O Brasil não aguenta mais o PT e não aguenta mais o Lula, diz Tarcísio


Para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), está na hora do Brasil “trocar o piloto” para avançar rumo à melhorias.

“O mundo está de portas abertas para o Brasil, o Brasil já fez grandes coisas, é só trocar o piloto porque o carro é bom pra caramba”, afirmou no evento AgroForum, promovido pelo BTG Pactual.

Durante um painel ao lado dos governadores Ronaldo Caiado (União), Ratinho Jr (PSD) e Eduardo Leite (PSD), Tarcísio criticou que o país esteja “há quarenta anos discutindo a mesma pessoa”, ao se referir ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“A gente está perdendo alguns bondes, o bonde da tecnologia energética, o bonde da bioeconomia, o bonde do conhecimento, o mundo está de portas abertas para o Brasil e a gente andando aqui numa ciranda e discutindo picuinha. O Brasil não aguenta mais o PT, o Brasil não aguenta mais o Lula”, disse Tarcísio, sob fortes aplausos da plateia.

Na mesma linha falou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que defendeu que o país “vire essa página para uma nova geração”.

“Vamos ter uma eleição no ano que vem que, se Lula for candidato, em dez eleições desde a redemocratização, em sete ele terá sido candidato, teria sido oito se pudesse ter concorrido naquela de 2018 e sabemos que nas outras duas que ele concorreu, virtualmente ele foi quem estava sustentando o projeto da candidata que venceu. O país precisa virar essa página para uma nova geração”, afirmou.

CNN Brasil

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Glória Perez diz que “cultura woke foi arrasadora para a dramaturgia. Censura muito pior que a do regime militar”

Glória Perez, uma das maiores autoras de novelas do Brasil, culpou a cultura woke pela crise nas produções brasileiras. Glória Perez fez duras críticas ao avanço da cultura woke no entretenimento. Em entrevista à Folha de São Paulo, ela afirmou que o politicamente correto vem sufocando a criatividade dos escritores, impondo uma censura “muito pior” que a do regime militar.

A cultura “woke” introduziu um cerceamento à imaginação. A opção de não desagradar, de não tocar em temas sensíveis, de transformar conflitos humanos em pautas, acabou por encerrar a dramaturgia numa espécie de fórmula, retirando dela a capacidade de provocar. A cultura “woke” foi arrasadora para a dramaturgia”, afirmou Glória em entrevista para a Folha de São Paulo.

A dramaturga também disse que a censura nos dias de hoje chega a ser pior do que o que acontecia durante o regime militar. Para ela, era difícil lidar com a censura oficial, no entanto, com as redes sociais é praticamente impossível evitar ataques dos mais diferentes grupos. “Na época, você tinha uma censura comandada pela dona Solange . Era ela quem mandava cortar as coisas. Só que agora nós temos uma multiplicidade enorme de ‘Solanges’. Solange Hernandes comandou a Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP) entre os anos 1981 e 1985, no fim do regime militar.

Glória seguiu afirmando que novelas conhecidas por marcarem época, como O Clone e Caminho das Índias , não teriam existido os dias atuais.

No contexto atual, elas nem chegariam ao público. Foram novelas inovadoras, e inovar pressupõe correr riscos. “Salve Jorge”, além de tratar de um tema muito sensível, o tráfico de pessoas, trazia a personagem da Nanda Costa como a primeira protagonista favelada e prostituída. Não imagino que essa ousadia fosse aprovada hoje em dia.”

A declaração acontece poucos meses após seu rompimento com a Rede Globo, motivado pelo veto a uma produção que abordaria o tema do aborto. Para a autora, a interferência ideológica e o excesso de filtros criativos têm limitado a liberdade de expressão e empobrecido as narrativas.

No debate sobre arte, liberdade e impacto cultural, a fala de Glória reacende uma questão: até onde vai a liberdade criativa e onde começa a censura?

Com informações de Folha de S. Paulo e Brasil Paralelo

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Carnatal 2025 será lançado dia 4 de setembro com início das vendas e iniciativas inéditas; 70% dos camarotes particulares já comercializados

O lançamento oficial da edição 2025 do Carnatal vai acontecer dia 4 de setembro, na Arena das Dunas, e vai ter dois momentos: entrevista coletiva com a imprensa e a apresentação das novidades para convidados. 

Além das atrações dos blocos e do camarote Beats, os diretores revelarão iniciativas inéditas que prometem ampliar ainda mais o impacto do evento na cidade.

