Galípolo diz que desancoragem das expectativas de inflação já incomoda o BC há bastante tempo

O diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou nesta segunda-feira, 2, que o papel da instituição é reancorar as expectativas de inflação. Durante palestra no evento Fórum Político da XP Investimentos, em São Paulo, ele disse que a desancoragem tem elemento estrutural, e que não responde à ideia de um BC passivo, ainda que exista um movimento conjuntural nas últimas semanas. "Esse é um processo de desancoragem, que já está aí há algum tempo e que nos incomoda há bastante tempo."

Ele salientou que a precificação da política monetária, as medianas do relatório Focus e as respostas do Questionário Pré-Copom (QPC) sugerem que o mercado espera "proatividade" do BC no sentido de aumentar os juros - e não que a autoridade monetária se recuse a fazer o suficiente.

No QPC, ele destacou, as respostas para as perguntas "O que acha que o Copom fará nas próximas reuniões?" e "Na sua opinião, o que deveria ser feito?" são similares. Isso, ele disse, demonstra a percepção de que o Copom ajustará os juros para cumprir a meta.

"Ou seja, você está imaginando que a dose é mais ou menos a mesma do remédio e, ainda assim, você fica imaginando que isso não dá conta de reancorar as expectativas. Tem um lado que está correlacionado com isso, que incomoda muito o BC", afirmou Galípolo.

Para ele, a dúvida sobre a viabilidade da meta está superada, assim como a incerteza de sucessão do BC caiu. "Havia o questionamento da viabilidade da meta, acho que isso está relativamente superado e afastado. Também acho sobre a questão da sucessão, espero que isso esteja bastante reduzido também hoje do ponto de vista que estava colocado ali", disse, afirmando que permanece um certo puzzle quando se olha para aquilo que está na pergunta do QPC sobre o que você imagina que o BC vai fazer e o que você faria.

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Cautela externa e cenário fiscal interno ainda duvidoso impedem recuperação do Ibovespa

A valorização das commodities - petróleo avança perto de 1,00% e o minério de ferro fechou com ganho de 1,26% nesta segunda-feira, 2, em Dalian, na China, em meio a dados industriais sugerindo expansão da economia do país - é insuficiente para empolgar o Ibovespa na abertura. Além disso, os índices de ações operam cautelosos e ainda a piora nas estimativas de inflação no Brasil dificultam uma recuperação do principal indicador da B3 neste primeiro dia útil de dezembro, após fechar com queda de 3,12% em novembro.

A queda das bolsas no exterior também é risco ao Ibovespa. Os índices futuros no pré-mercado de ações norte-americano cedem levemente enquanto o rendimento dos Treasuries avançam diante de preocupações com a gestão de Donald Trump.

O futuro presidente dos EUA fez novas ameaças de mais tarifas comerciais, desta vez mirando os países emergentes dos Brics. Com isso, as moedas emergentes cedem, já tendo efeito por aqui, com o dólar voltando a operar na faixa dos R$ 6,00, já testando os R$ 6,0739, na máxima. Ao mesmo tempo, a agenda semanal aqui e no exterior impõe cautela.

"O fiscal continua incomodando", pontua o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus. Em sua visão, fica difícil imaginar eventuais ajustes no pacote de corte de gastos, como sinalizado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na sexta-feira, que poderiam ser suficientes para gerar confiança dos investidores. "Fica difícil pensar o que poderiam mudar. O mercado quer algo sólido, e não enxerga isso por ora", diz Laatus.

A moeda brasileira ressente os elevados temores fiscais no Brasil, tendo na sexta-feira fechado aos R$ 6,00 pela primeira vez na história. Já o Ibovespa fechou aos 125.667,83 pontos, em alta de 0,85%, após falas conjuntas dos presidentes da Câmara e do Senado, de que a discussão da proposta de isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil ficará para 2025.

O quadro, contudo, segue desafiador no Brasil. Hoje, por exemplo, a XP Investimentos reduziu sua estimativa para o Ibovespa de 150 mil pontos para 145 mil em 2025. Em relatório, cita que os desafios macro permanecem no Brasil, com uma inflação crescente e expectativas inflacionárias desancoradas, que devem levar o Banco Central a aumentar os juros de forma significativa.

