DATAFOLHA: 19% dos brasileiros convivem com facções e milícias

Facções criminosas e milícias ampliaram o alcance territorial e social no Brasil, segundo um levantamento do Datafolha divulgado nesta 5ª feira (16.out.2025).

A pesquisa, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que 19% dos brasileiros vivem em áreas onde o crime organizado está presente —o equivalente a cerca de 28,5 milhões de pessoas.

Os dados indicam um aumento expressivo em relação a 2024, quando 14% dos entrevistados relataram conviver com grupos criminosos, proporção que representava 23 milhões de habitantes.

A presença desses grupos foi mais mencionada em capitais, no Nordeste e em cidades com mais de 500 mil moradores.

No recorte de renda, 19% dos que recebem até 2 salários mínimos (R$ 3.036) e 18% dos que ganham entre 5 e 10 salários (R$ 7.590 a R$ 15.180) disseram conviver com o crime organizado.

O levantamento mostra uma disparidade racial: 23% dos entrevistados que se autodeclaram pretos afirmaram viver em áreas sob influência de facções, contra 13% entre os brancos.

Entre os que relataram viver próximos de grupos criminosos, 27% disseram saber da existência de cemitérios clandestinos em seus municípios —quase o dobro da taxa observada na população geral, de 16%.

Já 40% declararam ver cracolândias no trajeto cotidiano até o trabalho ou a escola. Ambos os índices cresceram em relação ao ano anterior.

Policiais de folga e de farda
Outro dado do estudo mostra o avanço de atividades ilegais paralelas. Um em cada 5 entrevistados afirmou que há policiais de folga prestando serviços de vigilância privada nos bairros onde moram —prática proibida na maioria dos Estados. A taxa passou de 18% em 2024 para 21% neste ano.

Apesar disso, o Datafolha não encontrou correlação entre a oferta irregular de segurança e a presença do crime organizado, afastando a hipótese de que esses serviços atuem como embrião de milícias.

A pesquisa também registrou crescimento nos relatos de violência policial. Ao todo, 16% dos entrevistados disseram ter presenciado ações violentas da PM —percentual que sobe para 25% entre jovens de 16 a 24 anos e para 21% entre homens e moradores de grandes cidades. Em 2024, a taxa geral era de 14%.

Outros 8% relataram ter familiares ou conhecidos desaparecidos, o que corresponde a 13,4 milhões de pessoas. O problema é mais frequente nas classes D e E.

A pesquisa foi concluída antes de operações policiais que investigaram a infiltração do PCC (Primeiro Comando da Capital) nos setores de combustíveis e financeiro.

O levantamento ouviu 2.007 pessoas com 16 anos ou mais em 130 municípios, de 2 a 6 de junho de 2025, sobre experiências e percepções de violência.

Poder 360

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Primeira dama, copresidenta e ministra do STF: Sob pressão das feministas, Lula ameaça indicar Janja

Querido e quase-supremo diário,

Quanto tempo, hein? Estava com saudades! Mas é que minha vida anda corrida demais. É um tal de viajar pra lá e pra cá. E eu ainda tenho que cuidar do Meu Marido e resolver os problemas do Brasil. Pior: sem ser devidamente reconhecida por isso. Mas prometo voltar a escrever aqui com mais regularidade. Juro! Até porque este diário um dia será tratado com a devida reverência de um verdadeiro documento histórico.

Pois então. Nem te conto, menino! Ou melhor, conto, sim. Sabia que Meu Marido está pensando em ME indicar ao STF? Foi o que ele me disse ontem, quando chegou em casa todo nervosinho e com aquele bafo que eu, você e o Brasil inteiro conhecemos, nem que seja de ouvir falar. “Essas feministas não têm mais o que fazer? Blá, blá, blá, mó, mó, mó [não prestei atenção]... vou indicar você pro Supremo”.

#QUEROJANJANOSTF

“Sério mesmo?!” perguntei, esfuziante como eu não ficava desde a condenação do Inominável. Mas Meu Marido já tinha pegado no sono. Enquanto isso, eu... Eu mal dormi, né?! E, pra garantir a indicação, acionei meus contatinhos. Já falo disso. Porque antes quero que você, diário, seja o primeiro a saber que aceito a indicação. C-L-A-R-O! Com o maior prazer e os melhores privilégios do funcionalismo público. Imagina só, euzinha ministra, com aquela toga lindona assim esvoaçando, a torre Eiffel ao fundo, o pôr-do-sol, um vinhozinho, a Constituição numa das mãos... Isso é o que eu chamo de cargo instagramável! #QUEROJANJANOSTF

Mas calma que nem tudo é festa nesta história. Afinal, vivemos num país machista, misógino e patriarcal e Meu Marido é daqueles que se desconstrói aos poucos, um xixi sentado por vez. Tanto que, como ia dizendo, passei a madrugada acionando a Tropa de Choque do Feminismo Ilustrado pra elas fazerem uma pressãozinha no Meu Marido. Vai que ele esquece ou muda de ideia! Até a Fernandinha Torres me ajudou. O que, pensando bem, nem é tão admirável assim. Depois de tudo o que eu fiz e faço por elas, elas têm mais é que me ajudar mesmo. Humpf.

