Jornalista Rudimar Ramon é ameaçado por filho de Prefeito de Canguaretama após denúncias

O jornalista Rudmar Ramon foi ameaçado de perseguição judicial para tentar intimidar e evitar as publicações feitas pelo jornalista.

As ameaças partiram do filho do Prefeito de Canguaretama, Luís Fernando, atual secretário de financas, filho do prefeito Leandro Varela, após as denúncias de ação de cassação das transferências PIX de caixa 2 na campanha e do jornalista ter divulgado o trator do PAC em terreno privado de forma irregular.

Conforme dito pelo jornalista, o profissional registrou um boletim de ocorrência contra as ameaças. O caso deverá ser investigado.

As denúncias

Conforme apurado por Rudimar Ramon, uma máquina do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), vinculada ao Governo Federal, foi utilizada pela gestão municipal de Canguaretama para abrir vias em área privada, sem o devido licenciamento ambiental.

Segundo denúncias, a ação teria sido solicitada por supostos invasores que tiveram seus pleitos “atendidos” pelo filho do Prefeito Leandro Varela, Luiz Fernando, que ocupa a titularidade da secretaria de Finanças, – O que a execução de serviços rurais tem a ver com os pagamentos de um município eu também não sei, mas lá estava o Secretário… – que chegou a ser visto por populares “fiscalizando o serviço” irregular em flagrante desrespeito a uma ordem judicial liminar que proíbe qualquer intervenção no local.

As denúncias já foram registradas junto aos órgãos ambientais competentes, além do MPF, que agora acompanham o caso. Até o momento, a Prefeitura de Canguaretama não se pronunciou oficialmente sobre o uso irregular do equipamento.

A outra notícia consiste em uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) movida contra o prefeito de Canguaretama, Leandro Varela, o vice-prefeito Erivan de Souza Lima e outras pessoas ligadas à gestão municipal. A acusação aponta a prática de abuso de poder econômico e arrecadação ilegal de recursos para a campanha eleitoral por meio de doações via Pix que não teriam sido declaradas à Justiça Eleitoral.

Segundo a denúncia, durante a campanha teriam sido promovidos eventos de grande porte, com trios elétricos, paredões de som, fornecimento de combustível e outras estruturas, sem que esses gastos fossem registrados oficialmente na prestação de contas. O documento apresentado à Justiça Eleitoral indicaria valores muito inferiores ao que, segundo a coligação, foi efetivamente gasto.

Ainda conforme a acusação, o dinheiro teria sido enviado por eleitores para a conta de uma suposta empresa de fachada, utilizando uma chave Pix ligada ao operador financeiro da campanha, que atualmente ocupa o cargo de secretário no município. A ação sustenta que houve tentativa de ocultar a origem dos recursos, com participação de pessoas próximas ao candidato, integrantes de sua equipe de campanha e hoje ocupantes de funções estratégicas na administração municipal.

A coligação Unidos pelo Trabalho pede à Justiça Eleitoral a cassação dos mandatos do prefeito e do vice, além da declaração de inelegibilidade de todos os envolvidos por um período de oito anos. Também foi solicitada, em caráter liminar (pedido de urgência), a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos acusados, bem como busca e apreensão de documentos e aparelhos eletrônicos, para comprovar a suposta prática de caixa dois, termo usado para designar movimentação de recursos sem registro oficial, e a ocultação de despesas de campanha.

O processo tramita na 11ª Zona Eleitoral do Rio Grande do Norte, responsável por analisar as provas e decidir sobre a procedência ou não das acusações.


Fonte: Portal da 98 FM

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DENÚNCIA GRAVE: Máquina do PAC é usada indevidamente pela gestão municipal de Canguaretama em terreno privado


Uma máquina do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), vinculada ao Governo Federal, foi utilizada pela gestão municipal de Canguaretama para abrir vias em área privada, sem o devido licenciamento ambiental. Segundo denúncias, a ação teria sido solicitada por supostos invasores que tiveram seus pleitos “atendidos” pelo filho do Prefeito Leandro Varela, Luiz Fernando, que ocupa a titularidade da secretaria de Finanças, - O que a execução de serviços rurais tem a ver com os pagamentos de um município eu também não sei, mas lá estava o Secretário… - que chegou a ser visto por populares “fiscalizando o serviço” irregular em flagrante desrespeito a uma ordem judicial liminar que proíbe qualquer intervenção no local.

As denúncias já foram registradas junto aos órgãos ambientais competentes, além do MPF, que agora acompanham o caso. Até o momento, a Prefeitura de Canguaretama não se pronunciou oficialmente sobre o uso irregular do equipamento.


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Supremo sem freios: como o STF instituiu uma juristocracia no Brasil e minou o Estado de Direito

Nos últimos anos, uma transformação silenciosa – porém profunda – tomou corpo no coração institucional do Brasil. O Supremo Tribunal Federal (STF), originalmente concebido como o guardião técnico da Constituição, passou a ocupar o centro do poder político nacional. O fenômeno, apontado por juristas, acadêmicos e advogados, tem nome: juristocracia – um sistema em que juízes, sem representação popular, governam de fato, praticamente substituindo o Legislativo e limitando o Executivo.

Essa reconfiguração da República não se deu por reformas constitucionais nem por plebiscitos. O novo regime emergiu, como apontam juristas que escreveram sobre o tema para a Gazeta do Povo, a partir de decisões judiciais da Corte que, gradualmente, extrapolaram cada vez mais os limites estabelecidos pela Carta de 1988 para a atuação do STF. O que deveria ser autocontenção converteu-se em ativismo. E o que se esperava ser imparcialidade técnica transformou-se em vontade política revestida de toga.

De intérprete da Constituição a legislador

"O STF transformou-se em um poder político – e isso é péssimo para o Brasil", alertou o jurista Ives Gandra da Silva Martins em artigo publicado na Gazeta. Em vez de atuar como "legislador negativo", ou seja, anulando leis inconstitucionais, o Supremo passou a legislar positivamente, impondo decisões e praticamente tomando o lugar do Congresso Nacional em discussões sensíveis e complexas como o aborto, o marco temporal das terras indígenas e a regulamentação das plataformas digitais.

Esses temas, por sua profundidade e impacto, exigiriam deliberação política no Congresso – onde o pluralismo, o voto e o debate prevalecem. Mas o STF os absorveu, deliberou e decidiu, em muitos casos atropelando o Parlamento. Assim, não apenas minou a função legislativa como tornou o direito imprevisível, gerando insegurança jurídica. "A Constituição não outorgou ao Supremo a prerrogativa de criar normas. Quando isso acontece, o princípio da separação dos poderes é afetado", ressalta Gandra. "Hoje temos três Poderes políticos e não dois políticos e um técnico", resume.


O juiz que investiga, acusa e julga

No campo penal, a erosão institucional é ainda mais alarmante. Em investigações como os inquéritos das fake news, das milícias digitais e dos atos antidemocráticos, o Supremo criou procedimentos que afrontam os pilares do devido processo legal. Adriano Soares da Costa, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Público, chama o fenômeno de "regime de exceção" e denuncia a criação de um "direito penal do inimigo", onde o juiz que julga é também quem acusa e investiga.

