Oposição fará pedido de impeachment de Moraes, após revelação sobre mensagens no TSE

Após a revelação de que o gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes deu ordens de forma não oficial para a produção de relatórios por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a oposição no Congresso já se articula para pedir o impeachment do magistrado. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, o movimento de Moraes foi feito por mensagens para embasar decisões do próprio ministro contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no inquérito das fake news e das milícias digitais. Moraes, por sua vez, diz que TSE tem ‘poder de polícia’ e que relatórios solicitados foram ‘oficiais e regulares’.

A senadora Damares Alves (Republicanos) afirmou nesta terça-feira (13) que o senador Eduardo Girão (Novo) apresentará um pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, e sugeriu que o magistrado renuncie “pelo bem da democracia”.

“Temos mais de uma dezena de senadores que já manifestaram interesse em assinar. Se 5% do que foi divulgado hoje for verdade, espero que o ministro ainda durante esta noite ou esta madrugada, coloque a cabeça no travesseiro, reflita bastante e no raiar do dia apresente o pedido de renúncia. Vai ser mais fácil para todo mundo. É o mínimo que ele poderia fazer agora pela garantia de nossa democracia”, disse a senadora, que afirmou que os parlamentares farão uma coletiva de imprensa neta quarta-feira (14), às 16h, para detalhar o pedido.

Ao Estadão, Girão afirmou que o pedido de impeachment já seria feito como parte de uma campanha nacional programada para ser lançada no mesmo dia, às 15h, em frente à Presidência do Senado. As ações devem ocorrer até o dia 7 de setembro para recolher assinaturas de outros senadores, além de deputados.

As novas informações reveladas, segundo Girão, irão dar mais “robustez” ao pedido. “As equipes estão estudando até agora, mas só vamos protocolar no dia 9. Então, tem tempo, inclusive ouvindo os juristas”, disse.

Para o senador, este é um dever que os parlamentares têm depois de “tantas violações a direitos humanos”, já que apenas o Senado tem o poder de iniciar um processo de impeachment de ministros da suprema corte. “Acredito que chegou a hora do Senado se levantar em defesa da verdadeira democracia”, ressaltou Girão.

As mensagens do gabinete de Moraes

Deltan, Musk e bolsonaristas reagem nas redes a revelação sobre atuação de Moraes

Após a revelação do caso, diversos parlamentares da oposição se manifestaram. O senador Cleitinho (Republicanos-MG) foi um deles: “Urgente! Sobre o Ministro Alexandre de Moraes: não vou prevaricar e espero que os outros senadores façam o mesmo”, afirmou, em referência ao possível pedido de impeachment.

O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) afirmou que o caso é “gravíssimo” e que revelaria, “um esquema de perseguição” de Moraes contra bolsonaristas. ”Vamos cobrar para o Senador cumprir seu papel constitucional. O Brasil não merece um Ministro da mais alta Corte de Justiça, agindo assim…”, afirmou.

O ex-deputado Deltan Dallagnol (Novo) disse que as mensagens “comprovam suspeitas que existiam desde de 2019″ sobre a atuação do ministro e defendeu o impeachment de Moraes sob a justificativa de que o magistrado “usurpou a função pública do Procurador-Geral da República”.

Outras personalidades, como o bilionário Elon Musk, investigado no inquérito das milícias digitais, também reagiram à notícia. Musk comentou “Wow”, na publicação do jornalista Gleen Greenwald no X (antigo Twitter) em que ele divulga a reportagem.

Por outro lado, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), afirmou que a matéria é “sensacionalista e não corresponde à verdade”. Para o petista, a reportagem deve somente “alimentar o movimento de tentar desacreditar o STF para incidir no julgamento do inelegível”.

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Natal tem a refeição fora de casa mais cara do Nordeste

Com um valor médio de R$56, Natal ocupa a primeira colocação das capitais do Nordeste entre os maiores preços de refeições fora de casa. A pesquisa, divulgada pela Associação Brasileira das Empresas de Benefício ao Trabalhador (ABBT), mostra que o trabalhador gasta em média 35% da renda em alimentação fora do lar, considerando o salário médio da região em R$2.104,00 e saída durante 22 dias do mês.