Notório saber jurídico

Então. Além da Fernandinha Torres, outra que enjanjou (nota pra mim mesma: pedir pra a Miriam Leitão protocolar o verbo “enjanjar” na ABL) foi a Anitta. Mas não foram só as expoentes da altíssima cultura, não. As juristas Gabriela Priolli e Mariliz Pereira Jorge também enjanjaram e se engajaram na campanha. Se bem que tem umas, tipo a Zélia Duncan, que tá pedindo uma mulher negra no STF. Pô, aí me complica. Pra essas, só digo uma coisa: o que é teu tá guardado.

E eu sei, diário. Eu sei que vai ter extremista bolsonarista dizendo que é um absurdo, que não pode, que onde já se viu uma coisa dessas, nem formada em Direito ela é. Não sou mesmo! Mas sou formada em Esquerdo, com pós-graduação em Agito Social – o que é muito melhor. Gente, eu casei com o Lula. Tem noção do meu envolvimento com a causa? No mais, esse negócio de notório saber jurídico aí é supervalorizado. Pra que é que eu preciso conhecer a Constituição se eu vou decidir de acordo com aquilo que o Partido acha o certo? Dã.

Copresidenta

Outra coisa, né? Se alguém questionar a minha reputação ilibada eu processo! Ainda mais agora que o Meu Marido me deu acesso a todos os funcionários da Presidência. Ai, que dó. Eu falo assim e parece que eu tô feliz com meu hómi. A imprensa diz que eu tô feliz. Mas, cá entre nós, diário: eu fico chateada. É triste ver o homem da gente, e ainda mais o Lula, aquele cara que enfrentou a prisão e a tortura nos porões da Lava Jato, que liderou bilhões de metalúrgicos em greves históricas, que enfrentou o preconceito da Zelite, que acabou com a fome no Brasil, enfim, aquele que já foi chamado de o cara (“the face”) pelo Obama se deixar manipular tanto assim por uma mulher. No caso, eu mesma.

Mas o que é que eu estou falando? Viu como nós, mulheres, nos colocamos pra baixo? Sintoma da mentalidade patriarcal que ainda vigora no país. Eu preciso mudar isso urgentemente. De ofício. Igualzinho o Alexandre de Moraes tá mudando a nossa democracia. E tem outra: meu psicanalista mesmo insiste em dizer que eu vivo cometendo gafes porque me autossaboto. Será que ele é fascista? [Nota pra mim mesma: trocar de psicanalista]. A partir de hoje, então, chega de autossabotagem!

Primeira dama, copresidenta e ministra do STF

(Nah, ele é esquerdomacho demais pra ser fascista). Mas onde é que eu estava mesmo? Ah, sim. Autossabotagem. Como se eu não tivesse o direito de ser primeira dama, copresidenta e ministra do STF, tudo ao mesmo tempo, junto & misturado. Tenho, sim. Afinal, fiz muitos sacrifícios pra chegar onde cheguei. Sacrifícios que só você conhece, diário que por enquanto é comum e ordinário, escrito nesse papelzinho de pobre com a BIC que a Michelle esqueceu no criado-mudo aqui do Alvorada, mas que muito em breve será escrito em folhas de ouro com a Montblanc que eu ganhei do Macron. E será, enfim, o que merece: supremo.

Ah, e antes que eu me esqueça: imagina só a cara da Gleisi quando ler esta notícia na Mônica Bergamo? Vai ser mara.


Paulo Polzonoff Jr.

Paulo Polzonoff Jr. é jornalista, tradutor e escritor. **Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.

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Adeus, Mané: a despedida do Barroso


Há uma regra básica que eu gosto de aplicar em todas as situações: para conhecer o verdadeiro valor de um homem, imagino-o sem poder.

Usei essa regra no caso de Luís Roberto Barroso, que acaba de anunciar sua saída do Supremo Soviete, e devo dizer a vocês, meus sete leitores, que os resultados foram amplamente desfavoráveis para ele.

