Filho de Barroso decide não retornar aos EUA após sanções de Trump


O executivo Bernardo van Brussel Barroso, filho do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, decidiu não retornar aos Estados Unidos, onde ocupava o cargo de diretor associado do banco BTG Pactual em Miami. A decisão, segundo interlocutores, foi tomada como forma de precaução em meio a sanções anunciadas pelo governo Donald Trump ao ministro Alexandre de Moraes e outros integrantes da Corte. Procurados, o STF e o BTG não se manifestaram.

Bernardo vivia nos Estados Unidos, onde se formou num mestrado em Data Science no McDaniel College, em Maryland, no ano passado e, desde agosto de 2024, ocupava o cargo de diretor associado na filial do BTG Pactual na Flórida. O filho do ministro Barroso estava de férias na Europa quando, em 19 de julho, o governo dos Estados Unidos anunciou a revogação do visto americano do ministro Alexandre de Moraes e “seus aliados na corte”. O caso foi antecipado pelo UOL e confirmado pelo GLOBO.

Embora formalmente nem o presidente do STF nem seu filho tenham sido notificados pelo governo americano sobre a revogação de seus vistos, o ministro Barroso pediu a Bernardo que retornasse ao Brasil para evitar ser barrado na volta aos Estados Unidos. O executivo já está no Brasil, segundo pessoas familiarizadas com o assunto, e permanecerá no país. Seu vínculo com o BTG será mantido.

Quando anunciou a sanção por meio de uma postagem em rede social, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, não disse a quais ministros fazia referência, para além de Alexandre de Moraes. Posteriormente, em 30 de julho, apenas Moraes foi incluído na lista de sancionados pela Lei Magnitsky, norma americana que impõe, além da perda de vistos, o bloqueio de ativos financeiros e outros bens, nos Estados Unidos, de graves violadores dos direitos humanos e pessoas envolvidas em grandes escândalos de corrupção. A aplicação da norma a Moraes, decidida de maneira arbitrária pelo governo Trump, é controversa, uma vez que o ministro não é acusado de corrupção e suas decisões judiciais são referendadas pelo STF em um regime democrático.

Em sua postagem de 19 de julho, Rubio afirmou que Trump “deixou claro que seu governo responsabilizará estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos” e que Moraes fazia uma “caça às bruxas política” contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, réu na ação penal da suposta trama golpista no STF.

“Portanto, ordenei a revogação dos vistos de Moraes e seus aliados no tribunal, bem como de seus familiares próximos, com efeito imediato”, dizia a postagem de Rubio.

O Globo

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Santos bate Cruzeiro de virada no Mineirão; veja resultados do Brasileirão

De virada, o Santos venceu o Cruzeiro por 2 a 1 no Estádio Mineirão, em Belo Horizonte, e se afastou da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Fabrício Bruno abriu o placar para o time celeste, enquanto Guilherme e Caballero asseguraram a vitória alvinegra fora de casa.

Com o resultado, a equipe santista abriu cinco pontos de distância para o Z-4, enquanto os mineiros desperdiçaram a oportunidade de se aproximar do líder Flamengo, que venceu na rodada e abriu três pontos à frente. 

Vasco e Atlético/MG não saíram do empate por 1 a 1 no Estádio São Januário, no Rio de Janeiro. Gabriel Menino inaugurou o marcador com menos de um minuto, sendo o gol mais rápido do Brasileirão. Vegetti deixou tudo igual. O time cruzmaltino é a primeira equipe dentro da zona de rebaixamento, com 16 pontos conquistados. Já o time atleticano está em 10ª lugar e soma 24 pontos.

Em São Paulo, no Allianz Parque, o Palmeiras levou um susto no início, mas saiu com a vitória sobre o Ceará. Lourenço pos o Vozão à frente, mas Flaco López empatou a partida. No segundo tempo, Vitor Roque fez o gol da vitória. O alvinegro é o terceiro colocado, com 36 pontos, e o time cearense tem 22 pontos e está na 12ª colocação.

Após 17 rodadas, o Sport enfim conquistou sua primeira vitória no Brasileirão. Com de Matheusinho, o rubro-negro bateu o Grêmio por 1 a 0 na Arena do Grêmio, em Porto Alegre, e levou os três pontos para Recife. O resultado levou o time aos nove pontos, mas segue na lanterna. O tricolor, por sua vez, está em 15º com 20 pontos.

A rodada será encerrada nesta segunda-feira (11) com o duelo entre Juventude e Corinthians no Estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul. O jogo acontece às 20h (horário de Brasília).