Medidas como prisões preventivas, bloqueio de contas bancárias e suspensão de redes sociais têm sido determinadas sem participação do Ministério Público e sob sigilo, frequentemente baseadas em relatórios de entidades não oficiais. Muitas dessas medidas sequer geram processos judiciais subsequentes – são punições sem julgamento. E, para agravar, as vítimas dessas decisões não têm sequer a quem recorrer: plataformas digitais não podem contestar as ordens judiciais, e os cidadãos sequer são notificados.

Imparcialidade comprometida

A imparcialidade, virtude essencial da magistratura, também parece em declínio, apontam os juristas. Um caso envolvendo o ministro Alexandre de Moraes é emblemático nesse sentido, segundo juristas. Após ser alvo de ameaças, ele declarou-se impedido de julgar a parte do processo que envolvia sua família, mas manteve-se relator da parte que investigava ataques ao Estado de Direito – embora os réus e os fatos fossem os mesmos.

Para o advogado Luiz Fernando Casagrande Pereira, em artigo escrito para a Gazeta, trata-se de "jurisdição voluntarista, despida da imparcialidade". Trata-se de algo tão evidente que até a OAB nacional e seccionais como a do Paraná já se manifestaram contra os chamados "inquéritos excepcionais" conduzidos pelo Supremo, especialmente pela "relatoria estendida e ilimitada" do ministro Moraes. O uso crescente de decisões secretas e a supressão do contraditório têm minado, segundo Casagrande Pereira, a confiança do público no STF. Ele cita a Pesquisa do instituto ProDat que mostrou que a aprovação da Corte caiu de 31% em 2022 para 14% em 2024.


A cultura do magistrado iluminado

Mas os problemas não se limitam à estrutura processual ou à expansão de competências. O historiador Jean Marcel Carvalho França vê, por trás das ações do Supremo, uma cultura de poder tecnocrático que se coloca acima da vontade popular. Inspirados em um ideal de "juiz esclarecido", ministros se consideram legitimados a "educar o cidadão ordinário" e a corrigir, por meio de decisões judiciais, os rumos políticos do país. "Esses juízes passaram a se ver como protagonistas de uma missão transformadora. Não aplicam apenas a lei – tentam impor um modelo de sociedade ideal, baseado em valores que consideram mais justos ou modernos", afirma França em artigo de opinião.

Segundo o historiador, essa postura é fruto da formação universitária enviesada, da influência de ONGs e lobbies internacionais, e de um sistema de seleção que privilegia o alinhamento ideológico. "O direito operado nos tribunais virou-se contra a lei", escreve. A jurisprudência passou a relativizar ou reescrever normas aprovadas pelo Legislativo, esvaziando o papel dos parlamentares e fomentando o descrédito no voto. "Os eleitos já não podem governar – são apenas executores de decisões judiciais", conclui.

O novo regime da toga

Ao acumular funções típicas dos outros Poderes – legislar, administrar, punir, censurar – o Supremo consolidou um papel que a Constituição não lhe atribuiu. Sob o argumento de proteger a democracia, adotou práticas que ferem seus próprios fundamentos: o princípio da legalidade, o contraditório, a separação dos poderes, a soberania popular.


Esse deslocamento de poder institui, de fato, um novo regime. Não mais o presidencialismo de coalizão, com todos os seus defeitos. Mas um presidencialismo tutelado, no qual o Executivo governa sob vigilância constante da Corte, e o Legislativo é frequentemente atropelado. Em última instância, trata-se de uma forma de governo de juízes – sem voto, sem alternância, sem controle. A história mostra que regimes fundados na exceção, mesmo quando motivados por boas intenções, terminam por corroer completamente as bases que pretendiam proteger. Como alertam os juristas, a democracia representativa brasileira, frágil e jovem, corre esse risco. E talvez já o esteja vivendo.


Gazeta do Povo

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Decisão de Moraes sobre entrevistas de Bolsonaro viola liberdade de expressão e de imprensa

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de proibir o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de conceder entrevistas que sejam divulgadas nas redes sociais, afeta diretamente a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa. A medida é alvo de críticas de juristas e de membros da oposição.

Nesta segunda‑feira (21), o magistrado emitiu nova decisão proibindo Bolsonaro de participar de “transmissões, retransmissões ou veiculação de áudios, vídeos ou transcrições de entrevistas em qualquer das plataformas das redes sociais de terceiros”. A medida restringe indiretamente o trabalho da imprensa, uma vez que Bolsonaro deve passar a recusar entrevistas para não ser preso.

No mesmo dia, o ex‑presidente daria uma entrevista ao portal Metrópoles, mas cancelou por causa da decisão. Também estava prevista sua presença em uma entrevista coletiva na Câmara, da qual decidiu não participar.

Para o advogado constitucionalista André Marsiglia, a decisão do ministro Alexandre de Moraes representa um grave atentado às liberdades fundamentais. “A nova ordem é um abuso contra a liberdade de expressão do réu, contra a liberdade de imprensa, que tem seu direito de conceder entrevistas cerceado, e contra o direito de todos nós de receber informação”, afirmou Marsiglia por meio das redes sociais.

Marsiglia também aponta incoerências na decisão, especialmente quanto à abrangência da proibição. “Veja: se a ordem se volta apenas às redes, ele pode ser entrevistado por jornais, rádios e TVs? E se [as declarações de Bolsonaro não forem postadas] nos canais das redes sociais [...] pelas próprias emissoras que o entrevistarem fora das redes? Ao proibir "retransmissão", a decisão também proíbe a veiculação de entrevistas antigas?”, questiona.

O jurista classifica a decisão de Moraes como uma forma inédita de censura no país. “Além da censura prévia, que se volta a manifestações futuras, Moraes inventa a censura retroativa, que se volta ao passado, e a censura seletiva, que incide apenas sobre redes sociais. Moraes está banindo do ambiente virtual a existência de Bolsonaro, tornando-o um nome proibido de ser mencionado.” “Um absurdo jurídico digno das ditaduras mais sombrias”, ressalta.

A nova cautelar foi determinada por Moraes após a decisão do próprio ministro, na última quinta‑feira (17), na qual impôs que Bolsonaro use tornozeleira eletrônica e se abstenha de usar redes sociais. Tanto no despacho atual quanto no anterior, o ministro justificou a medida pela suposta obstrução de Justiça, pela coação no curso do processo e pelo que ele considera ser um "atentado à soberania nacional" praticado pelo ex‑presidente.

Para o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, a proibição de veicular entrevistas com o ex-mandatário nas redes sociais se trata de "censura" com o objetivo de isolar Bolsonaro. “Este é o Brasil e a democracia relativa que estamos vivendo”, comentou.


Decisão inaugura “regime de exceção judicial” e silencia toda a sociedade, afirma jurista

Segundo o advogado Richard Campanari, especialista em Direito Eleitoral e membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), a decisão de Moraes não representa apenas uma medida cautelar controversa, mas a consolidação de um “regime de exceção judicial”. Para ele, a medida viola frontalmente princípios constitucionais e projeta um cenário de censura institucionalizada.