Para William Eufrário, economista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), esse valor elevado pode ser principalmente associado à constante busca por insumos fora do território potiguar e necessidade de um maior planejamento na operação. “Nesse setor de alimentos, as perdas são grandes. Principalmente se você não fizer um planejamento e um acompanhamento minucioso”, explica.

A reportagem da TRIBUNA DO NORTE visitou um restaurante com grande circulação localizado nas proximidades das Avenidas Romualdo e Nevaldo Rocha. De acordo com a tabela de preço desta terça-feira (13), o consumidor gasta R$84,90 no quilo do self-service do buffet, com possibilidade de aproveitar promoções de preço fixo de R$40,00 ou menos, de acordo com a pesagem.

Luana Luna, 29, é uma consumidora assídua de alimentação fora da residência. Diante da rotina de servidora pública, ela almoça todos os cinco dias da semana em restaurante, junto ao marido. “Sou cliente recorrente, nós dois gastamos em média cerca de R$80,00 por dia nessa refeição”, explica.
A situação também é parecida de Iran Fernandes, 42, que dificilmente conseguir ir para casa durante o horário do almoço e concorda que hoje existe um alto custo para alimentação. “Em alimentação total da família, gastamos cerca de R$ 3 mil por mês”, estima. No entanto, por também estar no cenário de empreendedor, Iran compreende os altos custos que existem para manter um negócio.

Na visão de Henrique Barbalho, empresário há 13 anos no ramo de restaurantes, a justificativa do preço praticado está principalmente atrelado a oscilação da demanda, considerado um grande gargalo de custo da operação. “Mesmo que a gente se prepare, é algo que não temos como prever. Tem dia que lota e tem dia que não”, pontua. Ele relembra casos em que determinados dias seguem um padrão de circulação e repentinamente surge uma queda brusca, necessitando cobrir esse gasto gerado na preparação dos alimentos.

Outra justificativa apresentada por Henrique está em uma forte carga tributária, com o pagamento de impostos. Na ponta do lápis das duas unidades que possui, o empresário afirma que hoje “o custo operacional financeiro é igual ao custo dos insumos”. Na principal unidade, o restaurante conta com aproximadamente 50 colaboradores.

Em todo Brasil, Florianópolis (SC) foi a capital que registrou o preço médio mais alto, atingindo R$ 62,54. Outras capitais que se destacaram foram o Rio de Janeiro (RJ), com R$ 60,46, e São Paulo (SP), onde o preço médio foi de R$ 59,67.

No levantamento nacional, a pesquisa da ABBT mostra que a média do brasileiro na refeição completa fora de casa é de R$51,61. Apenas na região Nordeste, a média cai para R$49,09, ainda com um aumento de 13% na comparação ao ano passado. O Sudeste ocupa a primeira colocação entre os gastos médios, com R$54,54. Nas demais regiões, as médias ficam em R$48,91 no Sul, R$45,51 no Norte, e por último R$45,21 no Centro-Oeste.

Entre março e maio de 2024, foram pesquisadas 51 cidades em 4.502 estabelecimentos distribuídos pelas cinco regiões do país. O estudo define refeição completa como um prato servido em self-service, acompanhado de bebida não alcoólica, sobremesa e cafezinho.

Como economizar?
William Eufrásio mostra que é possível diminuir esse comprometimento de renda com alimentação fora do lar com pequenas ações. De acordo com o economista, é necessário pesquisar e buscar opções mais baratas quando for oportuno.

“É preciso observar locais que vendem esses alimentos, apresentando uma qualidade aceitável e com um preço mais barato. Outra questão é fazer substituição pela boa e velha marmita, que muitas vezes pode ser até mais saudável do comer ficar comendo fora”, explica.
Segundo os cálculos de William Eufrásio, essas ações praticadas pelo menos uma vez por semana podem gerar uma redução para até 25% no impacto da renda do consumidor.


