“Ele iria me matar”, disse adolescente de 13 anos dopada e estuprada


A Polícia Rodoviária Federal (PRF) resgatou uma adolescente de 13 anos vítima de sequestro e estupro 20 minutos após receber a denúncia sobre o crime. A vítima foi abordada após voltar da escola e pouco antes de chegar em casa, em Águas Lindas (GO), no Entorno do Distrito Federal. O criminoso, identificado como Robério Leandro Rodrigues Barreto, 43, foi preso em Ceilândia.

A policial rodoviária federal Pamela Vieira (foto em destaque), que prendeu o estuprador, contou os detalhes de quando a vítima foi salva. Após o resgate, em lágrimas, a adolescente disse: “Ele iria me matar”.


Ao receber informações sobre o caso, pelas mídias sociais, Pamela acionou a Polícia Militar de Goiás (PMGO), a Guarda Municipal de Águas Lindas e outras instituições de segurança. Em seguida, recebeu informações sobre o carro do criminoso, um Renault Sandero preto, e saiu à procura de Robério Leandro. “Eu falei para um colega: ‘A gente vai salvar a vida de uma menina hoje'”, relatou.

Após cerca de 10 minutos em trânsito pela BR-070, a policial viu o carro do suspeito e deu ordem de parada. O investigado demorou um pouco e, ao sair, disse que havia uma pessoa “passando mal” no automóvel – a adolescente de 13 anos que tinha sido dopada.

“Ela ainda estava sob influência de substância entorpecente. Mesmo assim, no ímpeto de sobrevivência, ela saiu desse carro e conseguiu correr em direção à nossa viatura. Foi quando perguntei a ela o que aconteceu. Ela me disse que havia sido sequestrada e estuprada por ele”, detalhou Pamela.

Pesadelo

Os policiais deram voz de prisão ao criminoso, e Pamela algemou o suspeito. “Do momento em que vi sobre o caso pelas mídias sociais, aleatoriamente – mas o acaso não existe – até a hora da abordagem foram 20 minutos. Tenho certeza de minha equipe e eu fomos usados como instrumento de Deus, porque muito provavelmente iria matá-la”, destacou Pamela.

Quando resgatou a adolescente, Pamela disse a ela que o pesadelo acabou. A jovem chorava muito, e a policial rodoviária federal acrescentou: “Você é vítima, não é culpada”.

Além disso, a servidora pública lembrou que Robério Leandro havia sido preso diversas vezes anteriormente por estupro de vulnerável. “Não consigo entender como esse sujeito estava solto. Mas nós fizemos nossa parte”, completou.

O criminoso será indiciado por sequestro, lesão corporal, estupro de vulnerável e por oferecer bebida alcoólica a adolescente. Ele teve a prisão mantida após passar por audiência de custódia. Quem tiver informações sobre Robério Leandro que possam contribuir com as investigações ou envolvam outros crimes sexuais deve entrar em contato com a Polícia Civil pelo telefone 197. Não é necessário se identificar.

O crime

Robério conseguiu se aproximar da vítima enquanto ela chegava à sua residência, após sair da escola. Ele se apresentou como “influenciador do TikTok” e a convidou para “gravar um vídeo”.

A proposta envolvia experimentar algumas bebidas e, caso “adivinhasse o sabor delas”, receberia valores em dinheiro. O líquido oferecido à adolescente, no entanto, tinha uma substância que a dopou e a impediu de reagir após a ingestão. Depois de a adolescente entrar no carro do criminoso, ele fugiu com ela.

A mãe da vítima cochilava e não notou que a filha havia se atrasado para voltar da escola, o que não era comum, segundo depoimento à polícia. Ao acordar e perceber que a adolescente não havia chegado, ela teve um “mau pressentimento” e entrou em contato com conhecidos da escola, os quais disseram ter visto a estudante deixar o colégio.

Em uma delegacia de Águas Lindas, a mãe contou o ocorrido, e uma equipe de policiais civis foi ao endereço dela para tentar obter imagens e informações. Quando os investigadores estavam no local, um vizinho disse ter visto a vítima entrar em um carro.

A jovem só foi encontrada por volta da 1h desta quinta-feira (3/4), depois de policiais rodoviários federais receberem informações sobre a placa do veículo de Robério Leandro. A corporação conseguiu abordar o criminoso ao apurar que ele passava pela DF-180.