Mesmo antes de ser lançado, o Carnatal 2025 já mostra sua força econômica: 70% dos camarotes particulares já foram vendidos na pré-venda, sinalizando mais um ano de sucesso para o turismo e a economia de Natal.

Durante o lançamento oficial serão divulgadas as atrações – tanto dos blocos quanto do camarote Beats – e a abertura de vendas. Mais informações podem ser encontradas no perfil oficial do evento @carnatal.

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Tráfico Interestadual: Operação da PF no RN, PB e CE determina bloqueio de até R$ 200 milhões

Força Integrada de Combate ao Crime Organizado do Rio Grande do Norte (FICCO/RN) deflagrou, na manhã desta quarta-feira (13), a Operação Barba, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa envolvida no tráfico interestadual de drogas e na lavagem de dinheiro.

Ao todo, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão nos estados do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. A Justiça também determinou o bloqueio e sequestro de bens de 26 investigados — sendo 16 pessoas físicas e 10 empresas — que podem chegar a um valor total de R$ 200 milhões.

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Adultização Justiça determina suspensão das redes sociais de Hytalo Santos

A Justiça da Paraíba determinou nesta terça-feira (12) a suspensão dos perfis do influenciador Hytalo Santos nas redes sociais. A medida também interrompe a monetização dos canais e o proíbe de ter contato com menores de idade.

A decisão foi motivada por uma ação protocolada pelo Ministério Público após o influenciador Felca denunciar perfis que usam crianças e adolescentes para promover a adultização infantil.

Além das medidas cautelares, Hytalo Santos também é investigado pela exposição de adolescentes a conteúdos com conotação sexual.

Após a repercussão do caso, o Congresso Nacional se mobilizou para aprovar medidas contra a exposição de menores.

Mais cedo, a Câmara dos Deputados decidiu criar um grupo de trabalho destinado a elaborar um projeto de lei (PL) para combater a adultização de crianças e adolescentes nas redes sociais.

Um dos textos sugeridos como base para o novo texto é o PL 2.628 de 2022, de autoria do senador Alessandro Vieira (MDB-SE). O projeto exige que as empresas de redes sociais criem mecanismos para evitar conteúdos com erotização de crianças. O texto prevê multas para as plataformas de até 10% do faturamento da companhia em caso de descumprir o que determina a legislação.

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Rota 22 traz Michelle Bolsonaro e Valdemar Costa Neto à Natal neste sábado (16)

A próxima parada do Rota 22 será neste sábado, 16 de agosto, em Natal, com o Seminário da Região Metropolitana, a partir das 8h, no Olimpo Recepções, em Candelária. O evento contará com a presença da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, presidente nacional do PL Mulher, como convidada especial, assim como o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto que será um dos palestrantes do evento. O Rota 22 segue mobilizando lideranças e a população do Rio Grande do Norte em torno de debates sobre o futuro do estado e do país.

Se inscreva em www.plrota22.com.br e participe do seminário do Rota 22, iniciativa do Partido Liberal (PL), em parceria com o instituto Álvaro Valle. "A participação da ex-primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro, e do presidente do PL no país, Valdemar Costa Neto, reforça a importância do seminário para o fortalecimento da representação feminina e das pautas defendidas pela base conservadora no estado", avalia Rogério Marinho, líder da oposição no Senado e secretário-geral do PL Nacional.

Costa Neto tem demonstrado esforço em manter a coesão e definir estratégias políticas do PL, buscando influenciar o cenário político atual e para as eleições de 2026. Ele está ativamente envolvido em reuniões com lideranças de partido de Centro e Direita buscando novas lideranças alinhadas ao pensamento político conservador.

Reconhecida por sua atuação em causas sociais e em defesa da família, da vida e da educação, Michelle Bolsonaro tem se destacado por sua liderança em pautas conservadoras e de mobilização comunitária. Com forte vínculo com ações voluntárias e apoio a instituições filantrópicas, ela é uma voz ativa no fortalecimento da base do Partido Liberal (PL), participando de agendas públicas, eventos oficiais e campanhas de engajamento político e social.

O seminário terá como foco os principais desafios enfrentados pelos municípios da Região Metropolitana de Natal, com discussões voltadas para temas como segurança, saúde, educação, infraestrutura, geração de emprego e políticas sociais. Como nas outras edições do projeto, a escuta da população e dos representantes locais é parte essencial da construção coletiva de propostas para o futuro do Rio Grande do Norte.