Veja resultados dos jogos de sábado (10):

  • RB Bragantino 1 x 3 Internacional
  • São Paulo 2 x 0 Vitória
  • Flamengo 2 x 1 Mirassol
  • Fortaleza 0 x 5 Botafogo
  • Bahia 3 x 3 Fluminense

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EUA preparam investigação inédita sobre avanço chinês em terras brasileiras

O governo dos Estados Unidos quer investigar o interesse estratégico da China no setor agrícola brasileiro e os impactos de “investimentos ou do controle” chinês na cadeia de suprimentos, no mercado global e na segurança alimentar.

A informação, revelada pelo Valor Econômico, consta da proposta legislativa do Intelligence Authorization Act para o ano fiscal de 2026 – que, para o Estado americano, começa no dia 1º de outubro de 2025.

A legislação, aprovada anualmente, descreve a previsão orçamentária para os órgãos de inteligência dos Estados Unidos, como a Agência Central de Inteligência (CIA) e a Agência de Segurança Nacional (NSA). Com 280 páginas, o projeto de lei para o próximo ano cita o Brasil na seção 514 do subtítulo B, que trata especificamente da China. 

A proposta foi apresentada pelo senador republicano pelo estado do Arkansas Tom Cotton, correligionário do presidente americano, Donald Trump, no último dia 17. Na mesma data, o texto foi aprovado pela Comissão de Inteligência do Senado e encaminhado para votação no plenário da Casa.


Após analisado pelos senadores americanos, o texto segue para a Câmara dos Representantes antes de seguir para a sanção do presidente, Donald Trump. Em tese, toda a tramitação deve ser concluída em menos de dois meses, para que a nova lei possa entrar em vigor antes do dia 1.º de outubro.


De acordo com a proposta, em até 60 dias após a promulgação da lei a diretora nacional de inteligência, Tulsi Gabbard, após consultas com o secretário de Estado, Marco Rubio, e a secretário de Agricultura, Brooke Rollins, deverá avaliar e elaborar um relatório sobre a extensão dos investimentos da China no setor agrícola do Brasil.

Conforme o texto, a investigação deve considerar: 

  • a extensão com que o ditador chinês Xi Jinping participou ou dirigiu interações com a liderança brasileira em relação ao setor agrícola brasileiro;
  • o grau de envolvimento entre o governo chinês e o setor agrícola brasileiro;
  • as intenções estratégicas, se houver, do envolvimento ou da orientação de Xi para investir no setor agrícola brasileiro;
  • o número de autoridades com sede na China ou de propriedade do governo chinês que investiram no setor agrícola do Brasil, incluindo joint ventures com empresas brasileiras; e
  • os impactos sobre a cadeia de suprimentos, o mercado global e a segurança alimentar decorrentes dos investimentos ou do controle do setor agrícola no Brasil pelo governo chinês.

Ainda de acordo com a proposta, em até 90 dias após a entrada em vigor da legislação, Gabbard deve apresentar às comissões de inteligência do Congresso o relatório detalhado com os resultados da investigação. O documento deverá ser apresentado em formato não confidencial, mas poderá incluir um anexo confidencial.

Apesar de o texto ainda poder ser modificado, a aprovação do projeto na Comissão de Inteligência do Senado, formada por nove parlamentares republicanos e oito democratas – entre eles três que assinaram uma carta questionando o tarifaço contra o Brasil –, sugere que há boas chances de a proposta passar pelo plenário da Casa com a redação atual.

Além do Brasil e da China, o projeto menciona, entre outros países estrangeiros, Rússia, Coreia do Norte, Irã, Venezuela e Cuba.


A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. Em novembro do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu Xi Jinping no Palácio da Alvorada, para assinatura de 37 acordos de cooperação, incluindo a abertura de quatro mercados agropecuários.


Menção ao Brasil em projeto de lei de orçamento para inteligência é inédito

Embora a NSA já tenha espionado o Brasil durante o governo DIlma Rousseff (PT), segundo relevações do site Wikileaks, em 2013, trata-se da primeira vez que o país é mencionado nesse tipo de projeto de lei. A intenção explícita do governo americano ocorre em meio a uma escalada de tensão inédita na relação entre os dois países desde a redemocratização.

Na última semana, a contenda atingiu seu auge com a confirmação, pelo presidente Trump, da tarifação adicional de 40% sobre as exportações brasileiras ao mercado americano – a maior em andamento sobre outro país –, e a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O governo americano justificou a medida com a alegação de que Moraes é responsável por “uma campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias que violam os direitos humanos e processos politizados, inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro [PL]”. 