Quem era Barroso ministro? O bobo da corte. Quem será o Barroso ex-ministro? Um bobo sem corte.

Qual era a marca de Barroso no poder? O constrangimento. Qual será o destino de Barroso longe do poder? O esquecimento.

De onde nada se espera, não costuma sair nada mesmo. Antes de ser escolhido para o Supremo, Barroso era um advogado militante, cujas ideias fluíam da desordem mental característica da esquerda identitária.

Amado pelo PSOL e por outras linhas auxiliares do PT, o Voltaire de Vassouras notabilizou-se por atuar na defesa do aborto de anencéfalos e do terrorista italiano Cesare Battisti. Ou seja, para ele, o assassinato de inocentes é defensável, desde que as vítimas estejam no ventre materno ou na mira de comunistas armados. Graças a essa atuação, foi indicado pela ex-presidente e ex-terrorista Dilma, a mulher sapiens.

O marco inicial do Regime PT-STF, como vocês sete sabem, foi a instauração do Inquérito do Fim do Mundo, em 2019, quando começaram a se apagar as luzes do Direito brasileiro, hoje totalmente mergulhado na escuridão.

Na época, Barroso utilizou o regimento interno do STF para justificar a instauração do inquérito, tornando todo o território nacional e os ambientes virtuais uma extensão da sede do Tribunal.

“Entendo que ataques via internet permitem que se amplie a ideia de ‘sede e dependência’, para significar tudo aquilo que, de alguma forma, chegue ao Tribunal agredindo-o, sem que necessariamente alguém ataque o STF dentro do prédio físico”, declarou o iluminista das trevas.

Desde o início, Barroso foi cúmplice do golpe socialista que acabaria por descondenar Lula e alçá-lo à Presidência. No entanto, ele tinha uma dívida anterior com a esquerda, por ter sido um dos ministros a votar pela condenação de Lula em terceira instância, em 2018.

A decisão de antecipar sua saída do Supremo é uma espécie de pagamento dessa “dívida moral”, abrindo caminho para que Lula indique um sucessor tão ruim quanto Barroso: Bessias (o ex-garoto de recados da Dilma), Pacheco (o pior presidente da história do Senado) ou Salomão (o comissário do CNJ).

Pensando bem, é um pouco injusto chamar Barroso de bobo da corte. Injusto com os bobos, que eram as únicas pessoas autorizadas a dizer a verdade aos reis. Barroso jamais exerceu esse direito.

Sua trajetória, no entanto, inspirou este cronista de sete leitores a compor uma ode de despedida. Ouçam lá:

No Supremo fez figura
de togado saltimbanco;
sai com pranto e amargura.
― Adeus, Mané!

Fez da toga um palanque,
do martelo, um carnaval.
Sai com medo dos ianques.
― Adeus, Mané!

Advogou pelo aborto
e defendeu terrorista.
Entrou manco, saiu torto.
― Adeus, Mané!

Já que deu muito trabalho
vencer o bolsonarismo,
a saída é um atalho.
― Adeus, Mané!

De Brasília à ONU,
seu latim virou bordão:
a bobagem foi seu trono.
― Adeus, Mané!

Vai sem golpe, sem perigo,
sem sanção, sai por um triz.
Nem leva o Calvo consigo...
― Adeus, Mané!

Ó Voltaire de Vassouras,
ó juiz de samba-enredo,
já vai tarde, vai sem medo!
― Adeus, Mané!

Mas pequenas e ilusórias
serão nossas alegrias.
No lugar do iluministro,
vem Pacheco ou Bessias.
― Adeus, Mané!

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Oposição propõe derrubar decreto de Lula que aumenta poder de Janja

O líder da Oposição na Câmara dos Deputados, deputado Zucco (PL-RS), protocolou nesta segunda-feira (13) o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) nº 814/2025, que susta os efeitos do Decreto nº 12.604/2025, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A medida cria uma estrutura oficial e cargos públicos vinculados ao Gabinete Pessoal da Presidência da República para servir à primeira-dama Janja Lula da Silva, o que a oposição considera inédito e inconstitucional.

O decreto, também assinado pelos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos), altera a estrutura do gabinete presidencial para incluir a atribuição de “apoiar o cônjuge do Presidente da República no exercício das atividades de interesse público”. Na prática, o ato formaliza uma estrutura funcional e administrativa para a esposa do presidente.

Para Zucco, o decreto extrapola o poder regulamentar do Executivo e viola princípios constitucionais como os da legalidade, moralidade e impessoalidade.

