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Senador manda R$ 3 milhões em emenda a estrada que leva ao seu hotel
São Paulo — Uma emenda Pix milionária do senador Alexandre Giordano (MDB-SP) foi destinada a melhorias em uma estrada onde fica um hotel fazenda dele, na cidade de Morungaba, que fica a 100 quilômetros da capital paulista.
A indicação de 2024 prevê projeto e execução de paisagismo, ao custo de R$ 3 milhões, na estrada municipal Benedito Olegário Chiavatto, segundo o portal Transferegov. A via é a mesma onde fica o Hotel Fazenda São Silvano, de propriedade do senador, com diárias de R$ 1,1 mil a R$ 2,2 mil.
Giordano afirma que suas emendas são feitas após solicitação da prefeitura e que se trata de uma via pública que “beneficia a coletividade”. A administração municipal abriu crédito para aplicação da emenda no dia 27 de dezembro, na gestão do aliado de Giordano e então prefeito Marquinho de Oliveira (PSD), segundo o Diário Oficial.
As obras ainda não começaram. Questionada pela reportagem, a gestão que assumiu no começo deste ano, do prefeito Luis Fernando (União Brasil), afirmou que o assunto está em discussão pela atual administração.
A estrada onde está prevista a obra é conhecida como “Rota do Charme”. No hotel de Giordano naquela via, logo na entrada, há um brasão da República, em frente a um comboio de carros de golfe para trilhas pela fazenda e cachoeiras próximas. Os passeios também podem ser feitos a cavalo.
O empreendimento é reservado para casamentos e abre para hóspedes apenas durante os eventos, mesmo àqueles que não são convidados da festa. O Metrópoles foi ao local e ouviu de uma funcionária que o hotel de Giordano tem 93 quartos.
R$ 20 milhões para Morungaba
Ao todo, o senador já enviou mais de R$ 20 milhões em emendas para Morungaba, cidade pacata com pouco mais de 14 mil habitantes onde o emedebista mantém negócios. Desse total, R$ 7 milhões foram no ano passado.
Em 2022, o parlamentar mandou R$ 8 milhões, que foram usados para o recapeamento de via no mesmo bairro de seu hotel, a estrada Sub Delegado João Molena. Giordano também tem uma propriedade nesta rua – a obra de asfalto, porém, não chega até o seu terreno.
O político participou da inauguração da obra de recapeamento, em dezembro do ano passado, ao lado do então prefeito Marquinho de Oliveira. O prefeito de Morungaba, no mesmo dia, exaltou Giordano como um senador que “entende o valor de nossa região” e que já havia enviado recursos milionários para investimentos na cidade.
Giordano, que mantém o hotel no mesmo bairro, citou demandas de empreendedores pela obra. “Os moradores desta região da cidade sofriam há mais de 40 anos com as dificuldades de acessibilidade da estrada, em épocas de chuva. Hoje, temos grandes empreendedores por aqui que também enfrentavam as mesmas dificuldades. Conversamos com o prefeito Marquinho como poderíamos melhorar esta situação, e ele falou o valor necessário para as obras serem realizadas, articulamos em Brasília e conseguimos as verbas”, afirmou, na ocasião.
Giordano também disse que “Morungaba hoje faz parte de minha vida e da vida de minha família e é onde passo uma boa parte do tempo”.
Moradores do Bairro dos Silvas, onde fica o terreno e o hotel fazenda do senador, dizem que ele costuma ir até lá de helicóptero e pretende construir outros empreendimentos na região. “Se está à venda, ele quer comprar”, disse um trabalhador de uma fazenda próxima, que não quis se identificar.
Gasto com gasolina
Parte importante dos gastos da cota parlamentar de Giordano também acontece em Morungaba. Mais especificamente, o dinheiro vai principalmente para o mesmo estabelecimento, o Auto Posto Dois Irmãos, um dos dois postos de combustíveis da principal rua da cidade. Os funcionários afirmam que o senador não frequenta o local, mas empregados abastecem lá.
Giordano era suplente do senador Major Olímpio (do extinto PSL), que morreu em 2021. Desde que assumiu o mandato no Senado, já pegou reembolso de R$ 212 mil gastos no posto de combustíveis, que fica a 12 minutos de seu hotel.
As despesas do senador com gasolina naquela cidade vêm subindo. Em 2021, foram apenas R$ 5 mil. O valor subiu para cerca de R$ 40 mil nos dois anos seguintes. Já no ano passado, chegou a R$ 94 mil.
