IELMO MARINHO - AS PEÇAS DO JOGO SUJO

Justiça Eleitoral cassa vereadores do PL por fraude com candidaturas laranja em Ielmo Marinho

Em uma decisão histórica, a Justiça Eleitoral do Rio Grande do Norte reconheceu um esquema de fraude na cota de gênero nas eleições de 2024 em Ielmo Marinho. O Partido Liberal (PL) usou candidaturas femininas fictícias — conhecidas como “laranjas” — para burlar a lei e inflar sua chapa com candidatos homens. A sentença, assinada pela juíza Niedja Fernandes, anulou todos os votos do partido e cassou os mandatos dos vereadores eleitos Edival Cabral e Elionaide Duarte.

Duas candidatas, Edivania Justino e Maria Alzenir Melo, receberam recursos do fundo eleitoral, mas não realizaram campanha real. Alzenir, inclusive, admitiu em áudio que foi “usada”, reforçando o conluio para fraudar a legislação. A Justiça classificou a prática como um ataque à democracia e um golpe contra a representatividade feminina.

A decisão serve como alerta ao país: fraudar a cota de gênero é crime eleitoral grave e não passará impune.

Com a saída de Leto e Naide, quem poderá assumir o mandato será Joãozinho Garcia e Dida.

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Ex-prefeito Marcos Cabral será interrogado pela Justiça por fraude em licitação com recursos da saúde

O ex-prefeito de Vera Cruz, Marcos Antônio Cabral, será interrogado pela Justiça no dia 29 de agosto, no Fórum de Monte Alegre. Ele é réu em um processo que apura fraude em uma licitação para a compra de uma ambulância durante sua gestão. Segundo o Ministério Público, houve direcionamento do processo licitatório com envolvimento de empresas que simularam concorrência, resultando em prejuízo aos cofres públicos.

De acordo com os autos do processo nº 0101782-81.2017.8.20.0144, a ambulância entregue à prefeitura não atendia às especificações do contrato, mas ainda assim o pagamento foi feito integralmente. As empresas citadas na denúncia são Citroën Victoire Automóveis Ltda, La France Automóveis Ltda e Veneza Diesel Comércio Ltda. A investigação aponta que houve combinação entre os participantes para manipular o resultado da licitação.

Fontes ligadas ao caso indicam que a defesa do ex-prefeito poderá tentar adiar a audiência como estratégia para retardar o processo e provocar a prescrição das sanções previstas por lei. Diante desse cenário, cresce a expectativa pela atuação firme do Judiciário, a fim de impedir manobras que possam comprometer a responsabilização e a aplicação efetiva da justiça. 

Se condenado, Marcos Cabral poderá sofrer penalidades previstas na Lei de Improbidade Administrativa, como suspensão dos direitos políticos por até 14 anos, multa civil, devolução integral dos valores pagos de forma irregular e proibição de contratar com o poder público.

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Assessor de Lula provoca Trump no jornal inglês Financial Times

Por Mario Sabino

Se alguém ainda tem dúvida de que Celso Amorim é um desastre ferroviário para as relações exteriores do Brasil, precisa ler o que ele disse ao jornal inglês Financial Times.

O título da reportagem é sugestivo da encrenca em que nos meteram: “Brazil vai dobrar a aposta no Brics em desafio a Donald Trump”.

A partir do título, só piora. Enquanto empresários tentam estabelecer um canal de diálogo com o governo de Donald Trump para tentar adiar ou atenuar o tarifaço sobre a importação de produtos brasileiros, visto que não existe conversa nenhuma do governo brasileiro com a Casa Branca, o ideólogo que guia o país para a marginalidade internacional comparou os Estados Unidos à finada União Soviética, em desfavor dos americanos.

A provocação está lá no jornal: “Amorim disse que a interferência de Trump nos assuntos internos do Brasil era algo não visto ‘nem mesmo na era colonial’. ‘Acho que nem mesmo a União Soviética teria feito algo assim’, disse ele.”

De fato, não. Se fosse desafiada pelo Brasil e pudesse fazer algo a respeito, a União Soviética, que Deus não a tenha, invadiria o país, fuzilaria todos os integrantes do governo e colocaria um fantoche no Palácio do Planalto.

A comparação fica tão mais cínica porque o governo Lula aliou-se desavergonhadamente a Vladimir Putin. O tirano russo sonha reviver o império soviético, anexando, em um primeiro momento, a Ucrânia — criticada duramente no comunicado final da última cúpula do Brics, como se fosse ela a grande agressora na guerra patriótica contra a invasora Rússia.

