Brasil deve ter o maior aumento da carga de impostos do mundo


A carga tributária brasileira poderá saltar para quase 43% do PIB até 2050, mais que atual peso dos impostos em países como Alemanha e Suécia. O aumento, de quase dez pontos percentuais em relação aos níveis atuais, deve ser o maior de todo o planeta.

As estimativas são de um trabalho divulgado pelo Instituto Esfera de Estudos e Inovação. Conforme o estudo, assinado pelo economista Pedro Fernando Nery, a causa principal é demográfica.

Com a população envelhecendo rapidamente, aumentará a pressão por elevação do gasto público, principalmente em saúde e Previdência. Para dar conta da despesa, a tendência é de que o Estado busque arrecadar mais.

Envelhecimento da população pressiona contas públicas

Com carga tributária estimada em 33% em 2023, segundo o estudo, o Brasil já tem peso de impostos aproximadamente 50% maior que a média dos países emergentes e cerca de 30% maior que a da América Latina e do Caribe. E a pressão só tende a aumentar.

A razão está nos números demográficos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a parcela da população com mais de 60 anos cresceu de 5,1% em 1970 para 15,6% em 2022. A projeção indica que esse percentual chegará a 37,8% em 2070. A idade média dos brasileiros saltou de 28,3 anos em 2000 para 35,5 em 2023 e deve atingir 48,4 em 2070.

A experiência internacional mostra que, em países com ampla cobertura de seguridade social, como o Brasil, essa transição demográfica eleva automaticamente a carga tributária.

O ponto de partida já é preocupante. Cerca de 90% dos gastos do governo são obrigatórios e não podem ser cortados livremente. Segundo o Banco Central, o endividamento público saltou de 71,7% do PIB em dezembro de 2022 para 77,5% em agosto de 2025, o maior índice desde novembro de 2021. Em 32 meses do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as contas públicas fecharam no vermelho em 25 ocasiões.

Alternativas para reduzir a carga tributária

Diante desse cenário, quais são as saídas? Reduzir despesas públicas seria uma alternativa. O problema é que 90% dos gastos federais são obrigatórios por lei ou pela Constituição: Previdência, saúde, educação, funcionalismo. Mesmo reformas estruturais profundas levariam décadas para mostrar efeito, enquanto o envelhecimento avança rapidamente.

Outra opção seria apostar na reforma tributária em andamento. Mas ela também não resolve. A reforma estabelece o IVA dual: um Imposto sobre Valor Agregado dividido entre União (CBS, a Contribuição sobre Bens e Serviços) e estados e municípios (IBS, o Imposto sobre Bens e Serviços). Embora simplifique a estrutura de impostos sobre consumo, não ataca o crescimento dos gastos obrigatórios vinculados ao envelhecimento populacional.

Redução dos benefícios fiscais

Resta, então, uma terceira via. Diante desse cenário, segundo Nery, a resposta é reduzir os benefícios fiscais, também chamados de gastos tributários — isenções e reduções de alíquotas que equivalem a subsídios indiretos. "Α redução é desejável para os esforços de recomposição do resultado primário e estabilização da dívida pública", aponta o estudo. O resultado primário é a diferença entre o que o governo arrecada e o que gasta, sem contar os juros da dívida.

Mas quais são esses benefícios fiscais? Entre os mais comuns para as empresas estão:

  • Simples Nacional e Microempreendedor Individual (MEI)
  • Incentivos à agricultura e à agroindústria
  • Incentivos regionais a regiões menos desenvolvidas, como o Norte e Nordeste (Zona Franca de Manaus)
  • Imunidades e isenções para entidades como templos de qualquer culto, partidos políticos, sindicatos e instituições de educação e assistência social

Para pessoas físicas, os principais benefícios fiscais são:

  • Deduções no IRPF, como despesas médicas e educação
  • Isenção para lucros e dividendos distribuídos

Projeções para 2050

Para entender a dimensão do problema, é preciso olhar para o futuro. As simulações para 2050 consideram o atual nível de carga tributária, as projeções de envelhecimento da ONU e o impacto histórico da transição demográfica observada em outras economias.

