STF contribuiu para cenário de caos na segurança pública do Rio de Janeiro

dia caótico que o Rio de Janeiro viveu nesta terça-feira (28), com mais de 100 mortes decorrentes de confrontos armados intensos entre policiais e criminosos ligados ao narcotráfico, é reflexo de uma série de decisões equivocadas do poder público, que começaram há décadas, mas se intensificaram nos últimos anos a partir de determinações do Supremo Tribunal Federal (STF).

política de não intervenção nas favelas, adotada pelo ex-governador do estado Leonel Brizola na década de 80, impediu a realização de operações policiais nesses locais, o que aumentou o abismo entre o Estado e as comunidades e permitiu que o Comando Vermelho – e, posteriormente, outras facções – assumisse o controle.

Mas a partir de 2020, uma política semelhante – desta vez vinda não do governo estadual, responsável pela gestão da segurança pública, mas do Judiciário – beneficiou as facções de formas sem precedentes, criando ambientes severamente mais hostis à entrada das forças de segurança.

Por meio da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como "ADPF das Favelas", o STF impôs uma série de restrições ao ingresso das forças policiais nas comunidades do Rio de Janeiro entre junho de 2020 e abril deste ano – reeditando, na prática, a política de Brizola.

O relator da “ADPF das Favelas” foi Edson Fachin. Segundo especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo, as restrições impostas pelo ministro à atuação das polícias dentro das comunidades permitiram que lideranças do narcotráfico fortalecessem e ampliassem suas posições, principalmente por meio da instalação de milhares de barricadas para impedir o avanço de viaturas.

Os grupos criminosos também aumentaram seus arsenais de guerra e até mesmo passaram a abrigar traficantes de outros estados, que viam os morros fluminenses como refúgios seguros para continuar comandando o crime em seus estados de origem.

O fortalecimento do crime organizado, em proporções jamais vistas, nos anos em que as restrições vigoraram contribuiu para um fluxo migratório negativo inédito na história do estado. O Rio de Janeiro registrou, pela primeira vez desde o início da série histórica em 1991, mais moradores saindo do que entrando no estado. Dados do Censo Demográfico divulgados em junho pelo IBGE revelaram um saldo migratório negativo de -165.360 pessoas entre 2017 e 2022.

Polícias do Rio de Janeiro atribuem cenário de guerra à interferência do STF

Uma publicação nas redes sociais feita na noite desta terça-feira (28), compartilhada pelos perfis oficiais da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ); da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), que também integra a Polícia Civil; e do Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar do estado, lamentou o assassinato dos quatro policiais durante os confrontos e, sem citar diretamente o STF, atribuiu à Corte a responsabilidade pelo cenário de guerra.

“Hoje o Estado mostrou força. Mostrou que entra onde quiser, a hora que quiser, e enfrenta o crime com superioridade de inteligência, técnica e armamento. Mas a coragem tem um preço: policiais tombaram no cumprimento do dever. Homens que saíram de casa para proteger vidas e voltam em silêncio. Heróis, vítimas da covardia do crime e da omissão de quem deveria fortalecer o Estado”, diz o texto.

Essa tragédia tem causa: anos de restrições às operações policiais. Anos em que o Estado foi amarrado enquanto o crime se armava, enquanto decisões distantes da realidade deram espaço para facções se tornarem exércitos de terroristas”, afirma a publicação, que já soma quase 7 milhões de visualizações.

Fachin se esquivou de responsabilidade por efeitos negativos da ADPF 635

Desde o início das restrições, Fachin sempre negou de forma veemente que as interferências do Supremo na política de segurança do Rio de Janeiro tivessem gerado efeitos negativos.

Em fevereiro de 2022, durante sessão da Corte sobre a ADPF 635, o ministro chegou a interromper uma fala do colega Nunes Marques quando este apresentava impactos negativos das restrições. Fachin classificou as falas do colega como “ilações”.

“Me causa muita preocupação as notícias que chegam até nós, ministros desta Corte, do que eventualmente pode ter ocorrido neste período em que as operações foram obstadas”, dizia Nunes Marques, quando Fachin o interrompeu: “Perdoe pela interrupção, mas é preciso ter muita cautela para fazer ilações”, bradou o ministro.

