
Parlamentares da direita e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estão indo às ruas neste domingo (3) para pedir o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Essa é a primeira vez que os organizadores vão pulverizar os atos em todo o país com a convocação de atos em ao menos 37 cidades (veja a lista abaixo).
Os atos já começaram nesta manhã em ao menos duas capitais: Brasília, Belo Horizonte (MG) e Goiânia (GO). Na capital de São Paulo a manifestação deve ocorrer somente a tarde, mas por volta das 11h já havia mobilização de pessoas vestidas de verde e amarelo. Já havia também cartazes com os rostos do senador Rodrigo Pacheco e do presidente da Câmara Hugo Motta e a frase "Inimigos da Nação", além de pedidos por anistia.
Na capital federal, manifestantes vestidos de verde e amarelo gritavam as palavras de ordem "fora Lula, fora Moraes", enquanto parlamentares de direita, como as deputadas federais Bia Kicis (PL-DF) e Caroline De Toni (PL-SC) e o deputado distrital Thiago Monzani, discursavam.
Em seu discurso, a deputada Bia Kicis criticou o projeto de lei apresentado pelo líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ) que visa punir o "crime de traição nacional" com pena de 20 a 40 anos de prisão. "Vamos falar para eles quem são os traidores da Pátria! Aqueles partidos que recebem dinheiro de fora, de narcotraficantes, aqueles que querem entregar o Brasil pra China, que criaram o Foro de São Paulo. Aqueles que receberam ajuda da Usaid para interferir nas eleições de 2022 e calar a voz dos conservadores e atrapalhar a eleição do Bolsonaro. Esses são os traidores da Pátria. Se vier uma lei de traidores, quem vai em 'cana' são eles", disse a deputada. O discurso foi seguido por gritos de "Fora Lula" e "Fora Moraes".
À Gazeta do Povo, Caroline De Toni disse que com os atos o Brasil está mostrando mais uma vez o que anseia. "Anistia já, fora Lula e fora Moraes", listou a deputada catarinense.
Em Belo Horizonte, manifestantes concentrados na Praça da Liberdade entoavam um coro de "obrigado Eduardo Bolsonaro", em referência à articulação feita pelo deputado licenciado junto ao governo de Donald Trump para a aplicação de sanções contra Moraes. Também houve gritos em favor da anistia aos presos do 8 de janeiro de 2023. E breve, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) deve discursar no ato. Eduardo Bolsonaro (PL-SP) deve fazer uma participação remota.
No interior do país também há mobilização. Em, Chapecó, cidade do Oeste de Santa Catarina, por exemplo, uma carreta já ocorreu.
Segundo o pastor Silas Malafaia, um dos organizadores, a ideia é "marcar posição" contra os abusos nas decisões do ministro Alexandre de Moraes. A expectativa da oposição é de que as sanções impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o magistrado do STF nesta semana ampliem a mobilização dos apoiadores de Bolsonaro. Moraes foi incluído na lista de pessoas sancionadas pela Lei Magnitsky. A legislação impede o ministro do Supremo de entrar nos Estados Unidos, além de vetar transações financeiras no país e com empresas americanas.
“A convocação para a manifestação é para todas as cidades. Pode ser uma caminhada, uma carreata, uma motociata, ir até a praça da cidade – o importante é sair às ruas de verde e amarelo. É esse o chamado que estamos fazendo para todas as cidades brasileiras, diferente das manifestações anteriores, que foram concentradas no Rio ou em São Paulo", disse Malafaia.
O ex-presidente Bolsonaro não vai comparecer aos atos, pois está impedido de deixar sua residência em Brasília aos finais de semana por conta das medidas restritivas impostas por Moraes. Apesar disso, políticos aliados de Bolsonaro se organizam para representá-lo em diversas regiões do país.
Em São Paulo, onde é esperada a maior concentração de público, o evento será liderado por Malafaia e pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), a partir das 14h. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) não deve comparecer porque vai passar por um procedimento médico.
"Nosso foco é defender a liberdade, [protestar] contra os absurdos de Alexandre de Moraes, apoiado pela 'Suprema Corte de Censura'”, completou Malafaia.
Nikolas Ferreira defende que o momento é o mais oportuno para a mobilização. O deputado protocolou na última quarta-feira (30) um novo pedido de impeachment contra Moraes.
“Não se trata mais de denúncia isolada. O mundo está assistindo. E agora, oficialmente, uma das maiores democracias do planeta reconhece que há no Brasil um magistrado que viola direitos fundamentais, persegue opositores e destrói as bases do Estado de Direito", defendeu o deputado.
Os organizadores também prometem defender a pauta do impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O tema será levantado ainda que, nos bastidores da oposição, a opção seja vista como pouco provável, pois não haveria tempo suficiente para concluir o processo até o fim do mandato presidencial.
Aliados de Bolsonaro se organizam para representá-lo pelo país
Além de Nikolas Ferreira, outros aliados de Bolsonaro se organizaram para estarem presentes em diversas regiões do país ao longo deste domingo. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro vai estar em Belém para reforçar os atos na região Norte, enquanto o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) participará do ato no Rio de Janeiro.