Estupro de vulnerável e lesão corporal

Em seguida, a vítima saiu do carro, aos prantos, e relatou que foi estuprada. Ela detalhou que, após aceitar participar do “vídeo do influenciador”, desmaiou e só acordou em um local desconhecido, deitada em uma cama, nua e amarrada, enquanto o criminoso tocava as partes íntimas dela.

A adolescente acrescentou que o criminoso a mandou obedecer e que implorou para não ser novamente estuprada. A vítima, então, foi agredida de outras formas, sofreu um corte no lábio e ficou com o rosto inchado.

O abusador chegou a dizer à jovem que a mãe dela lhe devia R$ 5 mil – o que ele mesmo e a responsável pela jovem negaram posteriormente – e que a sequestrou como “forma de pagamento”.

Os policiais rodoviários federais verificaram que a vítima estava visivelmente sob efeito de alguma substância e, no porta-malas do veículo, encontraram uma abraçadeira, conhecida como “enforca-gato”, além de diversas bebidas e uma ducha de higiene íntima.

O estuprador foi preso em flagrante e levado para a 2ª Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Ceilândia), onde a mãe da adolescente e a própria vítima relataram que jamais o tinham visto.

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Facção venezuelana usou ação da gestão Lula para se espalhar pelo país

São Paulo – O Tren de Aragua, maior organização criminosa da Venezuela, já conta com membros em ao menos seis estados Brasileiros. Neles, estão alinhados com facções locais e, principalmente, com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV).

O bando criminoso foi tachado como “inimigo de guerra” pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em território brasileiro — passando-se por refugiados — alguns usam benefícios oferecidos pela gestão Lula, como a Operação Acolhida, para ampliar a rede de contatos no crime e área de atuação, como apontam investigações da Polícia Civil de Roraima.

A migração decorrente do caos social e político provocados pelo governo de Nicolás Maduro obrigou venezuelanos a buscar ajuda e refúgio longe de casa, tendo Roraima como primeiro porto seguro.

O trânsito de centenas de milhares de imigrantes obrigou o governo federal a criar a Operação Acolhida, com o intuito de desafogar Roraima do enorme contingente de pessoas em situação de fragilidade social. Uma das medidas é garantir viagens para outros estados.

“Diplomatas” do crime

Foi em Roraima que, além de cidadãos sem nenhum tipo de vínculo com o mundo do crime, integrantes do Tren de Aragua também aportaram, ao menos desde 2016. Por lá, permanecem até a atualidade.

Ao Metrópoles, o delegado Wesley Costa Oliveira, titular da Delegacia de Repressão às Organizações Criminosas (Draco) de Roraima, afirmou que, em um primeiro momento, criminosos da Venezuela chegaram mais timidamente na capital Boa Vista, passando-se por refugiados.

Gradativamente, foram aumentando em número e confiança suficientes para disputar territórios na cidade, com outras facções, provocando um aumento em casos de homicídio. Dados oficiais mostram que os assassinatos saltaram de 90, em 2020, para 127, no ano seguinte, quando o bando conquistou pontos para vender cocaína.

Conexões

Já com territórios estabelecidos, o Tren de Aragua passou a criar conexões com o PCC e o CV, tornando-se o principal fornecedor de armas para as facções brasileiras, para as quais também garante o transporte de cargas de cocaína, vindas da Colômbia, por meio do território venezuelano.

Até o momento, segundo investigação da Draco, já há membros “diplomáticos” do Tren de Aragua em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

“Eles não disputam territórios nessas regiões, ainda, porque não contam com estrutura e força necessárias para entrar em confronto com os grupos criminosos locais”, explicou o titular da Draco.

Tráfico humano

Como revelado pelo Metrópoles, além do tráfico de armas e de drogas, o Tren de Aragua conta com um sofisticado esquema de tráfico de mulheres.

“A preponderância dos alvos são venezuelanas, que passam fome. Os criminosos falam para virem ao Brasil, onde terão condições melhores de vida e, por fim, são exploradas pelo Tren de Aragua, que controla casas de prostituição, onde cobram taxas das vítimas”, explicou o delegado Wesley Costa Oliveira.

Em decorrência da vida difícil, algumas das vítimas acabam se viciando em drogas, aumentando ainda mais a dívida com os criminosos. “Mas, em alguns casos, a conta não fecha e as mulheres são mortas, para dar exemplo para outras”, acrescentou o policial.