O peso dos benefícios fiscais nessa equação é significativo. Sem eles, o Brasil já estaria com uma carga tributária de aproximadamente 40%, a mesma de países como a Suécia e a Noruega, que têm populações envelhecidas e amplo gasto social. Os gastos tributários correspondem a 6% do PIB, estima o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Outra estimativa, mais conservadora, vem da Receita Federal. Segundo o Fisco, os gastos tributários federais são de 4,4% do PIB. A diferença em relação aos cálculos do Ministério da Fazenda se refere a valores não considerados pela Receita, como a isenção de lucros e dividendos no IRPF.

Benefícios fiscais: entre a "válvula de escape" e o descontrole

Esse cenário cria um dilema. O Instituto Esfera define a situação dos benefícios fiscais como um paradoxo: "Se, por um lado, os gastos tributários são candidatos naturais à racionalização em qualquer agenda de consolidação fiscal, por outro, em um país que ruma para ter uma das maiores cargas tributárias do mundo, eles funcionam ainda que de modo distorcido como uma válvula de escape para a economia".

Em outras palavras: os benefícios aliviam a pressão sobre empresas e contribuintes, mas, ao mesmo tempo, corroem a arrecadação e pressionam o orçamento público. Isso força o governo a elevar ainda mais a carga tributária sobre quem não tem acesso a esses incentivos, criando um círculo vicioso.

O problema piora porque, com a perspectiva de elevação da carga tributária em função do envelhecimento da população, a demanda por manutenção e expansão desses incentivos tende a crescer. E o país não tem mecanismos adequados para controlá-los.

Governo fracassou em limitar benefícios fiscais

O governo criou muitos benefícios fiscais sem objetivos claros, avaliação de efetividade ou cláusulas de caducidade (sunset clauses, que determinam prazo de validade). Ficam ativos por inércia, às vezes por décadas. Pior: muitos tornam o sistema tributário regressivo, isto é, favorecem proporcionalmente mais os ricos que os pobres.

Exemplos de distorções

Alguns casos ilustram o problema. As deduções no Imposto de Renda (IRPF) beneficiam quem tem renda tributável suficiente para deduzir: majoritariamente classes média e alta. A isenção de lucros e dividendos faz com que rendimentos de capital distribuídos fiquem fora do imposto de renda, favorecendo os mais ricos. A desoneração da cesta básica é ineficiente: boa parte do benefício fica com parcelas mais ricas, simplesmente porque consomem mais em termos absolutos.

Houve tentativas de impor controle. A Emenda Constitucional 109, de 2021, estabeleceu um teto de 2% do PIB para gastos tributários federais a partir de 2027. A mesma emenda previa a criação de uma Lei Geral dos Gastos Tributários (LGGT) para estabelecer critérios de concessão, avaliação e redução gradual dos benefícios. Mas a tentativa fracassou.

A lei nunca saiu do papel devido à não apresentação de um projeto. Falta de consenso político e resistência de setores beneficiados podem ter dificultado a iniciativa. O percentual se mantém acima dos 4% do PIB.

Como evitar o descontrole dos benefícios fiscais

Segundo Nery, a solução não é abolir os benefícios fiscais, o que seria improvável e indesejável diante do aumento da carga tributária, mas otimizá-los. O FMI recomenda que o governo administre os benefícios fiscais com o mesmo cuidado que as despesas diretas, com custo identificado, mensurado e comparável.

Para isso, uma LGGT eficaz precisa instituir critérios rigorosos:

  • relevância e justificativa clara;
  • eficiência e custo-benefício;
  • equidade, evitando concentração nos mais ricos; e
  • simplicidade e controle

Há exemplos de como fazer direito. O professor do IDP diz que o Regime Especial da Indústria Química (Reiq) mostra como fazer certo: exige termo de compromisso das empresas, cumprimento de obrigações e tem prazo de extinção programado. "A mera equiparação de outros gastos setoriais à sistemática do Reiq já seria positiva", afirma Nery.

