Fim da aprovação automática nas escolas: projeto de lei divide opiniões

A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou em julho um projeto que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) para proibir a aprovação automática de alunos dos ensinos fundamental e médio que não conseguirem a nota necessária para passar de ano.

Caso vire lei, as escolas serão proibidas de adotar o chamado regime de progressão continuada, modelo que organiza o ensino em ciclos, geralmente de dois a três anos, em vez de séries anuais. O projeto (PL 5.136/19), que é do deputado Bibo Nunes (PL-RS), prevê exceções para a educação infantil e situações relacionadas à saúde do estudante.

O colegiado se dividiu ao aprovar o substitutivo do relator, deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), no dia 16 de julho. Com 17 votos favoráveis e 17 contrários ao parecer, o relator deu o voto de desempate. O projeto será analisado em caráter conclusivo pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Após a aprovação do texto, Nikolas argumentou que a promoção automática “leva a uma progressão de alunos sem a devida compreensão dos conteúdos, resultando em deficiências acumuladas ao longo dos anos”. Esse modelo, na visão do parlamentar, também desmotiva professores por verem seus alunos “progredindo sem ter alcançado os objetivos mínimos de aprendizagem”.

Aprovação automática dá a falsa impressão de melhora na educação, dizem especialistas

Francisco Garcia, pedagogo especialista em políticas públicas, considera que o Brasil vive uma falsa sensação de progresso educacional. Ele aponta que, nos últimos 20 anos, o aumento nas taxas de aprovação inflou artificialmente o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), dando a impressão de avanço, enquanto os resultados reais de aprendizagem quase não mudaram.

As notas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) – que mede efetivamente o desempenho dos alunos em português e matemática – "permaneceram relativamente estagnadas", destaca. "É quase como uma ‘inflação educacional’, onde os índices aparentemente positivos mascaram uma possível baixa qualidade do ensino", explica o pedagogo.

Para ele, a resistência ao projeto que altera a LDB parte de uma falsa dicotomia, porque o combate à progressão automática "complementa outras ações fundamentais", como a formação continuada de professores, a garantia de material didático de qualidade, o desenvolvimento de currículos baseados em evidências científicas e a implementação de sistemas robustos de avaliação formativa e somativa. "Estas são batalhas que se reforçam mutuamente, não que se anulam", reforça.

De acordo com a especialista em educação Anamaria Camargo, países de excelência educacional não têm altas taxas de reprovação porque têm um suporte preparado para acolher estudantes com problemas na aprendizagem. Outro ponto importante, segundo Camargo, é que as crianças chegam aos 7 ou 8 anos já alfabetizadas.

Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostram que as taxas médias nacionais de reprovação em 2023 eram de 2,5% nos anos iniciais do ensino fundamental; 4,8% nos anos finais do ensino fundamental; e 5,3% no ensino médio. O Anuário Brasileiro da Educação Básica 2024 aponta que, em 2023, só 55,9% dos alunos do 2º ano do ensino fundamental estavam alfabetizados.

Já o nível de aprendizagem adequada em Português e Matemática em 2021, segundo o Anuário chegou a: 31,2% nos anos iniciais do Ensino Fundamental; 12,3% em anos finais do Ensino Fundamental; e 3,2% no Ensino Médio.

"Um dos principais problemas da aprovação automática é que se perde a noção de que esses estudantes não estão aprendendo", destaca Camargo. O levantamento do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) de 2024 mostra que 17% dos estudantes que concluem o Ensino Médio são analfabetos funcionais.

Veja abaixo o índice de alfabetização do Inaf


Garcia acredita que, enquanto a política de progressão automática estiver em vigor, o ensino no Brasil continuará entre os piores do mundo em avaliações internacionais, como o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), o PIRLS (Estudo Internacional de Progresso em Leitura) e o TIMSS (Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências).

"No PISA 2022, as médias brasileiras não apresentaram alterações significativas em relação a 2018, mantendo o país significativamente inferior à média dos países da OCDE. Em 2021, o Brasil ocupava a pior avaliação entre todas as nações analisadas no ranking de competitividade educacional", destaca.

