Em média, 3.000 brasileiros morrem por ano à espera de transplante de órgãos

Um dos líderes mundiais em número de transplantes de órgãos, o Brasil enfrenta altas taxas de recusa na doação e outros entraves que fazem com que, em média, cerca de 3.000 pessoas morram por ano enquanto aguardam a cirurgia. Só no primeiro semestre deste ano, foram 1.793 mortes, sendo 46 crianças.

De janeiro a junho, foram feitos 4.579 transplantes de órgãos, 8.260 de córnea e 1.613 de medula óssea. Até junho, 64.265 adultos e 1.284 crianças estavam na lista de espera do Sistema Nacional de Transplantes, segundo dados da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos).

Entre os adultos, a maior fila de espera é por rim (35.695), seguido de córnea (26.409) e fígado (1.412). Entre as crianças, lideram córnea (749), rim (396) e fígado (75).

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Dermatologista recomenda cuidado com manchas na pele


Para prevenir o câncer de pele, o tipo mais comum de câncer no mundo, especialistas recomendam medidas simples como a consulta anual ao dermatologista e o uso de protetor solar e roupas com proteção UV, especialmente para quem trabalha exposto ao sol. “Manchas ou pintas que crescem, sangram ou causam dor devem ser avaliadas por um dermatologista para diagnóstico precoce”, alerta a médica Regina James, que presidiu, neste fim de semana, o 77º Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia, realizado de 5 a 7 de setembro no Centro de Convenções.

O evento reuniu especialistas para discutir não apenas o câncer de pele, mas também temas como cosmiatria, clínica, oncologia e cirurgia dermatológica, além de inovações em marketing médico e inteligência artificial.

Um dos principais focos foi o câncer de pele, o tipo mais comum no mundo, cuja incidência global vem aumentando. A exposição excessiva ao sol e a falta de proteção são as principais causas do problema. “O câncer de pele é uma das principais pautas do congresso. Manchas ou pintas que crescem, sangram ou causam dor devem ser avaliadas por um dermatologista para diagnóstico precoce”, alerta a médica Regina James, presidente do congresso.

Existem três tipos principais de câncer de pele. O carcinoma basocelular, o mais comum e menos agressivo, aparece como uma pequena bolha ou mancha rosa, cresce lentamente e raramente se espalha. O carcinoma espinocelular, mais agressivo, pode surgir como uma lesão avermelhada e escamosa, e o melanoma, o tipo mais grave, se caracteriza por uma pinta com cor desigual e rápida disseminação para outros órgãos.

Para prevenir a doença, é fundamental consultar um dermatologista anualmente e adotar medidas simples, como o uso de protetor solar e roupas com proteção UV, especialmente para quem trabalha exposto ao sol. Nos casos mais graves, o encaminhamento para hospitais especializados garante o tratamento adequado.

Além do câncer de pele, o congresso abordará a alopecia, outra condição que foi destaque no evento. A médica Fabiane Brenner, da diretoria da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica que “existem diversos tipos de alopecia, caracterizada pela queda de cabelo, sendo a mais comum a alopecia androgênica, que afeta homens e mulheres, sobretudo após os 50 anos.”

O avanço no tratamento da alopecia tem trazido esperança para os pacientes, especialmente no caso das formas autoimunes, com o surgimento de medicamentos conhecidos como “inibidores de Jack”, que oferecem bons resultados com poucos efeitos colaterais. Já no caso da alopecia androgênica, tratamentos disponíveis podem retardar a progressão da doença e melhorar a densidade capilar.

Novos casos
O Levantamento Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil, divulgado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), do Ministério da Saúde, projeta 11.460 novos casos de câncer por ano no Rio Grande do Norte, totalizando mais de 34 mil diagnósticos entre 2023 e 2025. Em âmbito nacional, a estimativa é de 704 mil novas ocorrências anuais. Os números são baseados em dados dos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP) e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM).

A pesquisa avaliou a incidência de 21 tipos de câncer, dois a mais que a edição anterior, com a inclusão dos tumores de pâncreas e fígado. O câncer de pele não melanoma lidera as ocorrências no Brasil, seguido pelos cânceres de mama feminina, próstata, cólon e reto, pulmão e estômago. Entre os homens, o câncer de próstata é o mais frequente em todas as regiões do país, enquanto entre as mulheres, o câncer de mama é o mais prevalente.