Antes disso, o ministro, seus familiares e outros membros da corte já haviam tido seus vistos americanos revogados, sendo impedidos de entrar nos Estados Unidos.

No dia 15, o governo Trump abriu ainda uma investigação contra o Brasil, por meio do Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR), sobre ações, políticas e práticas brasileiras consideradas “irrazoáveis” ou “discriminatórias” e que “pesam ou restringem o comércio americano”. 

A ordem para investigação chamou atenção principalmente por incluir o Pix e o comércio de produtos piratas na Rua 25 de Março, em São Paulo, mas cita ainda questões relacionadas ao desmatamento ilegal, à proteção do mercado de etanol, à corrupção, à proteção de propriedade intelectual e a tarifas preferenciais adotadas pelo Brasil no comércio com parceiros como México e Índia.


Confira a íntegra da seção que trata da investigação sobre os investimentos da China no agro do Brasil: 

SEÇÃO 514. AVALIAÇÃO E RELATÓRIO SOBRE INVESTIMENTOS DA REPÚBLICA POPULAR DA CHINA NO SETOR AGRÍCOLA DO BRASIL. 

(a) Avaliação exigida.— 

  • (1) DISPOSIÇÃO GERAL. — No prazo de até 60 dias após a data de promulgação desta Lei, o Diretor de Inteligência Nacional, em consulta com o Secretário de Estado e o Secretário de Agricultura, deverá avaliar a extensão dos investimentos da República Popular da China no setor agrícola do Brasil. 
  • (2) ASPECTOS A CONSIDERAR. — A avaliação deverá considerar os seguintes pontos: 

(b) Relatório exigido.— 

  • (1) DISPOSIÇÃO GERAL. — No prazo de até 90 dias após a data de promulgação desta Lei, o Diretor deverá apresentar aos comitês de inteligência do Congresso um relatório detalhado com os resultados da avaliação exigida pelo parágrafo (a).
  • (2) FORMATO. — O relatório exigido pelo parágrafo (1) deverá ser apresentado em formato não confidencial, mas poderá incluir um anexo confidencial. 

(c) Definição de setor agrícola. — Para os fins desta seção, o termo “setor agrícola” refere-se a qualquer infraestrutura física, produção de energia ou terra associada à produção de culturas agrícolas. 


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Metade das demissões em 2024 foi causada por questões comportamentais

Um levantamento feito para 6º Observatório de Carreiras e Mercado realizado pelo PUCPR Carreiras, setor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), revelou que 50% das demissões em 2024 no Brasil foram causadas por questões comportamentais. Em seguida aparecem a automação das atividades (25%), a redução de custos e os cortes de despesas (25%). A pesquisa contou com a participação de 3.631 estudantes, 3.655 alumni (ex-alunos) e 583 empresas da área de recrutamento humano.

“O mercado valoriza profissionais que unem competência técnica e habilidades para uma boa convivência. Um único indivíduo com atitudes negativas pode comprometer toda a equipe, surgem conflitos, a produtividade cai e talentos são perdidos. Por isso, é preciso olhar para o autoconhecimento”, explica a coordenadora do PUCPR Carreiras, Luciana Mariano.

Segundo ela, o sucesso está cada vez mais baseado na combinação entre saber fazer as tarefas e saber conviver com as pessoas.

“Mais do que dominar ferramentas ou processos, é preciso desenvolver inteligência emocional, empatia, respeito e responsabilidade nas relações, além de se auto avaliar sempre, se questionando sobre sua postura nas relações do dia a dia e a sua forma de lidar com as emoções e com os outros no ambiente de trabalho”, avalia.

O estudo mostrou que no ano passado as habilidades mais valorizadas foram a comunicação oral (11,46%), o planejamento (10,73%), a solução de problemas (10,18%), gestão de conflitos (7,51%) e a comunicação escrita (7,42%).

De acordo com o estudo, em comparação com 2021, período em que as empresas lidavam diretamente com os efeitos da pandemia, observa-se uma mudança nas prioridades, com as habilidades ligadas à solução de problemas (12,58%) ocupando o topo da lista.

A pesquisa aponta que 76% dos respondentes estão investindo na aquisição de novos conhecimentos, o que demonstra uma postura proativa, para evitar a estagnação e fortalecer a empregabilidade. Além disso, 16,32% das empresas entrevistadas priorizam aqueles que demonstram interesse em se atualizar.

Luciana ressaltou que os movimentos do mercado acontecem com rapidez e o que importa é como cada um se posiciona diante dessas transformações.