Neste cenário o boletim Focus trouxe nova revisão para cima nas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano e do seguinte, o que pode pressionar os ativos no Brasil hoje. A mediana para o IPCA de 2024 subiu de 4,63% para 4,71%, acima do teto da meta, de 4,50%. Já para 2025, foi de 4,34% para 4,40%. Se ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, o Banco Central terá descumprido o alvo. A mediana para a Selic, por sua vez, seguiu em 11,75% ao ano para o fim de 2024.

Contudo na curva e nos departamentos econômicos, espera-se uma taxa de até 15% e 14%, respectivamente, no final deste ano. Pesquisa feita pelo Projeções Broadcast mostra que a maioria espera aumento no ritmo de alta da Selic de meio ponto para 0,75 ponto porcentual no Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês, devido ao aumento das incertezas fiscais.

Hoje, as atenções ficam em Gabriel Galípolo, futuro presidente do BC, que faz palestra em São Paulo, em meio às indicações feitas na sexta-feira para a nova diretoria da autoridade monetária. Amanhã, será divulgado o PIB do terceiro trimestre e nos Estados Unidos as atenções ficam em falas de diretores do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e no payroll, principalmente.

Às 10h55, o Ibovespa caía 0,48% aos 125.067,74 pontos. Na mínima marcou 124.733,89 pontos, com recuo de 0,74%. Vale perdia força e subia só 0,07% e Petrobrás zerava a alta.

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Alckmin sobre câmbio após pacote fiscal: isso 'vai sendo esclarecido' nos próximos dias

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, voltou a dizer nesta segunda-feira, 2, que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem compromisso com o arcabouço fiscal e defendeu a qualidade das medidas de contenção de gastos enviadas ao Congresso. Sobre o patamar do câmbio, que reagiu negativamente ao anúncio do Executivo, Alckmin declarou acreditar que o cenário "vai sendo esclarecido" nos próximos dias.

"Em relação à questão de cambio, eu acho que isso vai sendo esclarecido nos próximos dias. O governo do presidente Lula tem compromisso com o arcabouço fiscal, déficit primário zero, e para isso está tomando medidas de corte de gastos, que é para garantir que não haverá déficit e tenhamos mais investimentos e que tenhamos mais crescimento", disse Alckmin à imprensa, durante evento no Rio Grande do Sul.

O ministro também afirmou que entre as iniciativas da equipe econômica existem medidas "imediatas" de redução de gastos, com olhar também para o médio e longo prazo.

"Então, a medida é correta, na linha de déficit zero, responsabilidade fiscal. Agora, você sempre tem o momento mais agitado. Eu até, como médico, recomendei um pouco de acupuntura para baixar o stress", disse o vice-presidente.

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Veja quais doenças dão direito à isenção do Imposto de Renda

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governo vai limitar a isenção do Imposto de Renda para aposentados que têm doenças graves e ganham a partir de R$ 20 mil por mês, segundo medida anunciada em seu pacote de ajuste fiscal.

Pela regra atual, servidores aposentados e aposentados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que têm uma doença grave listada na legislação não têm cobrança do imposto sobre o valor do benefício.

A isenção vale mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma.

Segundo o governo, quem ganha até R$ 20 mil mensais continuará isento. O teto do INSS, que é o valor máximo pago em aposentadorias e pensões do regime privado, é de R$ 7.786,02 em 2024.

Nada mudará com relação às deduções por despesas médicas, que podem ser abatidas na declaração do Imposto de Renda por todos os contribuintes, sem limite para o valor de gastos com clínicas, tratamentos e outros pagamentos de saúde no ano. "Tudo que se gasta com saúde vai poder ser deduzido do Imposto de Renda", afirma o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan.

Segundo Durigan, os aposentados eram isentos e passarão a pagar imposto poderão abater todas as despesas que tiveram no ano com tratamentos médicos.