Diversos fatores podem influenciar o desenvolvimento do câncer, que pode ser causado tanto por fatores externos quanto internos ao organismo. As causas externas incluem aspectos como ambiente, hábitos e estilo de vida, enquanto as causas internas estão relacionadas, em grande parte, a predisposições genéticas e à capacidade do corpo de combater agressões externas.
Alguns tipos de câncer têm causas já conhecidas.

O cigarro, por exemplo, está diretamente ligado ao câncer de pulmão, enquanto a exposição excessiva ao sol aumenta o risco de câncer de pele. Certos vírus, como o HPV, estão associados ao câncer de colo do útero, e outros ainda estão sob investigação para determinar sua relação com componentes alimentares e outros fatores de risco.

Com esse cenário alarmante, a prevenção continua sendo a principal estratégia para reduzir a incidência da doença, com destaque para hábitos saudáveis, proteção solar e exames regulares.

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Novo aplicativo do CFM quer coibir falsos atestados médicos

O Conselho Federal de Medicina (CFM) lançou nesta quinta-feira (5) em Brasília, o Atesta CFM, plataforma digital para coibir a emissão de atestados médicos falsos.

Disponível no site da entidade e por aplicativo, o serviço gratuito tem três versões – uma para o médico, outra para o cidadão e a terceira para a empresa – e entrará em vigor para testes em novembro. A partir de março de 2025, o uso será obrigatório.

Para utilizar o sistema, o profissional de saúde deverá preencher um cadastro e emitir o atestado pela própria plataforma. Assim, o documento contará com um QR-Code para conferência e validação dos dados do profissional de medicina.

O paciente poderá consultar os atestados cadastrados em seu nome e a empresa conseguirá checar a veracidade dos documentos, bem como usar filtros para identificar a faixa etária dos empregados que mais estiveram doentes ou qual o setor com mais afastamentos, facilitando o planejamento de ações em prol da saúde dos trabalhadores.

Conforme Carlos Magno Dalapicola, médico do trabalho e diretor tesoureiro do CFM, o novo atestado só apresentará o número da Classificação Internacional de Doenças (CID) – que indica qual é o problema de saúde do paciente – se este permitir.

Se o funcionário não quiser expor o CID, o documento será aceito, mas a empresa poderá encaminhar o funcionário para o médico do trabalho. Em consultório, ele poderá falar mais sobre os problemas que enfrenta sob o sigilo médico-paciente.

Segundo o CFM, todos os médicos cadastrados receberão, em tempo real, um alerta sobre os atestados emitidos em seu nome. Caso o profissional perceba uma fraude, ele mesmo poderá cancelar o documento pelo aplicativo.

Além disso, em situações de atendimento em localidades mais remotas, com dificuldade de acesso à internet, o especialista poderá imprimir atestados com o QR-Code e preenchê-los manualmente, para que sejam entregues de forma física ao trabalhador e à empresa. Essa opção também é dada aos pacientes, após o preenchimento online.

Caso uma dessas unidades impressas seja furtada, o médico poderá fazer o cancelamento das vias pelo aplicativo. Assim, ao ler o QR-Code, a empresa tomará conhecimento da ilegalidade.

O sistema foi pensado para funcionar mesmo com quedas de energia e instabilidade na internet – ele salva os dados de forma offline e envia assim que a rede é restabelecida – e já está integrado às plataformas Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) e Prescrição Eletrônica ou de Atestado Ocupacional. Dessa forma, o médico seguirá em sua rotina clínica, utilizando a plataforma local para prescrever e a plataforma Atesta CFM para a validação e emissão do atestado.

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Hospital Walfredo Gurgel funcionará com 50 leitos a menos até novembro

O Hospital Walfredo Gurgel funcionará até novembro com 50 leitos a menos. O motivo é a realização de uma reforma em uma enfermaria no segundo andar do prédio, segundo Geraldo Neto, diretor do Hospital. Por conta disso, a unidade de saúde tem enfrentado problemas de superlotação e três salas de cirurgia precisaram ser fechadas para abrigar pacientes. Com isso, pacientes recém-cirurgiados têm levado mais tempo para conseguir um quarto.