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Mensagens secretas escancaram Moraes investigador, acusador e julgador

A Folha revelou nesta quarta (13) que o gabinete do ministro Alexandre de Moraes se valeu de mensagens privadas no aplicativo WhatsApp para simular a produção de relatórios que, mais tarde, seriam usados por ele mesmo para embasar ações contra expoentes do bolsonarismo golpista.

Nos autos, o órgão de combate à desinformação levantava de forma espontânea supostas ameaças ao regime democrático, como se imagina o Estado democrático de Direito. Na prática, as supostas ameaças eram farejadas pelo próprio magistrado. É como se Moraes escrevesse: baseado nas evidências colhidas por mim mesmo e por mim mesmo já recriminadas de imediato, decido.

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Moraes usou TSE fora do rito para investigar bolsonaristas no Supremo, revelam mensagens

O gabinete de Alexandre de Moraes no STF ordenou por mensagens e de forma não oficial a produção de relatórios pela Justiça Eleitoral para embasar decisões do próprio ministro contra bolsonaristas no inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal durante e após as eleições de 2022.

Diálogos aos quais a reportagem teve acesso mostram como o setor de combate à desinformação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), presidido à época por Moraes, foi usado como um braço investigativo do gabinete do ministro no Supremo.

As mensagens revelam um fluxo fora do rito envolvendo os dois tribunais, tendo o órgão de combate à desinformação do TSE sido utilizado para investigar e abastecer um inquérito de outro tribunal, o STF, em assuntos relacionados ou não com a eleição daquele ano.

Folha teve acesso a mais de 6 gigabytes de mensagens e arquivos trocados via WhatsApp por auxiliares de Moraes, entre eles o seu principal assessor no STF, que ocupa até hoje o posto de juiz instrutor (espécie de auxiliar de Moraes no gabinete), e outros integrantes da sua equipe no TSE e no Supremo.

Em alguns momentos das conversas, assessores relataram irritação de Moraes com a demora no atendimento às suas ordens. “Vocês querem que eu faça o laudo?”, consta em uma das reproduções de falas do ministro. “Ele cismou. Quando ele cisma, é uma tragédia”, comentou um dos assessores. “Ele tá bravo agora”, disse outro.

O maior volume de mensagens com pedidos informais –todas no WhatsApp– envolveu o juiz instrutor Airton Vieira, assessor mais próximo de Moraes no STF, e Eduardo Tagliaferro, um perito criminal que à época chefiava a AEED (Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação) do TSE.

Tagliaferro deixou o cargo no TSE em maio de 2023, após ser preso sob suspeita de violência doméstica contra a sua esposa, em Caieiras (SP).

Procurados por meio da assessoria do STF e informados sobre o teor da reportagem, Moraes e o juiz Airton Vieira não responderam. Tagliaferro afirmou que não se manifestará, mas que “cumpria todas as ordens que me eram dadas e não me recordo de ter cometido qualquer ilegalidade”.


O ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, Eduardo Tagliaferro (de terno), e Airton Vieira, juiz instrutor de Alexandre de Moraes no STF – Reprodução/Reprodução

As mensagens mostram que Airton Vieira (STF) pedia informalmente via WhatsApp ao funcionário do TSE relatórios específicos contra aliados de Bolsonaro. Esses documentos eram enviados da Justiça Eleitoral para o inquérito das fake news, no STF.

Em nenhum dos casos aos quais a Folha teve acesso havia informação oficial de que esses relatórios tinham sido produzidos a pedido do ministro ou do seu gabinete do STF. Em alguns, aparecia que o relatório era “de ordem” do juiz auxiliar do TSE. Em outros, uma denúncia anônima.

As mensagens abrangem o período de agosto de 2022, já durante a campanha eleitoral, e maio de 2023.

Folha obteve o material com fontes que tiveram acesso a dados de um telefone que contém as mensagens, não decorrendo de interceptação ilegal ou acesso hacker.

  • Ouça trechos de diálogos entre assessores de Moraes

O conjunto de diálogos mostra ao menos duas dezenas de casos em que o gabinete de Moraes no STF solicita de maneira extraoficial a produção de relatórios pelo TSE.

