Municípios afirmam que não têm dinheiro para “Barreira Ortopédica”

Financeiramente, é inviável para os municípios da Grande Natal arcar com parte dos custos da “Barreira Ortopédica”, serviço que o Governo do Estado pretende implantar para atender casos de baixa e média complexidades, de modo que acabe com as filas de espera nos corredores do Hospital Walfredo Gurgel. É o que alegam os gestores municipais consultados pela TRIBUNA DO NORTE. Além da indisponibilidade de recursos, a resistência à proposta se fortalece quando alguns desses já financiam esse tipo de serviço com orçamento próprio ou cobrem serviços que a Secretaria Estadual de Saúde (Sesap/RN) não estaria pagando.

A “barreira ortopédica” está sendo discutida, inclusive, no âmbito judicial. A intenção é que esteja disponível em até três meses. O custo estimado é de R$ 900 mil por mês, sendo 40% desse montante a contrapartida do Estado e 60% rateado entre os municípios, o que resultaria em cerca de R$ 540 mil divididos entre as prefeituras. O serviço contaria com uma sala de pequenos procedimentos, sala de gesso e um centro cirúrgico simples, capaz de realizar intervenções em fraturas fechadas e outras condições de menor gravidade. Isso ajudaria a impedir, segundo o Governo, a chegada de pacientes com esse quadro mais simples no Walfredo Gurgel, que poderia atender melhor os casos graves.

Nessa sexta-feira (22), a Sesap realizou uma visita técnica no Hospital Belarmina Monte, em São Gonçalo do Amarante, que está cotado para concentrar esses procedimentos na região. Além disso, a governadora Fátima Bezerra convocou os prefeitos desse e dos municípios de Macaíba, São José de Mipibu, Ceará-mirim, Parnamirim, Extremoz e São Gonçalo do Amarante, para uma reunião onde o problema será discutido na próxima terça-feira (26). Contudo, ela deverá enfrentar resistência, mesmo com a mediação do Ministério Público. Entidades como o Conselho dos Secretários de Saúde (Cosems) e a Federação do Municípios do Estado (Femurn) rechaçam a ideia.

A Prefeitura de Ceará-Mirim, por exemplo, informou em nota enviada à TRIBUNA DO NORTE que está disposta a ajudar, desde que haja alguma compensação. “Ceará-Mirim não concorda em assumir mais nenhum tipo de despesa que é de responsabilidade do Estado. Não por não querer ajudar, mas por não ter recursos suficientes para isso. Caso ocorra, será comprometido seriamente o sistema de saúde do Município, inclusive, com possibilidade de atraso de salários. O Município está aberto para ajudar. Vamos dialogar e encontrar uma forma de compensar o Município. Terça-feira serão debatidas as possibilidades”, destaca o texto.

Em São José de Mipibu, o secretário municipal de Saúde, Jeferson Oliveira, criticou a ideia de ratear os custos e sugeriu que o Governo tenha projetos para a área, como nos estados vizinhos, que possuem ou estão viabilizando hospitais de trauma. “Aqui, nada se resolve, lembrando que o governo recebeu R$ 2 bilhões durante a pandemia e não fez nenhum equipamento de saúde para essa finalidade”, disse.

O gestor avalia que a superlotação do Walfredo não se deve apenas ao atendimento de média e baixa complexidade da ortopedia. “Há filas nas cirurgias de trauma de alta complexidade, onde os pacientes demoram muito para serem transferidos e realizarem suas cirurgias”, pontuou o secretário.

Jeferson relembra que o Walfredo também é referência em urologia e as urgências cirúrgicas relacionadas a essa especialidade se acumulam e agravam a situação. Outro exemplo que ele cita e que contribui para a ineficiência da rede hospitalar são as internações de pacientes psiquiátricos, diante da redução brusca dos leitos nessa especialidade. “Quando o paciente não fica em surto psiquiátrico em casa, gerando risco para si e para a família, eles ficam internados por longo tempo em pronto-socorros municipais”, destaca o secretário mipibuense.

Dívidas do Estado devem ser discutidas

No momento em que o Governo do Estado discute a divisão dos custos para a criação de um serviço de barreira ortopédica na Grande Natal, municípios querem trazer à mesa a discussão em torno de repasses não realizados pelo Estado na área da saúde. O presidente da Federação dos Municípios (Femurn) e prefeito de Lagoa Nova, Luciano Santos, sugere que seja negociada uma espécie de encontro de contas. “São os repasses da Farmácia Básica, por exemplo, que é uma discussão de muitos anos e que a gente entende que isso será um dos embates trazidos pelos prefeitos. Isso porque, entre o valor da Farmácia Básica e esse serviço que o Estado propõe, pode haver uma compensação”, disse ele.

O secretário municipal de Saúde de Macaíba, Júnior Rêgo, aponta outra situação. “Nós nunca recebemos o incentivo da UPA, porque a UPA é cofinanciada, sendo 50% do Governo Federal, 25% do Governo Estadual e 25% do município. O Governo Federal cumpre a sua parte, mas o Governo Estadual nunca repassou nenhum recurso para o incremento da nossa rede de urgência e emergência através da UPA”, disse.

Além disso, ele reforça que a cidade já oferece serviços de ortopedia de baixa e média complexidades. “Nós temos uma sala de ortopedia, dois ortopedistas contratados pelo município. Temos uma sala de gesso, fazemos esse procedimento ambulatorial na nossa própria rede com 27 especialistas”, destaca.