O Rota 22 tem se consolidado como uma ferramenta de diálogo com a sociedade potiguar, reunindo vereadores, prefeitos, lideranças comunitárias, religiosos, parlamentares e cidadãos de todas as regiões do estado. A proposta do projeto é promover o debate aberto e transparente sobre os problemas e soluções para o desenvolvimento sustentável e seguro do RN.

Fique conectado com o Rota 22 — acesse o site plrota22.com.br e confira quando o projeto passará por sua região. Mais informações também estão disponíveis nas redes sociais, pelos perfis @pl22rn e @plnacional22, e no canal de WhatsApp do Rota 22 no Rio Grande do Norte: canal.plrota22.com.br.

Serviço:

Evento: Seminário Rota 22 – Região Metropolitana

Data: 16 de agosto (sábado)

Horário: 8h

Local: Olimpo Recepções, Candelária – Natal (RN)

Convidados: Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do PL e Michelle Bolsonaro, presidente nacional do PL Mulher

Entrada gratuita - Se inscreva em www.plrota22.com.br.

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Devaneios soberanos: Lula e o espetáculo da falsa autonomia

imbróglio em curso com os EUA de Donald Trump colocou em primeiro plano o tema da soberania nacional, por trás do qual o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se empenhado em escudar-se, na tentativa de recuperar pelo menos parte de sua popularidade em declínio.

Não obstante, em minhas quatro décadas de Brasil, tenho assistido a uma sequência de renúncias do Estado brasileiro aos instrumentos de exercício de uma soberania autêntica em sua capacidade de formulação de políticas públicas condizentes com os interesses genuínos da sociedade nacional.

Para restringir-me apenas a duas delas, remeto à adesão incondicional à “globalização financeira” e à agenda ambientalista-indigenista internacional, praticada pelos governos da “Nova República”, principalmente, a partir da década de 1990.

No campo econômico-financeiro, independentemente do governo de plantão, o controle foi “terceirizado” à Faria Lima, dentro dos critérios do “Consenso de Washington”. Nas rédeas do processo está o Banco Central (BC), encarregado da função quase exclusiva de manter a inflação dentro de uma meta pré-determinada com a questionável ferramenta dos juros elevados. Ao mesmo tempo, o governo federal é forçado a um draconiano regime de austeridade fiscal em benefício do serviço da dívida pública, que leva a parte do leão do orçamento federal.

Ao longo de todo o período, o BC vem-se constituindo numa autarquia com autonomia crescente para decidir o rumo das finanças nacionais. Não por acaso, quase todos os presidentes do banco têm saído do mercado financeiro.

O resultado foi a conversão do Brasil em uma fábrica de juros e dividendos, com baixa capacidade de investimento público e privado, em detrimento do desenvolvimento das atividades produtivas legais, cujo retorno esperado fica em ampla desvantagem frente ao regime de juros estratosféricos em vigor.

No momento, o BC mantém “esterilizadas” reservas cambiais da ordem de US$ 330 bilhões, a maior parte nos EUA, quando pelo menos uma parcela delas (que nem precisava passar de um terço) poderia ser aplicada, por exemplo, num grande programa de construção de saneamento básico, para solucionar o maior problema ambiental real do país e proporcionar uma injeção de produtividade na economia.

A restrição de soberania também se mostra com ênfase na ocupação física do território nacional e no aproveitamento dos seus recursos naturais. O processo decisório, desde o final da década de 1980, tem sido transferido a um aparato ideológico internacional que instrumentaliza critérios exacerbados de proteção do meio ambiente e de povos indígenas.

Esses critérios atuam como elementos de arbitragem supremos para toda sorte de empreendimentos produtivos, inclusive projetos de infraestrutura vitais para proporcionar ganhos de produtividade econômica e de mobilidade para populações carentes do interior, principalmente, na Amazônia Legal.

Integram esse aparato uma constelação de ONGs internacionais e nacionais, com forte financiamento de fundações privadas e governos estrangeiros, e um corpo de tecnocratas governamentais que atuam como elementos infiltrados no aparelho do Estado.

A lista de empreendimentos inviabilizados, retardados, artificialmente encarecidos ou simplesmente bloqueados, é imensa, causando prejuízos incalculáveis ao país. Para citar apenas alguns: a usina hidrelétrica de Belo Monte; a pavimentação da rodovia Manaus-Porto Velho (BR-319); a ferrovia EF-170 (Ferrogrão); a exploração da Margem Equatorial Brasileira; a exploração de potássio em Autazes (AM); e muitos outros, cuja mera menção encheria facilmente todo este artigo.