Ao menos parte desses documentos foi usada pelo ministro para embasar medidas criminais contra bolsonaristas, como cancelamento de passaportes, bloqueio de redes sociais e intimações para depoimento à Polícia Federal.

controverso inquérito das fake news, aberto em março de 2019, tornou-se um dos mais polêmicos em tramitação no Supremo, tendo sido usado por Moraes nos últimos anos para tomar decisões de ofício (sem provocação), sem participação do Ministério Público ou da Polícia Federal.

Dois pedidos de monitoramento e produção de relatórios sobre postagens do jornalista Rodrigo Constantino, apoiador de Jair Bolsonaro, mostram como se dava a dinâmica.

Um deles ocorreu em 28 de dezembro de 2022, a quatro dias da posse de Lula, quando, em tese, já não havia mais motivo para o TSE atuar.

O juiz auxiliar do gabinete de Moraes no STF pergunta a Tagliaferro, do TSE, se ele pode falar. “Posso sim, posso sim, é por acaso [o caso] do Constantino?”.

Depois desse áudio, os dois iniciam uma conversa sobre um pedido de Moraes para fazer relatórios a partir de publicações das redes de Constantino e do também bolsonarista Paulo Figueiredo, ex-apresentador da Jovem Pan e neto do ex-presidente João Batista Figueiredo, o último da ditadura militar.

À época, os dois entraram na mira de Moraes porque reverberaram em suas redes sociais ataques à lisura da eleição e a ministros do STF, além de incitar os militares contra o resultado das urnas.


Eduardo Tagliaferro, então chefe da AEED (Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação) do TSE, e o ministro Alexandre de Moraes – Reprodução

Depois de Tagliaferro (TSE) encaminhar uma primeira versão do relatório sobre Constantino, Airton Vieira (STF) manda prints de postagens do jornalista e cobra a alteração do documento para inclusão de mais manifestações.

Pelas mensagens, fica claro que o pedido para produção do relatório partiu do próprio Moraes.

“Quem mandou isso aí, exatamente agora, foi o ministro e mandou dizendo: vocês querem que eu faça o laudo? Ele tá assim, ele cismou com isso aí. Como ele está esses dias sem sessão, ele está com tempo para ficar procurando”, diz Airton Vieira em áudio enviado a Tagliaferro às 23h59 daquele dia.

“É melhor por [as postagens], alterar mais uma vez, aí satisfaz sua excelência”, completa Vieira.

O assessor do TSE então responde, já na madrugada do dia 29 de dezembro, e afirma que o conteúdo do relatório enviado anteriormente já seria suficiente, mas que iria alterar o documento e incluir as postagens indicadas por Moraes por meio do juiz instrutor.

“Concordo com você, Eduardo [Tagliaferro]. Se for ficar procurando [postagens], vai encontrar, evidente. Mas como você disse, o que já tem é suficiente. Mas não adianta, ele [Moraes] cismou. Quando ele cisma, é uma tragédia”, responde o juiz Airton Vieira.

Dias depois dessa conversa, em 1º de janeiro de 2023, Airton Vieira manda para Tagliaferro cópia de duas decisões sigilosas de Moraes tomadas dentro do inquérito das fake news produzidas com base no relatório enviado de maneira supostamente espontânea.

“Trata-se de um ofício encaminhado pela Assessoria Especial de Desinformação Núcleo de Inteligência do Tribunal Superior Eleitoral”, diz o início da decisão, sem citar que o material havia sido encomendado em seu nome pelo auxiliar em uma conversa via WhatsApp.

Entre as postagens de Constantino que entraram na mira estavam duas: “O que se passava na cabeça de Gilmar Mendes na festa da impunidade ontem, festejando a nomeação de Lula pelo sistema? Que será o primeiro aqui a ganhar um habeas corpus?”. E a outra “é a primeira vez na história do crime organizado que as vítimas assistem, em tempo real, (sic) a quadrilha se preparando para lhes roubar, conhecem os criminosos, e não podem fazer nada porque a Justiça a quem poderiam recorrer faz parte da quadrilha.”