Rêgo diz que Macaíba é responsável por cerca de 3% dos pacientes que chegam ao Walfredo Gurgel, o que não justificaria um alto investimento do município nessa proposta, considerando ainda os repasses que a Sesap não tem feito. “Daria uma média de R$ 76 mil para Macaíba. Hoje a gente não tem a disponibilidade desse recurso, até porque, já assinamos o TCTF (Termo de Cooperação Técnica Financeira) das cirurgias e da parte ambulatorial, que é realizada em Natal”, pontua.

Júnior Rêgo diz que a gestão macaibense entende a necessidade da implantação da barreira ortopédica, mas sugere que a Sesap poderia ampliar o serviço no Hospital Regional Alfredo Mesquita Filho (HRAMF), que é de competência estadual. “Inclusive tem dois centros cirúrgicos, um que está funcionando para a parte materno-infantil e outro está parado, esperando equipamentos”, explica Júnior Rêgo, sugerindo que o serviço funcione lá, em vez de ser implantado em São Gonçalo.

As prefeituras citadas pelo Governo foram procuradas pela reportagem, mas não houve retorno dos municípios de Extremoz e São Gonçalo do Amarante. Já Parnamirim informou que vai aguardar a comunicação oficial do Estado para depois se reunir com a Sesap e adotar providências.

Femurn e Cosems são contra a divisão de custos

Em nota conjunta, a Femurn e o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do RN (Cosems-RN) se posicionaram contra a ideia. As entidades destacaram que a responsabilidade constitucional do financiamento do SUS é tripartite e que a Constituição estabelece valores mínimos a serem aplicados em ações e serviços de saúde, devendo ser no mínimo 12% dos recursos próprios do estado e 15% dos municípios.

Citam ainda que um estudo realizado pela Frente Nacional de Prefeitos revelou que os municípios potiguares aplicam acima do mínimo constitucional em saúde, chegando em alguns casos a 35%, enquanto que os valores aplicados pelo Estado situam-se próximo ao mínimo estabelecido, chegando a 12,63% em 2023, o menor da Região Nordeste. Outro ponto é o repasse do Governo Federal que chegou, entre junho e outubro/2024, a R$ 259,5 milhões, de acordo com deliberações da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) no período, com a finalidade de custear a rede estadual.

Os presidentes da Femurn, Luciano Santos e do Cosems, Maria Eliza Garcia, afirmam que as entidades “defendem o fortalecimento dos hospitais regionais para amenizar essa situação, como uma das alternativas mais sustentáveis”. Eles discordam da escolha pelo hospital de São Gonçalo por avaliarem ser de difícil acesso para os demais municípios, além de ser “de natureza privada sem fins lucrativos, sem habilitação para a área de ortopedia, enquanto os estaduais são habilitados pela Rede de Urgência e Emergência para tal função.”

Uma proposta apresentada na reunião da última terça-feira (19) entre a Sesap e os gestores municipais, foi para os deputados do estado também colaborarem. “Minha sugestão foi que a Assembleia Legislativa, através de emenda coletiva dos deputados, pudesse também contribuir. Os procedimentos da tabela do SUS não têm reajuste há 20 anos. A bancada federal precisa votar para reajustar essa tabela”, propôs o deputado Dr. Bernardo, membro da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado (ALRN).

Governo lamenta posição da Femurn

O Governo do Rio Grande do Norte disse lamentar o posicionamento da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (FEMURN) e do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do RN (COSEMS) sobre a proposta de incluir os municípios no financiamento do Plano Emergencial para conter a superlotação no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel.

Para o Governo do Estado, é importante manter a cooperação interfederativa, e por isso, tem demonstrado compromisso com os municípios ao assumir custos que, muitas vezes, são de responsabilidade exclusiva dos gestores municipais. “É importante esclarecer que a responsabilidade da Secretaria Estadual de Saúde (SESAP) é de ser condutora das políticas públicas, bem como, de forma complementar, garantir acolhimento de todos os pacientes que necessitem de atendimento hospitalar no Estado, especialmente em casos graves, de alta complexidade”, disse em nota.

De acordo com a proposta, haverá a criação de um consórcio para dividir as despesas entre os entes envolvidos. O custo mensal para que o serviço seja organizado é estimado em R$ 900 mil e o Governo se propôs a arcar com 40% do custo, o restante seria distribuído entre os municípios, sendo Parnamirim R$ 199 mil; São Gonçalo do Amarante R$ 78 mil; Macaíba: R$ 76 mil; Ceará Mirim R$ 69,4 mil; São José do Mipibu R$ 69,2 mil; e Extremoz R$ 45,5 mil.

O Governo do RN ainda disse que a construção do Hospital Metropolitano, com 350 leitos, será licitada ainda este ano, o que contribuirá decisivamente para desafogar o Hospital Walfredo Gurgel e melhorar o atendimento à população.

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58 milhões de vacinas da Covid vencem no estoque federal; perda nos municípios é maior

O Ministério da Saúde perdeu no próprio estoque ao menos 58 milhões de vacinas da Covid-19 desde 2021, quando foi aberta a campanha de imunização no SUS. O número se refere às doses que nem sequer foram distribuídas aos estados e municípios.

O volume perdido ainda no armazém da Saúde vale cerca de R$ 2 bilhões. Parte do prejuízo foi amenizada pela troca de 4,2 milhões de doses da Moderna, avaliadas em cerca de R$ 240 milhões.