No julgamento definitivo da “ADPF das Favelas”, que iniciou em janeiro deste ano, o ministro relator votou para manter indefinidamente todas as restrições às forças de segurança do estado. Outros membros do STF reagiram à decisão, e a sessão foi suspensa. Dois meses depois, o julgamento da ação foi concluído, com Fachin sendo contrariado e a maioria das restrições derrubada pelo colegiado.

Ao longo do processo, Fachin chegou a propor até mesmo a quebra de sigilo de todos os protocolos da atuação policial no estado, sendo seguido por Rosa Weber, Luis Roberto Barroso e Cármen Lúcia. Os demais ministros, no entanto, vetaram essa medida argumentando que poderia comprometer a própria eficácia da ação das forças de segurança e colocar em risco os agentes.

ADPF 635 gerou recorde de letalidade em confrontos

Após as restrições impostas pelo STF, os confrontos entre policiais e criminosos se tornaram mais violentos e alcançaram números recordes de letalidade. Dos dez confrontos com maior letalidade na história do estado, sete ocorreram a partir de 2020, com o início da “ADPF das Favelas”.

Isso se deve ao fortalecimento das facções, que resultou em um grau de resistência muito mais severo ao defenderem seus territórios das forças policiais e de facções rivais.

“O tráfico se fortaleceu porque quando não há ações da polícia, o resultado é o incremento no número de armas em poder das facções e a ampliação dos seus territórios. Eles se aproveitaram da inércia do Estado para agir. Essa decisão do STF vai contra tudo aquilo que se estuda e se pratica com relação à segurança pública”, disse Rogério Greco, especialista em segurança pública e crime organizado e pós-doutor em Direito, à Gazeta do Povo em reportagem de 2023.

Impactos das restrições impostas pelo STF durará anos, diz procurador

Para Marcelo Rocha Monteiro, procurador de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), ao longo dos cinco anos em que vigoraram os efeitos da ADPF 635, o Supremo “assumiu a função de Secretaria de Segurança do Rio, estabelecendo quando e onde a polícia deveria realizar operações de repressão ao crime nas mais de 1.400 comunidades dominadas por tráfico e milícia”.

“Agora [desde o julgamento, concluído em abril], o Supremo lembrou que há separação de poderes. Mas os moradores do Rio, sobretudo os mais humildes, passarão anos pagando o preço desse equívoco – vítimas do aumento da criminalidade gerado pela catastrófica ADPF 635”, declara.

Segundo Monteiro, somente a principal facção do Rio de Janeiro, o Comando Vermelho, expandiu seu território em 25% durante a vigência das restrições. Já as operações policiais foram reduzidas em 60%.

Moraes dá 24h para PGR se manifestar sobre abuso de direitos humanos no Rio de Janeiro

Ainda nesta terça-feira, enquanto os confrontos ocorriam, o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), vinculado ao governo federal, apresentou ao STF pedido para que o governo do Rio de Janeiro apresente uma série de informações sobre a operação nos complexos do Alemão e da Penha.

O CNDH também solicitou “medidas complementares e urgentes de monitoramento e fiscalização quanto ao cumprimento das determinações estabelecidas no acórdão da ADPF 635 em especial diante de mais um episódio de letalidade policial ocorrido no estado do Rio de Janeiro”.

O ministro Alexandre de Moraes direcionou a solicitação à Procuradoria-Geral da República (PGR), que deve se manifestar sobre a petição e “eventuais diligências complementares”. O pedido tramita na ADPF 635, que mesmo com o julgamento concluído, segue aberta.

Publicidade

Governo Lula: PF foi comunicada de operação no Rio, mas se negou a participar, diz diretor-geral

Revelação: o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Os dois admitiram que a superintendência da PF no Rio sabia da Operação Contenção. (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)

Durante uma entrevista coletiva concedida nesta quarta-feira (29), o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, admitiram que a PF foi comunicada de que haveria a Operação Contenção, no Rio de Janeiro.