Na véspera do Natal do ano passado, a Polícia Civil de Roraima localizou um cemitério clandestino do Tren de Aragua, em Boa Vista, no qual foram encontrados 10 corpos. Entre eles, segundo o titular da Draco, havia cinco mulheres com indícios de desmembramentos, da mesma forma que as outras vítimas enterradas.

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Homem de 21 anos é preso após estuprar a própria mãe no DF

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio da 35ª Delegacia de Polícia, prendeu nesta sexta-feira (4/4) um homem de 21 anos suspeito de estuprar a própria mãe.

Na última segunda-feira (31/3), o jovem teria pulado a janela da casa de sua genitora, segurado-a com força, tapado a boca dela com um travesseiro e a abusado sexualmente.

A equipe de investigação realizou diligências até encontrar o suspeito em Valparaíso de Goiás.

O indivíduo foi preso preventivamente e conduzido à delegacia. Ele se encontra à disposição da Justiça.

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Daniel Alves recupera passaportes e está livre para ir embora da Espanha

Uma semana após ser absolvido pela Justiça da Catalunha, Daniel Alves recuperou seus passaportes e está livre para deixar a Espanha.

Ele foi acusado de estuprar uma jovem em uma boate em Barcelona, em 2022, e chegou a ser condenado a 4 anos e 6 meses de prisão.

No entanto, o Tribunal Superior anulou a sentença por falta de provas consistentes e falhas no processo da primeira instância.

A decisão unânime dos juízes apontou contradições e ausência de verificação em provas fundamentais, como impressões digitais e gravações da boate.

Embora tenham reconhecido que não podem afirmar que Alves diz a verdade, também não viram como provada a versão da acusação.

Exames confirmaram sêmen da vítima, e testemunhas afirmaram que ela saiu abalada do local, mas os juízes consideraram seu depoimento pouco confiável.

A promotoria e os advogados da jovem afirmaram que irão recorrer da decisão ao Tribunal Supremo da Espanha.

Daniel Alves, que estava em liberdade provisória desde março de 2024, após pagar fiança de 1 milhão de euros, segue livre e sem acusações ativas. A defesa do ex-jogador comemorou a absolvição, afirmando que “a justiça foi feita”.

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Suspeito de estuprar sobrinho e uma menina de 10 anos é preso em São Miguel

    Um homem, de 45 anos, suspeito de estuprar o próprio sobrinho, de 9 anos, e uma menina, de 10, foi preso nesta sexta-feira (04) na zona rural do município de São Miguel.

    De acordo Polícia Civil, o homem também responde a outro inquérito por tentativa de abuso sexual contra duas jovens, demonstrando uma continuidade na prática de crimes de natureza sexual, com a ocorrência de três delitos do gênero em um período de seis meses.

    Foram realizadas buscas para localizar o suspeito, que foi posteriormente preso e conduzido à Delegacia para os procedimentos cabíveis. Em seguida, ele foi encaminhado ao sistema prisional, onde permanecerá à disposição da Justiça.

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Servidores e acompanhantes terão refeições cortadas a partir deste sábado (5) no Walfredo Gurgel, diz sindicato

Servidores e acompanhantes de pacientes terão as refeições cortadas a partir deste sábado (5) no Hospital Walfredo Gurgel, em Natal, de acordo com denúncia do Sindicato dos Servidores da Saúde (Sindsaúde).

O sindicato afirma que um comunicado foi distribuído aos funcionários nesta sexta-feira (4) informando sobre a suspensão.

De acordo com o Sindsaúde, o comunicado cita como motivo para a decisão o “desabastecimento de gêneros alimentícios na unidade”. Por causa disso, a prioridade das refeições serão os pacientes e os acompanhantes da pediatria.

“A falta de alimentação é uma pauta recorrente, no entanto, entra governo e sai governo e o problema nunca é solucionado. Exigimos uma maior atenção com relação ao contrato e manutenção dessas empresas que prestam serviços para os hospitais do Estado”, afirma o Sindsaúde, em nota direcionada à governadora Fátima Bezerra (PT).

O sindicato acrescenta que “muitos servidores não têm condições de tirar do bolso, muito menos os acompanhantes, que muitas vezes saem do interior sem ter condições de pagar uma refeição”.