O número de doses que deixaram o estoque do ministério e foram perdidas nos estados e municípios é incerto, devido às divergências entre os dados federais e os das secretarias de saúde locais.

O cruzamento de informações do ministério aponta uma diferença superior a 175 milhões entre as doses distribuídas e aplicadas. Mas os dados dos estados sinalizam uma perda menor, ainda que muito superior àquela registrada no estoque federal.

“Os sistemas distintos e não integrados de logística e movimentação de imunobiológicos também podem contribuir para que esse dado não seja preciso”, diz o Ministério da Saúde, que não estima publicamente o número de doses perdidas fora do seu estoque.

O governo de São Paulo, por exemplo, diz que aplicou 144 milhões de vacinas da Covid. Já o portal do Ministério da Saúde aponta 131 milhões de imunizantes utilizados no estado.

Ainda há divergências sobre quantas doses foram entregues pelo ministério ao SUS. O órgão federal afirma que mandou cerca de 20 milhões de vacinas ao Maranhão, que diz ter recebido 17 milhões. As diferenças se repetem, em escalas diferentes, nas 15 unidades da federação que responderam à reportagem.

O ministério afirma que entregou aos estados cerca de 700 milhões de vacinas da Covid, segundo dados divulgados pela pasta à Folha após pedido baseado na Lei de Acesso à Informação. O mesmo número não é atualizado há mais de um ano no site da pasta comandada por Nísia Trindade.

O governo Jair Bolsonaro (PL) comprou mais de 70% das vacinas que venceram no estoque da Saúde, ou seja, que não chegaram aos estados e municípios. Esses lotes são principalmente da AstraZeneca/Fiocruz e venceram ainda na gestão passada ou foram herdados com validade curta pelo governo Lula (PT).

A atuação negacionista e o desdém de Bolsonaro na pandemia foram temas da campanha de Lula em 2022, mas o Ministério da Saúde ainda patina para organizar a imunização da Covid. O atraso na compra dos imunizantes e a escassez de doses neste ano atraiu críticas ao governo petista feitas por integrantes da comunidade científica e profissionais de saúde.

A conta de vacinas vencidas no estoque da Saúde ainda inclui ao menos 80% de um lote de 10 milhões de doses da Coronavac comprados no fim de 2023, quando o imunizante estava em desuso no SUS. O desperdício apenas com estas vacinas superou R$ 260 milhões.

O TCU (Tribunal de Contas da União) já afirmou que há obstáculos para levantar o número de doses perdidas nos estados, municípios e no estoque da Saúde.

Em levantamento preliminar, o tribunal estimou que 54,2 milhões de vacinas estavam vencidas nos estados e municípios em setembro de 2022. Essas doses valeriam cerca de R$ 2,1 bilhões.

O órgão ainda apontou risco de perda de outras 128 milhões de unidades que apresentavam validade curta à época.

O TCU também detectou lacunas nos dados, como atraso no registro das doses aplicadas, e disse que a soma não considerou vacinas que, por exemplo, foram descartadas por falhas técnicas.

Em outubro de 2023, o tribunal determinou que o ministério fizesse uma busca mais robusta sobre as doses perdidas fora do seu estoque, além de uma série de correções sobre as entregas de vacinas ao SUS. O resultado deste trabalho ainda não foi divulgado e avaliado pela corte.

A entrada das vacinas da Covid nas campanhas de imunização do SUS, em momento de crise sanitária, fez o número de imunizantes perdidos e descartados pelo governo federal escalar. Como mostrou o jornal O Globo, o volume incinerado na gestão Lula supera os 4 anos de Bolsonaro.

Os dados sobre todo o estoque do ministério passaram a ser sigilosos por decisão do governo Michel Temer (MDB) e foram mantidos desta forma sob o governo Bolsonaro. No começo de 2023, quando os dados voltaram a ser divulgados, a Folha revelou que já havia cerca de 40 milhões de vacinas da Covid perdidas no estoque.

À época, os lotes vencidos foram avaliados em cerca de R$ 2 bilhões pelo ministério, valor que estava superestimado e foi recalculado em respostas mais recentes da pasta. Esta cifra só foi atingida com o estoque atualmente perdido.

Integrantes do ministério apontam que diversos fatores levam a perda das vacinas. Entre eles, a atualização dos modelos de imunizantes para enfrentar novas variantes da Covid.

Em determinados momentos, a Saúde restringiu o uso de doses da Janssen e AstraZeneca, para privilegiar aquelas de mRNA, como da Pfizer e da Moderna. Por este tipo de escolha, algumas vacinas que estavam em estoque acabaram não sendo utilizadas, diz a pasta.

Gestores estaduais ainda dizem que há desafios para gerir as vacinas, como as baixíssimas temperaturas das doses de mRNA, que exigem uso de ultrafreezers.

Em geral, os municípios não possuem estes equipamentos. Então as vacinas ficam armazenadas em centrais estaduais e são distribuídas a pedido das prefeituras, que passam a armazená-las em congeladores convencionais. Quando são descongeladas, porém, as validades caem e as vacinas precisam ser aplicadas em poucas semanas.

“A perda de vacinas Covid-19 está intimamente ligada a diversos fatores, como adesão da população, resistência à vacinação devido as notícias falsas, mudança rápida na composição e na plataforma tecnológica de produção da vacina, que impacta na adesão da população, bem como validades e condições de armazenamento e transporte diversas”, afirma o ministério.