“Lula cria impostos para bancar mordomias, cargos e privilégios dentro do Palácio. É para isso que serve o aumento de quase 30 tributos desde o início do governo: para sustentar a máquina, distribuir benesses aos aliados e garantir uma vida de rainha à primeira-dama. O contribuinte é quem paga a conta”, afirmou o parlamentar.

Na justificativa do PDL, o deputado argumenta que o decreto representa “usurpação de competência legislativa e afronta à Constituição”, já que cria cargos e funções sem autorização do Congresso. O texto menciona ainda a Orientação Normativa nº 94/2025 da AGU, que reconhece o papel simbólico e social do cônjuge presidencial, mas veda expressamente o uso de estrutura pública, cargos comissionados e recursos orçamentários para essa atuação.

“O Brasil vive uma crise fiscal, o povo está sufocado com impostos, e Lula responde criando cargos para a esposa. É um deboche com quem trabalha e paga imposto. O Congresso não pode se omitir diante desse absurdo”, declarou Zucco.

O projeto baseia-se no artigo 49, inciso V, da Constituição Federal, que dá ao Congresso Nacional competência exclusiva para sustar atos do Executivo que exorbitem do poder regulamentar. O parlamentar defende que o Legislativo deve agir para “restaurar os limites constitucionais da administração pública” e evitar que estruturas de Estado sejam “personalizadas ou privatizadas em favor de familiares do chefe do Executivo”.

Segundo o texto apresentado, jamais houve na história republicana brasileira uma estrutura pública formalizada para a atuação da primeira-dama. Zucco classifica o decreto como um “precedente grave”, que abre margem para “a utilização do aparelho de Estado em favor de agentes privados ou familiares do presidente”.

Como deve ser a tramitação do PDL contra aumento do poder de Janja

O PDL segue o mesmo trâmite de outras proposições no Congresso: após ser protocolado, é encaminhado às comissões temáticas competentes — neste caso, normalmente à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) — e, depois de aprovado, segue para votação no Plenário da Câmara. Se aprovado, vai ao Senado Federal, onde passa por análise semelhante. Por se tratar de um instrumento de controle do Legislativo sobre atos do Executivo, não precisa de sanção presidencial: basta aprovação das duas Casas para ter efeito.

Além de sustar decretos, outros deputados da oposição podem presentar requerimentos de informação, convocações de ministros, pedidos de audiência pública, ações de fiscalização e até representações ao TCU ou à PGR, ampliando a pressão política e o escrutínio sobre medidas do governo.

Gabinete da Presidência tem 189 funcionários

Atualmente, o Gabinete Pessoal da Presidência é chefiado pelo cientista político Marco Aurélio Santana Ribeiro, conhecido como Marcola — um dos assessores mais próximos de Lula.

Ele comanda unidades como a Ajudância de Ordens, o Cerimonial, o Gabinete Adjunto de Agenda e a Diretoria de Documentação Histórica. Entre cargos comissionados e funções de confiança, o gabinete conta com 189 postos de trabalho.

O cônjuge do presidente não ocupa cargo público e não possui atribuições oficiais. Janja, no entanto, desde o início do terceiro mandato de Lula, conta com o apoio de uma equipe própria. Segundo apuração do Estadão, a primeira-dama dispõe de 12 funcionários, com gastos mensais de aproximadamente R$ 160 mil.

Em nota à Folha de S.Paulo, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) afirmou que “os normativos estabelecem as balizas legais inerentes a tal atuação [da primeira-dama] e contribuem para a transparência no exercício das atividades”.

Íntegra da nota da Secom sobre o decreto que amplia poderes de Janja

“O artigo 8º do Decreto nº 12.604/2025, no ponto em que inclui o inciso XII ao artigo 1º do Anexo I do Decreto nº 11.400/2023, consolida a Orientação Normativa nº 94 da Advocacia-Geral da União (AGU), que dispõe sobre a atuação do cônjuge do presidente da República em atividades de interesse público.

Conforme dispõe o parecer da AGU, disponível neste link, o cônjuge exerce um papel representativo simbólico de caráter social, cultural, cerimonial, político e/ou diplomático em nome do presidente. Essa atuação, de natureza voluntária e não remunerada, deve se pautar pelos princípios da Administração Pública previstos no caput do artigo 37 da Constituição Federal.

Diante disso, os normativos estabelecem as balizas legais inerentes a tal atuação e contribuem para a transparência no exercício das atividades.”

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Decreto de Lula amplia poderes da primeira-dama

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva publicou o Decreto nº 12.604, que ampliou os poderes da primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja. O texto altera a estrutura administrativa da Presidência da República e determina que o Gabinete Pessoal da Presidência também preste atendimento à primeira-dama do Executivo federal.