Durante a coletiva de imprensa, Lewandowski passou a palavra a Andrei para detalhar as expectativas para a reunião que ocorrerá na mesma tarde, com o governo do Rio. Ao ser perguntado se o governo estadual avisou o governo federal da operação, Andrei começou dizendo que não. Porém, ao longo de sua fala, disse que a Polícia Militar do Rio de Janeiro entrou em contato para verificar se haveria, por parte da PF, "a possibilidade de atuar em algum ponto nesse contexto". De acordo com Andrei, o superintendente da PF no Rio de Janeiro negou colocar sua equipe à disposição, e depois comunicou a ele. "Nós não teríamos nenhuma atribuição legal para participar", argumentou o diretor-geral.

Os jornalistas reagiram, pedindo confirmação da informação de Andrei. Nesse ponto, Lewandowski tomou abruptamente a palavra para esclarecer a fala do diretor-geral. Segundo Lewandowski, a comunicação sobre uma operação nesse sentido deveria ocorrer em nível de primeiro escalão e oficialmente, e não a Andrei.

Diante disso, a imprensa insistiu, e o ministro afirmou: Embora nada tenha passado pelos órgãos de maneira formal, a Polícia Federal foi comunicada. Andrei, no entanto, salientou que o que a PM informou foi que haveria uma informação, sem detalhar o momento em que ela seria deflagrada.

Antes, governo negava conhecimento

A entrevista coletiva começou com Lewandowski. De início, antes da revelação de Andrei, ele chegou a dizer que o governo não teve conhecimento da operação. Por isso, argumentou, os órgãos federais não puderam participar, sobretudo com apoio de inteligência e logístico.

Lewandowski diz que Lula ficou "estarrecido" com o número de mortos. A decretação de uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), porém, dependeria, de acordo com o ministro, de solicitação prévia do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), que deveria, antes disso, "reconhecer a incapacidade das forças locais".

O governo do Rio confirma 110 mortos e 113 presos. A operação foi uma parceria do Ministério Público do estado do Rio de Janeiro e das polícias civil e militar do estado.

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Consult: Allyson cai e diferença para Rogério diminui para 2,4%

A terceira pesquisa da Consult publicada pela Tribuna do Norte este ano aponta um cenário de bastante equilíbrio. Segundo os números, o prefeito de Mossoró Allyson Bezerra (União), viu sua vantagem sobre o senador Rogério Marinho cair para apenas 2,4% - em maio a diferença era de 6 pontos percentuais e em agosto de 4,71 pontos. O resultado atual configura empate técnico, com a menor diferença da série a pouco menos de um ano do pleito de 2026.

Segundo a Consult, Allyson tem 30,88% das intenções de voto, enquanto Rogério surge com 28,47%. O secretário estadual da Fazenda, Carlos Eduardo Xavier (PT), o Cadu, é o terceiro com 5,76%. Em maio, Allyson tinha 30,94% e subiu para 33,18% em agosto. Rogério partiu com 24,94% e chegou aos 28,47% em agosto, mesmo índice de agora. Já o petista, nos levantamentos anteriores, tinha 3% e 4,71% respectivamente.

A pesquisa deste mês foi realizada entre os dias 23 e 27 de outubro e tem 2,3% de margem de erro, com confiabilidade de 95%. Ao todo, foram 1,7 mil entrevistados nas 12 regiões do Estado. Nesta disputa, nenhum dos candidatos foi a opção de 13,59%, e 21,29% não souberam dizer.

Publicidade

Rogério Marinho visita obras de Mercado Municipal em Goianinha e destaca geração de emprego e renda


O senador Rogério Marinho (PL-RN) visitou neste domingo (26), as obras da Central de Abastecimento, o novo Mercado Municipal de Goianinha, que está sendo erguida na cidade com recursos viabilizados por meio da atuação do parlamentar. O investimento é superior a R$ 1,5 milhão. A visita contou com a presença da prefeita Nira Galvão e do ex-prefeito Júnior Rocha. 