A experiência internacional também oferece lições. Países como a Índia implementaram cláusulas de caducidade para isenções fiscais. As isenções expiram automaticamente, a menos que avaliações de efetividade as justifiquem. A LGGT deveria incorporar essa obrigação, avalia ele.

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Uma em cada 5 garrafas de uísque ou vodca vendidas no Brasil é falsificada, diz estudo

Um estudo da Euromonitor International, encomendado pela Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD), revelou um dado alarmante: 20% das garrafas de uísque e vodca vendidas no país são falsificadas.

O levantamento também mostrou que 28% de todos os destilados comercializados no Brasil estão ligados a crimes — que vão de sonegação fiscal e contrabando até falsificação e produção sem registro.

Preço atrativo: as versões falsas chegam a ser 35% mais baratas em média. Na internet, a diferença pode chegar a 48% em relação ao produto original.

Risco à saúde: muitas adulterações usam álcool impróprio para consumo, como o metanol, que pode causar graves intoxicações.

Por que cresce tanto? Alta carga tributária, falhas na fiscalização e canais de venda informais e digitais ajudam a manter o crime em alta.

A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) chegou a levantar a hipótese de que parte do metanol usado nas fraudes venha de distribuidoras ligadas ao PCC, mas o governo de São Paulo nega qualquer elo com a facção criminosa.

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‘Cafezinho’ mais caro do mundo custa R$ 3,6 mil e entra para o Guinness, o Livro dos Recordes

Já imaginou pagar R$ 3.600 em um único cafezinho? Foi o que um homem desembolsou por uma xícara da bebida em setembro em uma cafeteria em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

O feito entrou para o Guinness World Records, enciclopédia internacional de recordes, como o valor mais caro já pago por uma xícara de café. O item foi vendido pela cafeteria Roasters Specialty Coffee House por 2.500 dirhams (cerca de R$ 3.630).

Esse cafezinho de luxo foi feito com grãos da variedade geisha cultivados na Hacienda La Esmeralda, no Panamá. A fazenda é reconhecida internacionalmente por produzir alguns dos cafés mais raros e valiosos do mundo.

A fazenda por trás do café mais caro do mundo

A Hacienda La Esmeralda, responsável pelo cultivo do café da xícara mais cara do mundo, fica na cidade de Boquete, no Panamá.

Originário da Etiópia, o geisha cultivado pela La Esmeralda é descrito como tendo notas de goiaba, pêssego branco e jasmim.

“É um café extraordinário em termos de paladar”, segundo a diretora de café da fazenda, Rachel Peterson.
A La Esmeralda fica a 2 mil metros acima do nível do mar, e aproveita a altitude para desenvolver grãos com sabores complexos e diferenciados.

Por lá, o cultivo é feito em microlotes, estratégia que garante perfis sensoriais distintos em cada safra.

Além disso, o reconhecimento do Guinness não é o único destaque recente da La Esmeralda.

Em agosto deste ano, um lote de 20 kg do geisha lavado foi arrematado por US$ 604 mil (mais de R$ 3,3 milhões) durante o leilão anual Best of Panama, organizado pela Associação de Café Especial do país.

Na mesma semana, o grão já havia sido arrematado por US$ 23,6 mil (R$ 129 mil) o quilo em um evento internacional de degustação, vendido a uma empresa chinesa.

Em junho, o grão também foi eleito o melhor café do Panamá na categoria geisha lavado.

g1

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A anistia e seus sabotadores: a mentira da inconstitucionalidade

Numa época em que o respeito à lei e o compromisso com os fatos se tornam exercício arriscado, quase expressão de ousado confronto à suprema ordem estabelecida no país, impõe-se superar o medo ou o silêncio cômodo.
Somando-me às poucas vozes do meio jurídico que ousam defender o velho e bom direito digno desse nome, ouso trazer à lembrança a lei e registrar alguns fatos sobre esse instituto que transita entre o campo da política e do direito – a anistia.

Sobre ela, ministros do STF mentem, petistas mentem, a turma do Centrão mente e a imprensa amiga do poder também mente. A maior mentira é a afirmação de que a anistia é inconstitucional, já tendo o Supremo decidido nesse sentido. Senão, vejamos por que se trata de uma tosca mentira.