“Eu não estou preocupado com número [de manifestantes], não. Nós estamos preocupados em marcar posição, estar em tudo quanto é cidade”, afirma Malafaia.
Outros parlamentares do PL pretendem se concentrar nos atos de seus redutos eleitorais. O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), por exemplo, estará em Goiânia; o deputado Luciano Zucco (PL-RS), em Porto Alegre; o senador Magno Malta (PL-ES) reforçará os atos em Vitória (ES); e o senador Rogério Marinho (PL-RN) vai participar do ato em Natal (RN).
"Basta de autoritarismo, de censura, basta de arbitrariedade. Nós queremos justiça. Vamos estar juntos, mostrando a nossa indignação com o que está acontecendo no Brasil. Nós queremos justiça, e a justiça começa pela anistia”, declarou Rogério Marinho.
Apesar de o foco ser o pedido de impeachment contra Moraes, os apoiadores de Bolsonaro também vão focar na defesa do projeto da anistia aos presos do 8 de janeiro. A oposição já indicou que a proposta volta como prioridade da articulação política do Congresso, a partir do dia 4 de agosto, com a retomada dos trabalhos no Legislativo.
“Quando retornar o trabalho legislativo, nós temos como pauta nosso item número 1: não abriremos mão, na Câmara nem no Senado, de pautarmos anistia dos presos políticos do 8 de janeiro”, declarou o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ).
Aliado do PL, o Partido Novo também participa da organização dos atos e defende que, além de Moraes, os manifestantes irão pedir o impeachment do presidente Lula. "Está cada dia mais claro: o STF se tornou uma corte política, aliada ao governo Lula. O próprio presidente petista já afirmou que só governa por conta do apoio do Supremo. Com o suporte do Poder Executivo, o STF tem rasgado a constituição e cometido seguidos abusos de poder. Precisamos agir enquanto é tempo", informou o partido em nota.
Veja abaixo a lista de cidades com atos convocadas pela oposição
Espírito Santo
Vila Velha: às 12h, no Posto Moby Dick;
Minas Gerais
– Belo Horizonte: às 10h, na Praça da Liberdade;
Rio de Janeiro
- Rio de Janeiro-RJ: às 10h, na Praia de Copacabana;
- Cabo Frio: às 10h, na Praia do Forte;
São Paulo
- São Paulo: às 14h, na Avenida Paulista;
- Bauru: às 10h, na Avenida Getúlio Vargas, Quadra 19, em frente à Copaíba;
- Campinas: às 9h, na Praça do Largo do Rosário;
- São José dos Campos: às 10h, no Parque Vicentina Aranha;
- Bariri: às 10h, no Trevo do Portal Mário Fava;
Paraná
- Curitiba: às 14h, na Boca Maldita;
- Cascavel: às 15h, em frente à Praça da Bíblia;
Rio Grande do Sul
- Porto Alegre: às 15h, na Avenida Goethe (Parcão);
- Santa Cruz do Sul: às 15h, na Praça da Bandeira;
Santa Catarina
- Florianópolis: às 16h, no trapiche da Beira Mar;
- Criciúma: às 10h, no circo ao lado da UNISUL;
- Itapema: às 9h30, no Trevo das Peixarias (Canto da Praia);
- Joinville: às 16h, na Praça da Bandeira;
Distrito Federal
– Brasília: às 10h, em frente ao Banco Central;
Goiás
Goiânia: às 10h, na Praça Almirante Tamandaré;
Mato Grosso
– Cuiabá: às 16h, na Praça do Choppão;
Mato Grosso do Sul
Campo Grande: às 10h, na Praça do Rádio;
Alagoas
– Maceió: às 9h, no Corredor Vera Arruda;
Bahia
– Salvador: às 9h, no Farol da Barra;
Ceará
– Fortaleza: às 15h, na Praça Portugal;
Maranhão
– São Luís: às 9h, na Praça do Foguete (Lagoa da Jansen);
Paraíba
– João Pessoa: às 14h, no Busto de Tamandaré;
Pernambuco
– Recife: às 14h, na Avenida Boa Viagem (em frente à Padaria Boa Viagem);
Piauí
– Teresina: às 16h, na Avenida Raul Lopes (Ponte Estaiada);
Rio Grande do Norte
– Natal: às 14h, em frente ao Shopping Midway;
Sergipe
– Aracaju: às 14h, no Arcos da Orla;
Acre
– Rio Branco: às 8h, no Palácio Rio Branco;
Amazonas
- Manaus: às 16h, na Ponta Negra;
- Apuí: às 10h – local a definir;
Pará
- Belém: às 8h, na sede do Novo – Assis de Vasconcelos (esquina com a 28 de setembro);
- Santarém: às 16h30, na Avenida Dr. Anísio Chaves (Praça da Bíblia);
Roraima
– Boa Vista: às 17h, na Praça do Centro Cívico;
Tocantins
– Palmas: às 16h, na Praça dos Girassóis.