A estrutura do Mercado Público está em fase acelerada de execução e irá impulsionar o desenvolvimento econômico local, garantindo melhores condições de trabalho para agricultores e artesãos, além de ampliar a oferta de produtos e serviços para os consumidores e turistas que frequentam a região.

Durante a visita, o senador destacou a importância de priorizar iniciativas que gerem novas oportunidades para a população. “Essa obra simboliza dignidade, emprego e renda para as famílias de Goianinha. Nosso compromisso é continuar contribuindo para que os municípios potiguares tenham acesso a investimentos que transformem a vida das pessoas”, afirmou Rogério.

A prefeita ressaltou que o novo mercado será um ponto de referência para o comércio local e um importante instrumento para fortalecer o turismo e a economia do município.

O Mercado de Goianinha deverá ser entregue em breve, ampliando a infraestrutura urbana e garantindo mais qualidade de vida para a população.


Publicidade

China, Venezuela, STF e Magnitsky: os recados de Trump que frustram oba-oba de Lula

Após uma reunião presencial privada de 45 minutos entre os presidentes dos Estados Unidos e do Brasil na Malásia, apoiadores do governo Lula foram rápidos em cantar vitória, como se a crise na relação entre os países tivesse sido superada num passe de mágica, graças ao carisma e à química do governante brasileiro.

Dentre os mais entusiasmados, estava o senador Humberto Costa (PT-ES): “Eita que a química só aumenta”. Outro petista, o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), seguiu a mesma linha eufórica ao comentar a fotografia do aperto de mãos: “Tem coisa que nem a inteligência artificial consegue prever! Mas aconteceu: Lula e Trump lado a lado. Eu te entendo, Trump, é difícil resistir ao carisma do nosso presidente”. Já o presidente do Partido dos Trabalhadores, Edinho Silva, que chamou várias vezes Trump de “o maior fascista do século XXI”, celebrou dizendo que “o diálogo é sempre o caminho”.

Apesar de toda a empolgação dos petistas, de concreto, no entanto, houve apenas o agendamento de novas reuniões bilaterais. As sanções permanecem intactas, sem recuo por parte dos Estados Unidos nas condições impostas para revisão do tarifaço.

Fim do jogo de pôr a culpa nos outros

Na oposição, não faltaram ironias sobre o oferecimento de Lula para ser mediador do conflito entre EUA e Venezuela, no que seria uma tentativa de desviar a conversa de tópicos incômodos. "Lula encontra Trump e na mesa um assunto que claramente incomoda o ex-presidiário: Bolsonaro. Imagine o que foi tratado a portas fechadas?", questionou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente que está exilado nos EUA.

Como efeito residual do encontro, Lula agora terá de abandonar o discurso fácil de culpar Eduardo Bolsonaro pelo tarifaço, como vinha fazendo repetidamente. É a avaliação do líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcanti: “Há meses o Brasil paga o alto preço da falta de humildade de um descondenado presidente que arrogantemente não quis negociar logo o tarifaço. Hoje está provado que a culpa é do descondenado Lula”.

O fato é que Trump tem demonstrado um tratamento diferenciado ao Brasil, tanto na inédita imposição de tarifas extras por perseguição judicial, como na aparente tolerância às críticas mais ácidas do presidente Lula e de seus aliados, que já classificaram o republicano como candidato a imperador do mundo e “maior líder fascista do século”.

Boa vontade de Trump visa não prejudicar disputas geopolíticas

Para o professor de Direito e Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Daniel Vargas, a primeira lição de Trump à comitiva brasileira é a de que ele não segue a tática do cancelamento típico da esquerda. “Trump não diz ‘eu vou emburrar e não vou mais falar com você’. Não é assim que ele jamais fez política, e não seria dessa vez”, sublinha.

A boa vontade aparente do líder americano em relação aos problemas brasileiros estaria ligada a aspectos geopolíticos relevantes envolvendo os embates com Venezuela e China. “Os Estados Unidos deslocaram o maior porta-aviões do planeta para o mar do Caribe. Isso não é apenas o esforço pontual de sinalizar uma ameaça. Já é mais do que isso. Ninguém move uma estrutura militar com essa envergadura para a beirada da Venezuela apenas para projetar poder. Há uma intenção dos EUA de ir além”, avalia Vargas.