Geraldo Neto, que dirige a unidade, explicou que a reforma, juntamente com o aumento do número de atendimentos registrado desde julho, gerou a crise atual. Segundo ele, o cenário já era esperado. “A reforma da enfermaria do segundo andar bloqueou 50 leitos e isso está impactando diretamente no pronto-socorro e no centro cirúrgico, então, a superlotação já era esperada”, pontuou o gestor.

A previsão é que a reforma seja concluída no final de novembro. Para tentar reduzir os impactos, Neto diz que tem cobrado a celeridade nos serviços. “Queremos agilizá-los o máximo possível”, afirmou. Questionado sobre alternativas que poderiam ter sido implementadas tentar reduzir os efeitos, o diretor disse que uma das opções seria a conclusão das obras do anexo do centro cirúrgico, que está sendo construído no hospital.

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Mpox: com alta de casos, OMS volta a declarar emergência internacional

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quarta-feira, 14, o retorno da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (PHEIC, na sigla em inglês) para a mpox, zoonose viral que ficou conhecida como varíola dos macacos e monkeypox. O mais alto status dado pela entidade para uma doença em circulação no mundo voltou a operar por causa do aumento de casos da infecção que tem sido rapidamente disseminada na República Democrática do Congo e outros quatro países africanos após o surgimento de uma nova variante.

A emergência global pela doença, que causa erupções na pele e pode matar, foi declarada pela primeira vez em 2022 e encerrada em maio do ano passado, quando o surto foi contido e o vírus demonstrou que não estava levando a mudanças nos sintomas nem na gravidade dos casos.

A sugestão de encerrar a emergência foi apresentada pelo Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional (RSI) ao diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante uma reunião onde dados sobre a doença e informações sobre a nova cepa foram apresentados.

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Com quase 28 casos por dia, maior hospital público do RN registra recorde de atendimentos a vítimas de acidentes com moto em julho

Maior unidade de saúde da rede pública do Rio Grande do Norte, o Hospital Walfredo Gurgel registrou um recorde de atendimentos a vítimas de acidentes com motocicletas em julho de 2024, segundo anunciou a Secretaria de Saúde do Estado.

A unidade recebeu 860 vítimas de acidentes com motos ao longo dos 31 dias do mês, representando uma média de 27,7 pacientes por dia.

O número supera em 100 atendimentos o recorde anterior, que foi exatamente um ano antes, em julho de 2023. O resultado também representa um crescimento de 13,6% em relação a junho, que teve 757 pessoas atendidas por queda de moto.

“Essa foi a primeira vez também que o hospital viu o quantitativo de acidentados por motocicleta cruzar os 770 em um só mês”, informou a Sesap.
Do total de atendidos, 332 pessoas (38,6%) vieram de acidentes ocorridos em Natal. O dia com mais atendidos foi 28 de julho, um domingo, quando 42 vítimas de acidentes de moto deram entrada no pronto-socorro Clóvis Sarinho.

Para enfrentar a situação, o governo anunciou que intensificou o trabalho de educação e fiscalização no trânsito, principalmente na região metropolitana de Natal, por meio do Programa Vida no Trânsito. Também destacou uma campanha de conscientização lançada pelo Departamento Estadual de Trânsito do RN (Detran).

Aumento geral de atendimentos
Segundo a Sesap, o Hospital Walfredo Gurgel também registrou aumento de atendimentos em outras áreas de especialidade da unidade na porta do pronto-socorro Clóvis Sarinho, ao longo de julho. Todas elas atingiram o maior volume de atendimentos de 2024 no sétimo mês do ano.

Em ortopedia, o aumento foi de 10,3%, passando de 1.521 casos em junho para 1.678 em julho. Já os casos suspeitos de acidente vascular cerebral subiram 27,8% em um mês, saindo de 355 em junho para 454 no mês seguinte.

No total, a porta de urgência recebeu 6.484 pessoas, o maior número do ano, representando um aumento nominal de 621 atendimentos e de 10,5% na demanda total. O maior número do ano até então tinha sido em março, com 6.049 atendimentos no pronto-socorro.

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Dengue causou prejuízos de R$ 28 bilhões ao Brasil somente este ano

A dengue causou um prejuízo estimado de US$ 5 bilhões no Brasil neste ano – número equivalente a R$ 28 bilhões. Incluem-se na conta gastos públicos e privados de saúde, como consultas e internações, e demais impactos econômicos. Neste caso, são considerados fatores como faltas ao trabalho por causa da doença e perda de produtividade.