“Ao estender a vedação à imprensa, a comunicadores e até a cidadãos comuns, a decisão viola frontalmente liberdades constitucionais, como a liberdade de expressão, de imprensa e o direito de ser informado”, afirmou Campanari. Segundo ele, trata-se de uma "censura prévia travestida de tutela judicial", que criminaliza até mesmo o ato de ouvir um opositor político.

O advogado alerta que a medida foi tomada sem condenação formal, baseada em alegações genéricas como “obstrução à Justiça” e “atentado à soberania”. “É a substituição do devido processo legal por medidas arbitrárias. É a erosão da legalidade em nome de uma democracia cada vez mais formal e cada vez menos real”, salientou.

Para Campanari, a decisão de Moraes rompe com os pilares do Estado de Direito e amplia o alcance de uma decisão monocrática para toda a sociedade. “Estamos diante de uma distorção estrutural da Justiça, que abandona sua imparcialidade para atuar como instrumento de controle político”, criticou.


Em 2018, STF liberou entrevista de Lula e alegou liberdade de imprensa

A decisão de Moraes vai na contramão do entendimento da própria Corte sobre entrevistas com presos. Em 2018, a 12ª Vara Federal de Curitiba (PR) havia proibido o então ex‑presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), à época detido, de conceder entrevistas aos jornalistas Mônica Bergamo e Florestan Fernandes Júnior. O órgão argumentou que a entrevista traria problemas de segurança para o petista.

Os profissionais recorreram ao Supremo e tiveram o pedido atendido pelo então ministro Ricardo Lewandowski, atual ministro da Justiça e Segurança Pública de Lula. Ele argumentou que a postura da 12ª Vara feria o que havia sido decidido pelo STF na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 130, quando a Corte declarou que a Lei de Imprensa (Lei 5.250/1967) não foi recepcionada pela Constituição de 1988.

Em despacho, Lewandowski afirmou que o Supremo garantiu a plena liberdade de imprensa como categoria jurídica proibitiva de qualquer tipo de censura prévia. Por conta disso, a decisão da 12ª Vara Federal de Curitiba, “ao censurar a imprensa e negar ao preso o direito de contato com o mundo exterior, viola frontalmente o decidido na ADPF 130”.

O ministro também destacou que a jurisprudência do STF sempre assegurou o direito de presos e condenados de conceder entrevistas.

“Ressalto, ainda, que não raro diversos meios de comunicação entrevistam presos por todo o país, sem que isso acarrete problemas maiores ao sistema carcerário. Cito alguns exemplos: o ex‑senador Luiz Estevão concedeu entrevista ao SBT Repórter em 28/05/2017; Suzane Von Richthofen foi entrevistada pelo Fantástico, da TV Globo, em abril de 2006; Luiz Fernando da Costa (Fernandinho Beira‑Mar) participou do Conexão Repórter, do SBT, em 28/08/2016; Márcio dos Santos Nepomuceno (Marcinho VP) deu entrevista ao Domingo Espetacular, da TV Record, em 08/04/2018; e Gloria Trevi foi entrevistada pelo Fantástico em 04/11/2001, entre outros inúmeros e notórios precedentes”, disse Lewandowski.

Ao comentar a situação, o advogado Gabriel Quintão Coimbra, que defende alvos de inquéritos chefiados por Moraes, afirma que a decisão do STF na ADPF 130, relatada pelo ex-ministro Carlos Ayres Britto, reconheceu que a liberdade de expressão ocupa uma “posição preferencial” no ordenamento constitucional brasileiro. “Não há valores mais elevados do que esses. Essa censura prévia causa medo e efeito silenciador, em prejuízo à democracia e ao debate público.”

O advogado também apontou incoerência na jurisprudência da Corte, ao comparar a decisão de Moraes com a adotada por Lewandowski em 2018. “Os casos são idênticos e sugerem um tratamento desigual do STF em desfavor do ex-presidente [Jair Bolsonaro], a meu ver, visando claro silenciamento político.”


Gazeta do Povo

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Sob Lula, Abin fez ação hacker contra o governo do Paraguai

A Abin (Agência Brasileira de Inteligência), sob o atual governo Lula (PT), executou uma ação hacker contra autoridades do governo do Paraguai. O planejamento da operação de espionagem teve início ainda na gestão da agência durante o governo Bolsonaro (PL), mas a ação foi executada com a autorização do atual diretor da Abin de Lula, Luiz Fernando Corrêa.

O UOL apurou que a ação invadiu computadores para obter informações sigilosas relacionadas à negociação de tarifas da usina hidrelétrica de Itaipu, que é objeto de disputa comercial entre os dois países há muitos anos.

A ação foi descrita em detalhes em depoimento — obtido com exclusividade pelo UOL — prestado à Polícia Federal por um servidor da Abin que participou diretamente da ação. Um segundo agente da Abin também relatou à PF a existência da operação. O UOL ainda confirmou os fatos com uma terceira pessoa que teve acesso a informações detalhadas da ação.

De acordo com o depoimento do agente, a ação resultou na captura de dados de diversos alvos ligados à cúpula do país vizinho.

A operação aconteceu meses antes de o governo brasileiro fechar um novo acordo sobre os valores pagos ao Paraguai por energia vendida ao Brasil, em maio de 2024. Porém, o agente não explicou se as informações obtidas na ação da Abin foram usadas para favorecer o Brasil na negociação.

A PF apura agora se a operação hacker contra o governo do Paraguai teve caráter ilegal.
Procurados, o diretor Luiz Fernando Corrêa e a assessoria de imprensa da Abin não se manifestaram. O espaço segue aberto para posicionamento.

A investigação faz parte de inquérito que apura desvios da Abin sob a gestão do ex-diretor Alexandre Ramagem, no governo de Jair Bolsonaro (PL), mas que também passou a detectar suspeitas de irregularidades envolvendo o atual diretor.

Esse depoimento foi prestado em novembro do ano passado por um servidor concursado da Abin há mais de 20 anos, que atuou na área de inteligência. Ele participou tanto de operações na gestão de Ramagem como também da ação hacker que relatou à PF.

O UOL teve acesso com exclusividade à transcrição do interrogatório, enviada sob sigilo ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Para preservar a segurança do agente da Abin em operações de campo, a reportagem optou por omitir o seu nome. Um segundo servidor da Abin também confirmou à PF a existência dessa operação, mas não deu detalhes por não ter participado diretamente dela.

Intrusão em computadores

De acordo com o agente, a ação envolveu o uso de um programa chamado Cobalt Strike, usado para invasão de dispositivos de informática.

“O Cobalt Strike era uma ferramenta utilizada para o desenvolvimento de um artefato de intrusão em computadores do governo paraguaio para dados relacionados à negociação bilateral de Itaipu […] O objeto da operação era a obtenção dos valores que seriam negociados do anexo C dos valores de venda de energia produzida por Itaipu”, afirmou o agente da Abin à PF.

O chamado anexo C do tratado sobre a divisão de energia assinado entre Brasil e Paraguai em 1973 estabelece as bases financeiras de comercialização da energia de Itaipu.

A energia gerada pela usina é dividida igualmente entre os dois países. Como o Paraguai tem uma demanda menor, vende parte de sua energia para o Brasil. Essas condições estão estabelecidas no anexo C do tratado.