A uma, porque jamais o Supremo (insisto em acreditar que ele ainda não se transmutou por completo em Alexandre de MoraesFlávio Dino e Gilmar Mendes) julgou a sua inconstitucionalidade ou sequer poderia julgá-la, já que nem mesmo existe texto legal aprovado. Assim, não é possível apreciar a constitucionalidade ou não de um texto normativo inexistente.

A duas, em razão do fato de que não é inconstitucional eventual concessão de anistia a Bolsonaro e demais réus do 8 de janeiro, porque os crimes a eles atribuídos não fazem parte da lista de ilícitos que a Constituição veda expressamente a seus autores de serem beneficiados por anistia, graça ou indulto.

A três, considerando que a anistia é, essencialmente, um tipo de perdão legal – ou, mais especificamente, constitucional, pois está prevista expressamente na principal lei do país – concedido a autores de crimes de conteúdo político. A anistia, desconsiderando todos os vícios processuais vistos no julgamento desses réus, vem a ser o instituto que mais serve ao caso, ainda mais depois de tudo que está vindo à tona com a vaza toga. Sua natureza é jurídico-política e, como a história revela, são anistiados exatamente os supostos envolvidos em crimes praticados com fins políticos.

E, finalmente, a quatro, lembrando que o STF já declarou que a Lei da Anistia de 1979 era compatível com a Constituição de 1988, sendo válida não apenas para favorecer militantes e guerrilheiros de esquerda, como também aqueles que seriam seus algozes do regime militar.

Assim, se a última anistia beneficiou assaltantes, assassinos, sequestradores e outros criminosos confessos de esquerda – como os que hoje gritam "sem anistia" com seus cúmplices do passado e do presente –, maior razão assiste concedê-la aos envolvidos numa suposta trama golpista que, além de não provocarem mortes, promoverem sequestros ou assaltarem pessoas e instituições, não agiam sob um comando golpista, junto a tropas e empunhando armas. Ora, se a do passado estava em sintonia com o espírito da atual Constituição, não há como justificar que a atual não esteja.

Diante do atual cenário, tudo indica que os sabotadores da anistia apenas buscam retardar sua concretização para ganhar tempo e maior poder de barganha. A anistia a Bolsonaro e a seus aliados e apoiadores se impõe por imperativo ético-jurídico, necessidade política e significativa pressão estrangeira. Com isso, acredito que não tardará para alguns ministros do STF, membros do governo Lula e jornalistas começarem a implorar por anistia ampla, geral e irrestrita que os favoreça também.


Denise Albano, doutora em Direito, é professora de Direito na Universidade Federal do Sergipe (UFS).

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Show da banda Ira! é cancelado por falta de público em MG


O show da banda Ira!, que aconteceria em formato acústico no espetáculo “Ira! Acústico 20 anos”, foi cancelado em Sete Lagoas. De acordo com a organização, a decisão foi tomada devido à baixa adesão de público. Em nota, a produtora responsável pelo evento informou o cancelamento e se colocou à disposição para esclarecimentos aos compradores de ingressos.

O Mercado San Pietro, local onde o show seria realizado, também se pronunciou, reforçando que é apenas a casa de shows e que a responsabilidade pela contratação e realização dos eventos cabe diretamente às produtoras.

“Nos colocamos à disposição para esclarecimento de dúvidas. Reiteramos que o Mercado San Pietro é a casa de shows e que a responsabilidade pela contratação dos eventos que acontecem aqui são de responsabilidade direta dos produtores”, destacou o espaço em nota.

Boicote após manifestação contra a anistia

Em abril deste ano, a banda Ira! já teve shows cancelados em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul após Nasi, vocalista da banda ter sido vaiado ao se manifestar contra a anistia dos acusados pelos ataques de 8 de janeiro no show que aconteceu em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em 29 de março. O cantor reagiu às vaias que recebeu fazendo um pedido aos ‘bolsonaristas’ que estavam presentes:

“Por favor, vão embora! Vão embora da nossa vida! Vão embora e não apareçam mais em shows, não comprem nossos discos, não apareçam mais”, disse na ocasião.