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UFRN promove ação para conscientizar sobre câncer de próstata

A Liga Acadêmica de Farmácia em Oncologia (Lafaron), do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRN, realiza até esta terça-feira (19) uma ação educativa sobre o câncer de próstata. O evento, que acontece no Centro de Convivência da UFRN e teve início na última segunda-feira (18), é voltado para homens a partir dos 40 anos e integra a programação do Novembro Azul.

A iniciativa reforça a importância da detecção precoce e do cuidado contínuo com a saúde masculina, com o objetivo de reduzir a mortalidade associada ao câncer de próstata, a principal causa de câncer entre homens e a segunda maior causa de morte por câncer no mundo. Durante a ação, os participantes terão acesso a material informativo e orientações fornecidas pelos estudantes da Lafaron.

Além de sensibilizar a população, o projeto também tem como objetivo acadêmico capacitar os alunos para o planejamento e a execução de ações educativas em saúde. “A proposta é inserir os estudantes no papel de educadores e contribuir para a conscientização de uma doença que apresenta alta incidência e impacto significativo na saúde pública”, destaca o professor Ney Moura, coordenador da Lafaron e docente do Departamento de Farmácia (DFARM).

Os atendimentos acontecem nos turnos da manhã, das 8h às 11h, e da tarde, das 13h às 16h, no Centro de Convivência, no Campus Central da UFRN. A ação está sendo realizada com o apoio do DFARM, da Farmácia Escola e da Pró-reitoria de Extensão. Mais informações podem ser obtidas no Instagram @lafaronufrn.

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Estado propõe consórcio para diminuir superlotação do Walfredo

Em meio à crise de superlotação que afeta o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG), a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) apresentou à Justiça um plano de contingência para reorganizar o fluxo de atendimento. A proposta inclui o fim do atendimento ortopédico de baixa complexidade e o redirecionamento de pacientes para uma estrutura descentralizada chamada “barreira ortopédica”. A medida visa desafogar os corredores lotados do maior hospital do Estado e depende da parceria com cidades estratégicas para absorver os pacientes, por meio de um “consórcio interfederativo”.

O plano, detalhado pela Sesap, foi enviado à 2ª Vara da Fazenda Pública de Natal e argumenta que, para enfrentar a superlotação crônica, é essencial criar alternativas de atendimento para os casos de menor complexidade ortopédica, especialmente aqueles decorrentes de acidentes de moto. A TRIBUNA DO NORTE mostrou que nos últimos quatro meses, a unidade tem batido recordes de atendimentos envolvendo motociclistas. Em setembro, 899 pessoas deram entrada no hospital, vítimas de quedas de moto.

Os dados são enfatizados no documento encaminhado à Justiça. Aproximadamente 70% dos casos que chegam à unidade são de baixa e média complexidade, o que, de acordo com a Sesap, gera uma sobrecarga que impede o hospital de focar nas emergências de alta complexidade. “Este plano tem como objetivo fazer o ‘esvaziamento’, o mais rápido possível, dos corredores e anexos do HMWG de forma a trazer um grau de normalidade à assistência hospitalar e controle na regulação da porta”, diz um trecho do documento.

Como solução para essa sobrecarga, a Sesap propôs a criação de uma “barreira ortopédica”, uma estrutura regionalizada que absorveria os atendimentos de menor complexidade ortopédica. A proposta indica que a barreira ortopédica funcionaria 24 horas por dia, sete dias por semana. A barreira atenderia uma população estimada de até 1,5 milhão de habitantes e seria voltada para casos ortopédicos sem risco iminente, que atualmente demandam recursos que o Walfredo poderia dedicar a traumas graves.

De acordo com a pasta, a estrutura teria Sala de Pequenos Procedimentos, com maca, foco de luz, monitor cardíaco e desfibrilador; Sala de Gesso, com equipamentos para imobilização, medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios, além de materiais para preparar o gesso; e Centro Cirúrgico Simples, capacitado para fazer cirurgias em fraturas de baixa complexidade, como fraturas fechadas ou traumas decorrentes de quedas sem impacto craniano.

“A partir do envio deste documento [6 de novembro] para os órgãos de controle e aos Municípios, Cosems e Femurn, haverá um prazo de 10 dias para agendar a reunião para que os municípios possam se preparar para dar a resposta assistencial devida aos seus munícipes. Por 30 dias após a reunião a Sesap a partir das áreas técnicas realizará uma reunião onde convocará os municípios, Femurn, Cosems, e representações dos conselhos de saúde municipais e estadual para discutir a criação de um serviço de ortopedia de urgência para atender a baixa complexidade, denominado barreira ortopédica”, destaca o plano de contingência.

Articulação
O plano de contingência da Sesap sugere que essa barreira ortopédica seja gerida em parceria com os municípios, por meio de um Consórcio Interfederativo em Saúde, para que as cidades da região compartilhem a responsabilidade financeira e operacional. A Secretaria propôs que a Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn) e o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do RN (Cosems-RN) desempenhem papéis fundamentais na implementação da barreira.

Para Luciano Santos, presidente da Femurn, a proposta é recebida com cautela, principalmente por conta dos desafios financeiros que os municípios já enfrentam. Ele lembra que os repasses do Estado para políticas de saúde, como a farmácia básica, são inconstantes, e teme que os municípios sejam pressionados financeiramente. “Adotar mais uma responsabilidade, sem os recursos correspondentes, asfixiaria as finanças municipais, prejudicando ainda mais a população que depende dos serviços básicos de saúde nos municípios”, afirmou Santos.