Não contente em comparar os Estados Unidos com a União Soviética, Celso Amorim mente que Brics não é um bloco ideológico, um instrumento da China e da Rússia, e diz que o Brasil “redobrará o seu compromisso” com o clube antiamericano. A quatro dias do tarifaço, é uma declaração muito oportuna para Donald Trump nem sequer cogitar em recuar contra o país que quer substituir o dólar como moeda das trocas internacionais, coisinha pouca, por que ele ficou tão bravo?

Na sua entrevista alucinada ao Financial Times, o ideólogo ainda afirma que, no último ano de governo Lula, o Brasil “provavelmente terá um maior foco na América do Sul, cujos países comercializam menos entre si do que em outras partes do mundo”.

Lula e Celso Amorim não precisam combinar apenas com os russos. Precisam combinar também com a Venezuela. O camarada Nicolás Maduro acabou de anunciar a imposição de um tarifaço de 77% sobre produtos brasileiros. Para não falar da Argentina: Javier Milei, com quem Lula se recusa a conversar, está firmando acordos comerciais especiais com a União Soviética. Estados Unidos, digo.

Ao final, Celso Amorim repete a máxima segundo a qual “países não tem amigos, apenas interesses” para criticar Donald Trump, que não teria “nem amigos, nem interesses, apenas desejos”. Não é pior, convenhamos, do que ter os amigos errados e defender apenas os interesses dos outros.

Isto aqui não tem jeito, não. O negócio é jogar truco e esperar pela próxima eleição, sempre tendo em mente que o problema no Brasil nunca foram as urnas eletrônicas, mas os eleitores.

Metrópoles

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Amadurecimento leva jovens a se afastarem da esquerda, aponta pesquisa

Uma pesquisa sobre juventude e política no Brasil revelou um dado surpreendente, embora cada vez mais perceptível no debate público: os jovens brasileiros tendem a começar a vida política identificados com pautas da esquerda ou progressistas, mas, à medida que amadurecem, migram para o centro ou mesmo para a direita do espectro ideológico. Essa guinada é acompanhada por mudanças emocionais e de prioridades ao longo da vida adulta.

O estudo, intitulado “O que pensam os jovens brasileiros?”, foi conduzido pela AP Exata entre abril de 2024 e abril de 2025, e espectro político. O levantamento “O que pensam os jovens brasileiros”, encomendado pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), traça um retrato inédito da juventude entre 16 e 30 anos. A pesquisa analisou cerca de 500 mil publicações em redes sociais, em 145 cidades de todos os estados do país, cruzando dados por meio de inteligência artificial, análise de emoções e netnografia — a observação de interações digitais em plataformas como TikTok, YouTube, X, Threads, Discord e Instagram.

Os dados mostram que 44,5% dos adolescentes entre 16 e 18 anos apresentam conexão com pautas de esquerda – sobretudo aquelas ligadas a justiça social, igualdade racial, feminismo, meio ambiente e direitos LGBT+. É uma militância simbólica, alimentada por memes, trends e discursos emotivos, com linguagem altamente digital e estética marcada por cultura pop e gírias.

Mas essa afinidade vai enfraquecendo com o passar dos anos. Entre os 19 e 24 anos, a esquerda ainda lidera a preferência, mas com um recuo para 33,7%, pressionada por críticas internas à coerência e à eficácia das causas defendidas. Já na faixa entre 25 e 30 anos, o número despenca para 18,9%. Nesse grupo, o discurso da esquerda perde espaço para preocupações mais práticas, como trabalho, mercado, saúde mental e estabilidade pessoal.


Centro e direita

Em contrapartida, a direita, que representa 13,5% dos jovens de 16 a 18 anos, cresce para 21,8% na faixa dos 19 a 24 anos e se mantém em patamar elevado (17,6%) entre os mais velhos. A ascensão é impulsionada por jovens que rejeitam o que consideram "excessos progressistas", aproximando-se de discursos ligados à família, religião, autoridade e liberdade econômica.

O centro político, por sua vez, surge como a grande preferência dos jovens entre 25 e 30 anos. Com 27,4% de identificação, é visto como um porto seguro por aqueles que já se desencantaram com os extremos ideológicos e buscam soluções realistas para problemas concretos do cotidiano — como mobilidade, emprego e corrupção.