Nas decisões, Moraes ordena a quebra de sigilo bancário de Constantino e Figueiredo, bem como o cancelamento de seus passaportes, bloqueio de suas redes sociais e intimações para que fossem ouvidos pela Polícia Federal.

Cerca de um mês antes, em 22 de novembro de 2022, outro pedido de Moraes sobre Constantino mostra o próprio ministro efetuando as solicitações que chegaram ao órgão de combate à desinformação do TSE.

Naquele dia, às 22h49, Airton Vieira manda o print de uma conversa com Moraes em um grupo do WhatsApp chamado Inquéritos.

A mensagem mostra o ministro enviando postagens de Constantino, uma delas questionando o fato de o partido de Bolsonaro, o PL, não ter feito um questionamento ao TSE —não fica claro sobre qual tema.

“Peça para o Eduardo analisar as mensagens desse [Constantino] para vermos se dá para bloquear e prever multa”, diz a mensagem de Moraes, cujos prints foram enviados a Eduardo Tagliaferro. “Já recebi” e “Está para derrubada”, responde o assessor do TSE em duas mensagens.


Print de mensagem via WhatsApp em que Alexandre de Moraes faz pedido ao seu juiz instrutor Airton Vieira – Reprodução

Após pedir para Tagliaferro produzir um relatório “como de praxe”, Airton Vieira e o assessor do TSE discutem sobre se as decisões seriam pelo STF ou pelo TSE.

Em um primeiro momento, Airton Vieira diz que o bloqueio seria dado pelo TSE e a multa pelo STF. Em poucos minutos, no entanto, ele informa que tudo será pelo STF e pede para Tagliaferro caprichar.

“Eduardo, bloqueio e multa pelo STF (Rodrigo Constantino). Capriche no relatório, por favor. Rsrsrs. Aí, com ofício, via e-mail. Obrigado”, afirma.

Já na madrugada do dia 23, à 1h06, Tagliaferro envia o relatório atribuindo a informações recebidas de parceiros do setor de combate à desinformação.

“Através de nosso sistema de alertas e monitoramentos realizados por parceiros deste Tribunal, recebemos informações de frequentes postagens realizadas pelo perfil @Rconstantino, esse em uso na plataforma Twitter, no qual informam existir diversas postagens ofensivas contra as instituições, Supremo Tribunal Federal e Tribunal Superior Eleitoral”, diz o documento.

Em uma outra conversa, no dia 4 de dezembro de 2022, os próprios assessores de Moraes manifestam receio sobre o modo não convencional que vinha sendo usado.

Às 12h daquele dia, Marco Antônio Vargas, juiz auxiliar de Moraes no TSE, pergunta a Tagliaferro: “Dr. Airton está te passando coisas no privado?”.

Após o chefe do órgão de combate à desinformação responder que sim, o juiz do TSE faz uma brincadeira sobre a possibilidade de o modelo implicar em nulidade das provas. “Falha na prova. Vou impugnar”, disse ele.

Tagliaferro então fala da sua apreensão com o modelo de envio de relatórios por meio do TSE a pedido de Airton Vieira. “Temos que tomar cuidado com essas coisas saindo pelo TSE. É seu nome”, diz ele. Em seguida, chega a sugerir um possível caminho para “aliviar isso”.

“Nem que crie um e-mail para enviar para nós uma denúncia.”

A atuação de Moraes à frente do TSE e dos inquéritos no STF rendeu críticas e elogios ao longo do tempo. Um dos períodos mais tensos para o ministro ocorreu recentemente, em abril, quando Elon Musk passou a contestar as decisões do magistrado brasileiro.

Neste contexto, uma comissão do Congresso dos EUA publicou uma série de decisões sigilosas de Moraes sobre a suspensão ou remoção de perfis nas redes sociais.

Com base nesse material, a Folha revelou naquele mesmo mês de abril que o órgão do TSE de enfrentamento à desinformação havia ajudado a turbinar inquéritos do STF. O que não se sabia, no entanto, é que o grupo produzia esses relatórios a pedido do próprio gabinete de Moraes, o que agora é possível saber com base nas mensagens.