Mudança pode motivar professores

Anamaria Camargo afirma que o impacto positivo do projeto pode ser justamente na conduta do professor frente aos alunos. “O professor não tem mais o poder de confrontar o estudante. O aluno diz para ele: ‘Eu não preciso estudar, não preciso te respeitar, não preciso fazer nada, porque sei que vou passar’. Talvez, nesse aspecto, consiga-se melhorar, e o professor pode ter algum argumento com o estudante para que ele, de fato, preste atenção, pare de conversar e esteja presente tentando aprender, porque há um risco de ele ser reprovado", diz.

O objetivo do projeto, segundo ela, é dar transparência à real situação de crianças e adolescentes que são promovidos de série automaticamente, mas chegam analfabetos funcionais ao final do ciclo. Para a especialista, a proposta abre a possibilidade de que o município ou o estado, caso tenham interesse, ofereçam atendimento ao aluno que enfrenta dificuldades. "Não é que o fim da aprovação automática vá melhorar a educação. Não vai. Apenas vai tornar mais claros esses problemas", afirma.

Na mesma linha, Francisco Garcia diz que "em um mundo ideal" pode haver foco na aprendizagem e pouca evasão escolar, com professores que "reconhecem e trabalham de forma personalizada e de acordo com os ritmos de cada um", mas a realidade é bem diferente. A progressão automática, para ele, "tende a gerar mais desmotivação, desvalorizando o esforço dos estudantes, além das evidentes dificuldades em atender com suporte pedagógico aos alunos em recuperação acadêmica".

Projeto de lei é "grito de socorro", diz especialista

Garcia vê o projeto de lei como “um grito de socorro” diante da situação do ensino no Brasil. “Sabemos que há uma diversidade de variáveis intra e extraescolares relacionadas ao baixo desempenho dos estudantes, com destaque para o nível socioeconômico. Todos nós somos a favor de uma educação melhor, mas esse Projeto de Lei me parece representar mais um grito de socorro. E desde a promulgação da LDB a permissão da progressão automática não pareceu melhorar as condições de aprendizagem desses estudantes”, completa.

Ilona Becskeházy, doutora em Política Educacional pela PUC-RJ e ex-secretária de Educação Básica do MEC, considera que a proposta torna o texto da lei mais claro para organizar a progressão por série e não por ciclos. “Não vamos conseguir fazer um aprimoramento do que se espera que os alunos aprendam por lei. Isso tem que ser um processo de transformação de expectativa no Brasil”, pondera.

“O segredo está na avaliação, porque como a gente não tem um currículo nacional – a base nacional comum curricular não é uma normativa séria, é extremamente mal feita –, basta deixar os critérios de aprovação mais soltos, mais medíocres, e o aluno passa de ano”, lamenta a ex-secretária.

Projeto de aprovação automática é remédio errado para problema real, dizem outros especialistas

O educador João Batista Oliveira, fundador do Instituto Alfa e Beto (IAB), é crítico da proposta. Para ele, o projeto “ataca o problema errado”, pois a promoção automática é apenas “parte de um sistema que não funciona”, e o desafio a ser enfrentado é a “falência total do ensino”.

“Eu sei que é frustrante, porque o instrumento que o deputado tem é a lei, mas nem sempre é o instrumento adequado para lidar com o problema”, diz. “Além do retrocesso institucional, [o projeto] unifica algo que não é testado", acrescenta.

Oliveira vê no projeto um equívoco similar ao que o MEC comete quando faz "grandes programas nacionais com ideias equivocadas". Para ele, a proposta faz mais mal do que bem, atingindo, sobretudo, o aluno mais pobre e desprotegido.

Claudia Costin, fundadora e diretora do Centro de Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e cofundadora do movimento Todos pela Educação, considera que o aluno reprovado tende a não aprender mais. "O que o projeto de lei quer fazer é dar o remédio errado para um problema que de fato existe: que os alunos estão avançando de série sem aprender”, diz ela.

"Não vai ser reprovando todos os que mereceriam ser reprovados que vamos resolver o problema. Nós vamos aumentar a evasão escolar. O que nós temos que fazer é recuperação de aprendizagem bem feita", defende.

A especialista afirma ainda que a prioridade deve ser enfrentar as "enormes desigualdades educacionais" no país, fortalecendo a alfabetização e oferecendo melhores condições de trabalho aos professores. Costin ressalta que o aluno precisa ter a chance real de aprender e lembra que, em países com bons sistemas educacionais, a reprovação é rara.