“Atualizar conhecimentos e desenvolver novas competências é uma necessidade. Aqueles que mantêm o aprendizado constante conseguem se adaptar às mudanças, identificar oportunidades e compartilhar conhecimento. Essa prática ajuda não só na carreira individual, mas também no desempenho das organizações, que precisam de pessoas preparadas para aprender, mudar e colaborar”, disse.

Agência Brasil

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Lula diz ter feito mais obras no Acre que D. Pedro II, que morreu antes de o estado ser anexado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em evento nesta sexta-feira (8), afirmou que ele e a ex-presidente Dilma Roussef, juntos, fizeram mais obras no Acre do que todos os presidentes da República desde 1988 e "até mais que D. Pedro II".

“Eu e a Dilma fizemos mais do que [José] Sarney, Fernando Henrique Cardoso, Itamar [Franco], [Fernando] Collor, [Jair] Bolsonaro e até mais do que Dom Pedro II".

Entretanto, há um erro histórico na fala do petista. O Acre só foi incorporado ao Brasil em 1903, 12 anos após a morte de D. Pedro II. Em 17 de novembro daquele ano, o Tratado de Petrópolis foi assinado com a Bolívia, o que garantiu a anexação do estado acreano ao território brasileiro.

Em sua fala, Lula também afirmou que duvida que "os últimos 10" presidentes brasileiros tenham feito no Estado “10% das coisas” que ele e Dilma, mas apontou que só não fizeram "mais do que Plácido de Castro, que teve a coragem de lutar e criar o Estado do Acre".


“Quantas casas foram feitas no governo passado? Alguém, por favor, levanta a mão, se sabe de uma casa que foi feita. Cadê o emprego da Carteira Profissional Verde e Amarela? Cadê a Minha Casa Verde e Amarela?”, questionou o presidente.

No evento, Lula disse que Moraes está "garantindo a democracia"

No mesmo evento, Lula defendeu a perda do mandato aos deputados e senadores que ocuparam por dois dias as Mesas Diretoras do Congresso e disse que Moraes está "garantindo a democracia".

Enquanto discursava, o petista direcionou sua fala ao senador Sérgio Petecão (PSD-AC) e pediu: "E você, Petecão, por favor, não assine o pedido de impeachment do Alexandre de Moraes porque ele está garantindo a democracia".

"Quem deveria ter o impeachment são esses deputados e senadores que ficam tentando fazer greve para não permitir que funcione a Câmara e o Senado, verdadeiros traidores da pátria", completou.


Nesta semana, parlamentares de oposição ocuparam as Mesas Diretoras da Câmara e Senado por dois dias, em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Além disso, o atual mandatário voltou a criticar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que segundo ele está nos Estados Unidos "pedindo pros americanos darem um golpe".

"Em pleno século 21, um presidente ignorante e chucro, que mandou o filho dele ir pros EUA pedir pros americanos dar golpe nesse país, ele vai saber o que vai custar isso porque vai ter um processo", disse.

"Esse moleque é traidor de 215 milhões de brasileiros com o prejuízo que os EUA está dando para esse país", completou.

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“Vaza Toga” expõe o “sistema chinês” de Moraes no TSE e no STF

A ordem de prisão domiciliar expedida por Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro, na segunda-feira, acabou ofuscando aquele que deveria ser o grande fato em Brasília, comentado extensivamente por todos os veículos de comunicação, tamanha a sua gravidade. Falamos de uma nova leva de mensagens trocadas por assessores de Moraes, obtidas pelos jornalistas Eli Vieira e David Ágape e divulgadas pelo também jornalista Michael Shellenberger. Se na primeira rodada da “Vaza Toga” ficou evidente a existência de uma atuação “fora do rito” (um eufemismo para o que ficaria melhor chamar de conluio) em que estruturas do TSE eram usadas para ajudar a fundamentar decisões de Moraes em inquéritos no STF, as novas mensagens mostram que a “Justiça paralela” foi muito mais longe.

Funcionários das duas cortes – incluindo juízes auxiliares de Moraes – foram recrutados para montar uma espécie de unidade informal de inteligência que funcionava por meio de um grupo de WhatsApp. O objetivo era vasculhar a presença on-line dos brasileiros detidos nos acampamentos em frente a quartéis do Exército após os atos de 8 de janeiro de 2023, de forma que seu destino era decidido com base nessas publicações. As mensagens indicam que Moraes teria até mesmo autorizado militantes políticos, universidades e agências de checagem a se infiltrar em grupos privados de troca de mensagens, usando seu e-mail pessoal para não deixar rastros institucionais. A administração desta força-tarefa informal estaria a cargo de Cristina Yukiko Kusahara, chefe de gabinete de Moraes no STF.