Procurada, a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) não se manifestou até a última atualização deste texto.

98 FM Natal

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Mendonça mantém condenações de Palocci na Lava Jato e voto de Nunes Marques será decisivo

O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou a favor do recurso apresentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a decisão do ministro Dias Toffoli, que havia anulado todas as ações penais contra o ex-ministro Antonio Palocci no âmbito da Operação Lava Jato.

Com o voto de Mendonça, o placar está empatado: dois ministros se manifestaram a favor do recurso — Mendonça e Edson Fachin — e dois contra — Gilmar Mendes e o próprio Toffoli.

A defesa de Palocci recorreu ao STF para obter o mesmo tratamento dado a Marcelo Odebrecht, em decisão proferida em maio de 2024. Na ocasião, Toffoli considerou que houve um “conluio” entre integrantes da Lava Jato para ignorar o devido processo legal e o princípio da ampla defesa.

Mendonça, em seu voto, considerou o recurso da PGR “absolutamente imparcial à lei e aos ritos sob a justificativa de atuação em defesa de um bem maior”.

CNN Brasil

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Polícia desarticula esquema de fraude em sistema de multas no Detran-RN


Policiais civis da Delegacia Especializada no Combate à Corrupção e Defesa do Patrimônio Público (DECCOR) deflagraram, nas primeiras horas desta sexta-feira (04), a “Operação Hipnos”, com o objetivo de desarticular um esquema criminoso que atuava na omissão da implementação de multas de trânsito no sistema do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Norte (DETRAN/RN).

A investigação identificou a participação de um servidor do DETRAN/RN, de um policial militar lotado no Comando de Policiamento Rodoviário Estadual (CPRE), além de “despachantes”. Segundo apurado, valores vultosos eram cobrados por esses agentes públicos para impedir que multas regularmente aplicadas fossem inseridas no sistema. Em um dos alvos, foram apreendidos R$ 15 mil em espécie, além de documentos que subsidiarão o prosseguimento das investigações.

Durante a operação, que contou com o apoio da Polícia Militar e do DETRAN, um dos despachantes foi conduzido para a colocação de tornozeleira eletrônica. Além disso, o policial militar envolvido e um servidor do DETRAN foram afastados de suas funções.

O nome da operação faz referência a Hipnos, deus do sono na mitologia grega. O termo remete à expressão usada pelos investigados, que afirmavam que fariam a multa “dormir”, ao se referirem à sua não implementação no sistema do DETRAN/RN.


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OAB relata a Moraes prejuízos irreparáveis às defesas dos acusados de plano de golpe

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti, afirmou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que a condução do inquérito sobre o plano de golpe pode estar gerando “prejuízos irreparáveis” às defesas dos acusados.

Ambos se reuniram nesta quinta-feira. Simonetti vinha sendo pressionado pelos advogados para tomar providências diante das alegadas violações às prerrogativas profissionais por parte da Corte. A principal queixa é a falta de acesso integral aos autos.

No ofício apresentado a Moraes, o presidente do Conselho Federal da OAB diz que a Polícia Federal (PF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) teriam obtido acesso à totalidade dos elementos da investigação, enquanto às defesas foram disponibilizadas apenas “frações”.

“Em outras palavras, a defesa estaria impedida de visualizar todas as trocas de mensagens e os arquivos documentados, o que comprometeria sua capacidade de destacar trechos de interesse e, inclusive, de formular questionamentos a acusados e futuras testemunhas”, diz o documento obtido pela CNN.

Os relatos dos advogados, prossegue Simonetti, tornaram a intervenção da OAB obrigatória para “assegurar o pleno exercício de atividade profissional”, sob pena de comprometer “a integridade do processo legal, a busca pela verdade e efetividade da Justiça”.

A tese de cerceamento de defesa foi levantada pelos advogados diversas vezes ao longo da investigação, inclusive no dia do julgamento da denúncia oferecida pela PGR contra “núcleo 1” da trama golpista. A alegação, entretanto, foi rejeitada pela Primeira Turma.

A avaliação dos ministros foi de que todos os elementos utilizados para a acusação estavam disponíveis às defesas, não havendo qualquer tipo de prejuízo.