Segundo a pesquisa, as conexões políticas dos jovens não são moldadas apenas por argumentos racionais, mas, sobretudo, por experiências emocionais. A análise identificou oscilações marcantes nas emoções dominantes conforme a idade. Na adolescência, predomina a tristeza e o medo, ligados às inseguranças do futuro. Na juventude universitária, cresce a raiva e o desgosto, reflexos de frustrações com a política e a vida adulta. Já na fase final da faixa etária, o que impera é o desencanto: tristeza e medo atingem os maiores índices, enquanto alegria, confiança e esperança entram em colapso.

Nesse contexto, cresce também o ceticismo: 25,2% dos jovens de 25 a 30 anos já não acreditam em partidos, líderes ou instituições. Muitos abandonam a militância por considerá-la inócua, ou por frustração com a incoerência entre discurso e prática. A apatia política, por sua vez, reaparece com força nessa fase final, atingindo 10,9% dos jovens — sinal de um afastamento silencioso do debate público.


Regionalismos

As emoções e as prioridades também variam de acordo com a região do país. O Sudeste lidera em tristeza e desconfiança; o Nordeste é o mais esperançoso e engajado culturalmente; o Norte busca valorização identitária; o Centro-Oeste se destaca pelo otimismo e desejo por inovação; e o Sul oscila entre nostalgia e rigidez. Esses traços moldam as formas de engajamento político e a linguagem que ressoa entre os jovens de cada território.

Para especialistas, a mensagem da pesquisa é clara: guinada ideológica dos jovens é, antes de tudo, um reflexo das batalhas internas entre sonho e realidade, esperança e frustração, utopia e pragmatismo e os partidos e movimentos políticos que desejarem dialogar com a juventude precisarão abandonar fórmulas prontas e discursos verticais.

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Supremo sem freios: como o STF instituiu uma juristocracia no Brasil e minou o Estado de Direito

Nos últimos anos, uma transformação silenciosa – porém profunda – tomou corpo no coração institucional do Brasil. O Supremo Tribunal Federal (STF), originalmente concebido como o guardião técnico da Constituição, passou a ocupar o centro do poder político nacional. O fenômeno, apontado por juristas, acadêmicos e advogados, tem nome: juristocracia – um sistema em que juízes, sem representação popular, governam de fato, praticamente substituindo o Legislativo e limitando o Executivo.

Essa reconfiguração da República não se deu por reformas constitucionais nem por plebiscitos. O novo regime emergiu, como apontam juristas que escreveram sobre o tema para a Gazeta do Povo, a partir de decisões judiciais da Corte que, gradualmente, extrapolaram cada vez mais os limites estabelecidos pela Carta de 1988 para a atuação do STF. O que deveria ser autocontenção converteu-se em ativismo. E o que se esperava ser imparcialidade técnica transformou-se em vontade política revestida de toga.

De intérprete da Constituição a legislador

"O STF transformou-se em um poder político – e isso é péssimo para o Brasil", alertou o jurista Ives Gandra da Silva Martins em artigo publicado na Gazeta. Em vez de atuar como "legislador negativo", ou seja, anulando leis inconstitucionais, o Supremo passou a legislar positivamente, impondo decisões e praticamente tomando o lugar do Congresso Nacional em discussões sensíveis e complexas como o aborto, o marco temporal das terras indígenas e a regulamentação das plataformas digitais.

Esses temas, por sua profundidade e impacto, exigiriam deliberação política no Congresso – onde o pluralismo, o voto e o debate prevalecem. Mas o STF os absorveu, deliberou e decidiu, em muitos casos atropelando o Parlamento. Assim, não apenas minou a função legislativa como tornou o direito imprevisível, gerando insegurança jurídica. "A Constituição não outorgou ao Supremo a prerrogativa de criar normas. Quando isso acontece, o princípio da separação dos poderes é afetado", ressalta Gandra. "Hoje temos três Poderes políticos e não dois políticos e um técnico", resume.


O juiz que investiga, acusa e julga

No campo penal, a erosão institucional é ainda mais alarmante. Em investigações como os inquéritos das fake news, das milícias digitais e dos atos antidemocráticos, o Supremo criou procedimentos que afrontam os pilares do devido processo legal. Adriano Soares da Costa, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Público, chama o fenômeno de "regime de exceção" e denuncia a criação de um "direito penal do inimigo", onde o juiz que julga é também quem acusa e investiga.