A ação da Abin ocorreu em um momento estratégico das negociações sobre esse assunto. O tratado previa que os valores da tarifa de energia e as condições de comercialização voltariam a ser discutidas em 2023. Nos últimos anos, os governos do Paraguai vinham pressionando o Brasil para aumentar o valor pago pela energia excedente do país vizinho.

Em maio do ano passado, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, fechou um acordo com o presidente do Paraguai, Santiago Peña, no qual o Brasil aceitou aumentar a tarifa paga pela energia de Itaipu, mas abaixo do valor pedido pelo Paraguai.

Na ocasião, o governo brasileiro também abriu a discussão para negociar as condições do anexo C do tratado.

Ataques hackers não partiram do Brasil

Segundo o servidor da Abin, a ação hacker não foi feita a partir do Brasil. Agentes da Abin fizeram três viagens para o Chile e o Panamá para montar servidores virtuais, de onde foram disparados os ataques.

Os alvos seriam “autoridades relacionadas diretamente à negociação e aos valores a serem cobrados por megawatt”, disse o agente. “Foram invadidos o Congresso paraguaio, Senado, Câmara e Presidência da República”, revelou.

O agente da Abin relatou que foram executadas ações para capturar senhas e dados de usuários das autoridades do Paraguai, com o objetivo de ter acesso a informações sensíveis para a negociação das tarifas de Itaipu.

“Foram capturadas [informações] de cinco ou seis pessoas”, confirmou o agente à PF, sem contudo revelar as identidades. O servidor também não detalhou as informações obtidas e a data ou período em que a operação foi realizada.

Autorização dos diretores

A PF perguntou ao agente da Abin se as ações eram de conhecimento da cúpula da agência e se tiveram a autorização dos diretores.

Ele explicou que o plano de operação foi inicialmente aprovado pelo então diretor da Abin Victor Carneiro, que comandou a agência no final do governo Bolsonaro como sucessor de Ramagem.

Segundo o servidor da Abin, a operação obteve o aval de diretores seguintes do órgão, incluindo o atual, Luiz Fernando Corrêa.

Em seu depoimento, o agente disse que um dirigente da Abin “apresentou pessoalmente” a operação para o atual diretor da agência. “Luiz Fernando teria vibrado, gostou muito, que era a primeira vez que se sentia numa atividade de inteligência”, relatou o servidor à PF.

Homem de confiança do presidente, Luiz Fernando Corrêa é delegado de Polícia Federal aposentado e chegou a comandar a corporação durante o segundo governo Lula.

A nomeação dele para comandar a Abin no terceiro governo Lula desagradou o atual diretor da PF, Andrei Rodrigues, que havia tentado emplacar um nome de sua confiança para o órgão. Nos bastidores da Abin, o avanço das investigações da PF sobre a atual gestão da agência é visto como um desdobramento dessa disputa de poder.

O foco inicial da apuração da PF foi o uso da estrutura da agência pelo ex-diretor Alexandre Ramagem para espionar adversários políticos do governo Bolsonaro e atuar em defesa dos filhos do então presidente. As provas apreendidas ao longo da apuração, entretanto, resultaram na descoberta de suspeitas de irregularidades envolvendo as gestões seguintes.

Aguirre Talento – UOL

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Nunes articula candidatura ao Governo de SP em 2026 com Tarcísio em disputa presidencial

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), trabalha para se viabilizar como candidato ao governo estadual nas próximas eleições.

Nunes já falou sobre o assunto com secretários, vereadores e dirigentes partidários. Segundo esses aliados, ele sempre condiciona a ideia à saída do atual governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para disputar a Presidência.

Há duas semanas, de acordo com vereadores paulistanos, após ver resultados de uma pesquisa de intenções de voto que o colocou na liderança da disputa em um cenário sem Tarcísio, ele encaminhou links comemorando o levantamento, por WhatsApp, a políticos de sua base.

A pesquisa, do instituto Paraná Pesquisas, testou 7 cenários eleitorais, 4 deles com Tarcísio (que liderou em todos). Sem o governador, Nunes ficou na ponta, chegando a marcar 35% das intenções de voto, de acordo com a empresa.

Nessas conversas, ainda de acordo com seus aliados, o prefeito diz que, caso entrasse na disputa, teria já na largada 3 milhões de eleitores -uma referência à votação que obteve na disputa do ano passado, no segundo turno, contra Guilherme Boulos (PSOL).

Um dos principais aliados de Nunes na cidade, ouvido pela reportagem, disse que o prefeito já dedica parte de seu tempo a estudar as demandas da população no interior do estado, preparando-se para uma eventual disputa.

O interesse pelo interior, segundo outro aliado de primeira hora, já havia ficado evidente antes mesmo da pesquisa que o trouxe bem posicionado.

Nunes chamou quatro ex-prefeitos de grandes municípios para a composição de seu primeiro escalão: de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (Segurança Urbana); de Suzano, Rodrigo Ashiuchi (Verde e Meio Ambiente); de Osasco, Rogério Lins (Esportes); e de Jundiaí, Luiz Fernando Machado (Parcerias e Desestatização).

O movimento é similar ao que José Serra (PSDB) fez quando governou a cidade, de janeiro de 2005 a março de 2006. Na ocasião, ele convidou políticos do interior para comandar subprefeituras, em uma estratégia para criar bases eleitorais em regiões fora da capital.

A avaliação de aliados é que parte das políticas públicas que Nunes executa neste momento visa atrair votos do eleitor de direita do interior paulista, fatia responsável, em 2022, pela eleição de Tarcísio.

O principal exemplo está na segurança pública. Nunes instalou um "prisômetro" pouco antes do Carnaval no centro da cidade. Trata-se de um painel eletrônico que exibe estatísticas de pessoas presas a partir do SmartSampa, a rede de câmeras que ele instalou nas ruas, com sistema de reconhecimento facial.

Além disso, ele tenta transformar a GCM (Guarda Civil Metropolitana) em "Polícia Metropolitana", após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que autorizou a medida. Ele ainda não conseguiu porque parte de sua base na Câmara Municipal não gostou do tom impositivo com que teria tratado do tema com os vereadores, que agora decidiram criar uma comissão para debater o assunto.

Auxiliares do prefeito argumentam, por outro lado, que o programa SmartSampa foi implementado em sua gestão anterior, quando a perspectiva de tentar o governo não estava no horizonte.

Nunes teria cerca de um ano para viabilizar sua candidatura. Para disputar o governo, ele precisaria renunciar ao cargo em abril do ano que vem, ao mesmo tempo que Tarcísio teria de deixar o posto para disputar a Presidência.

A prefeitura, então, ficaria com o vice, Ricardo Mello Araújo (PL), ex-comandante da Rota indicado à chapa de Nunes pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O prefeito, contudo, teria de explicar a decisão ao eleitorado. Pouco após ser reeleito, ainda em outubro passado, em entrevista ao site Metrópoles, ele prometeu que cumpriria o mandato até o fim.

Além disso, Nunes teria de entrar em uma disputa pela indicação de Tarcísio. Entre os cotados, estão o presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado (PL), e algum indicado por Gilberto Kassab (PSD).