Pela legislação, também há isenção se a aposentadoria foi gerada devido a um acidente em serviço e para aposentados com doenças profissionais.

A isenção do IR sobre o benefício para quem é aposentado e tem doença grave ocorre só após o INSS analisar a documentação do segurado. Além do número do CPF e demais documentos pessoais, o segurado apresenta laudos médicos que comprovem o direito ao INSS. A doença tem que ter sido confirmada com base em conclusão da medicina especializada.

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Saiba como corrigir erros no cadastro da aposentadoria do INSS

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(FOLHAPRESS) - O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) publicou uma nova portaria que confirma alguns procedimentos de correção de erros no Cnis (Cadastro Nacional de Informações Sociais). O cadastro é o principal responsável pela liberação do benefício da Previdência Social.

O novo documento determina que os indivíduos podem solicitar, a qualquer momento, inclusão, alteração, ratificação ou exclusão das informações divergentes, extemporâneas ou insuficientes.

Rômulo Saraiva, advogado especialista em Previdência e colunista da Folha, diz que a partir de 2017, houve uma mudança para que iniciativa de corrigir tais erros só pudessem ocorrer no momento de pedir a aposentadoria.

Agora, a nova portaria traz outros caminhos para melhorar os dados do Cnis, que ajudam a evitar fraudes e a evasão financeira.

O Cnis é o documento que registra as contribuições feitas pelo segurado ao INSS ao longo de sua vida laboral e é referência para o cálculo da aposentadoria. Nem sempre as informações apresentadas nele representam fielmente a realidade, assim, é importante que o trabalhador acompanhe a exatidão do que está lá.

"Com alguns cliques, é possível monitorar com facilidade se os dados estão em conformidade. É com base nesse acúmulo de dados, realizado por várias décadas, que a análise de elegibilidade da aposentadoria e do melhor benefício serão dosados", diz Saraiva.

A nova portaria determina também que os períodos de aprendizado realizados até 16 de dezembro de 1988 serão considerados como tempo de serviço e contribuição.

Eles são válidos para períodos de frequência em escolas profissionais mantidas por empresas ferroviárias ou para o tempo de aprendizado em escolas industriais ou técnicas.

TIPOS DE ERRO

Saraiva afirma que os principais erros do Cnis apresentam relação com o valor do salário, data inicial ou final do contrato de trabalho e, na maioria dos casos, com a omissão de informações -como a falta de detalhamento sobre contratos de trabalho muito antigos e recolhimento por meio de carnê ou GPS (Guia da Previdência Social).

Nos casos de atividade exercida na administração pública, é comum a falta de dados sobre contratos temporários ou cargos comissionados.

É também possível que o trabalhador solicite a exclusão de um contrato de trabalho que consta em seu nome, mesmo sendo de outra pessoa; o acerto de vínculos e remunerações; e a correção de dados cadastrais -como nome social, nome civil, filiação, número do CPF e outros.

Quem precisar, também pode solicitar a inclusão de informações mesmo que a sua aposentadoria não esteja próxima.

"O ideal é que não se deixe para atualizar tais inconsistências na véspera de se aposentar. O INSS leva tempo para corrigir erros, mesmo que sejam simples. Quem deixa para organizar sua base de dados, caso exista alguma inconsistência, pode retardar ou mesmo atrapalhar a concessão administrativa da aposentadoria, a ponto de precisar levar o caso ao Judiciário", afirma o advogado.

TRABALHADORES RURAIS

Os trabalhadores rurais também têm direito ao acerto de dados do Cnis, mas a sua atualização costuma ter algumas particularidades, pois esses segurados têm dificuldades com a documentação necessária para provar sua condição e nortear a própria aposentadoria.

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Haddad participa hoje de reunião com Lula e banqueiros públicos

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa de reunião com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ministros e presidentes de bancos públicos. O encontro, marcado para as 9h30, é o único compromisso na agenda de Haddad até o momento.

Estarão no encontro no Palácio do Planto os ministros do Desenvolvimento Social, Wellington Dias; das Micro e Pequenas Empresas, Márcio França; e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira.