Medidas como prisões preventivas, bloqueio de contas bancárias e suspensão de redes sociais têm sido determinadas sem participação do Ministério Público e sob sigilo, frequentemente baseadas em relatórios de entidades não oficiais. Muitas dessas medidas sequer geram processos judiciais subsequentes – são punições sem julgamento. E, para agravar, as vítimas dessas decisões não têm sequer a quem recorrer: plataformas digitais não podem contestar as ordens judiciais, e os cidadãos sequer são notificados.

Imparcialidade comprometida

A imparcialidade, virtude essencial da magistratura, também parece em declínio, apontam os juristas. Um caso envolvendo o ministro Alexandre de Moraes é emblemático nesse sentido, segundo juristas. Após ser alvo de ameaças, ele declarou-se impedido de julgar a parte do processo que envolvia sua família, mas manteve-se relator da parte que investigava ataques ao Estado de Direito – embora os réus e os fatos fossem os mesmos.

Para o advogado Luiz Fernando Casagrande Pereira, em artigo escrito para a Gazeta, trata-se de "jurisdição voluntarista, despida da imparcialidade". Trata-se de algo tão evidente que até a OAB nacional e seccionais como a do Paraná já se manifestaram contra os chamados "inquéritos excepcionais" conduzidos pelo Supremo, especialmente pela "relatoria estendida e ilimitada" do ministro Moraes. O uso crescente de decisões secretas e a supressão do contraditório têm minado, segundo Casagrande Pereira, a confiança do público no STF. Ele cita a Pesquisa do instituto ProDat que mostrou que a aprovação da Corte caiu de 31% em 2022 para 14% em 2024.


A cultura do magistrado iluminado

Mas os problemas não se limitam à estrutura processual ou à expansão de competências. O historiador Jean Marcel Carvalho França vê, por trás das ações do Supremo, uma cultura de poder tecnocrático que se coloca acima da vontade popular. Inspirados em um ideal de "juiz esclarecido", ministros se consideram legitimados a "educar o cidadão ordinário" e a corrigir, por meio de decisões judiciais, os rumos políticos do país. "Esses juízes passaram a se ver como protagonistas de uma missão transformadora. Não aplicam apenas a lei – tentam impor um modelo de sociedade ideal, baseado em valores que consideram mais justos ou modernos", afirma França em artigo de opinião.

Segundo o historiador, essa postura é fruto da formação universitária enviesada, da influência de ONGs e lobbies internacionais, e de um sistema de seleção que privilegia o alinhamento ideológico. "O direito operado nos tribunais virou-se contra a lei", escreve. A jurisprudência passou a relativizar ou reescrever normas aprovadas pelo Legislativo, esvaziando o papel dos parlamentares e fomentando o descrédito no voto. "Os eleitos já não podem governar – são apenas executores de decisões judiciais", conclui.

O novo regime da toga

Ao acumular funções típicas dos outros Poderes – legislar, administrar, punir, censurar – o Supremo consolidou um papel que a Constituição não lhe atribuiu. Sob o argumento de proteger a democracia, adotou práticas que ferem seus próprios fundamentos: o princípio da legalidade, o contraditório, a separação dos poderes, a soberania popular.


Esse deslocamento de poder institui, de fato, um novo regime. Não mais o presidencialismo de coalizão, com todos os seus defeitos. Mas um presidencialismo tutelado, no qual o Executivo governa sob vigilância constante da Corte, e o Legislativo é frequentemente atropelado. Em última instância, trata-se de uma forma de governo de juízes – sem voto, sem alternância, sem controle. A história mostra que regimes fundados na exceção, mesmo quando motivados por boas intenções, terminam por corroer completamente as bases que pretendiam proteger. Como alertam os juristas, a democracia representativa brasileira, frágil e jovem, corre esse risco. E talvez já o esteja vivendo.


Gazeta do Povo

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Taxação não é culpa de Bolsonaro: Brasil está pagando o preço da política externa de Lula


Neste artigo busco expor minha opinião sobre o complexo impasse tarifário entre Brasil e Estados Unidos. Enquanto a maioria dos comentários têm abordado o tema sob um ponto de vista político, quero focar o assunto em outra perspectiva. Quase simultaneamente, Donald Trump decidiu que, a partir de 1º de agosto, o Brasil, governado pelo presidente Lula, pagará uma tarifa de 50% sobre os produtos exportados para aquele país, enquanto a Argentina, de Javier Milei, terá tarifa zero para suas exportações. Por que essa diferença?