"Muitos professores querem uma reprovação mais forte e até partem de um pressuposto que é correto, mas que não resulta no que eles imaginam, de que a reprovação poderia incentivar uma ética de esforço. Infelizmente, em nenhum país, inclusive no Brasil, a reprovação resultou em maior aprendizagem do aluno. Há uma correlação muito forte entre reprovação e abandono escolar, especialmente, no Fundamental II e no Médio", afirma.

Ela cita como exemplo positivo a iniciativa “Teaching at the Right Level” (Ensinando no Nível Certo), que ganhou destaque após a pandemia da Covid-19 como alternativa para fortalecer o ensino de Matemática e Língua Portuguesa antes que as crianças deixem o Ensino Fundamental. Nessa abordagem, os alunos são agrupados conforme seu nível de aprendizado, e não pela idade ou série, permitindo que os professores desenvolvam habilidades fundamentais de forma mais eficaz.

“Tem um efeito muito forte, porque uma parte importante dos problemas de aprendizagem existe – e o projeto de lei parte deste problema – porque o aluno não foi bem alfabetizado. Entre outros motivos, porque o Brasil insiste em alfabetizar por uma abordagem que não funciona, no que passou a ser chamado de construtivismo, que é muito poético, muito bonito, mas não funciona”, afirma.

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STF: guardião da Constituição ou arena política?


A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 2º, consagrou um princípio vital para qualquer democracia: os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário devem ser independentes e harmônicos entre si. Esse desenho institucional existe para garantir que nenhum poder concentre força suficiente para subjugar os outros, preservando o equilíbrio da República.

No papel, o arranjo parece perfeito. Mas, na vida real, o que vemos é bem diferente. O Brasil vive hoje uma distorção perigosa desse equilíbrio, na qual o Judiciário, em diversos momentos, extrapola seu papel constitucional e assume contornos de ator político.

O caso envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro é apenas a face mais visível desse problema. Não se trata aqui de defendê-lo ou atacá-lo, nem de julgar o mérito de suas decisões políticas.

A questão vai muito além da figura dele: trata-se de refletir sobre como a Justiça brasileira, especialmente no seu topo, vem sendo utilizada, e de fazer a pergunta que incomoda: o Judiciário é realmente independente quando os ministros da mais alta corte do país, o Supremo Tribunal Federal, são indicados pelo chefe do Executivo que, um dia, poderá ser alvo de suas decisões?

Esse modelo, por si só, já nasce comprometido. Espera-se que os ministros do STF atuem com absoluta imparcialidade, sem qualquer influência política, mas sua nomeação depende da escolha presidencial e da chancela de um Senado igualmente político. É ingenuidade acreditar que esse processo seja imune a alianças, simpatias ideológicas e compromissos tácitos.

A independência já se fragiliza na origem, quando a porta de entrada é aberta pela conveniência política. E é ilusão pensar que essas conexões ficam do lado de fora do tribunal.

Nos últimos anos, essa fragilidade se tornou mais evidente. O STF, guardião da Constituição e árbitro imparcial, deveria limitar-se à interpretação da lei e ao julgamento de casos dentro de sua competência. Contudo, assumiu protagonismo político inédito, acumulando decisões monocráticas de enorme impacto nacional, abrindo inquéritos de ofício e conduzindo investigações atípicas.

No caso de Bolsonaro, medidas cautelares amplas e de alcance extraordinário reforçam a percepção de seletividade. E, quando a exceção se repete tantas vezes, ela deixa de ser exceção e se transforma em regra.

E é aqui que a reflexão se impõe: o que hoje se aplica a um ex-presidente polêmico pode, amanhã, atingir qualquer cidadão. Pode-se voltar contra um jornalista incômodo, um empresário que confronte interesses poderosos, um parlamentar que vote “errado” aos olhos de quem controla a caneta.

Essa é a essência do autoritarismo institucional: quando instrumentos legais, criados para proteger a sociedade, passam a servir a interesses políticos.

É assim que a liberdade morre, não de um golpe abrupto, mas pouco a pouco, normalizando o abuso travestido de legalidade

Não há democracia quando o árbitro abandona o papel de julgar para entrar em campo como jogador. Não há justiça quando um poder se coloca acima dos outros. E não há independência real quando a mais alta corte do Judiciário é formada a partir de critérios essencialmente políticos.