Também participam da reunião o secretário de Política Econômica da Fazenda, Guilherme Mello; o secretário especial de Análise Governamental da Casa Civil, Bruno Moretti; a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros; o presidente BNDES, Aloizio Mercadante; o presidente da Caixa, Carlos Vieira; o diretor-presidente do Sebrae, Décio Lima; e o diretor-presidente da Empresa Gestora de Ativos S.A. (Emgea), Fernando Pimentel.

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Mediana das expectativas para o dólar no fim de 2024 continua em R$ 5,70 no Focus do BC

A mediana das expectativas do mercado financeiro no relatório Focus do Banco Central para a cotação do dólar no fim de 2024 se manteve em R$ 5,70, interrompendo uma sequência de seis semanas de alta. Um mês antes, era de R$ 5,50. A estimativa para o fim de 2025 aumentou de R$ 5,55 para R$ 5,60; para 2026, de R$ 5,50 para R$ 5,60; e, para 2027, permaneceu em R$ 5,50.

Considerando apenas as 45 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para o dólar no fim de 2024 subiu de R$ 5,70 para R$ 5,77. A projeção para a cotação da moeda no ano que vem passou de R$ 5,60 para R$ 5,70, levando em conta 44 atualizações.

A moeda norte-americana fechou a última sexta-feira, 29, no pico histórico de R$ 6,0012, puxada pelo desconforto do mercado com o pacote de ajuste fiscal do governo. Fatores técnicos, como a rolagem de contratos futuros e a disputa pela formação da última taxa ptax de novembro, também contribuíram para a alta.

A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.

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Mediana das estimativas para alta do PIB de 2024 sobe de 3,17% para 3,22% no Focus do BC

A mediana das estimativas do mercado financeiro no relatório Focus do Banco Central para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024 subiu de 3,17% para 3,22%. Um mês antes, estava em 3,10%.

Considerando apenas as 37 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, ela passou de 3,20% para 3,28%.

A estimativa intermediária para 2025 ficou em 1,95%, mesmo nível da semana anterior. Um mês atrás, estava em 1,93%.

Levando em conta apenas as 36 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana passou de 1,94% para 2,0%.

Os economistas do mercado não alteraram as projeções de crescimento da economia em 2026 e 2027. Ambas permaneceram em 2,0%, como já estão há 69 e 71 semanas, respectivamente.

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Economistas alertam para alta de preços após ameaça de Trump de impor tarifas a vizinhos

(FOLHAPRESS) - A ameaça de Donald Trump de ampliar tarifas a bens importados do México e Canadá no primeiro dia como presidente dos Estados Unidos gera preocupação entre comerciantes e industriais, diante do alerta de economistas de que haverá uma alta nos preços de produtos de diversos setores.

A eleição do republicano se deveu em parte à insatisfação dos americanos com a situação econômica, segundo pesquisas. O país foi acometido por elevados índices de inflação, que chegou a 9,1% em meados de 2022, depois da pandemia do Covid-19, o que levou a uma piora na qualidade de vida da população.

O aviso de economistas é que o plano de Trump de impor impostos a produtos oriundos de outros países pode gerar novo aumento na inflação, e antes mesmo de elas serem consolidadas.

O presidente eleito afirmou na semana passada que vai impor tarifas de 25% sobre produtos do México e do Canadá no seu primeiro dia de governo, além de aumentar em 10% as taxas aplicadas à China. Ele tomará posse em 20 de janeiro de 2025. A justificativa do republicano é que os países vizinhos não estão combatendo o tráfico de drogas a migração ilegal para os Estados Unidos.

"Esta tarifa permanecerá em vigor até que as drogas, em particular o fentanil, e todos os imigrantes ilegais parem essa a invasão do nosso país. Tanto o México quanto o Canadá têm o direito e o poder absolutos de resolver facilmente este problema que se arrasta há muito tempo. Exigimos, portanto, que usem esse poder, e até que o façam, é hora de pagarem um preço muito alto."

A promessa gerou reação dos países, que criticaram essa hipótese, mas pode ter influência antes mesmo de entrar em vigor.