O decreto, datado de 28 de agosto deste ano, foi assinado por Lula, pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, e pela ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck. De acordo com o texto — que modifica normas de 2023 —, o gabinete deverá “apoiar o cônjuge do presidente da República no exercício das atividades de interesse público”.

O Gabinete Pessoal é responsável pela organização da agenda e do cerimonial, pelo recebimento e resposta de correspondências, pela formulação de pronunciamentos e do acervo privado, pela gestão da coleção artística sob responsabilidade da Presidência e pela preservação e adequação dos palácios e residências utilizados pelo chefe do Executivo federal.

Em abril de 2025, a Advocacia-Geral da União (AGU) publicou uma orientação normativa sobre a atuação do cônjuge do presidente da República. O documento prevê que o cônjuge pode representar o chefe do Executivo em atividades de caráter cultural, social ou cerimonial, desde que não assuma compromissos em nome do governo.

A orientação da AGU também estabelece que essa atuação deve ser voluntária, não remunerada e submetida à prestação de contas, conforme os princípios da Administração Pública previstos na Constituição Federal.

Gabinete da Presidência tem 189 funcionários

Atualmente, o Gabinete Pessoal da Presidência é chefiado pelo cientista político Marco Aurélio Santana Ribeiro, conhecido como Marcola — um dos assessores mais próximos de Lula.

Ele comanda unidades como a Ajudância de Ordens, o Cerimonial, o Gabinete Adjunto de Agenda e a Diretoria de Documentação Histórica. Entre cargos comissionados e funções de confiança, o gabinete conta com 189 postos de trabalho.

O cônjuge do presidente não ocupa cargo público e não possui atribuições oficiais. Janja, no entanto, desde o início do terceiro mandato de Lula, conta com o apoio de uma equipe própria. Segundo apuração do Estadão, a primeira-dama dispõe de 12 funcionários, com gastos mensais de aproximadamente R$ 160 mil.

Em nota à Folha de S.Paulo, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) afirmou que “os normativos estabelecem as balizas legais inerentes a tal atuação [da primeira-dama] e contribuem para a transparência no exercício das atividades”.

Íntegra da nota da Secom sobre o decreto que amplia poderes de Janja

“O artigo 8º do Decreto nº 12.604/2025, no ponto em que inclui o inciso XII ao artigo 1º do Anexo I do Decreto nº 11.400/2023, consolida a Orientação Normativa nº 94 da Advocacia-Geral da União (AGU), que dispõe sobre a atuação do cônjuge do presidente da República em atividades de interesse público.

Conforme dispõe o parecer da AGU, disponível neste link, o cônjuge exerce um papel representativo simbólico de caráter social, cultural, cerimonial, político e/ou diplomático em nome do presidente. Essa atuação, de natureza voluntária e não remunerada, deve se pautar pelos princípios da Administração Pública previstos no caput do artigo 37 da Constituição Federal.

Diante disso, os normativos estabelecem as balizas legais inerentes a tal atuação e contribuem para a transparência no exercício das atividades.”

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Suposto golpe: a lição de Direito sem política de Luiz Fux ao Brasil

Muito antes do início do julgamento da Ação Penal 2668, sobre o qual o voto do ministro Fux me trouxe enorme satisfação, me posicionei sobre aqueles que participaram dos eventos de 8 de janeiro e que ainda se encontram presos, condenados a penas que considero excessivas, como 14, 15 e 16 anos. Também me manifestei contra o que chamam de núcleo golpista. Afirmo: não houve golpe, nem tentativa, pois nenhum soldado foi mobilizado e nenhum comandante militar agiu para tal. Segundo os jornais, o que houve foram conversas que, em minha opinião, jamais resultariam em um golpe, uma vez que, para isso, seria necessária a participação das Forças Armadas.

Fui professor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército durante 33 anos. Vinha alertando, ao longo de todo o ano de 2022, em artigos, audiências públicas no Congresso, palestras e declarações em Instituições de que participo, que não haveria nenhum risco de golpe. E não houve. Sempre mantenho o respeito aos ministros do Supremo Tribunal Federal, algo pelo qual sou, muitas vezes, criticado. Reafirmo, pois, o que está presente na minha vida e pode ser lido no Decálogo do Advogado, que elaborei para meus alunos no Mackenzie, na década de 1980, onde enfatizo tal posicionamento. Discordo, porém, da decisão da Suprema Corte. Por ser consideravelmente mais velho do que todos os magistrados e maioria dos advogados em exercício no STF, nos meus 68 anos de carreira, advoguei tanto à luz do Código de Processo Civil anterior quanto do atual, bem como sob a vigência das Constituições de 1946, 1967 e 1988.