Com informações do portal LA News e g1

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Rejeição a Janja dispara e alcança maior nível em mais de um ano

A participação da primeira-dama Janja da Silva no dia a dia do governo é desaprovada por 61% dos eleitores ouvidos pelo PoderData, de acordo com uma nova rodada da pesquisa de avaliação divulgada nesta sexta (3). Esse é o maior nível de rejeição entre os 89% dos que a conhecem desde maio do ano passado.

De acordo com o levantamento, a desaprovação a Janja disparou 11 pontos desde a última pesquisa, realizada entre o final do mês de maio e o início de junho, após um período de estabilidade:

  • Desaprovação: 61%, ante 50%;
  • Aprovação: 23%, ante 30%;
  • Não sabe: 16%, ante 20%.

O PoderData ouviu 2,5 mil pessoas entre os dias 27 e 29 de setembro em 178 municípios dos 26 estados e do Distrito Federal. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.

Desde o início deste terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Janja tem ganhado protagonismo na participação política do governo e, até mesmo, atravessado ministros, autoridades e aliados. O petista, no entanto, começou a gestão dando carta branca a ela e afirmando que não seria uma primeira-dama tradicional.

“Ela era uma agente política antes de eu a conhecer, continua sendo, por isso que eu falo que ‘você faça o que você quiser’, cada um de nós sabe as nossas tarefas, nossas missões. Ela não precisa de cargo para ser importante, para fazer o trabalho que ela quiser fazer, se quiser visitar alguém, um estado”, disse Lula em uma live em 2023.

Segundo o PoderData, 51% dos entrevistados a conhecem de ouvir falar, 38% a conhecem bem e 11% não a conhecem. O nível de conhecimento sobre Janja vem crescendo desde meados de 2024.

Além de ter ganhado carta branca para atuar politicamente no governo sem ter um cargo oficial, Janja também acompanha Lula em praticamente todas as viagens que faz tanto em território nacional como no exterior. Dependendo da agenda, ela viaja antes do petista para organizar agendas e participar de eventos paralelos.

No ano passado, ela chegou a viajar com a comitiva do governo que verificou os primeiros estragos causados pela tragédia climática do Rio Grande do Sul. Meses antes, no mesmo estado, chegou a ser chamada de Michelle Bolsonaro – ex-primeira-dama do governo de Jair Bolsonaro (PL) – durante um protesto.

Janja também chegou a participar de um jantar com embaixadoras de 19 países e de ministras e influenciou a decisão de Lula de barrar uma das medidas do ministro Fernando Haddad (Fazenda) para taxar as compras on-line estrangeiras até US$ 50 – a “taxa das blusinhas” – que, meses depois, acabou sendo aprovada pelo Congresso em um acordo com o governo para poder passar outras pautas prioritárias.


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RN foi 2º estado do Nordeste menos visitado pelos turistas brasileiros em 2024, diz IBGE


O Rio Grande do Norte recebeu 285 mil viagens de brasileiros em 2024, queda de 10% em relação ao ano anterior, segundo o IBGE.

O RN ficou em penúltimo lugar no Nordeste, à frente apenas de Sergipe, e caiu para a 17ª posição no ranking nacional de destinos.

Ao todo, os turistas deixaram R$ 379,8 milhões no RN, quase 9% a menos que em 2023. A permanência média foi de 7,3 pernoites, um dia a mais que no ano anterior.

A maioria das viagens (89%) ao RN foi por motivos pessoais, como lazer, saúde e visita a familiares. O gasto médio por viagem foi de R$ 2.384 – acima da média nacional (R$ 1.843), mas abaixo da nordestina (R$ 2.523).

As informações são do módulo sobre Turismo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta quinta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Percentual de brasileiros que dizem ter se endividado por apostas em bets sobe de 16% para 35%, no período de um ano


O número de brasileiros acima de 16 anos que já fizeram apostas em bets cresceu de 24% em outubro de 2024 para 36% em setembro de 2025, segundo pesquisa PoderData. O percentual representa cerca de 56,1 milhões de pessoas.