No caso de Kassab, um dos aliados do prefeito ressalta que o presidente do PSD foi o primeiro a declarar apoio formal à reeleição de Nunes, ainda em dezembro de 2023. Por isso, o entendimento da legenda é que o prefeito tem um acordo para apoiar a sigla no governo paulista.

Além disso, o atual vice-governador, Felício Ramuth (PSD), assumiria o cargo em uma eventual saída de Tarcísio, e aliados consideram natural que ele tente viabilizar uma candidatura à reeleição.

Segundo aliados, Nunes já disse a Mello Araújo, em tom de brincadeira, que ele assumirá a prefeitura.

Esses aliados, porém, destacam que Mello não dá nenhum espaço para discutir o tema porque é um militar leal a Bolsonaro. Ele segue a lógica de que Nunes não poderá disputar o governo porque Tarcísio não poderá disputar a Presidência. Embora o ex-presidente esteja inelegível por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), seus seguidores defendem que ele será candidato.

Nunes, por sua vez, nega ess

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Como a sociedade se acostumou com a glamourização do crime


A palavra “cultura” tem origem no latim “colere“, que significa “cultivar, cuidar, habitar, honrar”. Inicialmente, o termo estava ligado ao cultivo da terra (agricultura), mas, com o passar dos anos, também passou a abranger o desenvolvimento do espírito e do intelecto.

Nos últimos anos, o Brasil tem perdido sua identidade cultural, e o próprio conceito de “cultura” tem mudado. A distorção mais preocupante é a glamourização do crime organizado. Recentemente, as redes sociais debateram essa questão depois da divulgação de uma proposta da vereadora paulistana Amanda Vettorazzo (União Brasil), que sugeriu a proibição de shows que incentivem o crime e as drogas em eventos públicos de São Paulo.

Apelidada como “PL Anti-Oruam”, a proposta viralizou rapidamente e chegou aos ouvidos do próprio rapper, o que desencadeou uma série de ameaças contra a parlamentar. Oruam, nome artístico de Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, é filho do traficante Marcinho VP, preso há quase 30 anos e um dos líderes da facção criminosa Comando Vermelho, do Rio de Janeiro. Oruam tem 8,6 milhões de seguidores nas redes sociais e mais de 13,2 milhões de ouvintes mensais no Spotify.

Neste mês, o rapper foi preso duas vezes. Na primeira, depois de dar um “cavalo de pau” na frente de um carro da PM, e parar virado para a contramão. Na segunda, foi detido durante uma operação de busca e apreensão em sua casa, no Joá, zona oeste do Rio de Janeiro. Ele estava sendo investigado por disparar uma arma de fogo em um condomínio em Igaratá (SP) no fim do ano passado. Na residência, a polícia encontrou uma pistola 9 milímetros, simulacros de armas e armamento de airsoft. O traficante foragido Yuri Pereira Gonçalves também estava no local, o que resultou na prisão em flagrante de Oruam por favorecimento pessoal — ajudar alguém que cometeu um crime a escapar das autoridades. Em ambas as ocasiões, ele foi liberado poucas horas depois.

Oruam lançou seu primeiro álbum, Liberdade, em 20 de fevereiro, apenas um dia depois de ser preso pela primeira vez. A capa do disco traz o rapper ao lado de sua família, todos vestindo a mesma camisa com a imagem de Marcinho VP que foi usada pelo rapper no Festival Lollapalooza, em 2024. Uma das faixas, inclusive, se chama PL Anti O.R.U.A.M. A coincidência entre os eventos levou muitos internautas a especularem que sua prisão poderia ter sido “planejada” para se promover.

A criminalidade é um tema presente nas músicas de Oruam. Em Filho do Dono, parceria com MC Cabelinho, ele menciona Pablo da Lapa, filho do traficante Abelha, do Comando Vermelho, que morreu em confronto com a polícia do Rio de Janeiro em 2019. Na música, Oruam diz que, embora o Estado seja “genocida com o morador”, ele não teme por ser “filho do dono”. No YouTube, também há um vídeo do artista cantando Faixa de Gaza, de MC Orelha, que faz uma referência direta à facção criminosa.

“Na Faixa de Gaza, só homem-bomba / Na guerra é tudo ou nada (…) Por isso eu vou mandar / Por isso eu vou mandar assim / Comando Vermelho RL até o fim / É vermelhão desde pequenininho.”

Lavagem de dinheiro

Nascido em 2001, Oruam nunca conviveu com o pai, que está preso desde 1996. A mãe do artista chegou a ser presa em 2010, suspeita de atuar como “pombo-correio” (como são chamadas pessoas que transmitem mensagens entre facções criminosas) durante visitas íntimas a Marcinho VP. Ele também tem uma tatuagem em “homenagem” a Elias Maluco, assassino do jornalista Tim Lopes. Elias Maluco assumiu o tráfico de drogas no Complexo do Alemão quando Marcinho foi preso. Oruam refere-se ao criminoso como “tio”.

Embora o Código Penal Brasileiro preveja pena para apologia pública de crime, Oruam não foi responsabilizado por suas apresentações e músicas que glorificam a vida criminosa. Pelo contrário: sua carreira se destacou depois do incidente no Lollapalooza.

Com a repercussão do projeto de lei de Amanda Vettorazzo, foi levantada a hipótese de a carreira de Oruam ser utilizada para lavagem de dinheiro do Comando Vermelho, embora ainda não existam investigações ou provas que confirmem a teoria. Apesar disso, Oruam não esconde suas conexões com figuras conhecidas do crime organizado. Recentemente, ele colaborou na música A Cara do Crime 5 (Passe Caro), com MC Poze do Rodo, ex-traficante confesso do Comando Vermelho.

No Rio de Janeiro, o funk “pancadão” sempre esteve estreitamente ligado ao crime nas comunidades. Com a expansão do gênero pelo Brasil, passou a ser usado como ferramenta de controle em áreas dominadas pelo tráfico. A presença de facções como o Comando Vermelho e o PCC nas culturas locais é uma realidade consolidada há anos.

Eventos bancados com dinheiro do crime

Em 2024, a Polícia Civil de Cuiabá desmantelou núcleos do Comando Vermelho em Mato Grosso, na Operação Ragnatela. A investigação revelou que a facção comprou uma casa noturna na capital por R$ 800 mil, com recursos ilícitos, e financiou shows de artistas famosos, como MC Poze, em parceria com organizadores locais. Poze se apresentou em junho de 2022 no parque de exposições da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), com 20% do evento patrocinado pela facção, conforme interceptações do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).

A facção também proibiu seus membros de contratar artistas de São Paulo, em decorrência da rixa com o PCC. Em dezembro de 2023, MC Daniel foi hostilizado em Cuiabá e precisou de escolta. O organizador do evento foi proibido de realizar shows por dois anos.

Paralelamente, a Polícia Federal investigou o financiamento de produtoras de funk e de apresentações pelo PCC, depois de um plano de fuga frustrado do líder da facção Márcio Geraldo Alves Ferreira, o Buda, em 2023. Buda também interferia nos negócios do PCC, incluindo a produtora Love Funk, pressionando seu dono, Henrique “Rato”. Ele é produtor dos MCs Dieguinho, CL, Paiva e Paulin da Capital. Entre 2019 e 2022, a empresa movimentou R$ 173 milhões.