É urgente repensar o modelo de nomeação dos ministros, estabelecer mecanismos claros para conter abusos e devolver ao Judiciário o papel que a própria Constituição lhe atribuiu: interpretar a lei, não governar por ela.

Sem essa reforma, a independência dos poderes continuará sendo uma ficção constitucional — bela no texto, frágil na vida real. A democracia não se sustenta apenas no voto, mas no equilíbrio verdadeiro entre os poderes. E esse equilíbrio só existe quando a lei é maior que qualquer ministro, presidente ou partido.

Hoje é Jair Bolsonaro. Amanhã, pode ser qualquer um de nós. Defender a independência dos poderes não é defender um político. É defender a liberdade, a justiça e a própria democracia.


Mariana Friend  - Gazeta do Povo

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Maioria das apostas no Brasil é de até R$ 20 por apostadores de 25 a 49 anos

Quase metade das apostas esportivas (47%) são de até R$ 20, enquanto transações entre R$ 100 e R$ 1.000 equivalem a 11% do volume e concentram mais de 42% do valor movimentado.

Já as operações em bets acima de R$ 1.000 respondem por somente 0,5% do total, representando quase 19% do montante aplicado

O levantamento inédito é da fintech Paag, com base nas transações processadas pela empresa no segundo trimestre de 2025, uma fatia de 30% do mercado.

Segundo o estudo, São Paulo segue como o maior mercado do país, com 23,5% do volume e 23% do valor transacionado.

Bahia e Sergipe apresentam a maior taxa per capita de transações, com mais de 19 mil apostas por 100 mil habitantes.

Em relação à faixa etária, apostadores entre 25 e 34 anos (30%) e 35 a 49 anos (39%) concentram 69% do volume total de apostas e 70% da quantia movimentada. Já o público entre 65 e 79 anos representa apenas 0,7% das operações.

Lauro Jardim – O Globo

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Nordeste lidera ranking de pontos de exploração sexual infantil, aponta levantamento

Dados atualizados do Projeto Mapear mostram que o número de pontos de exploração sexual infantil no país teve um aumento de 83% no biênio 2023-2024, com 17.687 locais, ante 9.653 no biênio 2021-2022. O Nordeste segue no topo do ranking nacional, com 6.532 pontos, seguido pela região Sudeste, com 5.041.

Realizado em parceria entre a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a fundação Childhood Brasil, o Mapear identifica locais vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias federais do país.

Para Bruna Bacelar, coordenadora-geral de Direitos Humanos da PRF, o aumento de pontos mapeados tem um lado positivo. “Quanto maior o número, significa que a PRF passou por ali. A expectativa é que esse número aumente a cada biênio”, afirma.

Os pontos são cadastrados pelos agentes da PRF por meio de um aplicativo com questões objetivas que caracterizam o local. A partir das respostas, o sistema classifica o lugar como crítico, de alto risco, médio risco ou baixo risco.

A classificação avalia características do estabelecimento como iluminação, fluxo de pessoas, se há venda de bebidas alcoólicas e outros itens. Entre os principais locais identificados estão postos de combustíveis (1.792), pontos de alimentação (1.344) e bares (1.230).

Total de pontos de exploração sexual (2023-2024)

  • Brasil: 17.687
  • Nordeste: 6.532
  • Sudeste: 5.041
  • Sul: 2.474
  • Centro-Oeste: 2.210
  • Norte: 1.430

Apesar do aumento de lugares mapeados (no levantamento anterior foram 3.107), o Nordeste viu cair o percentual de locais classificados como críticos ou de alto risco, justamente os que mais requerem a atenção da PRF, como explica Eva Cristina Dengler, superintendente de programas e relações empresariais da Childhood Brasil.

O número de locais críticos da região no levantamento anterior (176) representava 5,7% do total; agora, os 249 locais constituem 3,8%, abaixo da média nacional, de 4,6% —o Sudeste é o campeão em número absoluto, com 258 pontos críticos (5,1%).

Entre os lugares de alto risco, o Nordeste tem agora 759 pontos, ou 11,6% —no relatório anterior, eram 517 pontos, que representavam 16,6%. Novamente, a região Sudeste, com 765 locais notificados (15,2%), está numericamente à frente.

“Os pontos identificados como críticos e de alto risco passam a ser alvo de ações integradas de fiscalização, educação e, quando necessário, repressão. Nosso objetivo também é chegar a esses locais antes que os crimes aconteçam”, destaca Eva.