Acredito que os motivos sejam diversos, mas destaco alguns: o presidente Javier Milei não ataca o presidente Trump, seu governo nem os Estados Unidos, ao contrário do governo Lula. Ele conseguiu organizar as contas de seu país, ao passo que o Brasil apresenta déficits monumentais, forçando o presidente do Banco Central a manter os juros elevados. Milei está fazendo a "lição de casa": gasta o que tem e permite que a sociedade prospere, afinal, não é a burocracia que deve crescer. O resultado é claro: a Argentina exportará para os Estados Unidos com tarifa zero, enquanto nós teremos uma tarifa de 50%.


Quero deixar claro o seguinte: o problema da taxação de 50% aos produtos brasileiros não foi provocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Foram, sim, as constantes e desnecessárias críticas do governo brasileiro ao governo Trump, feitas sem nenhuma contrapartida de benefício, que levaram a essa situação


Ocorre que a Argentina, em grande parte, possui os mesmos produtos de exportação que o Brasil. Para ilustrar, ambos os países são fortes no setor agropecuário. Consequentemente, perderemos esse mercado para a Argentina.

Mas por que tudo isso está acontecendo? Desde o início de seu governo, o presidente Lula tem atacado os Estados Unidos gratuitamente. Ele se mostra mais amigo de ditadores como os da Rússia, China, Cuba, Irã e até mesmo da Venezuela. Vale lembrar que ele enviou o embaixador brasileiro à posse daquele que é considerado o fraudador das eleições na Venezuela, além de manter uma posição absolutamente contrária a Israel, apoiando, por decorrência, os grupos terroristas Hamas e Hezbollah.


Vale ressaltar que não sou favorável à forma como Israel está agindo em relação ao povo palestino. Contudo, compreendo que era necessário que se fizesse algo em função daquele ataque terrorista, no qual mil e trezentas pessoas foram mortas e cerca de duzentas mantidas reféns.

Além disso, o presidente brasileiro também tem explicitado publicamente seu apoio ao Irã. Inclusive, segundo o que circula na imprensa e está sendo investigado, haveria o envio de urânio para que aquele país, uma ditadura sob a liderança de seu amigo, possa desenvolver uma bomba atômica. Cedida a terroristas, essa arma colocaria em risco a paz mundial.

É preciso ainda lembrar das recentes declarações feitas, após a última reunião do BRICS, quando o presidente Lula expressou críticas contundentes à política externa dos Estados Unidos, especialmente em relação a questões comerciais e a necessidade de uma nova moeda para substituir o Dólar, assim como sua visão sobre a ordem global. Portanto, são ataques desnecessários direcionados ao governo Trump e aos Estados Unidos.

Assim, a impressão que tenho é que os ataques gratuitos do presidente Lula aos Estados Unidos e sua preferência pelas ditaduras do Irã, da Rússia, da China, de Cuba e da Venezuela foram o motivo pelo qual o presidente Trump taxou o Brasil, enquanto Milei conseguiu tarifa zero para a Argentina e, consequentemente, capturará o mercado brasileiro nos Estados Unidos.


Se o Brasil tiver seus produtos taxados em 50% a partir de 1º de agosto e essa decisão não for inteligentemente negociada pelo Ministério de Relações Exteriores com os Estados Unidos, os mesmos produtos que exportamos serão exportados pela Argentina. Isso permitirá que ela recupere sua economia, que já está sem déficit, algo que não acontece com o Brasil. Além de perdermos esse mercado, enfrentaremos sérios problemas de infraestrutura, matérias-primas e tecnologia, essenciais para o Brasil, especialmente considerando que o presidente Lula está prometendo retaliação.

Quero deixar claro o seguinte: o problema da taxação de 50% aos produtos brasileiros não foi provocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Foram, sim, as constantes e desnecessárias críticas do governo Lula ao governo Trump, feitas sem nenhuma contrapartida de benefício, que levaram a essa situação. Isso prejudica muito determinados setores da economia brasileira, resultando na entrega para a Argentina de um mercado que era nosso, representando 12% de toda a exportação do Brasil.


Essa é uma questão que demanda profunda reflexão, inclusive por parte do governo e do Ministério das Relações Exteriores, que precisarão ser muito hábeis para negociar e, quem sabe, conseguir suspender essa tarifa antes de 1º de agosto.