E complementa: “Reforço que é necessário um compromisso real do Estado em manter os repasses acordados e em planejar essa proposta de forma sustentável, com uma lei estadual, com uma fonte direcionada. Como representante dos municípios, estou recebendo essa notícia agora, mas sempre aberto ao diálogo e à cooperação. Precisamos que o Estado assegure uma fonte de receita adequada para que possamos atender nossas comunidades de maneira digna e responsável”.

Neste modelo, o Estado ressalta que essa modalidade de complexidade teria um custo médio aproximado de R$ 900 mil por mês. “Cada município das regiões citadas [1ª, 3ª, 5ª e 7ª regiões de Saúde] irá arcar com um valor, inicialmente com base na população per capita de cada município, além do incentivo do Estado (40%), no modelo de termo de acordo, enquanto não se oficializa o consórcio. Após um ano do acordo será possível reavaliar os valores e ao invés de ser per capita, será por casos para atendimentos enviados (passará a ser de acordo com a demanda de cada município)”.

Já Maria Eliza Garcia, presidente do Cosems-RN, levantou questionamentos sobre a viabilidade da proposta e sugeriu uma melhor organização na rede estadual. Ela enfatizou que o Cosems ainda não foi formalmente convidado a discutir a proposta e defendeu o fortalecimento dos hospitais regionais. “O Walfredo vive sempre agonizando, com corredores lotados, porque, de fato, a gente não tem uma reorganização no próprio serviço estadual”, destacou. “Temos na região metropolitana o Hospital Deoclécio Marques que poderia estar fazendo isso, para não vir para dentro do Walfredo”.

Outras ações
Além do encerramento dos atendimentos ortopédicos de baixa complexidade, a Sesap se compromete, no plano de contingência, a entregar a reforma do 2º Andar do Walfredo, que inclui a criação de uma enfermaria com 38 leitos clínicos e 1 leito de estabilização, até o dia 30 de novembro. Ao todo, a nova enfermaria contará com 75 profissionais, entre enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais.

A secretaria cita ainda o fortalecimento da linha de cuidado do Acidente Vascular Cerebral (AVC). A proposta inclui o aumento da resposta aos casos de AVC, que representam uma linha de cuidado prioritária devido à alta incidência e à gravidade. Será implementado um plano de provimento para suprir a demanda específica de profissionais de saúde na Unidade de AVC, de forma gradual, a partir de janeiro de 2025.

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3 em cada 10 homens nunca fizeram nem pretendem fazer exame de toque retal, diz pesquisa

Três em cada dez homens nunca fizeram nem pretendem fazer o exame de toque retal, mostra um estudo do hospital A.A.Camargo Cancer Center feito em parceria com a Nexus. A mesma pesquisa aponta ainda que 44% dos entrevistados não têm conhecimento sobre prevenção ao câncer de próstata. Hoje, dia 17 de novembro é o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, que dá origem à campanha Novembro Azul.

Segundo a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), no último ano a doença matou, em média, 47 homens por dia no Brasil. O exame de toque é uma das formas de descobrir se o paciente tem ou não o câncer de próstata.

Professor titular da USP (Universidade de São Paulo) e vice-presidente da SBU, Rodolfo Reis diz que o teste faz parte do protocolo de exame físico para rastreio da doença. “Além de ser mais acessível, é por onde muitas vezes detectamos a presença de nódulos”, afirma o especialista.

Outro teste usado para rastreio da doença é o PSA, um exame de sangue. De acordo com médicos, os dois devem ser realizados conjuntamente, como complementares.

Líder do Centro de Referência em Tumores Urológicos do A.C.Camargo, Stênio Zequi diz que o protocolo de testes precisa ser individualizado e, embora o exame de toque já tenha sido mais popular, ainda é importante porque é mais barato e acessível.

“É um exame indolor que avalia o tamanho da glândula, dimensões e limites. Durante o processo, o médico vê se encontra alguma irregularidade ou alguma área endurecida que possa sugerir um câncer”, explica Zequi.

Hoje, o acompanhamento para rastreio do câncer de próstata é indicado para homens com mais de 50 anos. Se o indivíduo tem algum histórico da doença na família, deve começar um pouco mais cedo, aos 45 anos.

Dentre os entrevistados mais jovens, com idades entre 16 e 24 anos, 49% disseram que nunca fizeram nem pretendem fazer o exame de toque retal. De acordo com Reis, a explicação para isso pode estar relacionada à distância que esse público têm do problema.

“Os homens de 18 a 30 anos raramente vão procurar um urologista porque a doença para essa faixa etária ainda é distante”, diz o médico.

A pesquisa apontou também que 60% dos entrevistados entendem que o exame de toque é necessário independentemente de sintomas para câncer de próstata, e 64% dizem que o médico deve ser consultado mesmo que o paciente não apresente sinais da doença.

O levantamento mostrou ainda que mais da metade dos homens entrevistados (53%) diz acreditar que o câncer de próstata é uma doença típica de homens mais velhos. E de fato é, segundo Zequi.

“A grande maioria dos pacientes com câncer de próstata tem mesmo mais de 50 anos”, afirma Zequi, fazendo a ressalva de que já atendeu pacientes mais novos com a doença.

Dos entrevistados para a pesquisa, 44% disseram não ter conhecimento sobre quais são os métodos de prevenção da doença. O vice-presidente da SBU explica que não existem exames preventivos para esse tipo de câncer, mas afirma que o diagnóstico precoce é essencial para um tratamento mais efetivo.