Em 2024, o Metrópoles mostrou que, em 12 meses, o senador paulista havia gasto R$ 145,4 mil da cota parlamentar para abastecer quase 25 mil litros de combustível em postos de gasolina de São Paulo, volume suficiente para dar cinco voltas na Terra ou cruzar o Brasil, do Oiapoque ao Chuí, 45 vezes.
Despesas com restaurantes
Giordano também tem chamado a atenção pelos gastos com alimentação. Em março, o Metrópoles mostrou uma série de gastos do político com restaurantes em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, em pleno recesso.
Um famoso bar pé na areia, localizado na praia da Almada, tem entre os pratos da casa um camarão na moranga cuja farta porção para quatro pessoas custa R$ 468. O valor está em uma das notas fiscais apresentadas para reembolso pelo senador, em uma série de despesas feitas na virada de 2024 para 2025, entre os dias 27 de dezembro e 9 de janeiro. A conta total da viagem de 13 dias do parlamentar saiu por R$ 5,1 mil.
O que diz o senador
Procurado pelo Metrópoles, Giordano afirmou, por meio de nota, que a destinação de suas emendas “ocorre exclusivamente a partir de solicitações formalizadas pelas autoridades municipais competentes, com base em demandas legítimas e manifestas da administração local, sempre em consonância com o interesse público”.
“No caso específico indagado, trata-se de vias públicas que servem à coletividade e, como tal, estão aptas a receber recursos públicos desde que cumpram os requisitos constitucionais e legais exigidos”, acrescenta o senador.
O parlamentar afirmou que as obras são de responsabilidade da Prefeitura de Morungaba, sendo acompanhada por órgãos de controle. Ele listou outros envios de recursos para a cidade onde tem seu hotel, como os voltados para ampliação de hospital, insumos de saúde, Apae e incentivo da prática de esportes por crianças.
“O senador Giordano reafirma seu compromisso com a transparência, a legalidade e o desenvolvimento das regiões paulistas, prezando sempre pelo uso responsável e republicano dos recursos públicos”, pontua.
Sobre os gastos com gasolina, o parlamentar afirmou que “eles são realizados nos postos indicados por questões logísticas e seguem as normativas do Senado Federal, sendo estritamente relacionados ao desempenho das atividades parlamentares”.
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Após urgência, governo traça plano para tentar barrar PL da Anistia
Sem conseguir evitar a apresentação do requerimento de urgência do projeto da anistia, lideranças do governo Lula definiram novas frentes para tentar evitar que a proposta avance na Câmara.
A nova estratégia do Palácio do Planalto prevê “ir para cima” e ameaçar tirar cargos de deputados de partidos com ministérios no governo que assinaram o requerimento de urgência do projeto.
O governo também pretende argumentar com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que ele deveria respeitar a fila de mais de dois mil pedidos de urgência que aguardam votação.
Com o argumento, o objetivo de lideranças governistas é fazer com que o requerimento de urgência do PL da Anistia fique esquecido, assim como outras propostas que estão na fila.
Integrantes do Palácio do Planalto ficaram irritados com o apoio à urgência do projeto da anistia de parlamentares de siglas que, em tese, pertencem à base do governo.
Dos 264 deputados que assinaram o requerimento, 146 são de partidos que têm, pelo menos, um ministério no governo Lula.
Metrópoles
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‘Fome Zero virou Come Zero’, diz Ciro Nogueira
O presidente nacional do Progressistas (PP), senador Ciro Nogueira (PI), foi ao seu perfil no Twitter/X criticar o governo petista. Em mensagem na rede social nesta segunda-feira, 14, Nogueira culpou a gestão de Lula da Silva pela redução no consumo de alimentos pelos brasileiros. O político faz referências diretas a uma nova pesquisa do instituto Datafolha.
O parlamentar, que foi ministro no governo de Jair Bolsonaro, destacou a redução de consumo de alimentos por parte de 58% da população. O resultado teria relação direta com os efeitos da inflação.
Ciro Nogueira: “Governo gasta mais, a população come menos”
“Enquanto o governo gasta mais, a população come menos. O Fome Zero do PT virou Come Zero”, escreveu Nogueira, referindo-se ao programa que o governo Lula criou durante o seu primeiro mandato.