O dado consta em um artigo de pesquisadores brasileiros publicado na sexta-feira (19/7) na revista Science, uma das mais respeitadas do mundo entre cientistas. O objetivo dos autores foi chamar a atenção para a necessidade de se adotar medidas de prevenção à doença.

O Ministério da Saúde (MS) contabilizou 6,37 milhões de casos prováveis de dengue em 2024. O número é o maior da história. No ano passado, que era o último recorde, houve 1,65 milhão de notificações do tipo. A quantidade de pessoas que morreram por causa da doença em 2024 é de 4.714 e ainda há 2.351 óbitos sob investigação para constatar a possível relação com a doença.

Para chegar ao valor estimado dos prejuízos, os pesquisadores apuraram casos de dengue e dados de internação no Ministério da Saúde. Eles cruzaram as informações com dados da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Professor de fisiologia e epidemiologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Claudio Lira é um dos pesquisadores que assinam o artigo. Ele cita o exemplo de um empregado que adoece e tem de faltar ao trabalho para explicar o prejuízo econômico causado pela dengue.

“Vai ter de alguém minimamente substituir as funções que essa pessoa exerce. Se o profissional tinha uma função muito específica, outro funcionário teria de ser treinado para substituir. Tudo isto tem um custo”, diz o professor.

Além de Lira, assinam o artigo Rodrigo Vancini, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e Marilia Andrade, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Gastos com saúde

De acordo com o pesquisador, o que mais impactou para se chegar ao montante foram os gastos com saúde. Informações do DataSUS contabilizam 109.167 internações pela doença, de janeiro a maio deste ano. A Região Sudeste, que é a mais populosa do país, tem o maior número de internações: 54,6 mil (50%).

Lira considera que a disponibilidade da vacina contra a dengue na rede pública deve ter impacto futuro na redução de casos da dengue, em 2025 e 2026. “Com o surgimento da vacina, ganha-se um aspecto de prevenção. A vacina é segura, foi testada e há indicação que o governo brasileiro consiga, no futuro próximo, possibilitar que toda população tenha acesso a ela.”

Conforme divulgado pelo Ministério da Saúde, foram adquiridas 6,5 milhões de doses da vacina contra a dengue. Assim, 3,2 milhões de pessoas devem ser vacinadas. São priorizadas localidades onde há alta transmissibilidade da dengue.

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Número de abortos legais feitos pelo SUS no RN cresce 43% em 2024

Uma discussão no Congresso Nacional é palco para debates em todo o Brasil nas últimas semanas. Parlamentares discutem equiparar o aborto realizado após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio simples, inclusive nos casos de gravidez resultante de estupro. Nesse cenário, o NOVO buscou junto ao Ministério da Saúde dados sobre abortos legais feitos na rede de saúde pública do Rio Grande do Norte.

De janeiro a abril deste ano, 23 abortos foram realizados em estabelecimentos que atendem através do Sistema Único de Saúde (SUS). Deste total, 22 foram feitos em Natal, enquanto um caso foi registrado em Santa Cruz. O número representa uma alta considerável na busca por esse tipo de atendimento.

Em comparação com o mesmo período do ano passado, com 16 casos, o número de procedimentos cresceu 43%.

Os dados mostram que a busca pelo chamado aborto legal vem crescendo gradativamente. Em 2023, o Rio Grande do Norte atingiu o recorde da série histórica registrada, iniciada em 2008 pelo Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS). Em todo o ano passado, foram 54 abortos, sendo 46 em Natal, cinco em Santa Cruz, um em Mossoró, um em Currais Novos e um em Ceará-Mirim.

Os hospitais da rede EBERSH, o Hospital Universitário Ana Bezerra, em Santa Cruz, e a Maternidade Escola Januário Cicco, em Natal, estão habilitados para realizar abortos nos casos permitidos por lei.
Nesses hospitais, as mulheres podem procurar atendimento com seus documentos pessoais e, se já tiverem, com os exames realizados. A equipe multiprofissional, composta por assistente social, psicólogo, médico ginecologista e enfermeira, realiza a avaliação clínica necessária e solicita os exames para confirmar diagnósticos de malformação ou verificar o tempo de gestação.