"Repito o que sempre disse: o direito de defesa é um direito sagrado em uma democracia. É o direito de defesa, que não existe nas ditaduras, que garante a democracia"


Em todos estes anos, nunca havia presenciado um processo no qual, o ministro relator realizasse declarações prévias sobre seu desfecho e incluísse uma série de atos não intrinsecamente ligados à magistratura, mas exercidos pelos Ministros em funções extra-magistratura. Por todas as considerações e manifestações que fiz, confesso que fiquei muito feliz em ver exposto pelo ministro Luiz Fux, em seu voto, tudo aquilo que defendi. Minha admiração por ele sempre foi grande. Somos confrades na Academia Brasileira de Letras Jurídicas e tenho muito orgulho de ter votado nele quando se candidatou para entrar na mais importante Academia de Direito do Brasil. Há que se destacar, também, que ele presidiu a Comissão de Juristas que elaborou o atual Código de Processo Civil.

Ele é o único ministro de carreira entre os cinco presentes na 1ª Turma. O ministro Zanin, embora um grande advogado, não era magistrado. O ministro Dino foi juiz, mas deixou a magistratura para seguir carreira política, tendo sido governador, senador e ministro da Justiça antes de ingressar no STF sendo, portanto, político. A ministra Cármen Lúcia, uma respeitada procuradora de Estado e professora, mas não teve carreira na magistratura. Por fim, o ministro Alexandre de Moraes, que também não foi magistrado de carreira, mas sim promotor de justiça do Ministério Público de São Paulo e ocupou diversos cargos políticos em São Paulo, como Secretário de Segurança Pública e de Justiça, além de ter sido ministro da Justiça e secretário municipal de Negócios Jurídicos.

Portanto, o único magistrado, que ascendeu ao Supremo Tribunal Federal tendo construído uma carreira na magistratura, foi o ministro Fux, que foi também o relator do nosso Código de Processo Civil. Assim, estamos falando do cidadão que mais entende de processo dentro da Corte. Nosso entendimento é que o processo civil é matriz, desde o direito romano, de outras esferas processuais, como penal, civil, tributária, pública, trabalhista e militar. Conforme ensinava Canuto Mendes de Almeida, o Código de Processo Penal não tem como objetivo proteger a sociedade, mas sim o acusado, servindo como uma carta de defesa contra linchamentos públicos. Essa foi a tese de doutoramento e de cátedra por ele defendida, em 1941, na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

Nesta esteira, em sua decisão, o ministro Fux expôs as falhas no rito que se observou ao longo deste processo. Embora eu não seja penalista, com 68 anos de advocacia, aprendi alguma coisa e vi detalhado no seu brilhante voto, aquilo que efetivamente eu vinha dizendo, demonstrando, inclusive, que as sustentações orais foram limitadas e os advogados não tiveram acesso às provas em tempo hábil para estudar.

Repito o que sempre disse: o direito de defesa é um direito sagrado em uma democracia. É o direito de defesa, que não existe nas ditaduras, que garante a democracia. Não existe, portanto, na China, Rússia, Venezuela e Cuba, países nos quais o direito de defesa é uma farsa. Na democracia brasileira, entretanto, o direito de defesa é garantido pelo ordenamento jurídico processual, conforme elucidado pelo ministro Fux.

Lembro que coordenei, anos atrás, com o então presidente da OAB/SP, Marcos da Costa, o livro A importância do direito de defesa para a democracia e a cidadania com a colaboração de eminentes autores, como o ex-presidente da OAB Claudio Lamachia, o relator da Constituição Brasileira Bernardo Cabral e grandes penalistas do Brasil valorizando o artigo 5º, inciso LV da Lei Suprema.

Tenho admiração pelos outros quatro ministros, mas considero o ministro Fux o mais competente em matéria processual, inclusive por ter participado da elaboração do atual CPC, e por ser magistrado de carreira. Seu voto foi, para mim, o mais jurídico e isento de conotações políticas, o que é fundamental para o momento atual do Brasil. Seguindo esta lógica, não falo em anistia por uma questão política; defendo-a porque precisamos de pacificação. O Brasil não crescerá enquanto mantivermos radicalizações que só aumentam as tensões e o pior: o ódio entre irmãos brasileiros.