A pesquisa do Datafolha, que abrangeu 172 municípios, revelou que oito de cada dez brasileiros mudaram a rotina para enfrentar a alta dos preços. Entre as mudanças, 61% deixaram de comer fora de casa, enquanto 50% optaram por trocar marcas de produtos, como café, por opções mais baratas.
Conforme o levantamento, 54% dos entrevistados acreditam que o governo Lula tem “muita responsabilidade” pela alta nos preços dos alimentos, enquanto 29% atribuem “alguma responsabilidade”. Apenas 14% afirmaram não considerar o Planalto responsável pela escalada dos preços.
Na quarta-feira 9, Nogueira criticou Lula por sua postura principalmente em relação à política tarifária que os Estados Unidos desenvolvem em nível global. Conforme Nogueira, Lula adota um discurso incompatível com a posição diplomática do Brasil. “Provocações e ataques em nada ajudam o Brasil. Pragmatismo, sim; populismo, não. O Brasil não pode ser covarde nem fingir ser mais forte do que é”.
Revista Oeste
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Café já fica atrás das grades em supermercados de São Paulo
Café, bacalhau, picanha e azeite passaram a ser protegidos com grades, lacres e etiquetas antifurto em supermercados de São Paulo. O café foi o produto que teve maior alta no acumulado de 12 meses no último levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A reportagem da Folha visitou 15 supermercados nas zonas sul, oeste e central da capital paulista, nos dias 11 e 14 de abril, e observou o fenômeno antifurto em unidades das redes Carrefour, Extra e Pão de Açúcar.
O Mini Extra do largo do Arouche e uma unidade do Carrefour Express no bairro da Saúde guardavam embalagens de café popular atrás de grades na prateleira —mas não as marcas mais caras ou as versões de cápsula. Os funcionários de ambas as lojas disseram que medida era para evitar furtos.
“Só hoje de manhã, duas pessoas já tentaram furtar os sacos de café. É muito constrangedor, porque a gente precisa parar e abordar os clientes”, disse um funcionário.
A rede Carrefour informou que a prática é comum para produtos de alto valor, e que o café se encaixaria nesta categoria. “É uma regra do varejo, nós só seguimos o mercado”, diz.
O Grupo Pão de Açúcar, dono das redes de supermercados Pão de Açúcar, Extra e Assaí Atacadista, não respondeu à Folha até a publicação desta reportagem.
A mais recente pesquisa Datafolha mostrou que quase metade dos brasileiros reduziram o consumo do café devido à inflação. Produto teve alta de 8,14% nos preços de fevereiro a março e de 77,78% no acumulado de 12 meses, segundo o IBGE.
Um promotor de merchandising da marca Pilão disse à Folha que, em uma das unidades do Extra no Grajaú, foram roubadas 300 unidades de café da marca, e que por isso o supermercado adotou os lacres antifurto.
“Uma época, não estavam nem abastecendo alguns supermercados, porque quanto mais abasteciam, mais roubavam. Pilão é mais fácil de roubar porque não é a vácuo e faz menos volume, é mais fininho, mais fácil de esconder.”
A JDE Peet’s, empresa dona das marcas de café Pilão, Caboclo, Damasco, Café Pelé e Café do Ponto, diz que as decisões relacionadas à exposição e comercialização dos produtos em loja são de responsabilidade exclusiva dos varejistas, e que não tem acesso a qualquer informação relativa aos índices de roubo nas redes varejistas.
Outros itens também têm sido alvos de proteção. Em duas unidades do Pão de Açúcar na zona sul, bacalhau, picanha, azeite e bebidas alcoólicas estavam com lacres. Um Mini Extra da região vendia azeites e bebidas em locais fechados perto dos caixas. Já em redes como Dia, Hirota Food e Oxxo, nenhuma proteção foi observada.
“Tem que lacrar mesmo, porque tem muito furto e está muito caro. Não é porque o mercado é mais elitizado, é em qualquer mercado que está caro”, diz o empresário Giovani Ribeiro, 32, que comprava picanha lacrada na unidade da Chácara Klabin. “Café está valendo mais que ouro agora.”
Em uma unidade do Pão de Açúcar em Perdizes, na zona oeste, o café não estava com lacre, mas uma funcionária relatou que a loja vinha enfrentando furtos do produto. “Comprei três pacotes de café e já foi o valor todo da minha compra”, comentou uma consumidora para um repositor. No caso do azeite, apenas as marcas em promoção —posicionadas próximos aos caixas— estavam expostas sem proteção.
Folha de SP