Em um relatório divulgado nesta semana, a agência não só confirmou a conexão da Love Funk com o PCC. Também revelou que as empresas de eventos GR6 e Formato Funk Agenciamento Musical também movimentaram dinheiro de origem ilícita entre 2022 e 2023, estando integradas a uma quadrilha especializada em lavagem de dinheiro para a facção.

Luiz Fernando Ramos Aguiar, especialista em segurança pública e major na Polícia Militar do Distrito Federal, explica que o interesse das facções criminosas ao promoverem os bailes funk e financiarem os artistas do gênero vai além do aspecto financeiro.

“O financiamento de artistas e de eventos é fundamental para o fortalecimento da imagem dos traficantes como defensores de suas comunidades”, afirma. “Na ausência de opções de lazer e de eventos culturais, sejam financiados pela iniciativa privada, sejam promovidos pelos governos locais, os marginais firmam sua posição como benfeitores.”

Assim, as facções moldam um ambiente cultural que leva muitos moradores a defendê-las. Além disso, esses eventos funcionam como uma porta de entrada para jovens no tráfico.

A aliança PCC-Comando Vermelho

O dinheiro do tráfico de drogas não financia apenas eventos e produções musicais. Em 2024, a Netflix lançou o documentário O Grito, produzido pela Real Filmes. O longa critica a Portaria nº 157/2019, que limitou visitas e a movimentação de presos em penitenciárias federais. O filme traz entrevistas com parentes de detentos como Marcola e Marcinho VP, além de aliados e secretários do governo Lula e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso.

A Polícia Civil de São Paulo afirma que o diretor do documentário, Rodrigo Giannetto, teve viagens à Europa pagas pelo PCC. As passagens, que custaram R$ 18.350, foram compradas por Kauê do Amaral Coelho, suspeito de colaborar com a facção e de envolvimento no assassinato do empresário Vinicius Gritzbach. Giannetto negou qualquer ligação com o PCC e disse que viajou para um festival de cinema na Itália.

A Agência K2, que contratou Giannetto, também trabalha com Oruam. O rapper foi entrevistado no documentário e deu seu relato sobre a “dor” de viver sem o pai. A produção também inclui entrevistas com membros da ONG Pacto Social & Carcerário SP, ligada ao PCC. O fundador da ONG, ex-presidiário, defende penas mais leves e a ressocialização dos detentos.

Coincidentemente, o documentário foi lançado meses antes de um relatório da Secretaria Nacional de Políticas Penais que revelou uma possível aliança entre PCC e Comando Vermelho. O acordo, intermediado por advogados e líderes das facções, teria estabelecido uma trégua e suspendido assassinatos entre os grupos, com o objetivo de fortalecer as organizações e melhorar as condições dos presos de alta periculosidade nos presídios federais. A mesma pauta defendida pelo documentário O Grito.

O PL Anti-Oruam

Em entrevista a Oeste, a vereadora e coordenadora nacional do Movimento Brasil Livre (MBL), Amanda Vettorazzo, revelou que o PL Anti-Oruam surgiu de uma experiência pessoal.

“Sempre organizei eventos na comunidade do Parque de Taipas e, em um deles, percebi que um jovem muito engajado na organização parou de comparecer e mudou seu comportamento”, relatou a parlamentar. “Conversando com ele, descobri que sonhava em ser cantor, inspirado no Oruam. Foi assim que conheci esse artista, que romantiza a criminalidade como um caminho para o sucesso.”

Depois da repercussão do projeto, mais de 50 cidades brasileiras demonstraram interesse em protocolar iniciativas semelhantes. Em nível federal, o deputado Kim Kataguiri (União-SP), colega de Amanda no MBL, propôs a proibição da contratação e do incentivo a artistas, shows e eventos que promovam apologia ao crime organizado, com o apoio de mais de 40 deputados federais.

Nesta semana, Amanda abriu a coautoria do projeto para todos os parlamentares da Câmara Municipal de São Paulo. A proposta conta com o apoio do presidente da Casa, Ricardo Teixeira, que se tornou coautor, o que, segundo Amanda, fortalece a tramitação e aumenta consideravelmente as chances de aprovação.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), também se posicionou a favor do PL Anti-Oruam. No dia 10 de fevereiro, ele afirmou que o funkeiro “não terá espaço” em eventos financiados com recursos públicos. Nunes fez a declaração durante o anúncio de um novo pacote de investimentos culturais para a capital paulista. “Evidentemente, se essa pessoa faz qualquer tipo de apologia ao crime, aqui nos palcos de São Paulo, com recurso público, ela não vai ter espaço”, disse.

Apesar da boa repercussão da proposta, a discussão gerou ataques e ameaças de morte contra Amanda. Em parte as ameaças foram incitadas pelo próprio Oruam. A vereadora registrou um boletim de ocorrência contra o rapper e fez uma denúncia ao Ministério Público. Também solicitou segurança à Câmara Municipal, que atendeu ao pedido. Atualmente, ela é acompanhada por seguranças em suas agendas oficiais. “Não vou me intimidar e seguirei firme na defesa do projeto”, declarou.

Amanda convidou Oruam e Poze do Rodo para participar de um debate sobre a proposta na Câmara de São Paulo, mas eles não responderam diretamente à convocação, limitando-se a fazer posts nas redes sociais. “Fizeram postagens sugerindo que eu fosse até a Penha [bairro no Rio de Janeiro]”, relatou. “Fazer o que lá? Não faço ideia. Mas gostaria muito de ver ambos explicando sua ‘arte’, que envolve apologia ao crime, para famílias que perderam pessoas no combate ao crime.”

Raízes da bandidolatria

Além dos festivais de música e produções da Netflix, Amanda destacou que a glamourização do crime aparece também nas telenovelas, especialmente as da Rede Globo. Algumas das premiações nas quais Oruam foi indicado são financiadas pelo conglomerado.

De acordo com Roberto Motta, colunista de Oeste e ex-secretário de Estado do Rio de Janeiro, a romantização da criminalidade é um fenômeno que ocorre no país desde a década de 1960. Ele menciona, como exemplo, a obra Seja Marginal, Seja Herói, de Hélio Oiticica, criada entre 1966 e 1967. A gravura mostra uma imagem do criminoso Cara de Cavalo morto e estirado no chão.

Segundo Motta, há segmentos da cultura que retratam o criminoso como um rebelde, um lutador contra o sistema. Na visão marxista, seria alguém que busca “reduzir a desigualdade e promover a justiça social”.

Motta explica que a origem disso está na teoria crítica da Escola de Frankfurt, que questiona as instituições opressoras da sociedade ocidental. Da teoria surgiram a desconstrução das relações amorosas, a liberação da sexualidade e a Teoria Crítica da Raça. Desse conceito também surgiu a glorificação da criminalidade, por meio dos posicionamentos do anarquista Mikhail Bakunin. Esse filósofo acreditava que, em certos contextos, os criminosos — especialmente os marginalizados ou oprimidos pela “sociedade capitalista” — poderiam ser aliados na luta contra a autoridade, já que sua rebeldia se opunha ao Estado e às normas sociais.