Jaciclelma Márcia da Silva, assistente social do Hospital Universiário Ana Bezerra, explica que a procura pelo serviço tem aumentado devido ao maior acesso à informação: “Observamos um aumento no número de pessoas que buscam o serviço desde 2017, quando começamos a funcionar, mas agora há uma massificação da informação. Quanto mais pessoas procuram o serviço, mais a informação se dissemina”, pontua. Ela destaca que os principais casos atendidos são de gestações resultantes de violência sexual e também casos encaminhados pela justiça.

Além do atendimento inicial, os hospitais oferecem acompanhamento psicológico e de toda a equipe multiprofissional após o procedimento. “Se a mulher desejar continuar o acompanhamento psicológico ou precisar de acompanhamento ginecológico, já marcamos a data de retorno antes da alta hospitalar,” afirma a assistente social. Essa abordagem visa garantir um atendimento completo e humanizado às mulheres que passam por esse difícil momento.

Abortos por razões médicas
2008 – 25
2009 – 34
2010 – 27
2011 – 13
2012 – 4
2013 – 21
2014 – 17
2015 – 5
2016 – 11
2017 – 21
2018 – 20
2019 – 19
2020 – 20
2021 – 29
2022 – 25
2023 – 54
2024* – 23
*Referente aos meses de janeiro a abril

Para falar sobre a importância da prestação desse serviço e detalhar um pouco sobre o atendimento, o NOVO conversou com a médica ginecologista Maria da Guia de Medeiros Garcia, que atua na Maternidade Escola Januário Cicco, da UFRN e administrada pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).

Dentre vários assuntos, a médica falou sobre o aumento da procura por esse tipo de atendimento, que na opinião dela se deve ao aumento também da violência contra a mulher.

ENTREVISTA – MARIA DA GUIA GARCIA, GINECOLOGISTA E OBSTETRA

Qual a importância desse serviço?
O processo de aborto legal, após estupro é permitido pela legislação em vigor no Brasil, que prevê que a mulher tem direito ao aborto nos casos de gravidez decorrente de estupro. O serviço é importante pois se estrutura desde o acolhimento à mulher, por equipe multiprofissional até a relização do procedimento aborto legal. Os profissionais são treinados para não realizarem juízo de valor no caso de aborto legal. A equipe multiprofissional é composta de enfermeira, assistente social, psicóloga e médico. Em Natal , o acesso ao abortamento legal, se dá através de duas maternidades. Hospital Santa Catarina e Maternidade Escola Januario Cicco, conforme A NOTA TÉCNICA Nº 1/2020/SESAP que desmembra este tipo de atendimento em regiões na tentativa de dividir o cuidado desta tão importante demanda, visando não sobrecarregar um serviço de atenção à saúde em detrimento de outro.

Quem pode e o que é preciso fazer para ter acesso ao serviço?
A mulher que se encontra grávida vítima de estupro, procura a instituição por livre demanda ou vem encaminhada de outro serviço, com o desejo de realizar o abortamento. É acolhida e se dá seguimento aos trâmites até a realização do procedimento. Certamente estas mulheres já chegam com a saúde mental abalada pela violência sofrida do estupro e no momento ainda mais vulnerável pela necessidade de realizar um aborto, que muitas vezes não dividiu este sofrimento com ninguém e vem sozinha ao serviço

Nos últimos cinco anos, o número de abortos por razões médicas aumentou consideravelmente no Rio Grande do Norte. A que se deve essa mudança?
O aumento nos últimos anos se dá certamente pelo aumento da violência contra a mulher e muitas vezes porque ela não procurou um serviço na época do estupro e resultou em uma gestação. A vergonha de dizer que foi estuprada é incalculável, pois muitas vezes as pessoas ainda fazem juízo do momento que isto aconteceu e a mulher ao invés de vítima parece ser a culpada.

O procedimento para o aborto é um só ou existem múltiplas opções? Se sim, todos eles estão disponíveis no RN?
A indução do aborto legal é realizada através do uso de Misoprostol e a seguir é realizada uma curetagem uterina ou Aspiração Manual Intrauterina. Todos os dois métodos são disponíveis na Maternidade Januário Cicco.