Caso Trump realmente venha a intervir na Venezuela, acredita o docente da FGV, convém que isso ocorra no contexto de um canal de diálogo aberto com o Brasil, maior potência regional. Paralelamente, a disputa pelo acesso às terras raras, das quais China e Brasil têm as maiores reservas, também é peça-chave no tabuleiro. “Vejo que Trump está abrindo um canal para voltar a pressionar o Brasil, para que se afaste da China, para que se afaste da Venezuela e não ofereça guarida ou apoio a qualquer forma de proteção ideológica a governos da América Latina que estão em tensão com os EUA. Por isso, ele abre esse canal”, destaca Vargas.

Trump fala de Bolsonaro e Marco Rubio cita perseguição judicial

Na conversa com jornalistas antes da reunião, Trump enfatizou que há espaço para avançar na revisão das tarifas, desde que algumas condições que ele já havia colocado antes – como o fim da perseguição judicial a Bolsonaro – sejam atendidas. Trump voltou a elogiar Bolsonaro na entrevista – “Ele é um bom sujeito. Nós ficamos incomodados com as penas contra ele” – enquanto Lula se irritou quando perguntaram sobre o ex-presidente e pediu para encerrar a entrevista coletiva.

Quem foi encarregado por Trump a tratar dos temas políticos com a comitiva brasileira é o secretário de Estado, Marco Rubio. Na véspera do encontro na Malásia, Rubio destacou a parceria estratégica com o Brasil, mas não recuou em relação às condições para rever o tarifaço. “No longo prazo, acredito que é benéfico ao Brasil nos ter como parceiro comercial preferencial, em vez da China, por causa da geografia, por causa da cultura, por causa de um alinhamento em muitos aspectos. Mas, obviamente, temos alguns problemas com o Brasil, particularmente na maneira como alguns de seus juízes têm tratado o setor digital dos Estados Unidos e as postagens em mídias sociais de pessoas em solo americano. Teremos de trabalhar nisso, está tudo interligado”, afirmou Rubio.

Para além de aperto de mãos e poses sorridentes para fotos, o governo Trump está determinado a não deixar que a América Latina siga um trajeto de subordinação econômica e ideológica aos interesses de Pequim. Por isso mantém o canal de diálogo aberto com o governo brasileiro, apesar de ser um governo hostil e de esquerda, segundo o economista José Pio Martins. “Penso que mais do que o problema do Bolsonaro, a preocupação de Trump é com a Suprema Corte do Brasil agindo como a Suprema Corte da Venezuela. Isso é um experimento esquerdista de como implantar um regime autoritário via sistema judicial. Por outro lado, Trump sabe que regimes autoritários em países pobres acabam se alinhando a ditaduras esquerdistas, a começar pela China. E é perigoso para a própria segurança dos EUA ter isso na América do Sul, especialmente neste gigante que é o Brasil”, avalia.

Sem providências contra perseguição judicial, "chance zero" de fim das tarifas

Lula segue acreditando que os assessores conseguirão avançar naquilo que travou a conversa de alto nível: simplesmente tirar da mesa a “Tarifa Moraes”. Esse foi o apelido dado à maior parte do tarifaço de 50%, ligado à perseguição judicial a indivíduos e empresas, à violação dos direitos humanos e à agressão à liberdade de expressão. “Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras”, escreveu Lula na plataforma X. O governo americano, em contrapartida, não divulgou detalhes da conversa e Trump também não se manifestou sobre o assunto nas redes sociais.

Para conseguir a suspensão ou a revisão das tarifas, o governo Lula foge do tema de maior peso, conforme o próprio Trump, que é o fim da perseguição do judiciário brasileiro à Direita no país. E segue apostando em insistir apenas no componente econômico, argumentando que os Estados Unidos têm superávit com o Brasil e ótima relação histórica. Quais as chances de os EUA recuarem nas exigências e suspenderem a “Tarifa Moraes”, revogando a aplicação da Lei Magnitsky e o cancelamento de vistos de autoridades, sem que o Brasil avance em compromissos para interromper os abusos judiciais?