Se Gilmar Mendes disse em junho que “nós todos somos admiradores do regime chinês”, Alexandre de Moraes o colocou em prática: uma simples crítica passou a fazer a diferença entre a liberdade e a Papuda ou a Colmeia


Uma das principais tarefas deste grupo era a elaboração de “certidões”, que podiam ser positivas ou negativas, dependendo do tipo de publicações feitas pelas pessoas investigadas ou detidas. Qualquer crítica que tivesse sido feita ao STF, ao PT ou ao presidente Lula bastaria para uma “certidão positiva”, que por sua vez transformaria a vida do detido em um inferno. Os exemplos dados são escabrosos. Um artesão ganhou uma “certidão positiva” por publicar uma imagem com os dizeres “fazer cumprir a Constituição não é golpe”. Um caminhoneiro foi classificado da mesma forma por chamar de “vendidos” os ministros do STF e questionar “como esse cara [Lula] conseguiu 60 milhões de votos?”. Um ambulante apenas publicou críticas a Lula e ao PT. Em outro episódio, Cristina Kusahara dizia aos colegas que, apesar de a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter pedido a soltura de um grupo de detidos do 8 de janeiro, Moraes não queria atender o pedido “sem antes a gente ver nas redes se tem alguma coisa”.

Tudo isso, a julgar pelos conteúdos divulgados, era feito de forma totalmente oculta: nem a PGR, nem os advogados de defesa dos réus do 8 de janeiro tinham acesso a tais “certidões” – se é que sabiam de sua existência até agora. A apuração de Vieira e Ágape indica que os membros da “Justiça paralela” de Moraes usaram dados da Receita, do cadastro nacional de portadores de habilitação e até do banco de dados biométrico do TSE, violando a Lei Geral de Proteção de Dados. Tudo circulava à margem dos procedimentos processuais legais e da chamada “cadeia de custódia”, que garante a integridade das evidências colhidas em uma investigação criminal.


Em resumo, se Gilmar Mendes disse em junho que “nós todos somos admiradores do regime chinês”, Alexandre de Moraes o colocou em prática: uma simples crítica passou a fazer a diferença entre a liberdade e a Papuda ou a Colmeia. As novas mensagens revelam a existência de um sistema de “fichamento ideológico” no qual pouco importam eventuais crimes reais cometidos pelas pessoas; são suas opiniões que, no fim das contas, determinam o destino de quem foi preso na Praça dos Três Poderes ou no dia seguinte, diante dos quartéis – ainda que vários desses detidos não tivessem estado nos atos de vandalismo da véspera. Não há outro nome para isso, a não ser totalitarismo.


Já não faltavam motivos para que Hugo Motta finalmente colocasse em funcionamento a CPI do Abuso de Autoridade na Câmara dos Deputados; as novas mensagens apenas reforçam a sua urgência. A CPI é, hoje, a única instância que tem o poder de lançar luz sobre o sistema repressivo montado por Moraes, ouvindo todos os envolvidos – especialmente o ex-assessor do TSE Eduardo Tagliaferro. E o único obstáculo para que isso ocorra é a covardia, especialmente da imprensa e de formadores de opinião que se recusam a dar ao assunto a repercussão que ele merece, e de Hugo Motta, que até agora não autorizou a abertura da CPI, embora ela cumpra todos os requisitos constitucionais. Felizmente, este é obstáculo superável; basta que os envolvidos consultem suas consciências e se perguntem se querem mesmo passar para a história como lacaios de autocratas, ou se querem deixar um legado positivo para o Brasil.

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Prisão de Bolsonaro irrita ministros do STF, isola Moraes e deve ser reconsiderada

A ordem de prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro gerou forte desconforto entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), provocando isolamento do relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, e abrindo caminho para uma possível revisão da medida.

Segundo apuração, a maioria dos magistrados considera a decisão como exagerada, desnecessária e juridicamente insustentável, o que teria acendido um sinal de alerta dentro da Corte. O descontentamento generalizado entre os colegas de tribunal teria colocado Moraes em uma posição desconfortável e solitária.

A avaliação interna é de que a prisão de Bolsonaro não se sustenta diante dos elementos atuais do processo e pode comprometer a imagem de equilíbrio e imparcialidade do STF. Por isso, cresce nos bastidores a expectativa de que o próprio Moraes reconsidere a determinação nos próximos dias.

A aposta entre integrantes da Corte é que o ministro deve recuar e rever sua decisão, a fim de evitar uma crise institucional ainda maior e preservar a coesão entre os membros do Supremo.

Folha de São Paulo 

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