O aborto legal tem aumentado e isso se dá também pelo aumento da violência sexual contra mulheres. Que políticas poderiam ser adotadas para mudar esse cenário?
Entendemos que já que no momento não existe política que procure diminuir este ato tão violento que é o estupro, as mulheres necessitam procurar os serviços de saúde tão logo aconteça esta violência, para que se possa prevenir uma gestação e diminua o sofrimento pelo qual elas passam. Importante também que o governo faça campanhas permanentes de esclarecimento à população sobre como a mulher deve proceder após o estupro e quais locais elas devem procurar. Isto é de fundamental importância.

Parlamentares potiguares divergem sobre o polêmico PL do Aborto

O Projeto de Lei 1904/2024, conhecido como PL do Aborto, com intensos debates na Câmara dos Deputados, também divide opiniões entre os parlamentares do Rio Grande do Norte. O projeto, que visa equiparar o aborto legal ao crime de homicídio após 22 semanas de gestação, é considerado inconstitucional por alguns e uma medida necessária por outros.

O deputado federal Fernando Mineiro se posiciona fortemente contra o projeto, que ele chama de “PL do Estuprador”. Segundo Mineiro, a proposta é um retrocesso inaceitável que ataca direitos das mulheres garantidos desde a década de 1940. “É um projeto inconstitucional que, se aprovado, obrigará crianças e mulheres a terem filhos dos seus abusadores, submetendo-as a uma nova violência. O aborto é uma questão de saúde pública que precisa ser cuidada, não criminalizada,” afirmou o deputado.

Por outro lado, o deputado federal General Girão apoia firmemente o PL 1904/2024, defendendo que a vida deve ser protegida a partir da 22ª semana de gestação, “quando o feto já é um ser humano formado e com possibilidade de viver fora do útero”. “A técnica de aborto proposta é extremamente dolorosa e cruel. Permiti-la em seres humanos é absurdo. O projeto não altera os casos de aborto legal já previstos, mas reafirma a proibição do aborto tardio, alinhando-se com normas históricas do Ministério da Saúde,” declarou Girão, que também é favorável à castração química para estupradores e ao aumento da pena para o crime de estupro.

Única mulher da bancada federal potiguar, a deputada Natália Bonavides critica a proposta como uma grave violação dos direitos humanos, especialmente para crianças vítimas de estupro. “Estão tentando aprovar um projeto para equiparar o procedimento do aborto legal ao homicídio e assim submeter mulheres e meninas que engravidem em casos de estupro a mais uma violência: a de serem obrigadas a gestarem o filho dos estupradores. É inadmissível que, em vez de avançar nos direitos das mulheres, os deputados de direita estejam empenhados em retirar direitos fundamentais garantidos desde 1940,” disse Bonavides.

O senador Valentim, por sua vez, enfatizou a importância de um debate amplo e detalhado no Senado. “Sou contra o aborto, exceto nos casos já previstos por lei. Precisamos adequar o projeto à nossa Constituição e às realidades social, econômica e de saúde. Quando o projeto chegar ao Senado vou defender o trâmite pelas comissões teremos tempo e espaço para debater de forma ampla os temas complexos que ele encerra”, concluiu.
Os deputados federais Paulinho Freire, Robinson Faria, Benes Leocádio, Sargento Gonçalves e João Maia, bem como os senadores Rogério Marinho e Zenaide Maia, foram procurados pela reportagem do NOVO, mas não retornaram até o fechamento desta edição.

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Hospital Walfredo Gurgel fica com pacientes em macas nos corredores e ambulâncias retidas

O Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, a maior unidade pública de saúde do Rio Grande do Norte, ficou superlotado na noite de segunda-feira (24), o que fez pacientes esperarem por atendimento nos corredores do prédio. O pronto-socorro Clóvis Sarinho também funciona na unidade.

Com a superlotação, alguns desses pacientes nos corredores precisaram usar as macas das ambulâncias, o que manteve pelo menos 14 veículos retidos no estacionamento. As ambulâncias só deixam as unidades de saúde com as macas de volta aos veículos para novos atendimentos.

De acordo com o diretor do hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, Geraldo Neto, a demanda, principalmente para atendimentos de ortopedia, aumenta em alguns momentos do dia, como os períodos com trânsito mais intenso em Natal, entre 17h e 19h.

“O Rio Grande do Norte já acompanha esse movimento do Walfredo, porque de fato é a grande referência em trauma no estado. Então, não tem como não esperar grandes movimentos no pronto-socorro, não tem como não esperar grandes movimentos de ambulância circulando e, em certos momentos, travando”, explicou.

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