia, visando diminuir os sintomas da doença e prolongar a sobrevida do paciente”, afirma Thiago Pires. De acordo com o Inca, o risco de câncer de pâncreas aumenta com o avanço da idade, sendo raro antes dos 30 anos e tornando-se mais comum a partir dos 60. A maioria dos casos afeta o lado direito do órgão (a cabeça). As outras partes do pâncreas são corpo (centro) e cauda.


Felipe Salustino
Repórter - tribuna do Norte

Publicidade