Segundo ela, o Projeto Mapear não apenas identifica os pontos vulneráveis, como compartilha os dados com as redes municipais, permitindo o planejamento de ações preventivas.

Para Eva, o aumento no número de pontos no Nordeste pode ser explicado pela extensa malha viária federal e litorânea que corta a região.

Além disso, muitas dessas estradas atravessam zonas turísticas e regiões economicamente estratégicas, observa João Mário de França, professor do Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Ceará (Caen/UFC).

Ele destaca que a movimentação nesses trechos contribui para o surgimento de pequenos bares, pousadas e outros estabelecimentos que, em contextos de pouca fiscalização, se tornam ambientes vulneráveis. “Mesmo quando não há fatores de risco evidentes, esses pontos precisam ser monitorados.”

Ao contrário dos outros estados do Nordeste, Ceará (15%), Paraíba (8%) e Maranhão (6%) despontam com médias de pontos críticos acima da nacional. Nestes estados, o perfil das vítimas se repete: meninas, menores de idade e em vulnerabilidade social, com baixa escolaridade, vindas de periferias e áreas rurais em busca de condições melhores de vida.

Para a psicóloga Andréa Cordeiro, especializada nos direitos das crianças e adolescentes, um caminho para a melhora dos índices passa por ações em escolas municipais e estaduais. “Muitas escolas do Nordeste ainda não desenvolveram protocolos claros para identificar e reportar abusos e violência sexual”, diz.

Há também campanhas para conscientizar a população, como o Maio Laranja. A psicóloga relata que é comum que, no mês de campanha, o volume de denúncias aumente, mas apenas uma pequena parcela dos municípios continua a realizar ações de prevenção ao longo do ano.

  • Disque 191: responsável por fiscalizar as rodovias federais e receber denúncias de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes nas BRs. Ligação gratuita para todo o país
  • Disque 100: Número da Secretaria de Direitos Humanos que recebe denúncias e encaminha para os órgãos competentes de cada município. Ligação gratuita e anônima
  • Aplicativo Direitos Humanos BR: Plataforma digital do Disque 100 para receber denúncias e pedidos de informações sobre direitos humanos e família. Gratuito e disponível para Android e IOS

Folhapress

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Zelenski admite que pode ceder território para a Rússia pela primeira vez

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, afirmou neste domingo (17) que as negociações com a Rússia para o fim da guerra podem ter como base a linha de frente atual do conflito, a primeira vez que o líder ucraniano admite colocar na mesa parte de seu território.

“Precisamos de negociações reais, o que significa que podemos começar por onde está a linha de frente agora”, disse ele, após encontro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Bruxelas.

O líder ucraniano viajou à sede da União Europeia na tentativa de mobilizar apoio de aliados europeus, todos apartados da cúpula entre Donald Trump e Vladimir Putin na sexta-feira (15). Zeleski, Von der Leyen e outros líderes do continente viajam a Washington nesta segunda-feira (18) para se reunir com o americano.

A cúpula entre Putin e Trump terminou sem um improvável cessar-fogo, que havia sido colocado como condição por Trump para que Moscou não sofresse “consequências severas”. O republicano, no entanto, saiu do encontro emulando os termos do Kremlin para o fim do conflito, defendendo um acordo de paz permanente em vez de um cessar-fogo, algo que favorece a posição russa.

Trump também fala agora em troca de território para finalizar um pacto, termo que agrada ao Kremlin. Putin tem pouco mais de 400 km² sob seu controle em Sumi e Kharkiv, áreas que não fazem parte das quatro regiões que anexou ilegalmente e que reivindica —são elas Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Kherson, além da Crimeia ocupada desde 2014 que já vê como sua e pouco é considerada em discussões sérias sobre o fim do conflito.

Cerca de 6.600 km² de Donetsk ainda estão sob controle ucraniano, embora tropas russas tenham ganhado terreno recentemente próximo a cidades relevantes no local, ameaçando as defesas de Kiev. A troca, portanto, pode se referir à entrega da totalidade de Donetsk aos russos pelo retorno da pequena área de Sumi e Kharkiv. Lugansk já está toda sob controle de Moscou, que pode aceitar recortar Zaporíjia e Kherson e congelar o território no desenho atual da linha de frente.