O câncer de próstata, de acordo com o especialista, está relacionado a fatores genéticos, e isso explica por que aqueles com casos da doença na família devem começar o rastreio antes. Reis, da SBU, acrescenta que até mesmo quem tem parentes mulheres com histórico de câncer de mama devem procurar auxílio médico antes dos 50.

Os entrevistados também foram questionados sobre mitos e verdades em relação ao câncer de próstata, e 68% disseram acreditar que homens que tiveram ou têm problemas no órgão tem mais risco de desenvolver disfunção erétil.

O levantamento ouviu 966 homens com idade a partir de 16 anos em todos os estados brasileiros. A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais, e o intervalo de confiança é de 95%. As entrevistas foram realizadas entre os dias 18 e 24 de setembro deste ano.

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Ovos podem reduzir o colesterol e proteger saúde cerebral, diz estudo

Um alimento amplamente consumido no mundo e frequentemente associado a altos níveis de colesterol pode, na verdade, trazer benefícios significativos à saúde. Consumir de dois a quatro ovos por semana está relacionado a níveis mais baixos de colesterol no sangue e pode proteger a saúde cerebral.

É o que sugere um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD) e publicado na revista Nutrients em agosto deste ano. A pesquisa analisou dados de 890 participantes com mais de 55 anos, sendo 357 homens e 533 mulheres, coletados a partir de um levantamento sobre envelhecimento saudável iniciado em 1988.

Ao longo de quatro anos, os cientistas avaliaram três aspectos da função cognitiva dos voluntários e os avaliaram levando em consideração os hábitos alimentares dos participantes.

Entre as mulheres, aquelas que consumiam mais ovos apresentaram menor declínio na memória de curto e longo prazo. Já nos homens, não foi observada relação direta entre comer ovos e a preservação da memória.

No entanto, ao analisar dados de uma década diferente no mesmo banco de informações, foi constatado que homens que comiam mais ovos apresentaram pontuações melhores em testes cognitivos. Na análise antiga, nenhuma associação foi encontrada para mulheres.

Os pesquisadores destacam que esses resultados sugerem a existência de outros fatores que podem influenciar os benefícios dos ovos, mas que ainda precisam ser esclarecidos por estudos futuros.

Colesterol: vilão ou aliado?

Por décadas, as pessoas foram aconselhadas a evitar produtos de origem animal ricos em colesterol, como ovos e manteiga, porque acreditava-se que esses alimentos aumentavam os níveis do composto no sangue, acentuando o risco de doenças cardiovasculares.

No entanto, novas evidências apontam que o acúmulo de placas nas artérias está mais relacionado ao consumo de gorduras saturadas, açúcar e sódio do que ao colesterol alimentar.

Alimentos como ovos e frutos do mar, desde que preparados de maneira saudável, são exemplos de exceções. Os ovos, em particular, têm baixo teor de gordura e são ricos em proteínas e nutrientes que podem até ajudar a reduzir os níveis de colesterol no organismo.

Nutrientes presentes nos ovos podem beneficiar o cérebro

Os cientistas destacam que os ovos são ricos em proteínas, aminoácidos, carotenoides e colina, um precursor de um neurotransmissor crucial para o funcionamento do cérebro. Estudos anteriores já mostraram que pessoas com maior ingestão de colina apresentaram melhor desempenho em testes cognitivos.

Além disso, os carotenoides presentes nos ovos estão associados à melhora do desempenho cognitivo. “Esses componentes podem atuar na preservação da estrutura e função dos neurônios no cérebro”, explicam os pesquisadores.

Embora os resultados sejam promissores, Kritz-Silverstein e Bettencourt alertam que ainda há muitas perguntas a serem respondidas sobre os benefícios nutricionais dos ovos. Eles ressaltam, no entanto, que os novos achados fornecem mais evidências de que um alimento rico em colesterol nem sempre é prejudicial ao corpo ou ao cérebro.



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Em menos de um ano, Natal tem 24,6 mil pessoas cadastradas com diabetes na APS

Em 10 meses, Natal registrou cerca de 24.654 pessoas cadastradas com diabetes nos serviços de Atenção Primária à Saúde (APS), incluindo casos de diabetes mellitus do tipo 1 e do tipo 2. É o que apontam os dados do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) referentes ao período de janeiro a outubro deste ano. Nesta quinta-feira (14), Dia Mundial e Nacional do Diabetes, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Natal vai realizar diversas ações nos serviços de saúde locais com o objetivo de promover a conscientização, a detecção precoce e o controle da doença.

A responsável técnica do Núcleo de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) de Natal, Luana Carvalho, esclarece que a proposta de instituir o Dia D é tanto alertar a população sobre os riscos do Diabetes Mellitus quanto trabalhar a prevenção por meio da assistência. De acordo com ela, ainda, a campanha garante aos dispositivos de saúde pública maior controle da doença, já que nesses eventos as pessoas são diagnosticadas precocemente e já podem iniciar o acompanhamento.

O Diabetes Mellitus é uma doença caracterizada por apresentar níveis elevados de glicose no sangue, causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose e garante energia para o organismo. Entre os tipos mais comuns, existe o Diabetes Tipo 1 (que ocorre quando o organismo não produz insulina) e o Diabetes Tipo 2 (quando o corpo não aproveita adequadamente a insulina produzida ou não produz insulina suficiente), além da Pré-Diabetes (única etapa que pode ser revertida) e o Diabetes Gestacional, um tipo temporário que se manifesta quando há aumento de glicose no sangue da gestante.