Destes 36%, o percentual de apostadores que afirmam ter se endividado por causa dos gastos com jogos on-line nas chamadas bets foi de 16% em outubro de 2024 para 35% em setembro de 2025.

Nesse grupo, 51% dizem não ter contraído nenhuma dívida por causa das bets. A taxa de quem preferiu não responder é de 14%. O aumento da taxa de endividamento pode ser explicado em parte como consequência do aumento do número de pessoas que declaram realizar apostas.

Perfil dos mais endividados

As taxas são mais altas entre homens (43%), pessoas com apenas o ensino fundamental completo (42%) e eleitores com renda de até 2 salários mínimos (40%).

A pesquisa

Os dados são de uma pesquisa do PoderData, realizada de 27 a 29 de setembro de 2025, por meio de ligações para celulares e telefones fixos, com 2.500 entrevistas em 178 municípios nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. O intervalo de confiança é de 95%.

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O massacre silencioso: a perseguição do Boko Haram aos cristãos nigerianos


Em meio às vastas savanas e florestas do nordeste da Nigéria ecoam gritos de terror que o mundo prefere ignorar. Imagine uma manhã como qualquer outra em um pequeno povoado cristão no estado de Borno: famílias se reúnem para orar, crianças brincam ao redor de uma igreja humilde de barro, e o sino toca chamando para a missa. De repente, o rugido de motos e o estalo de tiros rasgam o ar. São os jihadistas do Boko Haram, os que proíbem o conhecimento ocidental e, acima de tudo, a fé em Jesus Cristo. Eles não vêm para roubar; vêm para exterminar. Mulheres são violentadas, homens são degolados, crianças são queimadas vivas em suas casas. Corpos mutilados jazem nas ruas, e as chamas devoram a cruz que simbolizava a fé e a esperança. Isso não é ficção apocalíptica; é a realidade cruel que se repete há mais de uma década na Nigéria, o epicentro global do martírio cristão.

O ódio muçulmano

Apenas nos primeiros oito meses deste ano, mais de 7 mil cristãos foram assassinados por sua fé nesse país africano, tornando-o o lugar mais perigoso do mundo para os seguidores de Jesus Cristo. Em média, 30 fiéis são massacrados diariamente – um número que supera qualquer outro conflito religioso contemporâneo. O Boko Haram, fundado em 2002 por Mohammed Yusuf e revitalizado sob Abubakar Shekau, não esconde sua agenda: estabelecer um califado islâmico sunita radical, inspirado na sharia mais extrema, e erradicar qualquer vestígio de cristianismo ou secularismo. Seus ataques são meticulosos, seletivos. Igrejas são demolidas com explosivos caseiros, e pastores são sequestrados e decapitados em vídeos de propaganda que circulam nas redes sociais. Recentemente, em 19 de setembro de 2025, o padre Matthew Eya foi assassinado a tiros ao retornar à sua paróquia em Nsukka; ele foi um dos muitos clérigos caçados como presas pelos islamitas. Seu crime? Pregar o Evangelho em terras onde a cruz é vista como uma afronta a Alá.

Esses massacres não são isolados; são parte de uma campanha sistemática que remonta a 2009, quando o Boko Haram iniciou sua insurgência sangrenta. Desde então, mais de 52 mil cristãos nigerianos foram mortos – 3,1 mil apenas em 2024. A milícia Fulani, composta por pastores nômades muçulmanos armados, aumenta o terror com invasões de fazendas cristãs no cinturão médio do país, alegando disputas por terra, mas na verdade impulsionada por um jihadismo étnico-religioso. Vilarejos inteiros são incinerados, como quando 110 agricultores cristãos foram executados em Zaabarmari, em 2020. Mulheres e meninas enfrentam o pior: mais de 2 mil foram sequestradas desde 2014, forçadas a conversões islâmicas e casamentos forçados, ecoando o destino das 276 meninas de Chibok, cujo resgate o mundo prometeu e esqueceu. O governo nigeriano, com um presidente muçulmano, vice-presidente muçulmano e conselheiro de segurança nacional muçulmano, parece paralisado – ou cúmplice. Terroristas capturados são “reabilitados” e soltos, enquanto cristãos fogem para campos de refugiados, abandonados à fome e à doença.