Esses exemplos denotam as limitações que têm sido impostas à soberania do Brasil, inclusive por muitos dos que hoje a invocam batendo no peito.

Curiosamente, em 2022, os EUA de Joe Biden promoveram uma série de intervenções de alto perfil em Brasília, em favor do então candidato do PT, com visitas de altos funcionários civis e militares, que vieram “advertir” contra qualquer suposta interferência indevida no processo eleitoral por parte do presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. Na ocasião, não houve declarações inflamadas sobre violações da soberania nacional.

Dois anos depois, na presidência, Lula não se melindrou em retribuir a preferência, apoiando abertamente a candidata democrata Kamala Harris no pleito eleitoral de 2024, tendo chegado a afirmar que uma vitória de seu oponente republicano seria equivalente a um “retorno do nazismo e fascismo com outra cara”. Da mesma forma, não houve acusações ao presidente brasileiro pela intromissão indevida nas eleições estadunidenses.

Atitudes que mostram os seus desdobramentos nos episódios atuais.

Diante de tais fatos, convenhamos que os arroubos patrióticos vindos de Brasília têm muito mais de devaneios e bem menos de soberanos.


Lorenzo Carrasco - Gazeta do Povo

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Cortesia entre cúmplices: o pacto silencioso entre Senado e STF


A crise política que assola o Brasil expõe uma ferida institucional que há anos sangra em silêncio: a cumplicidade entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Senado Federal. No centro dessa tempestade está o ministro Alexandre de Moraes, protagonista de decisões cada vez mais controversas e concentradoras de poder.

Apesar dos inúmeros pedidos de impeachment protocolados, a presidência do Senado se recusa sistematicamente a pautar o processo. Mas não se trata apenas de covardia política — estamos diante de um arranjo malicioso, um sistema construído para garantir que os poderosos jamais sejam responsabilizados. Um pacto informal de impunidade mútua.

A Constituição de 1988 previu, em sua letra, um sistema de freios e contrapesos entre os Poderes. Estabeleceu que os ministros do STF seriam julgados pelo Senado, e que os senadores, por sua vez, estariam sujeitos ao julgamento do Supremo. Na teoria, isso deveria garantir equilíbrio institucional. Mas na prática, o que se desenhou foi uma estrutura de autoproteção entre castas.

Um faz de conta institucional, cuidadosamente elaborado por uma elite política que jamais teve real interesse em submeter-se à vontade popular ou aos rigores da justiça.

É preciso lembrar que a Constituição de 1988 não caiu do céu, nem foi escrita por filósofos ou por juristas apartidários. Foi redigida, artigo por artigo, por políticos eleitos sob as regras do regime anterior, muitos dos quais já estavam há décadas encastelados no poder.

Políticos comprometidos, em sua maioria, com a manutenção de seus próprios privilégios, e não com o ideal abstrato da democracia representativa. O resultado foi uma Carta que consagrou diversas garantias importantes — sim — mas que também preservou estruturas que favorecem a impunidade, o corporativismo e a concentração de poder.

O sistema de pesos e contrapesos nunca foi plenamente funcional no Brasil porque foi desenhado por aqueles que não queriam ser realmente vigiados, fiscalizados ou responsabilizados.

O Senado julgar ministros? O STF julgar senadores? A ideia parecia bela no papel, mas foi deliberadamente amarrada por entraves, exigências políticas e trâmites que, na prática, tornam qualquer responsabilização uma raridade. A impunidade foi constitucionalizada por omissão e conveniência.

É exatamente esse o pano de fundo da atual crise. Um ministro pode abusar do poder, violar garantias, atropelar o devido processo legal, interferir em eleições, censurar cidadãos — e nada acontece. Porque do outro lado está um Senado que não ousa enfrentá-lo, não por respeito institucional, mas por receio de que a cortesia não seja retribuída.

Esse arranjo se tornou regra: senadores não processam ministros, ministros não condenam senadores. O resultado é uma simbiose perversa, onde cada lado garante a sobrevivência do outro

Trata-se, como já dito, de uma cortesia entre cúmplices. Um pacto de não agressão, em que todos continuam fazendo o que querem — e ninguém é punido.

As consequências disso são graves e crescentes. Em primeiro lugar, o comportamento dos agentes públicos se deteriora visivelmente. A certeza de impunidade destrói qualquer freio moral. Em segundo, a confiança da população nas instituições desaparece.