Alguns sintomas que podem indicar o Diabetes Mellitus são sede excessiva, fadiga, perda de peso e visão turva. Quando não há cuidado nem tratamento, pode levar a complicações como cegueira temporária, dificuldade de cicatrização, formigamento nos pés e, a depender do estágio, ao óbito. “O Diabetes quando não tratado pode evoluir para complicações mais sérias, como a amputação de membros, por exemplo, que acometeu, até o momento, 72% das pessoas diagnosticadas com a doença no município, evidenciando a importância de ações de combate”, reforça Luana Carvalho.

Durante esta quinta-feira e no decorrer do mês, os serviços de Natal vão desenvolver ações com a intenção de reforçar a prevenção e o cuidado com a Diabetes Mellitus. A abertura oficial da inciativa acontece na USF Dix-Sept Rosado, a partir das 8h, disponibilizando atualização vacinal, avaliação odontológica, avaliação antropométrica, screening dos pés (ou exame do “pé diabético”) e atividade coletiva com nutricionista para pacientes diabéticos acompanhados pela unidade.

Combate

No Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro, especialistas alertam para a crescente incidência da doença e a importância da prevenção, especialmente do tipo 2. Dados da Vigitel Brasil 2023 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) apontam que 10,2% da população brasileira vive com diabetes. Segundo Josivan Lima, médico endocrinologista no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL/UFRN/Ebserh), com os principais fatores de risco estabelecidos entre obesidade e o sedentarismo, as mudanças nos hábitos diários podem ser a chave para frear o avanço da doença

O endocrinologista destaca que a doença muitas vezes começa de forma silenciosa, e os primeiros sinais podem ser detectados apenas por meio de exames laboratoriais. “O pré-diabetes é mais um diagnóstico laboratorial que clínico. Nesse estágio, a doença já iniciou, mas como está em uma fase inicial, com valores mais baixos de glicemia, geralmente não há sintomas”, explica. Para essa condição, o controle do peso, a realização de exercícios regulares e uma alimentação equilibrada são indicados para normalizar a glicemia e evitar a progressão para o diabetes.

“Obesidade e sedentarismo são os mais frequentes fatores de risco que predispõem ao desenvolvimento de diabetes tipo 2. Realizar atividades físicas regulares, pelo menos 150 minutos por semana de atividade moderada, divididos em três a cinco dias, e manter um peso adequado para a altura, evitando alimentos ricos em gorduras saturadas e açúcares simples, são as sugestões para a prevenção do DM2”, orienta o médico. Ele ressalta que essa abordagem, amplamente estudada no Programa de Prevenção do Diabetes (DPP), reduziu em 58% o risco de evolução para o diabetes tipo 2.

Nos últimos anos, o tratamento para o diabetes evoluiu, trazendo benefícios além do controle glicêmico. Segundo Dr. Josivan, novas medicações surgiram com efeitos que vão além da glicemia, proporcionando a perda de peso e a redução de complicações cardiovasculares graves. “Essas medicações ajudam na perda de peso, reduzem a chance de diálise, diminuem internações por insuficiência cardíaca e reduzem infarto, AVC e morte de causa cardiovascular. Foram lançadas também novas insulinas, com tempo de ação maior, mais estáveis e que causam menos hipoglicemias”, destaca.

Além disso, tecnologias como a monitorização contínua da glicose, que mede os níveis glicêmicos ao longo de 24 horas e pode ser acompanhada por meio de aplicativos no celular, têm contribuído significativamente para o controle da doença.

Para quem possui diabetes tipo 1, existem as novas bombas de insulina que, com um sistema inteligente, conseguem “aprender” as rotinas dos pacientes e ajustar as dosagens de insulina de acordo com as necessidades individuais, sendo uma opção importante.

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Lula já desperdiçou mais vacinas do que todo governo Bolsonaro

Lula (PT) se elegeu em 2022 chamando Jair Bolsonaro (PL) de “genocida” pela condução do país durante a pandemia. Com quase dois anos completos de governo, o Ministério da Saúde, chefiado por Nísia Trindade, já desperdiçou 58,7 milhões de vacinas, 22% a mais do que o volume de imunizantes vencidos registrado durante todo o governo Bolsonaro.

Segundo O Globo, dados da Saúde obtidos apontam que o valor perdido com as vacinas inutilizadas em 2023 e em 2024 foi de 1,75 bilhão de reais.

Somando prejuízo de 1,17 bilhão de reais, a maior parte das perdas ocorreu em 2023, com 39,8 milhões de vacinas jogadas no lixo.

De janeiro deste ano até agora foram mais 18,8 milhões de imunizantes desperdiçados, um custo 560,6 milhões de reais aos cofres públicos.

Prejuízos por governo

O prejuízo de 1,75 bilhão de reais em vacinas desperdiçadas para a atual gestão representa um recorde desde os quatro anos do segundo mandato de Lula, quando a perda foi de 1,96 bilhão de reais.

Enquanto 217 milhões de doses foram aplicadas pelo Ministério da Saúde desde o ano passado, 385 milhões de doses foram descartadas, ou seja, 176% a mais.

No governo Bolsonaro, foram 575 milhões de doses vencidas, ante 384 milhões usadas.