“É altamente improvável porque isso desmoralizaria os instrumentos que expressam a credibilidade do Estado americano. A imposição da Lei Magnitsky e o início de investigações comerciais são políticas de Estado. Creio que estes temas continuarão vivos, influentes, embora não possa dizer o peso que eles terão no encaminhamento de políticas entre os Estados Unidos e o Brasil. Os EUA não vão fazer isso (retirar sanções) como um ato de bondade para ninguém. A presença do Marco Rubio, ao lado de Trump, é uma sinalização de que a vertente ideológica continuará tendo prioridade nas decisões americanas”, conclui Daniel Vargas.

Publicidade

‘TAXA DAS BLUSINHAS’: Quatro em cada dez já desistiram de compra internacional online por imposto de importação, mostra pesquisa

Quatro em cada dez consumidores já desistiram de compras internacionais pela internet por causa do Imposto de Importação (II), a “taxa das blusinhas”, segundo uma pesquisa realizada pelo Nexus para a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Quatro em cada dez consumidores já desistiram de compras internacionais pela internet por causa do Imposto de Importação (II), a “taxa das blusinhas”, segundo uma pesquisa realizada pelo Nexus para a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Entre a população que tem o hábito de fazer esse tipo de compra, o porcentual de quem já desistiu de uma transação por causa da taxa aumentou de 13% em maio de 2024 para 38% em outubro. A razão dos que nunca desistiram caiu de 74% para 50% no mesmo período.

Dos que deixaram de fazer a compra por causa da “taxa das blusinhas”, 42% desistiram em definitivo. Outros 32% procuraram um produto similar, mas com entrega nacional. Já 14% foram a uma loja física, e 11% buscaram um produto parecido em outro site internacional.

Segundo a CNI, os números demonstram um impacto positivo para a indústria brasileira. “No entanto, o imposto ainda está em um patamar muito aquém do necessário para chegarmos a esse equilíbrio, pois a carga tributária de outros países é muito menor que a nossa”, diz o superintendente de Economia da entidade, Marcio Guerra, em nota.

Outros fatores

Além do Imposto de Importação, vários outros fatores também levaram a desistências de compras online, de acordo com a pesquisa. A proporção dos que desistiram por causa do ICMS atingiu 36% em outubro, considerando os consumidores que têm o hábito de fazer compras internacionais pela internet.

O custo do frete levou 45% dos consumidores habituais a desistir de uma compra. Outros 32% já abandonaram uma transação por causa da demora no prazo de entrega.

A pesquisa ouviu 2.008 pessoas de 16 anos ou mais, entre 10 e 15 de outubro, nas 27 Unidades da Federação (UFs). A margem de erro é de 2 pontos porcentuais, com intervalo de confiança de 95%.

Estadão Conteúdo

Publicidade

Menina de 7 anos morre baleada durante tentativa de assalto em São José de Mipibu

Uma menina de 7 anos, identificada como Cecília Cândido Duarte, morreu após ser atingida por um tiro durante uma tentativa de assalto na noite deste sábado (25), em São José de Mipibu, na Grande Natal.

De acordo com informações preliminares, a família da menina foi alvo de criminosos que tentavam roubar o carro. Durante a abordagem, um disparo foi efetuado e atingiu a criança.

Cecília chegou a ser levada para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no município, mas não resistiu aos ferimentos. Segundo a secretaria de comunicação de São José de Mipibu, a vítima já deu entrada na unidade sem vida.

O corpo da criança foi encaminhado para a Polícia Científica do Rio Grande do Norte (PCI-RN), onde passará por perícia. O caso será investigado pela Polícia Civil.

Em nota oficial, a Prefeitura Municipal de São José de Mipibu lamentou o ocorrido. “Neste momento de dor, externamos nossa solidariedade e o mais profundo sentimento de pesar aos familiares e amigos, pedindo a Deus que conceda força e consolo a todos”, diz a publicação.

Publicidade