Moraes foi seguido por todos os colegas de colegiado: Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

Os advogados dos acusados pelo plano de golpe passaram a exigir uma resposta oficial da OAB, conclamando a categoria, em uma série de publicações nas redes sociais, a fazer contato com as seccionais nos Estados, com o objetivo de mobilizar as discussões em todo o Brasil.

Para as defesas, o estopim foi o incidente com o desembargador aposentado Sebastião Coelho, da banca de Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro e também denunciado pela trama golpista.

Embora Martins só vá ser julgado mais adiante, pois faz parte do “núcleo 3”, Coelho tentou acompanhar presencialmente o julgamento da Primeira Turma que tornou réus os acusados do “núcleo 1”. No entanto, foi impedido de entrar por falta de credenciamento prévio.

Houve uma confusão e o desembargador aposentado acabou detido em flagrante pela Polícia Judiciária do STF, por desacato e ofensas ao tribunal. Depois da lavratura de um boletim de ocorrência, Coelho foi liberado. Para ele, a medida foi arbitrária.

Depois das críticas, Zanin, presidente da Primeira Turma, convidou a OAB a designar representantes para acompanhar as próximas sessões de julgamento. A entidade agradeceu ao ministro pela iniciativa e já enviou os nomes para credenciamento.

CNN

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STF não cumpre a Constituição, dizem juristas

No último dia 12 de fevereiro, o jurista Ives Gandra da Silva Martins completou 90 anos de idade. Recuperado de um problema sério de saúde, que o impediu de participar na ocasião de seu aniversário, ele foi homenageado em live da Revista Oeste, realizada nesta quarta-feira, 2.

A conversa contou com a participação da apresentadora Paula Leal, dos comentaristas Adalberto Piotto e Ana Paula Henkel, dos juristas Angela Gandra (filha de Ives) e Modesto Carvalhosa e do economista Luciano de Castro, professor da Universidade de Iowa. Ives, como um dos pensadores mais influentes do Brasil, criticou a postura atual do Supremo Tribunal Federal (STF) e a forma como o sistema judiciário brasileiro está sendo conduzido.

Segundo ele, o STF tem extrapolado em suas funções, ao legislar em matérias que deveriam ser de competência do Congresso Nacional. Tal atitude, segundo ele, gera insegurança jurídica e desequilíbrio entre os poderes.

Como base para o seu argumento, Ives citou a Constituinte de 1988, que moldou uma Constituição baseada na democracia e na liberdade de expressão, algo que está comprometido neste momento, segundo ele. “Participei 20 meses da Constituinte, Bernardo Cabral [relator] e eu ainda trocamos ideias.”

Cabral, conta Ives, é, aos 93 anos, presidente do Conselho dos Notáveis da Consolidação Nacional do Comércio. “Conversávamos quase semanalmente. Naquela época, saímos de um regime em que havia um poder dominante e dois poderes acólitos. Toda a ideia da Constituinte foi ter um Estado Democrático de Direito e uma ampla liberdade de expressão.”

Em seguida, Ives citou o próprio ministro do STF, Alexandre de Moraes, com quem possui em comum, em alguns momentos, trajetória acadêmica e profissional.

“Os artigos da comunicação social comentados pelo Alexandre de Moraes, meu amigo, com quem escrevi livros e participei de bancas de doutoramento, diziam que cortar a liberdade de expressão nos meios de comunicação era manifesto de inconstitucionalidade.”

Ives destacou que “toda a ideia da Constituinte foi ter um Estado Democrático de Direito e uma ampla liberdade de expressão”. Segundo ele, a liberdade era tão ampla que se podia dizer o que quisesse e, caso houvesse abuso, a punição deveria ocorrer a posteriori. Ele ressaltou que o atual sistema do STF utiliza a ordem inversa destes conceitos, ao proibir de início as próprias manifestações nas redes sociais.

“Antes, a população não tinha meios para se manifestar, pois não era dona de jornais ou emissoras de TV”, destaca o jurista. “Hoje, qualquer pessoa pode se expressar por meio de seu Instagram, independentemente do número de seguidores – sejam 100, 200 ou mais. Acredito que o grande mérito da democracia está justamente na liberdade de expressão.”

Ives afirmou que a atual busca do STF de fazer a lei significa uma desobediência à Constituição.