“A cultura treina as pessoas para a vida”, observa Motta. “É um instrumento essencial para que as pessoas possam progredir na vida do ponto de vista profissional, financeiro, emocional e afetivo. O que temos hoje em dia é uma cultura ruim, que coloca as pessoas numa armadilha. E elas só vão perceber isso daqui a 10, 20 anos.”


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Rui Costa amplia poder de diretor da Abin para punir agentes em meio a novas apurações

(FOLHAPRESS) - O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), aumentou o poder do diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Luiz Fernando Corrêa, para punir servidores em meio a uma série de novos PADs (procedimentos administrativos disciplinares) que tramitam no órgão.

Portaria publicada no Diário Oficial na última quarta-feira (8) autoriza o chefe da Abin a suspender qualquer servidor por até 90 dias após conclusão do procedimento disciplinar. Anteriormente, o diretor só poderia aplicar a punição por até 30 dias -em casos de período superior a um mês havia a necessidade do aval do ministro.

Com prestígio junto à Casa Civil, Corrêa decidiu também, em portaria interna, ampliar os poderes do corregedor da Abin, que poderá suspender qualquer servidor por até 30 dias. Procurados, Rui Costa e a Abin não se manifestaram.

A medida gerou incômodo em parte dos servidores da agência. De acordo com relatos à reportagem sob a condição de anonimato, há preocupação com a possibilidade de a cúpula da Abin usar os mecanismos para afastar desafetos e críticos da atual gestão.

Por outro lado, oficiais de inteligência alinhados à atual direção avaliam que a decisão é benéfica e mostra a confiança do governo Lula (PT) no comando da agência após o avanço das investigações da Polícia Federal sobre a chamada "Abin paralela".

Desde a chegada de José Fernando Chuy, delegado da PF que assumiu a corregedoria da Abin em julho passado, foram abertos cinco procedimentos disciplinares para apurar possíveis irregularidades, entre elas a responsabilização dos suspeitos de envolvimento no uso político da agência.

As apurações internas miram alguns casos da antiga gestão, segundo os relatos feitos à reportagem, como o arquivamento de PADs contra o ex-diretor da Abin Victor Carneiro, sucessor de Alexandre Ramagem e apadrinhado pelo general Augusto Heleno, então ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) do governo de Jair Bolsonaro (PL). Procurado pela Folha, Carneiro não se manifestou.

Em agosto de 2023, no auge das investigações sobre o First Mille -software espião usado por integrantes da Abin para monitorar adversários políticos do governo Bolsonaro-, a CGU (Controladoria-Geral da União) avocou todos os processos internos após suspeita de interferência do comando da Abin nas apurações. À época, a cúpula da agência e a CGU negaram suspeitas de interferência.

Em janeiro de 2024, o presidente Lula demitiu Alessandro Moretti, número 2 da Abin, após suspeitas de que ele atrapalhava as investigações.

O inquérito da PF sobre a "Abin paralela" está em fase final e era previsto para acabar no final de 2024. O prazo não foi cumprido devido ao avanço das investigações sobre tentativa de golpe de Estado, que levou ao indiciamento de Bolsonaro e outras 39 pessoas.

No relatório final divulgado em novembro, a PF apontou relação entre pessoas envolvidas com a tentativa de golpe de Estado e o caso da "Abin paralela".

Recentemente, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou o compartilhamento de provas da investigação da trama golpista com o caso da Abin.

De acordo com relatos, o relatório conclusivo sobre as investigações sobre o uso político da Abin trará um capítulo exclusivo sobre a suposta tentativa de interferência da cúpula da agência nas investigações dos policiais federais.

Até o momento, as apurações da PF revelaram que os integrantes do grupo paralelo tentavam encontrar informações que pudessem relacionar ministros do Supremo a alvos de apurações de suspeitas de irregularidades.

O inquérito também mira o monitoramento ilegal de autoridades públicas, utilizando-se de sistemas da agência, como o FirstMille, e a produção de notícias falsas.

A investigação da PF aponta que a estrutura da agência teria sido usada para blindar os filhos do ex-presidente, atacar a credibilidade do sistema eleitoral, produzir desinformação e espionar ilegalmente autoridades, como ministros do STF e senadores. Bolsonaro sempre negou que tenha havido ação ilegal da Abin em sua gestão.

Fonte: Clique Aqui

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Corinthians se reapresentará sem reforços e jovens do sub-20 podem ganhar chance no Paulistão

O Corinthians iniciará nesta terça-feira a preparação para a temporada 2025. O elenco comandado por Ramón Díaz vai se reapresentar no CT Joaquim Grava ainda sem reforços e com lacunas a serem preenchidas. Faltando apenas dez dias para a estreia no Campeonato Paulista, a tendência é que jovens do sub-20 ganhem chance nas primeiras partidas do Estadual enquanto a equipe se apronta para a estreia na fase preliminar da Copa Libertadores, em 19 de fevereiro.

Depois de fazer uma janela de transferências agressiva no meio de 2024, o Corinthians engrenou e terminou o ano enchendo o torcedor de esperanças. O time alvinegro, que chegou a ficar 22 rodadas na zona de rebaixamento do Brasileirão, emplacou nove vitórias consecutivas na reta final e conquistou uma vaga na Libertadores. Com a base da equipe mantida para a temporada que se aproxima, o clube mantém uma postura silenciosa no mercado e deve fazer contratações pontuais.

Depois de fazer uma janela de transferências agressiva no meio de 2024, o Corinthians engrenou e terminou o ano enchendo o torcedor de esperanças. O time alvinegro, que chegou a ficar 22 rodadas na zona de rebaixamento do Brasileirão, emplacou nove vitórias consecutivas na reta final e conquistou uma vaga na Libertadores. Com a base da equipe mantida para a temporada que se aproxima, o clube mantém uma postura silenciosa no mercado e deve fazer contratações pontuais.

Antes mesmo da virada do ano, o Corinthians acertou a compra em definitivo do goleiro Hugo Souza, além de renovar os contratos do atacante Ángel Romero, do zagueiro Cacá e dos volantes Maycon e André Carrillo. Em contrapartida, se despediram do clube o meia Matheus Araújo, o volante Ruan Oliveira, o zagueiro Caetano e o lateral-direito Fagner, este anunciado pelo Cruzeiro. A saída do atleta causou polêmica por se tratar de um jogador identificado com o clube e de uma posição carente no plantel corintiano.

"Existe uma conversa com a comissão técnica para entender quais são os jogadores que não serão tão bem utilizados. Pensamos no melhor para o Corinthians", comentou Fabinho Soldado, em conversa com a imprensa após a vitória do Corinthians na estreia da Copinha. "Estamos entusiasmados, os atletas têm se preparado até nas férias, a forma como realizam as atividades. Queremos recebê-los todos em boas condições para continuar em busca dos nossos objetivos em 2025", completou, se referindo à Yuri Alberto e Gustavo Henrique, que publicaram nas redes sociais vídeos treinando no CT do clube.