O cidadão sabe que será punido por um deslize comum, mas também sabe que um ministro pode desrespeitar a Constituição, ou um senador pode vender emendas, sem qualquer consequência. E enquanto o Brasil institucionaliza essa impunidade mútua, democracias mais sérias desenvolvem mecanismos mais firmes.

Lei Magnitsky, por exemplo, permite a aplicação de sanções concretas contra indivíduos — incluindo autoridades — envolvidos em corrupção e violações de direitos humanos, mesmo quando o sistema jurídico nacional está capturado.

Esse tipo de mecanismo externo, que foge das estruturas de proteção corporativa, tem sido mais eficaz para conter abusos de figuras como Alexandre de Moraes do que a própria Constituição brasileira.

É irônico, mas revelador: um ministro do STF brasileiro teme mais a possibilidade de ter sua conta congelada nos Estados Unidos ou na Europa do que de ser julgado pelo Senado — exatamente porque ele sabe que, internamente, a Justiça não alcança os de cima.

O problema não é apenas institucional, mas cultural e histórico. O Brasil se tornou um país onde o sistema jurídico foi moldado para preservar a elite política e judicial. O cidadão pode até mudar de governo, mas os que controlam as estruturas do poder permanecem inatingíveis.

A Constituição, em vez de ser um pacto popular pela justiça e liberdade, acabou sendo, em muitos aspectos, um manual de blindagem institucional cuidadosamente redigido pelos próprios interessados em não serem punidos.

O povo brasileiro, ainda que paciente, não é ingênuo. A percepção da impunidade no topo do sistema alimenta o cinismo, a descrença e a desobediência civil. Sem justiça para todos, a democracia se esvazia. E enquanto a elite política e judiciária insiste em brincar de República, o Brasil afunda numa crise ética profunda.

É hora de romper com esse pacto silencioso. É hora de exigir que o Senado cumpra seu dever constitucional, que o STF respeite os limites de sua função, e que a lei finalmente passe a valer também para quem tem toga ou mandato.

Porque só haverá justiça de verdade quando a cortesia entre cúmplices for substituída por responsabilidade entre servidores públicos. E isso não virá de dentro do sistema — virá da pressão do povo brasileiro, que já compreendeu, com clareza, quem são os verdadeiros inimigos da República.

Edemir Bogesky von Schörner é formado em Direito pela PUCPR, analista Judiciário Sênior do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná e secretário de Relações Internacionais do Bloco de Intendentes, Prefeitos, Alcaídes e Empresários do Mercosul (BRIPAEM).

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Recurso pede que Suprema Corte anule união do mesmo sexo nos EUA


A Suprema Corte dos Estados Unidos deve avaliar se aceita ou não analisar um caso que pede para que o tribunal anule uma decisão que estendeu o direito do casamento para casais do mesmo sexo, segundo a ABC News e a Newsweek.

O recurso é de Kim Davis, ex-escrivã do condado de Kentucky que foi presa por seis dias em 2015 após se recusar a emitir licenças de casamento para um casal gay por motivos religiosos.

Ela recorre de um veredicto de US$ 100 mil (equivalente a R$ 544 mil) por danos morais, além de US$ 260 mil (equivalente a R$ 1,4 milhão) em honorários advocatícios.

Em uma petição apresentada no mês passado, Davis argumenta que a Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que protege o livre exercício da religião, a isenta de responsabilidade pessoal por negar licenças de casamento, de acordo com a ABC.

O jornal ressalta que, mais fundamentalmente, ela alega que a decisão da Suprema Corte no caso Obergefell v. Hodges — que estendeu os direitos de casamento para casais do mesmo sexo — foi “extremamente equivocada”.

Ainda assim, Daniel Urman, professor de Direito na Northeastern University, disse à Newsweek que é improvável que a Suprema Corte concorde em anular o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Além disso, a ABC relatou que tribunais inferiores rejeitaram as alegações de Davis e que especialistas jurídicos consideram a anulação improvável.

CNN

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Um quinto dos jovens que não trabalham nem estudam é analfabeto funcional

Quase um quinto dos jovens brasileiros com idades de 15 a 29 anos que não trabalham nem estudam está em situação de analfabetismo funcional e, por isso, tem possibilidades limitadas de melhora futura na qualidade de vida.

Os dados inéditos sobre a relação da alfabetização e a inserção no mercado de trabalho são do Inaf (Indicador de Analfabetismo Funcional) de 2024, estudo que é coordenado pela ONG Ação Educativa desde 2001.