Neste domingo, apesar do recuo em sua posição até aqui intransigente quanto a ceder territórios, Zelenski reiterou que busca uma pausa no conflito antes de negociar um acordo permanente.

Os péssimos sinais vindos do encontro Putin-Trump para Kiev, apartado na prática da discussão sobre o fim da guerra, é também deplorado por europeus, temerosos das aspirações de Putin para o resto do continente. A reação à cúpula, porém, foi cautelosa e em tom propositivo, com os principais líderes buscando caminhos que contemplassem a nova realidade.

Von der Leyen, por exemplo, já havia se pronunciado antes de receber o ucraniano, afirmando que “garantias de segurança sólidas que protejam os interesses vitais de segurança da Ucrânia e da Europa são essenciais” e, por isso, que está trabalhando em “estreita colaboração com Zelenski e os EUA”.

Neste domingo em Bruxelas, a presidente da Comissão Europeia afirmou que a Europa continuará “a apoiar o caminho da Ucrânia em relação à adesão à União Europeia”, adicionando que não poderia haver limitações às Forças Armadas de Kiev em eventual acordo de paz. Não falou em adesão à Otan, a aliança militar ocidental.

Um dos pontos em discussão seria implementar garantias de segurança à Ucrânia, semelhante ao que prevê o artigo 5 da carta fundadora da aliança, mas sem incluir Kiev no grupo, algo que é inadmissível para Putin.

A ideia da garantia alternativa foi ventilada pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, no sábado (16). Neste domingo, o enviado especial americano, Steve Witkoff, afirmou em entrevista à rede americana CNN que Putin concordou com a ideia do oferecimento de garantias de segurança dos EUA e da Europa nos moldes do artigo 5 da Otan a Kiev, sem a admissão dos ucranianos ao grupo.

O presidente ucraniano se reunirá com Trump nesta segunda (18), em Washington. A reunião foi agendada depois que o americano fez uma ligação com Zelenski para reportar sobre a cúpula com Putin. Na esteira do anúncio da reunião, outros líderes europeus também confirmaram presença na capital americana.

Folhapress

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Concurso 2.902 da Mega-Sena acumula e prêmio vai a R$ 65 milhões

O sorteio do Concurso 2.902 da Mega-Sena foi realizado na noite desse sábado (16), em São Paulo, e não registrou nenhuma aposta vencedora. O prêmio acumulado para o próximo sorteio está estimado em R$ 65 milhões. 

As seis dezenas sorteadas foram: 08-21-22-42-45-48.

Foram registrados 70 acertos de cinco dezenas. Nesse caso, os donos das apostas ganhadoras levam R$ 40.125,94 para casa. Outras 4.919 apostas tiveram quatro acertos, com prêmio de R$ 941,23. 

O próximo sorteio ocorre na terça-feira (19). 

As apostas podem ser feitas nas lotéricas, no site ou no aplicativo Loterias Caixa, disponível para celulares iOS e Android. Pelos canais online, o pagamento pode ser feito via Pix, cartão de crédito ou débito em conta para clientes Caixa. As apostas podem ser feitas até as 19h do dia do sorteio.

Um jogo simples de seis dezenas custa R$ 6,00. Nesse caso, a probabilidade de ganhar informada pela Caixa é de 1 em 50.063.860. É possível pagar mais para apostar mais números num mesmo jogo. O limite máximo são 20 dezenas, no valor de R$ 232.560,00 cada aposta. Nesse caso, a probabilidade de ganhar é de 1 em 1.292. 


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Golpes digitais superam roubos como o delito mais comum no Brasil

Os golpes digitais superam os roubos como o delito mais comum no Brasil. Nos últimos 12 meses, mais de 30 milhões de brasileiros foram vítimas de crimes cibernéticos. Além disso, 46,4 milhões relataram ter recebido chamadas de falsas centrais bancárias, o que representa mais de 5,4 mil vítimas por hora, segundo pesquisa do Datafolha em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

A advogada Regina Melo foi vítima duas vezes seguidas. “Vários clientes chamando, eu fiquei nervosa, desequilibrada, não sabia o que fazer. Parecia que eles estavam atuando. Quando eu estava atendendo, outro cliente ligou e disse: cuidado, está rolando um golpe”, contou.