Gazeta do Povo

Ives Gandra da Silva Martins é professor emérito das universidades Mackenzie, Unip, Unifieo, UniFMU, do Ciee/O Estado de São Paulo, das Escolas de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), Superior de Guerra (ESG) e da Magistratura do Tribunal Regional Federal – 1ª Região, professor honorário das Universidades Austral (Argentina), San Martin de Porres (Peru) e Vasili Goldis (Romênia), doutor honoris causa das Universidades de Craiova (Romênia) e das PUCs PR e RS, catedrático da Universidade do Minho (Portugal), presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio -SP, ex-presidente da Acade mia Paulista de Letras (APL) e do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp).

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Itamaraty minimizou preocupação dos EUA com Bolsonaro, diz oficial de Trump

Um funcionário sênior da administração de Donald Trump afirmou que não vê possibilidade de qualquer negociação adiar a entrada em vigor das tarifas de 50% contra o Brasil a partir do dia 1º de agosto. Isso porque até o momento o país não apresentou nada “sério” a ser negociado. O argumento é o mesmo ventilado nos bastidores pela Casa Branca ontem, de que nenhum avanço aconteceu porque os brasileiros não se “engajaram suficientemente” para isso.

As informações são da jornalista Mariana Sanches, colunista do UOL em Washington D.C..

Questionado sobre qual seria o engajamento esperado do Brasil neste momento, este funcionário, que pediu anonimato para comentar o assunto por não ter autorização para falar sobre o tema publicamente, afirmou que a discussão não pode se pautar apenas em comércio, já que a preocupação primordial de Trump seria outra.

“O Itamaraty minimizou as preocupações de Washington sobre o ex-presidente Bolsonaro e a liberdade de expressão, em detrimento de seu governo e de seu povo. O assunto agora se agravou muito além das expectativas deles”, afirmou o funcionário da gestão Trump.

Na carta em que anunciou as tarifas contra o Brasil, em 9 de julho, Trump chamou de “caça às bruxas” o processo judicial a que o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) responde. Entre outros crimes, ele é acusado de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito —os quais nega. Além disso, Trump acusava o STF (Supremo Tribunal Federal) de censurar cidadãos americanos e prejudicar os interesses comerciais de big techs americanas. Desde a divulgação da carta, a gestão Trump e o próprio presidente repetiram diversas vezes o argumento de que Bolsonaro é um perseguido político.

As declarações ecoam o teor da campanha feita há meses em Washington pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e pelo comentarista político Paulo Figueiredo por punições ao Brasil que possam forçar as autoridades do país a aprovar uma anistia a Bolsonaro, a seus aliados e a seus apoiadores.

Além das tarifas, os EUA iniciaram uma investigação por supostas práticas desleais de comércio do Brasil, e o Departamento de Estado anunciou restrição de acesso ao território americano ao ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do processo contra Bolsonaro, e ao que chamou de “seus aliados da corte”, em referência a outros sete ministros e a Paulo Gonet, procurador-geral da República. Mas novas ações de Washington são esperadas, tanto por bolsonaristas como pelo Itamaraty. Uma fonte do governo americano afirmou à coluna já ter visto o formulário escrito para impor sanções financeiras da Lei Global Magnitsky contra Moraes.

“O presidente Trump foi claro e o governo americano dispõe de uma ampla gama de ferramentas que pode — e irá — usar para promover suas prioridades. Moraes e sua turma apenas testemunharam o início disso. Isso está longe de acabar”, disse esta fonte do governo Trump.

Até o momento, Trump escolheu não abrir conversas entre a Casa Branca e o Planalto para tentar diminuir a crise bilateral. O governo brasileiro segue fazendo esforços para sensibilizar a gestão do republicano e aposta especialmente em pesos pesados do PIB dos EUA, que terão seus negócios afetados pelo tarifaço, para desbloquear o canal.

Trump já mobilizou tarifas como instrumento de pressão diplomática e comercial contra quase duas centenas de países, entre aliados e adversários. Mas em nenhum desses casos, o republicano exigiu interferência no Judiciário do país para abrir negociação. Até o momento, o governo brasileiro não fez e afirma que não fará concessões políticas ou judiciais aos Estados Unidos. Em Brasília, tal condição para a negociação é vista como extorsão.

“O Brasil não vai negociar sua soberania ou a independência de Poderes com quem quer que seja. Com nenhum outro país do mundo com o qual estão negociando tarifas, os EUA fizeram exigências como esta, de interferência aberta e indevida em assuntos de ordem doméstica. O Brasil segue disposto a negociar nos temas em que uma negociação é possível, mas não aceitará ingerência estrangeira em questões internas. A independência do Poder Judiciário vale tanto nos EUA quanto no Brasil”, afirmou um embaixador brasileiro com conhecimento direto das negociações.