O inquérito das fake news foi aberto em março de 2019, logo nos primeiros meses do governo de Jair Bolsonaro (PL), por ordem do ministro Dias Toffoli, que indicou Moraes como relator.

O objetivo, divulgou o STF à época, era “apurar fatos e infrações relativas a notícias fraudulentas (fake news) e ameaças veiculadas na Internet que têm como alvo a Corte, seus ministros e familiares”.

Desde o início, quando censurou a revista Crusoé, o inquérito tem sido alvo de críticas por juristas, mas foi considerado constitucional pelo plenário do STF, em junho de 2020.

A PGR, ainda sob Raquel Dodge, pediu mais de uma vez o arquivamento do caso. Na gestão de Augusto Aras, a Procuradoria defendeu sua participação no inquérito, que deveria mirar apenas fatos relacionados a garantia da segurança dos integrantes do tribunal.

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Rogério diz que pode levar ao Conselho de Ética filiados com mandato que forem contra candidatos do PL no RN

O senador licenciado Rogério Marinho, presidente estadual do PL no Rio Grande do Norte, afirmou que filiados com mandato que se posicionarem contra candidatos majoritários do PL nas eleições de 2024 podem ser processados ao Conselho de Ética do partido. As declarações foram dadas ao programa 12 em Ponto, da 98 FM, nesta terça-feira (13).

“Os detentores de mandato eletivo, que são vereadores, deputados, prefeitos do PL, se obrigam a apoiar as candidaturas ou se isentar onde o partido tem candidatura majoritária. São 82 municípios no RN. Em Parnamirim, nós temos a candidatura clara, que é do jornalista Salatiel de Souza. Qualquer detentor de mandato eletivo que se posicionar contrariamente, de forma pública, a essas candidaturas após o início das eleições pode ser submetido ao Conselho de Ética”, afirmou Rogério Marinho.

Segundo o presidente do PL, uma vez acionado, o Conselho de Ética vai se posicionar “de acordo com a diretriz partidária”, o que inclui suspensão de atividade parlamentar em último grau. Essa diretriz, segundo Rogério, é nacional e foi reproduzida no Rio Grande do Norte.

Recado a Sargento Gonçalves

A fala foi vista como um recado ao deputado federal Sargento Gonçalves – que tem se posicionamento contrariamente à candidatura de Salatiel de Souza. Nesta segunda (12), em entrevista ao Repórter 98, da 98 FM, o deputado declarou que ficará neutro na disputa de Parnamirim, mas teceu críticas ao candidato do PL.

“O PL tem um candidato lá, que eu discordo, pelo histórico criminal. Tem uma condenação por corrupção. Seria incoerente eu estar no palanque de Salatiel, com todo respeito à pessoa dele”, declarou o deputado federal.

“Para mim, é constrangedor. Não queria estar tratando, expondo. Quem nunca errou que atire a primeira pedra. Mas eu não estou tratando de salvação do homem não. Estou tratando do apoio político. Eu discordei. Bota um candidato que traz uma dificuldade para a gente”, afirmou Gonçalves.

Gonçalves acrescentou que a figura de Salatiel de Souza “diverge” da de Jair Bolsonaro. O deputado disse, inclusive, ter exposto o histórico do candidato ao ex-presidente durante uma reunião na semana passada da qual Rogério Marinho também teria participado.

“Rogério quis justificar, explicar que Salatiel não é um ‘descondenado’ como Lula, porque cumpriu a pena. E que não existe prisão perpétua no Brasil. Compreendo isso, mas para mim é uma decisão política. É pesado e não estou disposto a defender alguém justificando porque ele já cumpriu a pena”, disse.

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Operação da Polícia Federal desarticula rede de lavagem de dinheiro no RN

A Polícia Federal, em coordenação com o Ministério Público Federal e apoio internacional do Ministério Público e da Guardia di Finanza de Palermo, Itália, deflagrou nesta terça-feira (13), a Operação Arancia, visando desarticular uma rede de lavagem de dinheiro operacionalizada pela máfia italiana no Rio Grande do Norte.