Os criminosos tiveram acesso a dados dos processos em que Regina atuava e entraram em contato com clientes. “Isso me deixou sem chão, nunca tinha passado por isso. Fui à delegacia e não conseguia nem explicar direito. E ainda ouvi que eu era responsável pelo meu sistema”, relatou.

Segundo especialistas, a combinação de impunidade, retorno financeiro elevado e a migração do crime físico para o mundo virtual impulsiona o crescimento dos golpes digitais. “Para o criminoso é mais seguro e o retorno é maior. Além disso, a criatividade do brasileiro colabora”, disse Emilio Simoni, especialista em segurança digital.

Falsas centrais

A pesquisa também aponta que os prejuízos chegam a R$ 24,2 bilhões por ano. As chamadas falsas centrais especializadas em aplicar golpes estão espalhadas por todo o país e operam como verdadeiros escritórios do crime, cada vez mais especializados.

As técnicas variam conforme o público. “Quando se trata de falsas centrais, o alvo costuma ser pessoas de meia-idade para cima. Já entre os mais jovens, o golpe mais comum envolve falsas vendas e falsos investimentos, algo mais rápido”, destacou o especialista.

A gerente de cozinha Krislley Santos só conseguiu reverter a situação com a ajuda do marido. “Eu mandei o link pra ele e ele falou: é golpe. Entrei em contato com o banco e tentei estornar, e deu certo.”

A orientação é clara: nunca fornecer dados pessoais por telefone, não acessar links de origem duvidosa e sempre confirmar com o banco a origem de ligações suspeitas. A melhor defesa continua sendo a informação e a prevenção.

SBT News

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Macron e outros líderes europeus vão acompanhar Zelenski na reunião com Trump

Emmanuel Macron, presidente da França; Friedrich Merz, chanceler da Alemanha; Mark Rutte, secretário-geral da OTAN; e Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, vão acompanhar o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, em seu encontro com o presidente Donald Trump, nesta segunda-feira, 18, na Casa Branca.

A decisão parece ser um esforço para evitar a repetição do encontro tenso que Zelenski enfrentou quando se reuniu com Trump no Salão Oval em fevereiro.

A presença dos líderes europeus ao lado de Zelenski, demonstrando o apoio da Europa à Ucrânia, pode ajudar a aliviar preocupações em Kiev e em outras capitais europeias de que o presidente ucraniano corra o risco de ser pressionado a aceitar um acordo de paz que Trump afirma querer intermediar com a Rússia.

Von der Leyen, chefe do braço executivo da União Europeia, publicou no X que “a pedido do presidente Zelenski, participarei da reunião com o presidente Trump e outros líderes europeus na Casa Branca amanhã”.

A viagem conjunta destacou a determinação dos líderes europeus em garantir que a Europa tenha voz na tentativa de Trump de promover a paz, após a cúpula realizada na sexta-feira entre o presidente dos EUA e o líder russo Vladimir Putin — da qual Zelenski não foi convidado a participar.

Estadão Conteúdo

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Jornalista Rudimar Ramon é ameaçado por filho de Prefeito de Canguaretama após denúncias

O jornalista Rudmar Ramon foi ameaçado de perseguição judicial para tentar intimidar e evitar as publicações feitas pelo jornalista.

As ameaças partiram do filho do Prefeito de Canguaretama, Luís Fernando, atual secretário de financas, filho do prefeito Leandro Varela, após as denúncias de ação de cassação das transferências PIX de caixa 2 na campanha e do jornalista ter divulgado o trator do PAC em terreno privado de forma irregular.

Conforme dito pelo jornalista, o profissional registrou um boletim de ocorrência contra as ameaças. O caso deverá ser investigado.

As denúncias

Conforme apurado por Rudimar Ramon, uma máquina do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), vinculada ao Governo Federal, foi utilizada pela gestão municipal de Canguaretama para abrir vias em área privada, sem o devido licenciamento ambiental.

Segundo denúncias, a ação teria sido solicitada por supostos invasores que tiveram seus pleitos “atendidos” pelo filho do Prefeito Leandro Varela, Luiz Fernando, que ocupa a titularidade da secretaria de Finanças, – O que a execução de serviços rurais tem a ver com os pagamentos de um município eu também não sei, mas lá estava o Secretário… – que chegou a ser visto por populares “fiscalizando o serviço” irregular em flagrante desrespeito a uma ordem judicial liminar que proíbe qualquer intervenção no local.