O embaixador Tom Shannon, que liderou a embaixada americana em Washington durante a gestão de Barack Obama, afirma à coluna que a resposta do Itamaraty até o momento foi “óbvia”, já que o Brasil não poderia ceder ao que considerou “um movimento sem precedentes de um presidente americano de usar tarifas para abertamente interferir em assuntos políticos”.

Segundo Shannon, que também é ex-subsecretário de Estado para o Hemisfério Ocidental, a situação agora “é muito ruim” e o interesse de Trump é “100% em Bolsonaro”. “Brasil está pronto para negociar, mas não existe nenhum interlocutor com quem o país possa ter conversas significativas agora. Trump crê que conseguirá forçar o Brasil a recuar no caso Bolsonaro. Não irá conseguir atingir seu objetivo mas até se convencer disso, a grande perdedora será a relação bilateral”, diz Shannon.Em um artigo de opinião publicado há dois dias, a revista britânica The Economist afirmou que, “desde o fim da Guerra Fria”, os EUA “raramente” interferiram “tão profundamente” em um país latino-americano como Trump tem tentado fazer com a taxa de 50% direcionada ao Brasil por motivos políticos. A publicação porém destaca que, em vez de fortalecer a direita para a disputa eleitoral de 2026, a medida da Casa Branca até agora fortaleceu a posição de Lula, que deve disputar a reeleição.


UOL, coluna da Mariana Sanches

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Moraes ameaça prender deputados e proíbe acampamentos na Praça dos Três Poderes


Uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), provocou novo episódio de tensão entre o Judiciário e parlamentares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em despacho emitido na noite desta sexta-feira (25), atendendo pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), Moraes determinou a retirada imediata de deputados federais que montaram acampamento na Praça dos Três Poderes, em Brasília, sob risco de prisão em flagrante. Na sequência, Moraes expediu um complemento à decisão, com uma proibição ainda mais ampla: nenhum novo acampamento poderá ser instalado num raio de um quilômetro da Praça, da Esplanada dos Ministérios ou de quartéis militares.

A ação de Moraes foi desencadeada após o deputado Hélio Lopes (PL-RJ), conhecido como "Hélio Negão", iniciar um protesto solitário pacífico em frente ao STF, onde montou uma barraca e colou esparadrapo na boca em sinal de "greve de silêncio". Em poucas horas, outros parlamentares aderiram à manifestação, incluindo Coronel Chrisóstomo (PL-RO), Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Cabo Gilberto Silva (PL-PB) e Rodrigo da Zaeli (PL-MT).  No entendimento do ministro do STF, com a mobilização, os deputados estariam "participando de possível prática criminosa", o que fundamentou a autorização para prisão imediata em caso de descumprimento da ordem.

“Para garantir a segurança pública e evitar novos eventos criminosos semelhantes aos atos golpistas ocorridos em 8/1/2023, determinou-se a proibição de qualquer acampamento em um raio de 1KM da Praça dos Três Poderes, Esplanada dos Ministérios e, obviamente, em frente aos quartéis das Forças Armadas”, justificou o ministro. O despacho do ministro também impôs a remoção forçada e a prisão dos envolvidos em caso de recusa e autorizou a Polícia Militar do Distrito Federal e a Polícia Federal a agirem de imediato para a retirada dos deputados do local.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, foi pessoalmente à Praça para negociar a retirada dos manifestantes. Em declarações ao jornal Estadão, Ibaneis afirmou: “Vamos tentar tirar pacificamente. Se não saírem, serão presos”. A operação contou ainda com a presença do secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar, que alertou para o risco de que a manifestação degenerasse em um novo "8 de janeiro".

Em vídeo gravado na madrugada de sábado (26), o deputado Coronel Chrisóstomo reconheceu a ordem judicial: “Recebemos uma intimação, que veio o governador do DF pessoalmente notificar, com ordem do ministro – já sabem qual – para que pudéssemos desocupar. [...] Nós somos obedientes, mas vamos seguir orientação jurídica”. Ele ainda ressaltou que a mobilização era era pacífica: “Nossa luta é pela liberdade. [...] Liberdade ao nosso grande líder Bolsonaro, e queremos votar o PL da Anistia. É tudo que queremos”.