As investigações, que começaram em 2022, têm como alvo uma organização criminosa suspeita de lavar dinheiro para a máfia italiana Cosa Nostra no Rio Grande do Norte, onde se estima que os mafiosos atuem há quase uma década. As evidências coletadas até o momento indicam que a máfia italiana utilizou empresas fantasmas e laranjas para facilitar a movimentação e a ocultação de fundos ilícitos, provenientes de atividades criminosas internacionais. Estima-se que o esquema tenha investido não menos que 300 milhões de reais (cerca de 55 milhões de euros) no Brasil, utilizando esses recursos para adquirir propriedades e infiltrar-se no mercado imobiliário e financeiro brasileiro. Segundo as autoridades italianas, entretanto, o valor total dos ativos investidos podem superar 500 milhões de euros.

Durante a operação foi executado um mandado de prisão preventiva e cinco mandados de busca e apreensão, nos estados do Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Piauí. Simultaneamente, a Direção Distrital Antimáfia de Palermo coordenou 21 buscas em várias regiões da Itália e na Suíça. Mais de 100 agentes financeiros italianos foram mobilizados, alguns deles encontram-se no Brasil, auxiliando o cumprimento dos mandados em Natal.

Os crimes investigados incluem associação mafiosa, extorsão, lavagem de dinheiro e transferência fraudulenta de valores, com agravante de apoio a famílias mafiosas. A Justiça Federal autorizou o sequestro de imóveis e o bloqueio de contas bancárias associadas aos suspeitos e às empresas fantasmas envolvidas. Essas ações visam garantir a reparação dos danos causados pelas atividades ilícitas e impedir a continuação das operações criminosas.

A operação contou com a colaboração internacional através da criação de uma Equipe de Conjunta de Investigação (ECI), em 2022, envolvendo a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e autoridades judiciais e policiais italianas, com apoio da Eurojust, agência da União Europeia que facilita investigações e processos judiciais envolvendo múltiplos países, auxiliando na troca de informações e na formação de equipes de investigação conjuntas.

O nome “Arancia”, que significa “laranja” em italiano, foi escolhido para a operação policial devido ao uso extensivo de “laranjas” — termo usado para designar pessoas ou empresas que emprestam seus nomes para ocultar os verdadeiros donos ou beneficiários de transações financeiras e ativos, mantendo assim a aparência de legalidade.

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IDEMA concede licença para início da obra de engorda da praia de Ponta Negra

Foi emitido há poucos instantes um documento do Instituto do Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema-RN) que concede a licença para o início da obra de engorda da praia de Ponta Negra.

A prefeitura de Natal havia enviado ao Idema-RN novas respostas sobre as condicionantes impostas pelo órgão para o início da obra da engorda da Praia de Ponta Negra, em Natal, e também solicitou o aumento do prazo para executá-la.

Na documentação, o Município solicitou que a obra seja concluída pelo menos até o fim do mês de novembro. O impasse para o início das obras já dura mais de um mês na capital potiguar.

Confira:


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No RN, Bolsonaro fará motociata/carreata de Parnamirim a Mossoró. Veja programação

O ex-presidente Jair Bolsonaro chega ao RN na próxima quinta-feira (15) para cumprir agenda de dois dias no Estado. A vinda do político ao estado foi anunciada semana passada pelo senador licenciado e presidente do PL estadual, Rogério Marinho.

Bolsonaro vai conceder entrevistas nos eventos que estiver presente. Não haverá coletiva programada. O dia 16 de agosto é a data que marca o início da propaganda eleitoral, com manifestações e pedidos explícitos de votos já permitidos pela Justiça Eleitoral.

A vinda de Bolsonaro ao RN para o primeiro dia oficial da campanha eleitoral de 2024 mostra importância que o Partido Liberal buscará dar aos municípios potiguares que têm candidaturas próprias.

A programação inclui Parnamirim, Extremoz, Natal e Mossoró. Confira:

QUINTA (15)

  • 10h30 – A mobilização começa no aeroporto de São Gonçalo do Amarante.
  • 15h- Evento com os pré-candidatos do partido e apoiadores, no Hotel Holliday In, próximo ao Arena das Dunas.