As denúncias já foram registradas junto aos órgãos ambientais competentes, além do MPF, que agora acompanham o caso. Até o momento, a Prefeitura de Canguaretama não se pronunciou oficialmente sobre o uso irregular do equipamento.

A outra notícia consiste em uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) movida contra o prefeito de Canguaretama, Leandro Varela, o vice-prefeito Erivan de Souza Lima e outras pessoas ligadas à gestão municipal. A acusação aponta a prática de abuso de poder econômico e arrecadação ilegal de recursos para a campanha eleitoral por meio de doações via Pix que não teriam sido declaradas à Justiça Eleitoral.

Segundo a denúncia, durante a campanha teriam sido promovidos eventos de grande porte, com trios elétricos, paredões de som, fornecimento de combustível e outras estruturas, sem que esses gastos fossem registrados oficialmente na prestação de contas. O documento apresentado à Justiça Eleitoral indicaria valores muito inferiores ao que, segundo a coligação, foi efetivamente gasto.

Ainda conforme a acusação, o dinheiro teria sido enviado por eleitores para a conta de uma suposta empresa de fachada, utilizando uma chave Pix ligada ao operador financeiro da campanha, que atualmente ocupa o cargo de secretário no município. A ação sustenta que houve tentativa de ocultar a origem dos recursos, com participação de pessoas próximas ao candidato, integrantes de sua equipe de campanha e hoje ocupantes de funções estratégicas na administração municipal.

A coligação Unidos pelo Trabalho pede à Justiça Eleitoral a cassação dos mandatos do prefeito e do vice, além da declaração de inelegibilidade de todos os envolvidos por um período de oito anos. Também foi solicitada, em caráter liminar (pedido de urgência), a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos acusados, bem como busca e apreensão de documentos e aparelhos eletrônicos, para comprovar a suposta prática de caixa dois, termo usado para designar movimentação de recursos sem registro oficial, e a ocultação de despesas de campanha.

O processo tramita na 11ª Zona Eleitoral do Rio Grande do Norte, responsável por analisar as provas e decidir sobre a procedência ou não das acusações.


Fonte: Portal da 98 FM

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Valdemar da Costa Neto projeta crescimento do PL em 2026 e diz que Bolsonaro receberá a liberdade

O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar da Costa Neto, esteve em Natal neste sábado (16) para participar do seminário da Região Metropolitana do projeto Rota 22, realizado na zona Sul da capital potiguar. Durante seu discurso, Valdemar projetou um crescimento expressivo da legenda nas eleições de 2026 e defendeu o ex-presidente Jair Bolsonaro, que atualmente cumpre prisão domiciliar.

Valdemar afirmou que o PL deve alcançar resultados históricos nas próximas eleições gerais. Segundo ele, a expectativa é conquistar maioria na Câmara dos Deputados, no Senado Federal e, também, a Presidência da República.

“Nós vamos fazer maioria na Câmara, vamos fazer maioria no Senado Federal, Rogério, e vamos fazer o Presidente da República. Não tenho dúvida disso, temos tudo para isso”, declarou, em referência ao senador potiguar Rogério Marinho (PL-RN), líder da legenda no Estado.

O dirigente destacou ainda a possibilidade de crescimento da bancada parlamentar durante a próxima janela partidária, prevista para março de 2026. Ele disse acreditar que deputados e senadores devem migrar para o PL, ampliando a força política da sigla.

Em sua fala, Valdemar também comentou a situação judicial de Jair Bolsonaro. Segundo ele, o ex-presidente, mesmo em prisão domiciliar, conta com respaldo internacional e permanece como referência para a legenda. “Essa história vai mudar. Porque hoje, nós temos o Presidente dos Estados Unidos que se manifesta todo dia a favor do Jair Bolsonaro. Não estamos só com o Senado Federal, difícil a situação, eles têm maioria, mas nós vamos fazer maioria na próxima eleição”, afirmou.

O presidente do PL ainda exaltou a atuação da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro à frente do PL Mulher, destacando a adesão feminina ao projeto político do partido. “Quando eu vejo aqui as mulheres que estão aqui e vejo a simpatia que vocês sentem pela Michele Bolsonaro, fico orgulhoso disso, de poder presidir o maior partido do Brasil”, disse.

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