A manifestação acontece em um momento de crescente tensão institucional. Bolsonaro e vários de seus ex-assessores tornaram-se réus no STF sob a acusação de tentativa de golpe de Estado. Na semana anterior, Moraes havia determinado que o ex-presidente usasse tornozeleira eletrônica, medida que reacendeu protestos entre seus apoiadores no Congresso. O gesto de Hélio Lopes buscava, segundo ele, dar visibilidade à “perseguição política” contra Bolsonaro. Mas o ato acabou servindo como gatilho para uma nova resposta enérgica de Moraes, que tem ampliado o controle sobre manifestações públicas – mesmo pacíficas – considerando-as como “ameaça à ordem institucional”.

Ao final da madrugada, os deputados desmontaram as barracas e deixaram a Praça de forma pacífica, cercados por policiais e sob vigilância da Força Nacional.

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Lula e seu desprezo pela negociação sobre as tarifas de Trump


Lula aposta na provocação e se recusa a procurar Trump para discutir tarifas. (Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República)

“Ele não quer conversar. Se ele quisesse conversar, ele pegava o telefone e me ligava”, afirmou o presidente Lula na quinta-feira, durante evento em Minas Gerais, em referência ao norte-americano Donald Trump, que anunciou, no último dia 9, a imposição de tarifas de 50% aos produtos brasileiros importados pelos EUA, e que devem entrar em vigor em 1.º de agosto. Uma declaração bastante típica da megalomania do petista: enquanto o mundo inteiro procura os Estados Unidos para negociar a redução das tarifas impostas a vários países, é Trump quem tem de telefonar para Lula, e não o contrário.

Enquanto o setor produtivo brasileiro se desespera com a possibilidade de enormes perdas devido ao tarifaço, levando parlamentares e governadores a tentarem abrir os próprios canais de negociação, outros países, fazendo aquilo que Lula se recusa a fazer, já colheram resultados. VietnãIndonésiaJapão e Filipinas estão entre os países que obtiveram reduções nas tarifas. O Reino Unido havia acertado um acordo quando do primeiro tarifaço, em abril. A Argentina já vinha negociando com os Estados Unidos desde antes da vitória eleitoral de Trump, em novembro do ano passado, e intensificou os esforços nos últimos meses. União Europeia e China continuam dialogando com os norte-americanos.

Alguns pontinhos nas pesquisas de popularidade valem muito mais para Lula que a saúde das empresas exportadoras brasileiras

Lula, no entanto, segue firme na retórica que reduz o mundo a um enorme boteco. Depois de sugerir que poderia resolver a guerra entre Rússia e Ucrânia em uma mesa de bar, usou o jogo de truco para provocar Donald Trump mais uma vez. “Eu não sou mineiro, mas eu sou bom de truco, e se ele estiver trucando, ele vai tomar um seis”, prometeu o petista no mesmo evento, no Vale do Jequitinhonha. Mas Lula é o único a acreditar que tem cartas boas na mão – se é que realmente acredita nisso. O Brasil tem muito mais a perder que os Estados Unidos no caso de uma intensificação da guerra comercial, e é por isso que setores como o de mineração se opõem à aplicação de medidas de reciprocidade, prometida por Lula, afirmando que elas só trariam mais prejuízos.

Difícil imaginar que esses argumentos, por mais sensatos que sejam, sensibilizem o petista. Sua aversão ao setor produtivo como um todo é notória, especialmente quando as empresas insistem em buscar o que é melhor para elas e seus clientes, em vez de “estar de acordo com aquilo que é o pensamento de desenvolvimento do governo brasileiro”, como disse Lula no começo de 2024. O tarifaço de Trump deu um palanque para Lula surfar na onda da “defesa da soberania nacional”, embora estejamos falando de um presidente que não se importa em tomar calotes de colegas ideológicos como Cuba e Venezuela, e que já entregou de mão beijada uma unidade da Petrobras na Bolívia, em 2006. Alguns pontinhos nas pesquisas de popularidade valem muito mais para Lula que a saúde das empresas exportadoras brasileiras.


Trump não irá atrás de Lula porque não é o norte-americano quem está na posição mais frágil. E Lula não quer ir atrás de Trump porque as bravatas e as provocações lhe rendem dividendos em termos de popularidade, e porque ele pode usar o tarifaço como justificativa para jogar de vez o Brasil no colo de russos e chineses. Já o interesse nacional, que exige esforços para abrir o máximo possível de mercados aos produtos brasileiros, fica em último plano, para a agonia de todos – especialmente empresários e trabalhadores – que dependem de uma inserção internacional forte do Brasil.



Gazeta do Povo

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