Por isso, como advogado e professor de Direito há 61 anos, atuando como solicitador desde 1957 e, posteriormente, como advogado, a partir de 1958, o voto do ministro Fux me trouxe enorme satisfação. Ele demonstra que, apesar dos meus 90 anos, não estou com Alzheimer e que meu raciocínio jurídico permanece sólido, pois alinha-se rigorosamente ao pensamento de quem elaborou nosso CPC. Seu voto foi brilhante, estritamente jurídico e desprovido de conotação política. 


Ives Gandra da Silva Martins é professor emérito das universidades Mackenzie, Unip, Unifieo, UniFMU, do Ciee/O Estado de São Paulo, das Escolas de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), Superior de Guerra (ESG) e da Magistratura do Tribunal Regional Federal – 1ª Região, professor honorário das Universidades Austral (Argentina), San Martin de Porres (Peru) e Vasili Goldis (Romênia), doutor honoris causa das Universidades de Craiova (Romênia) e das PUCs PR e RS, catedrático da Universidade do Minho (Portugal), presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio -SP, ex-presidente da Academia Paulista de Letras (APL) e do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp). - Gazeta do Povo

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No roubo do INSS, Frei Chico copia o irmão Lula: “não sabia de nada”


Nos últimos dois anos, Frei Chico, irmão do presidente Lula, foi figurinha carimbada nas visitas  do Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi) a ministros e outros ocupantes do alto escalão do governo Lula.

A pergunta que não quer calar é: qual foi o papel dele no esquema que multiplicou a arrecadação do Sindnapi em mais de 500%, desde que assumiu a vice-presidência da entidade sindical? Afinal, ele é um gênio discreto das finanças? Ou é um tonto/inocente útil que foi usado para abrir portas no governo federal, sem saber das maracutaias contra pensionistas e aposentados? Ou, ainda, foi ele um facilitador silencioso desse esquema que roubou milhões dos brasileiros mais pobres?

O fato é que o crescimento astronômico de repasses do INSS ao Sindnapi, de R$ 23 milhões para R$ 154 milhões por ano, oriundo de descontos indevidos, coincide com o período da ascensão de Frei Chico ao cargo de vice-presidente do sindicato. E com o retorno de Lula à Presidência da República. Como explicar esse “milagre” em tão curto espaço de tempo?

Silêncio não protege das quebras de sigilo

Na CPMI, o presidente do sindicato, Milton Baptista, o “Milton Cavalo”, optou pelo silêncio quando questionado sobre movimentações financeiras, funções exercidas por Frei Chico e relação com o governo. Esse silêncio, contudo, não impedirá a quebra de sigilos bancário e fiscal de dirigentes do Sindnapi.

A CPMI promete votar, em breve, também, a convocação do irmão de Lula. Ao estourar o escândalo, com linguagem nada franciscana, o Frei Chico disse "não devemos m. nenhuma". E que defendia uma investigação ampla e rigorosa sobre "toda a sacanagem" no INSS. Depois disso, ficou quieto. Contudo, mesmo que os governistas consigam barrar o requerimento para ouvir o irmão de Lula, a quebra dos sigilos poderá revelar coisas que Frei Chico e os petistas prefeririam manter em completa escuridão e silêncio. Como, por exemplo, o fato de o sindicato ter cometido fraude ao esconder a participação do irmão de Lula na diretoria - participação que é proibida por lei para parentes de autoridades em cargo público.

O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (UNIÃO-AL), já classificou o Sindnapi como parte de uma “organização criminosa”, acusando a entidade de receber, sem autorização, cerca de R$ 600 milhões dos beneficiários do INSS. Relatórios da Controladoria-Geral da União (CGU) mostram que 96% dos aposentados vinculados ao Sindnapi negaram ter autorizado os descontos de mensalidades. Ou seja, não reconheceram sequer a assinatura.

Fotos apagadas, vídeos reveladores

Curiosamente, muitas fotos históricas de Frei Chico em eventos sindicais ou ao lado de ministros foram apagadas ou ocultadas dos canais públicos do Sindnapi. Galerias inteiras foram substituídas por páginas vazias.

A defesa do Sindnapi afirma que Frei Chico nunca exerceu funções administrativas ou financeiras; seu papel, dizem, era apenas político e simbólico. Se é assim, então não haverá nenhum problema em Frei Chico prestar depoimento à CPMI. Quem deve não teme, diz o adágio. No fim das contas, o caso do irmão de Lula parece um retrato perfeito do governo Lula: muito discurso sobre justiça social e muito silêncio quando o dinheiro some.