O desperdício de vacinas de Covid

As vacinas de combate à Covid correspondem a 75% das doses jogadas no lixo durante o governo Lula, enquanto 80,62% da população não tomou a segunda dose de reforço, diz o jornal.

Em menores quantidades, outros imunizantes também foram descartados, como o DTP (contra difteria, tétano e coqueluche), febre amarela e meningocócica.

A culpa é sempre dos outros

Ao jornal, o Ministério da Saúde responsabilizou a gestão anterior pelo elevado volume de vacinas contra a Covid desperdiçado.

“As vacinas vencidas em 2023 foram reflexo de estoques herdados da gestão anterior e campanhas sistemáticas de desinformação que geram desconfiança sobre a eficácia e segurança do imunizante, impactando na adesão da população”, afirmou a pasta.

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Câncer de próstata mata em média 47 homens por dia no país

Cerca de 47 homens morreram por dia em 2023 devido ao câncer de próstata. Ao todo, foram 17,1 mil vítimas da doença no Brasil no ano passado, segundo dados do Ministério da Saúde.

O número alerta para a importância dos exames preventivos e da identificação precoce de alterações na próstata. No entanto, mesmo com as campanhas do Novembro Azul, alguns testes ainda são tidos como tabu.

Atualmente o câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre os homens em todas as regiões do país. São cerca de 196 novos casos da doença identificados por dia, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer).

Segundo estudo realizado pela Comissão de Câncer de Próstata, publicado este ano, o cenário pode se agravar. O levantamento da comissão aponta para a duplicação de casos de câncer de próstata no mundo, com aumento de 85% das mortes até 2040.

Diagnóstico precoce

Um aliado no combate à doença é o diagnóstico precoce. Caso identificado nos estágios iniciais, o câncer de próstata tem índice de cura de 90%. Por isso, para a diretora de comunicação da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), Karin Anzolch, o caminho é a conscientização.

Ela lembra que as mulheres, depois de serem acompanhadas pelos pediatras, migram imediatamente para os ginecologistas. Assim, elas têm “a oportunidade de conversar com seu médico e de acompanhar diversos aspectos preventivos relacionados à sua saúde”, aponta.

“No entanto, o homem, depois do acompanhamento pediátrico, cai em uma espécie de limbo, retornando ao médico apenas pontualmente, quando está doente”, observa Anzolch.

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Unicat registra a falta de 86 dos 214 medicamentos oferecidos


A Unidade Central de Agentes Terapêuticos (Unicat) em Natal registra a falta de 86 medicamentos, o equivalente a 40,1% de um total de 214 remédios ofertados. Sem assistência, a população sente os impactos, sejam eles no bolso – para aqueles que podem arcar com os custos – ou na própria saúde. De acordo com a agricultora Raimunda Balbino, de João Câmara, já são três meses sem que ela consiga pegar hidroxiureia para as duas filhas, diagnosticadas com anemia falciforme. Sem o medicamento, uma das meninas precisou ser levada ao Hemonorte na semana passada para tomar sangue. Nesta segunda-feira (11), a agricultora retornou à Unicat na esperança de pegar o remédio, mas voltou para casa de mãos vazias.

“Mês passado consegui comprar uma caixa com 100 comprimidos para as duas, mas é insuficiente porque cada uma toma dois comprimidos por dia, então, seriam necessárias 120 pílulas. A caixa custou R$ 300. Além de ser caro, é difícil encontrar nas farmácias”, relata Balbino. A técnica de enfermagem Priscila Domingues precisou dos serviços da Unicat pela primeira vez e, de cara, já se deparou com a falta do medicamento mesalazina, que a mãe deverá utilizar por conta de um problema no intestino. “Estou muito preocupada porque minha mãe está com sangramento”, relata.

A técnica de enfermagem disse que nenhuma perspectiva de chegada foi informada, o que preocupa ainda mais. “Disseram que acabou na sexta-feira (8) e ninguém sabe quando chega. Vamos precisar esperar, porque é dose mínima, muito caro e bem difícil de encontrar em farmácia”, comentou Domingues. Já Cristina Faustino saiu da Unicat sem quetiapina, remédio que ela usa para o controle da esquizofrenia. “Não sei o que fazer. Vou contar a situação para a minha mãe, porque não tenho nenhuma fonte de renda. Não consigo comprar. Sempre ouvi falar muito da falta de medicamento, mas é a primeira vez que me deparo com isso”, conta.

Welisso Felix, de 36 anos, é transplantado há 20 anos. Em função disso, ele usou ciclosporina por algum tempo, mas diante da falta constante da droga, o médico substituiu o remédio. “Ficava muito sem medicamento por conta da falta aqui na Unicat. Fui ao médico e ele trocou pelo tacrolimo, que eu consegui pegar hoje. Eu tomava ciclosporina de 50 e 100 mg, mas os dois estavam sempre faltando”, afirma. De acordo com a lista disponibilizada no site da Unicat, a ciclosporina (de 25, 50 e 100 mg) está em processo de licitação.

Esta é a situação de 58 dos 86 remédios em falta. Outros 26 aguardam distribuição do Ministério da Saúde, além de dois que estão suspensos. Os medicamentos citados na reportagem, além da ciclosporina, estão na seguinte situação: hidroxiureia e mesalazina (em licitação) e quetiapina (aguarda distribuição do Ministério da Saúde). A reportagem procurou a Secretaria de Estado da Saúde Pública para pedir esclarecimentos sobre a falta dos remédios, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.

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