“O que vemos hoje é o Legislativo em primeiro lugar porque tem a oposição e a situação, o Executivo em segundo porque tem só a situação, e um poder técnico, que [a princípio] não é político, que não representa o povo, é um poder que tem que garantir a lei, mas não pode fazer a lei, não pode reescrever a Constituição, a liberdade de expressão, puna-se depois, mas não se pode impedir antes que ela seja exercida.”

“Por isso, como modesto advogado de província, tenho contestado respeitosamente os ministros, muitos dos quais são meus amigos, participei de bancas, com seis deles já escrevi livros. Mas como professor universitário há 61 anos, me permito divergir nesse ponto.”

Ives, que em vários momentos revelou sua fé católica, também mencionou duas balizas da Constituição em dois artigos específicos: o relativo a direitos e garantias individuais e o que garante a harmonia e independência entre os poderes.

“Só teremos uma democracia plena quando cada poder exercer rigorosamente as competências que lhe cabem, sem invadir a competência do outro”. Ives expressou ainda seu desejo de que os ministros do STF voltem a atuar como no passado, quando “o Supremo era a instituição mais respeitada do Brasil, agora vemos nas pesquisas uma credibilidade cada vez menor”.

Defesa da anistia

Em sua fala, a defesa da anistia para aqueles que foram presos por causa dos atos de 8 de janeiro, em Brasília mereceu destaque. Segundo Ives, é fundamental que o STF realize um ato de grandeza para pacificar a nação. Ele comparou a situação atual com o período em que Michel Temer, depois de depredações do Congresso Nacional, optou por uma postura de anistia, ao seu inspirar no gesto do ex-presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961).

Para o jurista, o STF poderia buscar uma distensão e promover o diálogo democrático, em vez de alimentar radicalizações. ”Se isso partisse do Supremo, para pacificar a nação, talvez nós começássemos a permitir que o Brasil crescesse no diálogo e no debate democrático, e não nas radicalizações”, observou o jurista.

“Aos 90 anos, é um sonho que eu tenho. Sempre quis, sendo apenas advogado e professor universitário, e nas horas vagas poeta, que houvesse esse diálogo. Nunca ataquei pessoas, apenas ideias. Mas seria um ato de grandeza se eles começassem a partir de agora uma distensão.”

Na fala anterior, Modesto Carvalhosa havia mencionado a discussão sobre a liberdade no Brasil. Citou o lançamento do livro em homenagem a Gandra, Constituição e Liberdade, que contém artigos de 44 juristas. Ele afirmou que a ideia do livro não é só jurídica, mas política.

“A partir do Direito, da Carta Magna, podemos saber se realmente estamos vivendo em um ambiente de liberdade no Brasil, o que é necessário para que Constituição seja cumprida, no sentido da liberdade de expressão, de manifestação e de protesto, o tema tem muita ligação com o problema que vivemos no país, onde essas liberdades têm sido seriamente desrespeitadas pelas principais instituições que deveriam defendê-las.”

Carvalhosa citou como causa recente desta atmosfera de medo algumas portarias e expedientes que, sob o pretexto de combater fake news e ameaças ao Estado Democrático de Direito, acabam por cercear a livre manifestação do povo brasileiro.

“Estamos em um país em que a liberdade não só não é admitida, como existe um medo de se expressar, do povo brasileiro manifestar suas opiniões, seus protestos e suas inconformidades livremente, seja nas redes sociais, em manifestações de rua ou na imprensa.”

Por sua vez, o economista Luciano de Castro, que participou da coordenação do livro, foi enfático ao afirmar que o STF está “empurrando o país para o abismo”. Na obra, há inclusive um artigo dele cujo título é esta frase.

Ele destacou que um dos fatores mais importantes para que a população obedeça às leis é que elas sejam justas e equânimes, na formação e na aplicação.

“O STF está tirando totalmente a legitimidade desse processo justo e equilibrado de aplicação das leis, de acordo com a Constituição e com o que foi votado pelo constituinte e pelo parlamento através de representantes eleitos pelo povo”, observou Castro.

“Quando o Judiciário extrapola suas funções e invade essa competência, ele destrói a confiança da população. É um desastre, e esperaria estar errado, mas estamos caminhando para uma desobediência crescente às leis no país. É uma pena extraordinária que as elites não percebam esse processo de levar o país para o abismo. Em um futuro próximo, pagarão caro, pois irão com o resto do país para esse abismo.”

Revista Oeste

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