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Após derrota na Câmara, Lula e PT voltam a falar em “ricos contra pobres” e miram Congresso

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o PT voltaram a acionar um discurso de enfrentamento ao Congresso e aos mais ricos após a Câmara dos Deputados barrar, na quarta-feira (8), a medida provisória que previa aumento de impostos. A estratégia, semelhante à adotada em junho, quando o Congresso derrubou o aumento do IOF, aposta em mobilização nas redes sociais para ganhar apoio popular.

As páginas governistas foram inundadas nesta quinta (9) com os motes “Congresso inimigo do povo” e “taxação BBB” — em referência a bancos, bets e bilionários — para carimbar o centrão e a oposição como defensores de privilégios em detrimento da população de baixa renda. A oposição reagiu em tom de campanha, afirmando que “o Brasil não aguenta mais imposto” e acusando o governo de tentar encher os cofres em ano eleitoral.

Logo após a derrota, Lula afirmou nas redes que os parlamentares “jogavam contra o Brasil”. Na manhã seguinte, em entrevista à Rádio Piatã FM, voltou a criticar o Congresso. “Eu fico triste porque ontem o Congresso Nacional poderia ter aprovado para que os ricos pagassem um pouco mais de imposto. Não derrotaram o governo, derrotaram o povo brasileiro”, disse.

Vídeos com inteligência artificial circularam em grupos governistas, ironizando a oposição e o centrão. Um deles mostra um homem de terno brindando em um ambiente luxuoso: “Finalmente só o pobre vai pagar imposto, viva as bets, os bancos e os bilionários.” O principal alvo foi o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado pelo PT como um dos fiadores da derrota do governo. Tarcísio negou e acusou o partido de espalhar “fake news e ódio”.

Nos bastidores, parlamentares afirmam que a ofensiva digital busca repetir o efeito da campanha de junho, quando o governo conseguiu inverter a narrativa nas redes. Mas há dúvidas sobre o alcance fora da base petista e sobre os riscos de ampliar o desgaste com o Congresso, especialmente com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que vinha tentando melhorar a relação com o Planalto.

Deputados petistas defendem que o governo reaja de forma prática, mapeando e exonerando cargos ligados a parlamentares que têm votado contra Lula. Eles também esperam que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresente alternativas para recuperar a arrecadação prevista com a medida barrada.

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Sanções dos EUA e vida pessoal: os bastidores da decisão de Barroso de deixar o STF


O ministro Luís Roberto Barroso decidiu antecipar sua saída do Supremo Tribunal Federal (STF) e não permanecerá na Corte até 2033, quando completaria 75 anos e teria de se aposentar compulsoriamente. A decisão, amadurecida desde 2022, foi motivada por uma combinação de fatores pessoais e políticos, entre eles o impacto das sanções impostas pelos Estados Unidos, a perda da esposa e o desejo de passar mais tempo com a família.

Em entrevista à CNN, no fim de setembro, Barroso relembrou o trato que havia feito com a esposa, Tereza, que enfrentava complicações de um câncer no fêmur: assim que deixasse a presidência do STF, em setembro de 2025, deixaria também o cargo para que pudessem viajar e aproveitar a vida juntos. “Infelizmente, ela faleceu antes, essa motivação específica eu já não tenho. Mas a vida é feita de ciclos”, disse.

Nos últimos anos, novos elementos reforçaram sua decisão. As sanções dos EUA, que suspenderam os vistos do ministro e de seus familiares, afetaram diretamente sua rotina. Colaborador da Harvard Kennedy School, Barroso costumava passar parte das férias nos Estados Unidos, onde se dedicava à leitura e à escrita. A restrição se tornou um fator incômodo e simbólico.

Ele também demonstrava desconforto com o clima dentro da Corte fora da presidência. Pela primeira vez desde que assumiu a cadeira, em 2013, passou a integrar a Segunda Turma, formada por ministros com os quais tem menos proximidade — Gilmar Mendes, Dias Toffoli, André Mendonça e Nunes Marques.

No discurso de despedida, Barroso afirmou que sua saída “nada tem a ver com qualquer fato da conjuntura atual”, mas ressaltou os impactos que os ônus do cargo têm sobre familiares: “acabam se transferindo aos nossos entes queridos, que sequer têm responsabilidade pela nossa atuação”.

A vida pessoal também pesou. Barroso se tornou avô há poucos meses e quer dedicar mais tempo ao neto Rafael. Além disso, se anima com a ideia de circular com mais liberdade, sem o aparato de segurança intensificado desde que o STF virou alvo do bolsonarismo.

Após uma “reflexão profunda”, como descreveu a interlocutores, Barroso concluiu que sua missão como magistrado foi cumprida. Agora, pretende focar em “espiritualidade, literatura e poesia”, longe da rotina intensa do tribunal.

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