No sábado (30), os Brics também tornaram-se alvo do presidente eleito, que ameaçou impor tarifas de 100% sobre o bloco caso haja apoio a uma moeda que ameace a hegemonia do dólar nas relações comerciais entre os países.

"A mera ameaça das tarifas afeta as decisões econômicas atuais. Alguns importadores podem estocar para evitar tarifas potenciais, enquanto outros adiarão investimentos relacionados à importação até obterem mais certeza sobre a política comercial dos EUA", diz à reportagem o professor Nuno Limão, da Universidade Georgetown.

"Empresas estrangeiras nos países-alvo também adiarão investimentos em exportação, o que pode reduzir ainda mais o fornecimento para os EUA e aumentar os preços", diz.

O professor de economia cita que isso ocorreu no Reino Unido a partir de 2016, quando o país começou a discussão sobre deixar a União Europeia, o que se concretizou em 2020. Artigo publicado no Journal of International Economics por Limão, em parceria com Alejandro Graziano e Kyle Handley, mostra que a "incerteza política, impulsionada pela renegociação de acordos, impacta os preços".

Os acadêmicos estudaram o caso do Brexit -saída do Reino Unido da União Europeia- e concluíram que antes mesmo da conclusão do processo, houve aumento dos preços de produtos, que ficaram expostos a tarifas mais elevadas.

No caso dos Estados Unidos, um conjunto de bens podem ser especificamente impactados pela imposição de tarifas a México e Canadá. O país importa carros e peças do México e Canadá. Deste último, recebe também insumos primários, como ferro, alumínio e gás. A China exporta uma gama de produtos, entre eles computadores, brinquedos, entre outros.

"Vários desses são insumos importantes para indústrias subsequentes, então tarifas sobre eles aumentarão os preços dos bens que produzem", diz Limão.

Como mostrou o The New York Times, o plano de Trump levou preocupação à indústria automobilística, pela dependência do México e do Canadá para obter peças e fabricar os veículos.

"Provavelmente não há uma única fábrica de montagem em Michigan, Ohio, Illinois e Texas que não seria imediatamente afetada por uma tarifa de 25%", afirmou Patrick Anderson, CEO da empresa de consultoria Anderson Economic Group, em Michigan, ao jornal americano

A imposição de tarifas também tem o potencial de elevar o valor da gasolina para os motoristas.

A CNN mostrou que 90% dos avocados, tipo de abacate consumido nos Estados Unidos, consumidos em 2022 foram importados, dos quais 89% oriundos do México. Este é outro produto que pode ser afetado, afirmou o veículo em reportagem no qual aconselha consumidores a se anteciparem à eventual taxação na compra de produtos.

A ameaça de Trump com o aumento das tarifas passa pela negociação de obter benefícios em outros setores com esses países, como fez no primeiro mandato. No caso de México e Canadá, ele quer políticas mais eficientes que visem a reduzir a imigração e o que o presidente eleito vê como consequente tráfico de drogas nos EUA.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum reagiu. "O fenômeno da migração ou o consumo de drogas nos EUA não será resolvido por ameaças ou com tarifas", afirmou em carta enviada a Trump. Os dois líderes falaram ao telefone. Trump chegou a dizer que Sheinbaum havia se comprometido a fechar as fronteiras, algo que a presidente negou. A mexicana disse ter conversado apenas sobre a política migratória.

O ministro da Economia do México, Marcelo Ebrard, afirmou que

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Sabotagem, divergências, idas e vindas: a novela do pacote de ajuste fiscal

(FOLHAPRESS) - Era uma noite no fim de junho quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), num jantar na casa do ministro Fernando Haddad (Fazenda), foi aconselhado por economistas a moderar suas recorrentes críticas ao mercado, após uma disparada do dólar.

Haddad já tinha pedido para sua equipe alguns estudos sobre corte de gastos. Mas o jantar marcou um momento de virada. Após o encontro, as discussões começaram a esquentar no governo e poucos dias depois Lula deu o sinal verde para um corte de R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias.