SEXTA (16)

  • Abertura da Campanha Nacional para as eleições 2024 no RN. 8h – A prefeita Jussara Sales (PL), candidata à reeleição em Extremoz, recebe Jair Bolsonaro para o hasteamento da bandeira nacional e comício no bairro Jardins de Extremoz.
  • 10h – Bolsonaro participa de evento político no bairro da Redinha (ao lado do Mercado), para anunciar apoio à candidatura de Paulinho Freire, em Natal.
  • 11h30 – Salatiel de Souza recebe Bolsonaro em Parnamirim, para grande evento de largada da campanha. Concentração para a motociata ao lado do Parque Aristófanes Fernandes. Presidente vai circular pelas principais avenidas e bairros da cidade até chegar ao palco principal montado na Cohabinal para grande comício.
  • 13h30 – Rota 22 com Bolsonaro – Carreata e motociata seguem com destino a Mossoró, com paradas programadas em Macaíba, Santa Maria, Lages e Assu.
  • 18h30 – Genivan Vale (PL), candidato a prefeito de Mossoró, recebe Bolsonaro para grande ato de início de campanha com Descida do Alto de São Manoel e encerramento com comício em frente ao Banco Bradesco.

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Cerca de 60% dos ‘golpes do Pix’ envolvem quantias entre R$ 1 e R$ 2.800

O estudo Relatório de Fraude Scamscope mostrou que mais de 60% dos golpes aplicados por meio do Pix envolvem quantias entre R$ 1 e R$ 2.800. Esse tipo de golpe ocorre quando criminosos conseguem coagir os usuários a realizarem uma ou mais transferências para contas controladas pelos próprios golpistas, ou parceiros. A pesquisa foi realizada pela ACI Worldwide, uma empresa americana de pagamentos, em parceria com a GlobalData.

Ainda segundo o estudo, as perdas com esse tipo de golpe podem chegar a US$ 635,6 milhões, aproximadamente R$ 3,7 bilhões no país até 2027. “O entusiasmo com que a população brasileira adotou a plataforma de pagamentos em tempo real, e o subsequente impulso à inclusão financeira, tem sido extremamente bem-vindo. Mas também criou um terreno fértil para golpistas cibernéticos”, afirma a publicação.

Principais formas do golpe

O estudo também mostra que as principais formas de golpe que acontecem no Brasil são:

  • Solicitação para fazer transferência como adiantamento do pagamento por um produto ou serviço (27%);
  • Pedido para comprar um produto (20%);
  • Oportunidade de investir em um produto ou empresa (17%);
  • Solicitação para pagar uma fatura ou saldo devedor (10%);
  • Pedidos de transferências por alguém que fingiu estar em um relacionamento romântico com a vítima (7%);
  • Solicitações de pagamento alegando ser uma pessoa ou organização confiável, como polícia e Receita Federal (7%);
  • Outros (13%).

MED

Em junho deste ano, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) anunciou que vai iniciar uma série de reuniões com o Banco Central para melhorar o MED (Mecanismo Especial de Devolução). O recurso do Pix criado para facilitar as devoluções em caso de fraudes, aumentando as possibilidades de reaver recursos em transações feitas pela ferramenta de pagamento instantâneo. A nova proposta é chamada de MED 2.0, e seu desenvolvimento ocorrerá ao longo de 2024 e 2025, com ativação em 2026.

Como utilizar o MED*

  • Ao perceber que foi vítima de um golpe, o cliente deve entrar em contato com seu banco, através do aplicativo ou pelos canais oficiais, e acionar o MED.
  • O banco vai avisar a instituição do suposto golpista, que vai bloquear o valor disponível em sua conta.
  • O caso será analisado. Se concluírem que não foi fraude, o recebedor terá os recursos desbloqueados. Se for fraude, o cliente receberá o dinheiro de volta, a depender do montante disponível na conta do golpista.
  • O MED também pode ser utilizado quando houver falha operacional no ambiente Pix da sua instituição, por exemplo, quando ocorrer uma transação em duplicidade.

*Informações da Febraban

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