“Não há judeus envolvidos”

Como cristãos, vemos nisso não apenas uma imensa tragédia humana, mas o cumprimento profético das Escrituras. “Na verdade, todos os que querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2Tm 3.12). Os mártires nigerianos se alinham aos heróis da fé de Hebreus 11, que foram perseguidos e assassinados por sua fé no Senhor. Sua resiliência inspira: mesmo sob a ameaça de assassinato ou degradação, eles constroem igrejas clandestinas, batizam novos convertidos e cantam hinos de louvor ao Deus uno e trino em meio à insegurança e ao medo. Mas onde está o eco dessa coragem no Ocidente? Onde está a voz dos nossos irmãos em Cristo, que deviam clamar por justiça?

Aqui reside a ferida mais profunda desse martírio na Nigéria: o silêncio ensurdecedor da mídia ocidental. Enquanto o Boko Haram continua seu genocídio – sim, genocídio, como o reconhece até o comediante ateu Bill Maher, que em seu programa recente denunciou: “É muito mais um genocídio do que o que está acontecendo em Gaza” –, as manchetes globais calam. Quantas reportagens na CNN, na BBC, no New York Times, na Globo, na Folha de S.Paulo foram dedicadas a esses 7 mil mortos em 2025? Uma fração ínfima, perdida em notas de rodapé sobre “eventos isolados”, “conflitos étnicos” ou “instabilidade regional”. Maher, em um raro momento de lucidez, apontou o dedo: “Não há judeus envolvidos, então ninguém se importa”.

Em junho de 2025, os Arquôntes do Patriarcado Ecumênico – leigos reconhecidos por sua dedicação à defesa da fé ortodoxa, ao serviço da Igreja e ao apoio ao Patriarcado – denunciaram o ensurdecedor silêncio da mídia ocidental diante da perseguição aos cristãos. Segundo eles, esse silêncio não apenas destoa da gravidade da situação, mas também aprofunda a invisibilidade das vítimas e enfraquece a pressão internacional em favor da liberdade religiosa. Por que esse silêncio? Porque o jornalismo moderno, impregnado de um secularismo progressista, teme ofender o Islã radical. Criticar o Boko Haram seria “islamofobia”, um pecado imperdoável na catedral da correção política. Em vez disso, prioriza-se narrativas que se alinhem ao multiculturalismo vazio, ignorando que a Sura 9:29 do Alcorão ordena a subjugação dos infiéis – cristãos incluídos.

A mídia global destaca incessantemente a guerra em Gaza, movida por um claro desprezo por Israel e um antissemitismo crescente, enquanto ignora a perseguição generalizada contra judeus e cristãos em todo o mundo. No dia 7 de outubro de 2023, o Hamas invadiu o sul de Israel. Em poucas horas, 1,2 mil judeus foram assassinados – o maior massacre de judeus desde o Holocausto. O grupo, braço do jihadismo global assim como o Boko Haram, embora com agenda própria, expôs sua face brutal. Desde então, o antissemitismo disparou em todo o mundo. Incidentes de ódio aumentaram 400%, com sinagogas vandalizadas, universitários judeus hostilizados em câmpus americanos e um “recorde histórico” de crimes de ódio religioso no Reino Unido, segundo a BBC. No entanto, a resposta global é enviesada: enquanto alguns condenam timidamente o antissemitismo, outros celebram ou justificam histericamente o Hamas, com manifestações pró-Palestina ganhando apoio descarado no Ocidente. Judeus e cristãos enfrentam um desprezo crescente, frequentemente minimizado ou ignorado.