O anúncio não foi suficiente para aplacar as incertezas. Um pacote de medidas mais amplo começou a ser formulado. A estratégia foi manter a máxima discrição sobre o plano. Segundo relatos ouvidos pela Folha, Haddad acreditava que, ao segurar informações, poderia evitar a desidratação do conjunto de medidas.

Foi somente a partir de outubro que a discussão ganhou tração. No dia 29 daquele mês, Lula reuniu seus homens de confiança no Palácio da Alvorada, incluindo Gabriel Galípolo, futuro presidente do Banco Central. Ao longo do processo, o atual diretor do BC atuou como interlocutor ativo, tentando mostrar que havia uma antecipação de risco fiscal em relação ao futuro.

Naquele encontro, não passou despercebida a ausência de Simone Tebet (Planejamento). Os primeiros desdobramentos da reunião levaram o ministro Luiz Marinho (Trabalho) a ameaçar pedir demissão, caso alguma decisão que envolvesse sua pasta fosse tomada sem seu conhecimento.

No dia 6 de novembro, em mais uma reunião a portas fechadas, a tensão entre Marinho e Haddad escalou, e as divergências foram expostas aos olhos de Lula. Publicamente, o ministro da Fazenda dizia que faltavam apenas "dois detalhes" que precisavam ser alvo de uma "arbitragem simples" do presidente, mas um desfecho estava longe de se concretizar.

Enquanto Haddad alimentava as expectativas de um anúncio próximo, gerando estresse nos preços dos ativos financeiros, Lula não demonstrava pressa. Em um novo encontro no Palácio da Alvorada, o chefe do Executivo decidiu que qualquer anúncio só ocorreria depois da cúpula do G20, marcada para os dias 18 e 19 de novembro. A ideia era não ofuscar o evento, que reuniu líderes das principais economias do mundo no Rio de Janeiro.

Antes do embarque, o presidente também se encontrou com os ministros Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Carlos Lupi (Previdência). Interlocutores do governo relatam que Lula, sutilmente, pediu que eles cessassem as críticas públicas ao pacote.

Lupi chegara a dizer dias antes que não teria como ficar no governo se houvesse perda de direitos na Previdência. As discussões sobre o pente-fino nos benefícios sociais ganharam terreno a partir dali.

Na avaliação de auxiliares de Haddad, o anúncio do plano de ajuste fiscal foi prejudicado pela sabotagem de integrantes do próprio governo, que começaram a vazar informações. O clima era de caça às bruxas na Fazenda nos últimos meses. O secretário-executivo Dario Durigan centralizou as atividades e prometeu medidas severas contra vazamentos.

O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, ficou encarregado de conversar com o mercado financeiro em São Paulo, em uma tentativa de diminuir os ruídos.

Na última segunda-feira (25), Lula bateu o martelo sobre o pacote e pediu ao ministro da Fazenda que fizesse um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão.

Coordenador da campanha de Lula à Presidência, o publicitário Sidônio Palmeira atuou não só na produção do discurso como também na concepção da mensagem.

Voto vencido, Haddad era contra a ideia de mesclar o anúncio do pacote à divulgação da proposta de ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5.000 mensais.

Pesou a opinião dos ministros Rui Costa (Casa Civil), Esther Dweck (Gestão), Paulo Pimenta (Secom), além de Marinho, Sidônio e da presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), que defendiam que também fosse feito no anúncio um aceno à base petista.

O vazamento do pronunciamento às vésperas de sua veiculação aumentou a tensão na reta final do processo, e a notícia relativa à reforma da renda gerou repercussão negativa.

Nesta sexta (29), após um anúncio mal recebido por analistas de mercado, o dólar fechou em R$ 6 pela primeira vez, renovando o recorde histórico de valor nominal. O governo tenta agora contornar o estrago, e os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), entraram na ofensiva.

Em almoço com banqueiros, Haddad garantiu que a isenção de IR para quem ganha R$ 5.000 só será votada se houver neutralidade fiscal e admitiu a possibilidade de medidas corretivas.

Fonte: Economia 01/12/2024 Notícias no Minuto
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