O indicador considera dois níveis de analfabetismo funcional: absoluto, que inclui aqueles que não conseguem ler palavras ou um número de telefone; e rudimentar, que abarca quem sabe ler e escrever, mas tem dificuldade para entender o que lê ou de fazer contas de adição e subtração.

O levantamento mostra que, depois de avançar na redução do analfabetismo funcional, o Brasil estagnou e tem 29% da população de 15 a 64 anos nessa condição —patamar semelhante ao que o país tinha em 2018 e ainda uma piora em relação a 2009, quando alcançava 27% dos brasileiros.

Ainda que a maioria dos analfabetos funcionais seja de pessoas mais velhas, o estudo aponta uma proporção significativa de jovens nessa situação —atingindo 17% daqueles que têm entre 15 e 29 anos.

Ana Lúcia Lima, coordenadora do indicador, destaca com preocupação a proporção de jovens que se encontram nessa categoria e ainda estão excluídos dos dois mundos em que poderiam desenvolver essas habilidades: a educação e o trabalho.

Segundo os dados, enquanto 45% dos jovens com alfabetismo considerado consolidado estão empregados, mas entre os que estão na condição de analfabetismo funcional essa proporção é de apenas 17%. Nesse segundo grupo, 18% estão ainda em situação ainda mais grave já que não trabalham nem estudam.

“Esses dados mostram um grupo que, já no início da vida adulta, não encontrou e tem pouca perspectiva de encontrar oportunidades de se desenvolver. São jovens que não tiveram garantido o direito de serem plenamente alfabetizados, já saíram da escola e agora estão excluídos do mundo do trabalho”, diz Lima.

Pesquisadores responsáveis pelo estudo já haviam indicado que a estagnação do indicador nos últimos anos reflete a baixa qualidade da educação brasileira, uma vez que os dados mostram uma proporção grande de pessoas que passaram pela escola e, mesmo assim, não foram alfabetizadas.

Para Lima, os resultados indicam a necessidade do fortalecimento de duas estratégias para esse grupo de jovens em situação de analfabetismo funcional: a ampliação da oferta de EJA (Educação de Jovens e Adultos), modalidade destinada para quem não concluiu a escolarização na idade adequada, e iniciativas de capacitação pelos empregadores.

Conforme mostrou a Folha, apesar da estagnação no combate ao analfabetismo e de ter quase metade da população adulta sem concluir o ensino médio, o país atingiu no ano passado o menor patamar de matrículas de EJA desde o início da série histórica, em 1996.

“Precisamos melhorar a oferta de EJA no país, que sofreu um processo de desmonte nos últimos anos. Mas só ela não resolve o problema. A boa notícia é que o trabalho também pode ser alfabetizante, na medida em que vão avançando na vida profissional e pessoal, esses jovens também avançam no seu letramento.”

Ela destaca que é também interesse do mercado ter disponível uma mão de obra mais qualificada, especialmente pelo aumento da exigência em todas as funções por conta da digitalização dos serviços e processos.

Os dados indicam que 7% dos jovens considerados analfabetos funcionais estudam e trabalham, 17% apenas trabalham e 14% apenas estudam.

O estudo indica ainda uma nítida desigualdade de gênero e raça. Entre as mulheres jovens com analfabetismo funcional, 42% não estudam nem trabalham, índice muito superior ao dos homens na mesma condição, que é de 17%.

Entre eles, 56% estão inseridos exclusivamente no mercado de trabalho, enquanto para as mulheres a responsabilidade com o cuidado de filhos e familiares segue sendo uma barreira significativa à chamada inclusão produtiva. O estudo indica que 22% daqueles que se dizem responsáveis pelo lar (os donos de casa) são analfabetos funcionais —essa é a ocupação com o maior percentual de pessoas.

“A ocupação com o maior índice de analfabetismo funcional é a que temos mais mulheres. Nos últimos anos, elas têm conseguido mais oportunidades de estudar, elas se destacam positivamente nos anos iniciais da trajetória escolar e até no acesso ao ensino superior. Mas nos grupos mais vulneráveis, essas vantagens somem, porque elas são tolhidas por seu papel social de cuidados com a casa e a família.”

Além disso, os jovens negros apresentam maior incidência de analfabetismo funcional (17%) e menor presença no grupo com alfabetismo consolidado (40%), em comparação com os jovens brancos (13% e 53%, respectivamente).

Folha de S.Paulo

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