Guerra espiritual

Enquanto isso, os cristãos nigerianos são massacrados sem qualquer atenção. Desde 2009, 52 mil foram mortos em ataques equivalentes a 43 massacres como o de 7 de outubro, mas a mídia ocidental permanece em silêncio. Não há protestos nas capitais ocidentais, hashtags virais ou resoluções da ONU. Por quê? Do ponto de vista cristão, a resposta é clara: o Ocidente, agora dominado por uma agenda laicista, só se mobiliza para atacar os judeus, alimentando narrativas antissemitas que demonizam Israel. Já os cristãos nigerianos – 99% africanos negros, vários descendentes de escravos libertos (em grande parte igbos, muitos iorubás do sudoeste e várias minorias étnicas do centro e do sudeste) – são irrelevantes para a mídia e os governos ocidentais, pois não há judeus para culpar. O Relatório USCIRF de 2025 confirma condições “pobres” de liberdade religiosa na Nigéria, com governos tolerando os ataques cruéis contra cristãos. Assim, o sofrimento de cristãos nigerianos é tratado como secundário, ofuscado por narrativas que favorecem outras causas.

Essa hipocrisia das elites ocidentais revela uma luta espiritual mais profunda. Como alertou o apóstolo Paulo, “a nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais” (Ef 6,12). O Boko Haram é um instrumento de Satanás, mas a mídia ocidental é sua cúmplice involuntária, espalhando trevas ao tentar apagar a luz de Cristo. Pastores nigerianos, como relatado por Portas Abertas, afirmam que fiéis temem até se reunir para o culto, enquanto no Ocidente igrejas vazias debatem liturgia inclusiva em vez de orar pelos mártires. No X, vozes isoladas clamam – como Rob Schneider e Emeka Nwagbaraocha, denunciando o massacre ignorado –, mas o algoritmo enterra essas postagens. Enquanto isso, publicações antissemitas ou pró-Hamas viralizam, alimentando ainda mais o ódio.

Como cristãos, não podemos nos contentar com indignação passiva. A Bíblia nos manda: “Lembrai-vos dos presos, como se juntamente estivésseis presos, e dos maltratados, como o sendo vós mesmos também no corpo” (Hb 13,3). Devemos confrontar essa seletividade moral, pressionando governos por sanções ao Boko Haram, como as recomendadas pelo Parlamento britânico em 2024. Devemos expor o viés midiático, boicotando veículos que ignoram nossos irmãos. Mas, acima de tudo, devemos voltar às raízes da fé: a oração, que consola em meio à dor, dá firmeza diante da perseguição e crê na vitória de Cristo sobre as trevas.

Irmãos em Cristo, este é o nosso chamado. De joelhos, clamemos ao Pai por proteção aos cristãos na Nigéria, pela conversão dos perseguidores e pelo despertar das nações. Que o sangue dos mártires não seja em vão, mas se torne um clamor celestial por justiça. Oremos pelos clérigos e por suas comunidades; oremos pelos cristãos sequestrados em Chibok; oremos para que o Boko Haram encontre o Príncipe da Paz; caso rejeitem, encontrarão o Verbo de Deus que virá em glória, para julgar com justiça e derrotar de forma definitiva todos os seus inimigos. Unidos à sombra da cruz, sejamos a voz que o mundo insiste em calar. E que lembremos da comovente oração do mártir Policarpo de Esmirna:

“Senhor Deus Todo-Poderoso, Pai de teu amado e bendito Filho Jesus Cristo, por meio do qual recebemos o conhecimento de Ti; Deus dos anjos e das potências, de todos os seres criados e dos justos que vivem em tua presença; eu te bendigo por me achares digno deste dia e desta hora, para que eu tome parte no número dos mártires, no cálice de teu Cristo, para a ressurreição à vida eterna da alma e do corpo na incorrupção do Espírito Santo. Que eu seja recebido entre eles naquele dia, como um sacrifício rico e aceitável diante de Ti, que és o Deus fiel e verdadeiro. Por isso, eu te louvo por tudo, te bendigo e te glorifico por meio do Sumo Sacerdote eterno e justo, Jesus Cristo, teu Filho amado, pelo qual, contigo e com o Espírito Santo, seja glória agora e nos séculos futuros. Amém.”


Franklin Ferreira - Gazeta do Povo

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