Os atacantes Pedro Henrique, encaminhado com o Ceará, e Pedro Raul são outros que podem dar adeus. O Corinthians estuda a contratação para a zaga, para as laterais, meio-campista e também para a posição de centroavante. A diretoria entende ser necessário qualificar os diferentes setores para o time entrar como favorito nas disputas em 2025. Contudo, levando em consideração a grave crise financeira do clube, existe o entendimento de que a chegada de novos atletas deve ser certeira.

JOGADORES DA BASE DEVEM GANHAR CHANCE

Com o curto intervalo de tempo entre o início dos treinos e a estreia no Paulistão, marcado para acontecer em 16 de janeiro, fora de casa, contra o Red Bull Bragantino, a tendência é que jovens da base ganhem espaço nos primeiros compromissos do clube. É o caso do lateral-direito Leo Maná, que com a saída de Fagner, surge como o substituto imediato de Matheuzinho. Outros que devem ser utilizados são o meia-atacante Kayque e o zagueiro Renato, que já treinaram com Ramón Díaz.

Alguns destaques do time sub-20 não foram inscritos na Copinha e devem fazer parte do grupo que vai trabalhar com Ramón neste primeiro momento. São os casos do zagueiro William, os volantes Yago e Thomas Agustin, e os atacantes Guilherme Henrique e Beto. Existe ainda a possibilidade de recrutar atletas que estão na Copinha para atender o elenco principal durante a preparação os preparativos para a nova temporada. O lateral-direito Denner e os atacantes Luiz Fernando e Gui Negão são vistos com bons olhos pela comissão técnica principal.

A revelação de novos atletas é vista também como uma oportunidade de a diretoria dar um respiro aos cofres do clubes. Em dezembro de 2023, o Corinthians negociou a venda de 100% dos direitos econômicos do volante Gabriel Moscardo por 20 milhões de euros (cerca de R$ 107,5 milhões) ao Paris Saint-Germain. Foi a última grade transferência do time brasileiro ao mercado internacional.

A bola da vez é o volante Breno Bidon, de 19 anos, um dos destaques do Corinthians em 2024. Campeão da Copinha no ano passado, ele tem sondagens de times da Europa e o Corinthians pretende renovar contrato com o jogador para valorizar ainda mais o seu ativo. A multa do atleta está estabelecida em 100 milhões de euros (cerca de R$ 642 milhões).

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Castro critica governo Lula e Justiça em segurança, mas defende palanque com filha de Beira-Mar

(FOLHAPRESS) - Após 18 minutos de críticas à atuação do governo Lula na segurança pública e à suposta leniência da legislação criminal, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), defendeu as agendas de campanha que fez ao lado da vereadora Fernanda Costa (MDB), condenada sob acusação de ligação com a organização criminosa do pai, o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.

Castro esteve em caminhada com Fernanda em Duque de Caxias em 2022, quando o governador tentava a reeleição. Ele também dividiu palanque com a vereadora reeleita este ano na cidade Baixada Fluminense, em ato de campanha do prefeito eleito Netinho Reis (MDB), de quem ela integrava a coligação.

"Ela não é do meu grupo. Toda vez que encontrei com ela foram em eventos na cidade dela que eu fui convidado e ela estava no palco. Tem uma questão da democracia. A vontade popular botou ela lá. Eu não vou ser mal-educado. E, se ela tivesse qualquer coisa em aberto aqui, ela teria sido presa. Eu não posso, em momento algum, fazer uma falta de educação, ser deselegante, e dizer que não vou subir no palco com aquela pessoa ali", disse Castro.

Fernanda tem ligação estreita com o secretário estadual Washington Reis (MDB), que chegou a ser registrado como vice na chapa de Castro na eleição de 2022 mas impedido de disputar em razão da Lei da Ficha Limpa.

A vereadora foi condenada em abril de 2023, em primeira instância, pela Justiça Federal de Rondônia sob acusação de atuar como "braço social e político" do pai. Ela recorre da decisão.

A Justiça Eleitoral no Rio de Janeiro deferiu o registro de candidatura dela à reeleição contrariando o entendimento recente da magistratura fluminense de analisar a vida pregressa do político. As decisões têm como objetivo impedir o envolvimento de pessoas ligadas a organizações criminosas nas eleições. A Folha de S.Paulo não conseguiu contato com a defesa de Fernanda até a publicação deste texto.

Fernandinho Beira-Mar é apontado como um dos principais líderes do Comando Vermelho, tendo construído uma rede internacional de tráfico de drogas e armas. Já foi condenado a mais de 300 anos de cadeia.

A fala de Castro ocorreu durante balanço de fim de ano feito pelo governador a jornalistas no Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador. A defesa dos atos de campanha foi feita após um longo e duro discurso sobre as dificuldades em combater o crime no Rio de Janeiro.

"Quem dá elegibilidade é a Justiça. A Justiça diplomou. A Justiça deu posse. Se ela não tem mandado em aberto, não há contradição alguma. Se ela fizesse parte do meu grupo, estivesse aqui, eu até entenderia. Mas eu não tenho nada na Prefeitura de Duque de Caxias. Minha relação é institucional. Não tenho cargo lá. Minha relação é com o povo de Caxias, com a prefeitura para ajudar na saúde, na educação, na infraestrutura."

Antes de ser questionado sobre a vereadora, Castro fez críticas à atuação do governo federal na área da segurança pública, à legislação criminal, a decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) e às regras do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) sobre audiência de custódia.

"A gente está prendendo o mesmo cara 15, 20, 30 vezes. Quando ele entra na viatura, ele já fala assim para o policial: 'Pô tio, me libera aí, amanhã eu tô de volta aqui mesmo'. É assim. É uma vergonha o que está acontecendo. E é impossível fazer segurança pública", disse ele.

O governador criticou as determinações do STF no âmbito da ADPF 635, a chamada ADPF das Favelas, que obriga a comunicação antecipada sobre realização de operações policiais a órgãos púbicos.
"O efeito colateral da ADPF é que o Rio virou uma espécie de universidade do crime. O governador [de Goiás, Ronaldo] Caiado monitora 60 criminosos de Goiás que estão aqui. O governador do Pará mais 70, o outro mais 50. Só esse ano já foram 175 presos de outros estados", afirmou.

Ele também criticou a atuação do governo federal nas fronteiras, portos e aeroportos, bem como a proposta da PEC da Segurança Pública, na qual amplia a atuação da PF em crime atualmente investigados pelas Polícias Civis.

"Uma leniência do governo federal, sobretudo da diplomacia brasileira, está preocupado com um monte de coisa, mas deixa a arma e a droga à vontade pelas nossas fronteiras. O Rio, esse ano, aprendeu mais de 600 fuzis, 90% deles foram fabricados nos Estados Unidos e entraram pelo Paraguai. Se tem recorde de apreensão, é porque tem recorde de entrada pelos aeroportos. E vem o governo federal querendo fazer PEC para Polícia Federal poder investigar as mesmas coisas que a Polícia Civil já está investigando. A gente não precisa de mais uma polícia aqui. A gente precisa que cada um faça o seu trabalho."

Castro também disse que sua política de segurança é a realização de investimentos em tecnologia, contratação de pessoal e melhoria das condições de trabalho de policiais. Ele criticou adversários políticos e especialistas que afirmam não ver uma orientação clara do governo

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